terça-feira, 23 de julho de 2019

57- QUE É O PARADIGMA DAS EMOÇÕES?



Informação: a Academia de Educação, da Califórnia, USA, nos enviou email informando haver 237 menções do nome “Jair Santos” em trabalhos a ela chegados, versando sobre Epistemologia, Filosofia e Ciências Sociais. Para atender a estes visitantes incluiremos agora nas publicações do Blog alguns Posts sobre Epistemologia, Filosofia e Ciências Sociais. O site da referida instituição é academia.eduupdates@academia-mail.com.
                                  
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Esta página se destina a divulgar, informações sobre Educação das Emoções e Educação da Atenção. Baseia-se em livros e pesquisas realizadas por Universidades, sobre Neurociências, Medicina e Psiconeuropedagogia.
Os posts refletem a experiência de dezenas de anos de trabalho do Autor em instituições educacionais de ensino superior e médio, e da publicação de vários livros e monografias sobre os temas. O material deste blog é exclusivamente informativo e não tem finalidade terapêutica, que deve ser feita por médicos e psicólogos.

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No Post 30 está a relação dos posts publicados e suas datas.
                                                            
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                             Leitura em 22 minutos

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Aproveite ao máximo as coisas boas da vida!

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Neste post você verá o significado do Paradigma das Emoções, seus elementos constituintes, seu objeto, sua necessidade, qual o significado e o sentido das emoções e uma proposta para o Paradigma das Emoções.
                                              
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Qual o significado do Paradigma das Emoções?



Um conceito de Paradigma muito aceito foi estabelecido por Kuhn, em 1962, em seu livro “A estrutura das Revoluções Científicas”. Para ele, um Paradigma é uma estrutura mental que visa organizar a realidade e seus eventos no pensamento humano, em um determinado campo do conhecimento, sendo composto por teorias, experiências e métodos.

Um paradigma é um modelo, um padrão, um conjunto de crenças, valores e técnicas que é aceito, compartilhado e utilizado pelos membros de uma comunidade científica em suas atividades.


Um paradigma é um conjunto de crenças, valores e normas
que uma comunidade científica utiliza como padrão.

Fazem parte de um paradigma os seguintes elementos:
os fenômenos que devem ser estudados naquele campo de conhecimentos e como devem ser abordados;
os princípios teóricos que explicam os fenômenos e suas relações;
as normas, regras, métodos e valores que devem direcionar as pesquisas;
a descrição das variáveis pesquisadas e a explicação e classificação de novos fenômenos ou teorias. E as técnicas e instrumentos que devem ser utilizados.

São exemplos o Paradigma Newtoniano, referente à física clássica e o Paradigma Quântico, referente à física quântica.

Qual o objeto do Paradigma das Emoções? 

O Paradigma das Emoções tem por objeto o estudo das Emoções, que devem ser abordadas de forma experimental, na perspectiva dos princípios da Teoria da Evolução, e considerar os conhecimentos das Neurociências, Psicologia, Sociologia e Antropologia para estabelecer seus conceitos, significados e sentidos. Ele deve:
Descrever as teorias, experiências e métodos a serem utilizados para compreender e organizar o estudo das Emoções, suas crenças, normas, métodos, técnicas, instrumentos e valores que direcionarão os estudos.
Descrever as variáveis pesquisadas, explicar e classificar novos fenômenos, além de elaborar novas teorias.

O Paradigma das Emoções tem por objeto o estudo das Emoções.


Para que o Paradigma das Emoções?

Para melhor compreender o significado do Paradigma das Emoções é necessário estabelecer o significado, o sentido e o papel da emoção na vida humana, cujo estudo científico começou em 1990.

Deve ser desfeito um preconceito existente em relação à Emoção, que é encarada como subalterna à Razão. Provavelmente sua origem está em Platão, que considerava o ser humano como uma carruagem conduzida pela Razão, com dois cavalos: um era a emoção e outro os impulsos. Platão dava à Emoção uma condição subalterna à Razão.

