domingo, 8 de outubro de 2023

E-book 40

 

             E-book 40

           A Meditação melhora a Inflamação.

 

 P S I C O L O G I A

 
    M O D E R NA

        Blog emoçaoeatencao@blogspot.com

  Prof. Dr. Jair de Oliveira Santos

           2023 - Bahia- Brasil

 QUEM É O AUTOR

 

Jair de Oliveira Santos é Médico, Professor aposentado da Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia, Graduado em Pedagogia, Especialista em Administração Escolar, Fundador e ex-Diretor da Faculdade Castro Alves, onde foi coordenador do Núcleo de Estudos das Emoções e do Programa de Educação das Emoções.

 Criou o blog emoçaoeatencao@blogspot.com onde publicou 90 Posts, durante 6 anos, que foram divulgado pela Google em 87 países e teve , segundo o site Ranking Data, cerca de 1 milhão e 188 mil acessos anuais. Fez o lançamento do Podcast das Emoções, no citado blog, em 2021.

Pioneiro da Educações das Emoções na Bahia, implantou-a na Faculdade Castro Alves e em vários colégios, com excelentes resultados. Publicou os livros: 1- Educação Emocional- fundamentos e resultados;2- Manuais de Educação Emocional; 3- Educação Emocional na Sala de Aula, e 4-. Educação Emocional: Aspectos Históricos, Fundamentos e Resultados.

Dedicou-se à Educação Médica, foi Coordenador do Colegiado de Curso de Medicina da UFBA e o presidente da Comissão de Currículo. Publicou livros e artigos na Revista da Associação Brasileira de Educação Médica, dentre eles “Educação Médica e Humanismo”, e” Educação Médica- Filosofia, Valores e Ensino”.

 

Dedico este e-book:

In memoriam:

A minha inesquecível esposa falecida, Olívia,

E a meu Pai e minha Mãe.        

A meus filhos:

Jair Filho, César, Telma, Vinicius e Paulo

A meus netos:

Jéssica, Jair Neto, Ana Júlia, Pedro Gabriel, Maria Eduarda, Larissa e Arthur.

                                                         ● ● ●

A todos que nos propiciaram condições e estimularam estudos, pesquisas  e reflexões sobre  a Educação das Emoções.

                                                        ● ● ● 

“Quem conhece aos outros é inteligente

  Quem conhece a si mesmo é sábio “

Lao Tsé – Tao te King, XXXIII   

                                                      ● ● ● 

“Trata a humanidade, na tua própria pessoa ou na de qualquer outra, como um fim em si, nunca apenas como um meio”

 Kant I., “Fundamentação da metafísica dos costumes”, 1786.                           

                                                    ● ● ●

“Não há outro universo, senão o universo humano, o universo da subjetividade humana. É procurando sempre fora de si um fim que o homem se realizará como ser humano”

Sartre,J.P., “O Existencialismo é um humanismo”, 1944

                                                  ● ● ●

“Para criar uma boa vida, não basta lutar por metas  que nos trazem prazer, mas também escolher metas que reduzirão a soma total de entropia no mundo”.

Mihaly Csikszentmihalyi - A Descoberta do Fluxo, 1999.

 

                     COMUNICADO

A partir de 26-11-22,   o blog emoçaoeatencao@blogspot.com

 terá nova orientação, para atender á sua vasta clientela de milhões de leitores, conforme avaliação publicada pelo site Ranking Data, abaixo transcrita. Dentro de sua filosofia de trabalho, publicará também e-books gratuitos, que conterão o conteúdo dos posts já publicados, além de novos conteúdos, de modo a constituírem um conjunto integrado de conhecimentos.

Ranking database emoção atenção@blogspot.com, pesquisa.

Imagens de ranking data base emocaoeatencao@blogspot.com

 


 



                      

   RELAÇÃO DOS CONTEÚDOS DO E-BOOK 40

 

Capítulo 1: Que é Inflamação 

Capítulo 2: Que é Meditação

Capítulo 3: Meditação melhora Inflamação

 

 

 

 

                                     CAPÍTULO 1

                                     INFLAMAÇÃO

 

               Você verá neste capítulo o que é a Inflamação, seus elementos, finalidade,  processo de desenvolvimento e como o organismo atua sobre ela.

 

                                 QUE  É  A INFLAMAÇÃO?

              A Inflamação é uma resposta do organismo a uma agressão, devida a:             

               Agente externo - parasitas : bactérias, fungos, vírus, vermes, etc.;

                    

                                       As bactérias podem agredir o organismo de uma pessoa.

              Agentes do metabolismo: diabetes, hipertensão arterial, ácido úrico aumentado, ureia aumentada , alergia- reações antígeno-anticorpo, etc.;

            Agentes químicos ou físicos: calor, frio, substâncias químicas etc.

           Reações autoimunes :artrite reumatoide, lúpus eritematoso ,etc.                    

          A Inflamação é uma resposta normal do organismo, que tenta recompor a parte que foi lesada 

       . As bactérias podem invadir o intestino , causar infecção intestinal e a pessoa sentir cólicas abdominais e diarreia. Os vírus podem invadir o fígado e causar hepatite, ou invadir a parótida e causar parotidite. O sufixo ITE significa inflamação aguda.

Bactérias podem causar infecção intestinal e a pessoa sentir cólicas.

            No processo inflamatório ocorrem alterações bioquímicas, ou alteração antígeno-anticorpo (como na alergia) e alterações do funcionamento dos órgãos. Estas alterações produzem um aumento do aporte de sangue para a área agredida devido à vasodilatação, e fica vermelha e quente (rubor e calor). Os vasos ficam permeáveis e deixam passar o líquido que contém está para o espaço entre as células, gerando  dor e o aumento do volume da região (tumor) . Daí uma região inflamada ter como características: dor, tumor, calor e rubor.

        Para a região inflamada  o organismo manda , visando se defender-se  através deles , leucócitos, neutrófilos, mastócitos, linfócitos e outras células  E também os chamados Mediadores Químicos, substâncias químicas  capazes de produzirem  reações locais e sistêmicas , como por exemplo  histamina, serotonina, prostaglandinas , leucotrienos  e citocinas (como o fator de necrose tumoral, interleucina  1,  quimiocinas, etc..

       O organismo possui genes responsáveis pela ativação  da inflamação, localizados no genoma.

     




                                        CAPÍTULO 2

                                       MEDITAÇÂO

 

Que é Meditação?

            O objetivo deste capítulo é, com base em dados coletados em pesquisas sobre  meditação realizadas no fim do século XX e início do XXI, estabelecer bases científicas para compreender os efeitos da meditação no corpo e na mente, e, estabelecer fundamentos para sua aplicação em medicina, psicologia e  profissões voltadas para a saúde.

       Newberg (2003), considera a meditação um processo mental complexo que envolve mudanças na cognição, na percepção sensorial, no afeto, hormônios e na atividade do simpático e parassimpático. 


Meditação envolve mudanças na cognição, percepção , afeto, hormônios e  vago-simpático.

 

         Sadhu (1972), define meditação como a direção ativa e constante da atenção para um tema ou objeto, sem desvio, mantendo-o diante da mente durante certo tempo. Uma de suas finalidades é conseguir quietude da mente e suas técnicas variam no taoísmo, budismo, zenbudismo, hinduísmo, etc.

        O Momento Presente

A maioria das pessoas passa a maior parte do tempo com a mente em devaneios, pensando em eventos do passado ou em problemas que ocorrerão no futuro.

          

                       A maioria das pessoas passa a maior parte do tempo  em devaneios.

 Não vivem no momento presente, na vida real, no seu aqui e agora, no lugar em que ela realmente está. Quem vive suas lembranças, recorda suas decepções e sofrimentos, suas tristezas e amarguras, as ingratidões, mágoas e ressentimentos esquecidos, transforma sua vida em um mar de mágoas, ódios e  tristezas. E pode ficar deprimido.            