     A Emoção deve ser colocada no seu devido lugar, ao lado da Razão e da Intuição, porque é um instrumento fundamental na percepção da vida humana e para sua análise, compreensão e interpretação.

Para Platão o ser humano era como uma carruagem conduzida pela Razão,
com dois cavalos, sendo um a emoção e o outro os impulsos.



Uma tarefa do Paradigma das Emoções deve ser esclarecer a importância das emoções para a compreensão humana e conscientizar as pessoas do valor delas na permanente adaptação humana às mudanças e de sua participação na elaboração dos saberes.

Para Santos, em 2000, a Emoção é uma reação do organismo a um estímulo externo ou interno, com uma  resposta mental (de agitação ou lentificação), uma corporal (no rosto, músculos, coração, pulmão e outros órgãos) e outra comportamental (de aproximação ou de afastamento). A experiência mental é acompanhada de um sentimento agradável ou desagradável e os hormônios elaborados pelo corpo o preparam para lutar ou fugir.


A emoção prepara a pessoa para lutar ou fugir.

Daremos nossa contribuição para a elaboração de um Paradigma das Emoções, analisando de início as “verdades”, os truísmos, defendidos pelo Paradigma da Razão, mostrando a inconsistência dos seus argumentos (Stocker (2002). Ao mesmo tempo estaremos  estabelecendo  algumas crenças e valores do Paradigma das Emoções.

       Equívocos do Paradigma da Razão:

● Equívoco 1: Quanto mais racionais e frios formos, mais aptos seremos para vencer na vida. A proposição é falsa e não é sustentada pelas Neurociências. Segundo Damásio não é possível existir a razão fria, sem emoção, pois nas decisões humanas tem sempre um componente emocional.

Equívoco do Racionalismo: quanto mais racionais e frios formos,
seremos mais aptos para vencer na vida.

      As emoções positivas ou negativas sempre participam das decisões. É um erro frequente pensar que só existem emoções muito intensas, como as explosões de raiva ou as crises de pânico, e deixar de considerar as pequenas emoções que ocorrem frequentemente quando duas pessoas se relacionam.

Um erro frequente é não considerar as pequenas tristezas e alegrias.


     Pesquisas recentes de Damásio mostram que não é possível o raciocínio sem emoções. Quando uma pessoa planeja e executa a morte de alguém é auxiliada pelo ódio, como o homem que mata a ex-amante dando várias facadas. Por outro lado, a compaixão contribui para o planejamento e execução de uma ajuda às vítimas de um terremoto ou de outra catástrofe.

                  A compaixão contribui no planejamento da ajuda às vítimas de um terremoto.
     
     Este equívoco fica evidente quando você avalia o que o que lhe cerca, pois sempre utiliza suas emoções. Para saber o que outras pessoas sentem você usa a emoção empatia, inclusive para se relacionar bem como elas. Por último: se você vivesse mergulhado na razão fria, sem sentimentos, não teria sentimentos de bem estar, nem de paz interior.

                A empatia é importante para  saber o que outras pessoas sentem.

     
     ● Equívoco 2: Só devemos dar importância ao que é racional. A proposição é falsa e você deve dar tanta importância à emoção quanto à razão, devido à grande utilidade das emoções em diversas situações. Elas dão significado à  sua vida e lhe torna verdadeiramente humano. 
Pesquisa feita com assassinos em prisões mostrou que eles sentem pouco suas emoções. 

                            Assassinos em prisões relataram sentir poucas emoções.
     
        Você deve cultivar sempre emoções que dão sentimentos agradáveis, como o amor, alegria, gratidão, perdão, compaixão, calma, tranquilidade e ter bom humor.      

   ● Equívoco 3: As emoções sempre nos deixam em má situação quando fazemos julgamentos. É um equívoco admitir que as emoções prejudicam a avaliação, pois elas são fundamentais nos processos de avaliação, valoração e julgamentos morais.