                     As pessoas que devaneiam no passado podem ficar deprimidas.

Se ela devaneia sobre o futuro, seus medos e preocupações tomam conta da mente, que vira um caldeirão efervescente dominado pela ansiedade. É o que ocorre com quem tem uma conta a pagar e não tem o dinheiro suficiente, ou que teme ser vítima de uma doença grave, ou que teme uma catástrofe futura. Sua mente é um inferno, alimentado por seus pensamentos  negativos.   


   Quem devaneia sobre o futuro, seus medos e preocupações tomam conta da mente,

A atenção é o instrumento fundamental para viver no momento presente. Recebendo informações e estímulos do ambiente externo ou do interior do corpo (pensamentos, emoções e memória). Não há percepção significativa de objetos se eles não forem alvos de nossa atenção. 

       

                                     A atenção é  fundamental para viver no momento presente.

O momento presente tem sido objeto de reflexão para diversas correntes de pensamento, pesquisadores, cientistas religiosos e filósofos. Viver o momento presente é conscientizar a pessoa do que acontece no aqui e agora e de si mesmo.

Todos nós temos pensamentos automáticos, que podem surgir em nossa mente, abruptamente. São devaneios sobre assuntos variados que podem ser inocentes, como o que vamos comer no jantar, ou o que fazer no próximo fim de semana, mas podem ser acompanhados por emoções negativas, de raiva, medo ou tristeza, como as preocupações que trazem à tona os medos do futuro.

Pesquisa com milhares de pessoas constatou que elas estavam em seus momentos presentes quando faziam amor, praticavam exercícios físicos,  conversavam ou jogavam com alguém.


                                
As pessoas estão em seus momentos presentes quando fazem amor.

 Ao iniciar-se a segunda década do século XXI, um observador atento constata que o ser humano vive permanentemente em busca de um sentido para sua vida, procurando encontrar-se a si mesmo, pois se encontra confuso em relação aos seus valores. Muitos dos conhecimentos até então tidos como certos, passaram a ser questionados ou abandonados. Há uma busca incessante por novos paradigmas que orientem o ser humano em sua jornada em busca da felicidade.

Percebe-se um movimento coletivo da humanidade em busca do auto- conhecimento, pois o ser humano sabe que a felicidade está dentro dele. Daí a necessidade das instituições de ensino superior, responsáveis pela formação de líderes que orientarão as gerações futuras, se debruçarem sobre a dimensão humanística da problemática humana. 

                    

                                               O ser humano vive em busca do autoconhecimento.

 A meditação, caminho que a civilização oriental segue há milênios para buscar o auto-conhecimento e a felicidade, é hoje reconhecida nos meios médicos e psicológicos mais desenvolvidos do mundo ocidental como instrumento útil para tratar doenças orgânicas e psíquicas.

O estudo científico da meditação, no ocidente, teve início com pesquisas do Dr. Herbert Benson, professor da Faculdade de Medicina da Harvard University, no início dos anos 70, no Tibet, e também em pessoas que praticavam, nos Estados Unidos, a Meditação Transcendental. (Benson, 1975, Levine,2000). 

O governo dos Estados Unidos criou no National Institutes of Health (Instituto nacional da Saúde), órgão similar ao Ministério da Saúde do Brasil, o Office of Alternative Medicine-OAM (Instituto de Medicina Alternativa), para pesquisar formas alternativas e complementares  da Medicina, tais como meditação, acupuntura, etc.

 O Office of Alternative Medicine-OAM, publicou estudo recente com a posição oficial da entidade sobre meditação, que foi classificada como procedimento de saúde, depois de avaliar diversos artigos médicos publicados em todo o mundo (httt//w.w.w.nccam.nih.gov/health).

Para Khalsa (2001), dentre os estudos mais objetivos e rigorosos feitos sobre a meditação está o relatório publicado em 1994 pelo Office of Alternative Medicine. Este relatório afirma que ao longo de vinte e cinco anos Benson e seus colegas desenvolveram um grande corpo de pesquisa, que considera a meditação em geral e a resposta de relaxamento em particular, não mais como uma forma alternativa de medicina, mas fazendo parte da corrente principal da Medicina.

Os participantes da pesquisa praticaram a Meditação Transcendental, na qual o meditador senta quietamente e concentra sua mente em uma frase – mantra - que é repetida durante vinte minutos. Surge como resposta mudanças fisiológicas e bioquímicas significantes que permanecem muitas horas depois de terminar a meditação, proporcionando melhora na saúde do meditador.

        Segundo Benson (1975), durante o relaxamento há estimulação do parassimpático e diminuição dos batimentos do coração. A respiração fica mais lenta, diminui a quantidade de oxigênio consumida pelo corpo e  há relaxamento muscular, e diminuição da pressão sanguínea. Há redução dos processos metabólicos orgânicos que leva a um estado de baixo metabolismo. Concomitantemente há alterações hormonais e modificações das ondas elétricas cerebrais, com predomínio das lentas, alfa e teta.

          Benson denominou de resposta de relaxamento a estas mudanças e considerou-as opostas à resposta do estresse. Levantou a hipótese que a resposta de relaxamento despertada regularmente poderia ter como efeito a melhoria da saúde, pois protegeria o organismo da ação nociva do estresse. A continuidade da prática do relaxamento poderia proporcionar um sentimento de maior controle sobre a vida do meditador, que pode vir a controlar suas emoções depois de semanas ou meses de prática.

         Na Faculdade de Medicina de Harvard, no Mind / Body Medical Institute, o relaxamento é utilizado em um programa para ajudar as pessoas, especialmente os alunos do segundo grau, na administração do estresse e da ansiedade. Benson, mentor do programa, acredita que ele pode ajudar a prevenir o comportamento violento e auto- destrutivo entre os jovens, como o suicídio, e a desenvolver habilidades que lhes permitam conviver com o estresse de forma adequada pelo resto de suas vidas. 

         

                     Na Fac.de Medicina de Harvard, o relaxamento é um programa para ajudar pessoas.

 Como consequência das pesquisas de Benson, nos últimos quarenta anos, centenas de pesquisas foram realizadas, levando à crença de que as diversas formas de meditação são úteis para o tratamento de diversas doenças orgânicas e mentais.

Além da Meditação Transcendental são utilizadas outras formas de meditação com finalidade médica e psicoterapêutica. Dentre elas destaca-se a Meditação da Mente Alerta (Mindfullness), a milenar meditação Vipassana budista, que é utilizada desde 1990 por Kabat-Zinn (1991, 2001), na Stress Redution Clinic do Medical Center da University of Massachussetts.

Nesta meditação o meditador fica atento para perceber a cada momento seus sentimentos, sensações e pensamentos, sem fixar sua atenção em nenhum deles. Atenta também para o que se passa no ambiente, sem fixar sua atenção em nenhum evento percebido. Em síntese, ele fica atento para perceber o que se passa no seu mundo interior e exterior.

                                

                               TIPOS DE MEDITAÇÃO

 

Meditação  Hinduísta

          Sai Baba (1993) recomenda que se reserve alguns minutos no início de cada dia para a prática da meditação, preferencialmente antes do sol nascer. Pode ser utilizada uma lamparina ou uma vela com luz interna.. O meditador deve sentar em uma  posição confortável, sobre uma almofada e olhar firmemente para a chama.

Depois fechar os olhos e procurar senti-la dentro de si entre as sobrancelhas e levá-la até o coração, iluminando o trajeto realizado. A seguir, imaginar a luz penetrar os membros, na língua, ouvidos e cabeça, espalhando-se nela. Repetir diariamente, na mesma hora e local.