   ● Equívoco 4: A razão fria é o ideal para as pesquisas. É outro equívoco. Para o Paradigma Pós-moderno, o sujeito observador participa do resultado da pesquisa e suas emoções interferem nas avaliações e decisões.

Para o Paradigma Pós-moderno, o sujeito observador participa do resultado da pesquisa.

      ● Equívoco 5: As emoções sempre interferem de forma negativa em nossas vidas. Não corresponde à realidade, pois as emoções participam de modo positivo em nossas vidas, constantemente: o amor, alegria, entusiasmo, satisfação, calma, tranquilidade, gratidão, compaixão, e outras.

    Elas regulam a vida e contribuem para a adaptação do organismo às mudanças. Quando interferem negativamente na vida de alguém, é porque a pessoa não  aprendeu a  controlar suas emoções.

                 As emoções participam constantemente de modo positivo, em nossas vidas.

         
      Elas regulam a vida e contribuem para a adaptação do organismo às mudanças. Podem interferir negativamente na vida de alguém, se a pessoa não  aprendeu a fazer o controle delas.

 As emoções interferem negativamente se a pessoa não  aprendeu a fazer o controle delas.

Qual a utilidade das Emoções?

     As emoções têm diversos sentidos, diversas utilidades, e são importantes sob os pontos de vistas epistemológico, ético, moral, psicológico e biológico. Elas ocorrem em nossas vidas com maior frequência do que percebemos, sendo que as ações emocionais predominam sobre as racionais. Isto geralmente passa despercebido porque as emoções geralmente são de pequenas intensidades.
    Situações em que as emoções são úteis:

● No autoconhecimento, pois nos conheceremos melhor se soubermos as emoções mais frequentes em nossa vida. Controlando nossas emoções, principalmente a raiva, o medo e as preocupações, não praticamos muitas ações que nos arrependeríamos depois.

Cultivando a calma e a tranquilidade nos conhecemos melhor.

● Para conhecer melhor outras pessoas. Utilizando a empatia percebemos melhor as emoções e sentimentos dos outros, e o melhor conhecimento deles permite que os relacionamentos sejam mais duradouros.


Usando a empatia compreendemos melhor as emoções dos outros.

  Para conhecer seus valores pessoais. As emoções são uma forma de expressão dos valores da pessoa. Se ela  se orgulha de algo ou de alguém é porque tem significado para ela: se você se orgulha de seu Pai, é porque ele é um valor para você.

     ● Para elaborar seus valores e fazer julgamentos morais e éticos. Para você considerar algo como valor, primeiro o seleciona livremente dentre outras alternativas e ao fazer esta escolha utiliza suas emoções, para saber se gosta ou não dele. Depois aprecia sua escolha, e quando está satisfeito com ela, coloca-a em prática, e ela passa a ser um valor para você.

      Quando você faz o julgamento de uma pessoa leva em conta seus valores e suas ações. As emoções são vitais na elaboração de julgamentos: você sabe que uma pessoa é boa se ela pratica ações bondosas. Você faz um julgamento dela avaliando sua conduta, se é bondosa ou não.

    ● Para fazer suas avaliações. Sempre você está avaliando e ao elaborar juízos de valor as emoções participam desta avaliação. Quando você avalia qualquer coisa  suas emoções estão envolvidas e é um erro pensar que elas ocorrem de vez em quando. Geralmente só sabemos que elas existem quando são muito fortes, como as grandes raivas, alegrias ou medos.
    
     A emoção é importante para avaliar outras pessoas, e  um avaliador emocionalmente frio por ter dificuldade para fazer  empatia com o outro e não perceberia suas emoções e sentimentos.

                                  As emoções participam de suas avaliações.

     ● Para você se defender dos perigos. Diante de grandes perigos, como um acidente de carro, sua emoção age antes da sua compreensão lógica. Em um acidente você primeiro se defende automaticamente e só depois toma consciência da extensão da ameaça que sofreu. Aqui, a emoção é mais importante que a razão para a vida da pessoa.
         Num acidente você se defende automaticamente.graças a suas emoções.

     ● As emoções interferem na tomada de decisão. Segundo Damásio, você pode interferir na execução de suas decisões, se souber controlar suas emoções. Em suas pesquisas ele encontrou pacientes portadores de lesões cerebrais pré-frontais com suas capacidades de decisão e seus comportamentos alterados. Por outro lado, as pessoas  emocionalmente equilibradas apresentam boas capacidades de análise e decisão.

     ● As emoções foram importantes na evolução e perpetuação humana, tendo papel fundamental nelas. Graças ao medo os animais mais fracos sobreviveram aos mais fortes, fugindo deles para não serem devorados. As emoções permitiram a adaptação dos indivíduos às novas circunstâncias ambientais, e a reprodução das espécies animais só se deu graças às emoções aproximativas, que permitiram o acasalamento deles. 

                     O medo permitiu aos animais mais fracos fugirem dos mais fortes.


 As emoções são úteis na elaboração de juízos de valor,  na valoração e no aperfeiçoamento das pessoas. Pessoas emocionalmente frias são menos capazes para fazer julgamentos valorativos, porque percebem menos os valores contidos em seus próprios julgamentos e decisões.

     ● As emoções estimulam o crescimento pessoal, porque são grandes fontes de motivação humana e estimulam a pessoa a aceitar novos desafios. Quando você vence um desafio, se sente estimulado para enfrentar outros maiores, porque aumenta a confiança em si mesmo. Uma realização sua lhe estimula a fazer outras mais importantes: se um salva-vidas que salva um banhista fica estimulado a salvar outras vidas.


Um Salva-vidas tem crescimento pessoal, porque salvou uma vida
e fica motivado para salvar outras.

 

     Proposta do Paradigma das Emoções



      O Paradigma das Emoções deve estar de acordo com os padrões epistemológicos vigentes e considerar que o sujeito participa da observação. Deve expressar a realidade conforme os conhecimentos aceitos na época pela comunidade científica, das neurociências, psicologia, antropologia e sociologia das emoções, considerando as evidências comprovadas por diferentes pesquisadores (conforme  Santos, Wilber e Morin).


Apresentamos a seguir uma proposta para o Paradigma da Emoções fundamentada em estudos realizados pelos pesquisadores citados neste Blog e em livros e monografias publicados pelo Autor, com as seguintes proposições:

w Conceito e significado das emoções: as emoções são reações adaptativas do organismo humano em resposta a estímulos emocionalmente competentes, que ocorrem quando ele se adapta a mudanças do meio externo ou interno. As emoções e sentimentos são modelados e conformados pela cultura que a pessoa vive.

w Sentido das emoções - as emoções são agentes que:
• conformam, estruturam, transformam e promovem mudanças na cultura, na sociedade e nos seres humanos;
• influem na estrutura da personalidade e no comportamento das pessoas;
• influem na formação dos sujeitos sociais, sendo uma importante força organizadora social;
• são forças motivadoras do comportamento humano as emoções positivas (amor, alegria, calma, gratidão, empatia, compaixão, esperança e outras) e  as  negativas (medo, raiva, tristeza e outras).   

w Emoções sociais são fundamentais para o comportamento social do indivíduo, como por exemplo simpatia, compaixão, vergonha, embaraço, culpa, desprezo, indignação, espanto, admiração, gratidão, orgulho, inveja, ciúme e outras. Quando comprometidas, prejudicam a conduta social da pessoa, pois elas participam da elaboração dos seus princípios morais e éticos.

w Educação das Emoções: a Educação das Emoções deve ser preocupação do governo, da sociedade e da família. Uma de suas finalidades  é mostrar a importância das emoções para o indivíduo e a sociedade, bem como o valor epistemológico, psicológico, cultural e social delas.


Educação das Emoções deve merecer atenção do governo,
da sociedade e da família.

   A Educação das Emoções deve ser obrigatória nos projetos pedagógicos da educação infantil, fundamental, média e superior, para qualquer profissional.

• Deve ser dada à emoção a mesma importância dada à razão, desenvolvendo-se no educando as competências pessoais e sociais da autoconsciência, da gestão das emoções, da consciência social e da administração dos relacionamentos.

     wO Paradigma das Emoções considera que as emoções são fundamentais na vida humana, nas seguintes situações:

•  No autoconhecimento;
•  No conhecimento de outras pessoas;
•  Na identificação e elaboração dos valores;
•  Na elaboração de julgamentos morais e éticos;
•  Na elaboração de avaliações e valorações;
•  No aperfeiçoamento pessoal;
•  Na tomada de decisões;
 • Na defesa pessoal;
•  No processo da evolução e perpetuação das espécies.


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Agradecemos a valiosa colaboração do Prof. Gilson Vieira, através de sugestões e da revisão do texto.
                                    
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RESUMO


1. Para Kuhn, um Paradigma é uma estrutura mental que visa organizar no pensamento humano a realidade e seus eventos em um determinado campo do conhecimento, e é composto por teorias, experiências e métodos. Um paradigma é um padrão, um conjunto de crenças, valores e técnicas que é aceito, compartilhado e utilizado pelos membros de uma comunidade científica em suas atividades.

2. São elementos de um paradigma: os fenômenos que ele pretende estudar e como eles devem ser abordados; os princípios que explicam os fenômenos e suas relações; as normas, regras, métodos e valores que direcionam as pesquisas; a descrição das variáveis pesquisadas e a explicação e classificação de novos fenômenos ou teorias, além das técnicas e  instrumentos que devem ser utilizados. São exemplos o Paradigma Newtoniano, referente à física clássica e o Paradigma Quântico, referente à física quântica.

3. O Paradigma das Emoções tem por objeto o estudo das Emoções, que devem ser abordadas com o método experimental e considerar os conhecimentos das Neurociências, Psicologia, Sociologia, Antropologia e outras ciências para estabelecer seus conceitos, e descrever as experiências e métodos utilizados, suas crenças, normas,  técnicas, instrumentos e valores que direcionarão os estudos. E também as variáveis pesquisadas, além de explicar e classificar os novos fenômenos.

4. O Paradigma das Emoções deve estabelecer o significado, o sentido e o papel da emoção na vida humana, e desfazer o preconceito existente em relação à Emoção, que é encarada como subalterna à Razão. Este preconceito originou-se nas ideias de Platão, que considerava o ser humano uma carruagem conduzida pela Razão, com dois cavalos, sendo um a emoção e outro os impulsos. O lugar da Emoção é ao lado da Razão e da Intuição, porque ela é instrumento fundamental para a análise, compreensão e interpretação da vida humana, tanto na adaptação do ser humano às mudanças, quanto na elaboração dos saberes.

5.  A Emoção é uma reação do organismo a um estímulo externo ou interno, com uma resposta mental, uma corporal e outra comportamental. A experiência mental é acompanhada de um sentimento agradável ou desagradável e os hormônios elaborados pelo corpo o preparam para lutar ou fugir.

     6. Os seguintes equívocos são defendidos pelo Paradigma da Razão e analisaremos a inconsistência deles a seguir, estabelecendo algumas crenças e valores do Paradigma das Emoções.

    Equívoco 1: Quanto mais racionais e frios formos, mais aptos seremos para vencer na vida. A proposição é falsa e não é sustentada pelas Neurociências, pois não é possível existir a razão  sem emoção, desde quando as decisões humanas têm necessariamente um componente emocional.

    Equívoco 2: Só devemos dar importância ao que é racional. Pelo  contrário, devemos dar tanta importância à emoção quanto à razão, pois as emoções são muito úteis em diversas situações, dão significado à  nossa vida e nos tornam verdadeiramente humanos.

     Equívoco 3: As Emoções sempre nos deixam em má situação quando fazemos julgamentos. É um equívoco, pois as pesquisas comprovaram que as emoções são fundamentais nos processos de avaliação, valoração e julgamentos morais.

     Equívoco 4: A razão fria é o ideal para fazer investigações. É outro equívoco, pois o Paradigma Pós-moderno, considera que o sujeito observador participa do resultado das pesquisas e que suas emoções interferem nas avaliações e decisões.

     Equívoco 5: As Emoções sempre interferem de forma negativa em nossas vidas. É outro equívoco porque a emoção participa de modo positivo em nossas vidas, de forma constante e continuada, inclusive como elemento regulador da vida.

     7. As emoções são úteis para a vida humana, de diversas maneiras: para o autoconhecimento, pois nos conhecemos melhor através delas; para conhecer melhor outras pessoas, utilizando a empatia; para conhecer os valores pessoais próprios; para elaborar seus valores pessoais e fazer julgamentos morais; para fazer avaliações; para defender-se dos perigos; para tomar decisões; para a evolução e perpetuação humana; para o crescimento da pessoa.
8. Proposta do Paradigma das Emoções:  O Paradigma das Emoções deve estar de acordo com os padrões epistemológicos vigentes, e deve: considerar que o sujeito participa da observação; expressar a realidade conforme os conhecimentos aceitos pela comunidade científica, considerando as visões de diferentes pesquisadores; estabelecer o conceito e o significado das emoções; considerar que as emoções conformam, estruturam, transformam e promovem mudanças na cultura, na sociedade e nos seres humanos,  influenciando a personalidade e o comportamento das pessoas e a  formação dos sujeitos sociais.
9. O Paradigma das Emoções considera as emoções  fundamentais na vida humana, conforme o item 7.

10. A Educação das Emoções deve ser uma preocupação do governo, da sociedade e da família. Deve ser um instrumento para mostrar a importância das emoções para o indivíduo e a sociedade, bem como o valor epistemológico, psicológico, cultural e social delas. A Educação das Emoções  deve ser obrigatória na educação infantil, e nos níveis fundamental, médio e superior, devendo ser dada à emoção a importância dada à razão. Deve desenvolver no educando as competências emocionais, pessoais e sociais da autoconsciência, da gestão das emoções, da consciência social e da administração de relacionamentos.


REFERÊNCIAS E LINKS

1. STOCKER M. E HEGEMAN, E. O Valor das Emoções, São Paulo, Palas Athena, 2002
2. DAMÁSIO,A.,Em busca de Espinosa, São Paulo, Companhia das Letras,2004.
3. SANTOS,J.O., Educação Emocional na Escola – a Emoção na Sala de Aula, 2a ed., Faculdade Castro Alves, Bahia, 2000.
4. SANTOS, J.O., Educação das Emoções- fundamentos e experiências, Salvador, Faculdade Castro Alves,2009
5. MORIN, E., Os Sete Saberes Necessários à Educação no Futuro, São Paulo, Cortez, UNESCO, 3a e, 2001.
6. DAMÁSIO, A. O mistério da Consciência, São Paulo, Companhia das Letras, 2001
7. DAMÁSIO, A., O erro de Descartes: emoção, razão e o cérebro humano. São Paulo, Companhia das Letras, 2000.
8. KUHN, T., A estrutura das Revoluções Científicas, Ed. Perspectiva,2009
9. PLATÃO, O Banquete,Os Pensadores III,Ed. Abril Cultural,São Paulo,1972
10. SANTOS, J. O., Emoção e Valores, Faculdade Castro Alves, Salvador, Bahia, 2006
11. WILBER, K. Uma Breve História do Universo, Nova Era, Rio de Janeiro, 2001.

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