 

Meditação budista

Segundo Swearer (1973), a meditação budista pode ser feita de duas formas: a Meditação da Mente Alerta, chamada tradicionalmente de Vipassana e a Meditação Concentrativa, denominada Samatha na tradição.

 

Meditação Concentrativa

Santos (2009) aponta os seguintes passos para esta forma de meditação:

· Sentar-se em posição confortável, a coluna ereta e fechar os olhos. Soltar o corpo e relaxar os músculos.

· Respirar naturalmente sem interferir na respiração, prestando atenção na entrada e saída do ar nos pulmões, observando a inspiração (entrada do ar) e a expiração (saída do ar).

· Quando surgir pensamentos, afastá-los gentilmente, retornando a atenção para a respiração. Não se preocupar com nada e concentrar a atenção na respiração.

· Para ajudar a concentração contar lentamente as inspirações de 1 a 10. Não passar de 10 pois pode-se perder a concentração.

· Outra forma de garantir concentração é prestar atenção ao movimento de subida e descida do tórax ou abdômen, repetindo “sobe – desce”, para cada subida ou descida do tórax, ou “dentro – fora” para cada inspiração e expiração que forem realizadas.

· Começar com 10 a 20 minutos e depois  aumentar o tempo, até quando se sentir bem. Praticar uma a duas vezes por dia na mesma hora e local.                  


Uma forma de meditar é sentar com as pernas cruzadas e a coluna ereta.

 

Meditação da Mente Alerta ou de Plena Atenção

A meditação de mente alerta segundo o Sattipatthana Sutta, texto budista theravada, resume-se na frase “SEDE ATENTO !”, isto é, vigie sua mente. Em vez de concentrar atenção em um objeto, deixe a mente perceber qualquer evento que surja na consciência. Sua atenção é receptiva.

Para KABAT ZINN (1991, 2001) a meditação de mente alerta é uma forma particular de prestar atenção, de atentar profundamente para si mesmo e para o ambiente. Sua utilização em milhares de pacientes na  Stress Redution Clinic do Medical Center, da University of Massachussetts desde 1990 trouxe os seguintes resultados:

·  Em mais de 80 % dos pacientes tratados houve redução de  40 a 45% dos sintomas da ansiedade, raiva, hostilidade, dor, falta de ar e diarreia.

·  mudanças benéficas em  fatores psicológicos mais profundos da personalidade;

·   aumento da resistência ao estresse.

A meditação é um dos meios mais efetivos para o auto-conhecimento emocional e abre as portas para o autocontrole das emoções e dos sentimentos e  pensamentos associados, daí sua importância no controle dos sentimentos. 

São consideradas as seguintes qualidades da plena consciência por Goleman (2001): acalma os pensamentos, traz clareza à percepção, confiança, coragem, intuição e flexibilidade. Ela nos aproxima de uma percepção mais significativa do momento vivido, fazendo com que vejamos as coisas mais próximas do que elas são.

                            Meditação  Transcendental     

 A Meditação Transcendental é a técnica de meditação mais conhecida no ocidente, onde foi introduzida por Maharishi  Yogi, segundo Goleman (1996).  Ela pode  de ter como resposta diminuição da inflamação.

 Os passos para sua prática são:

· Escolha uma palavra ou frase, um mantra, que tenha significado para você: pode ser paz, amor, ou um simples número (um) ou uma frase como “estou tranquilo”.

         · Sente-se em  posição confortável, com a coluna ereta e feche os olhos. Solte o corpo e relaxe os músculos.

· Respire naturalmente, lentamente, sem interferir na respiração, sentindo o ar entrar e sair livremente nos pulmões.

· Repita mentalmente ou verbalmente a palavra ou expressão escolhida ao expirar, concentrado nela. Afaste delicadamente pensamentos intrusos que surgirem e volte a concentrar-se no mantra.

· Comece com 10 a 20 minutos e prolongue enquanto se sentir bem, 1 a 2 vezes por dia, de preferência na mesma hora e local.


EFEITOS DA MEDITAÇÃO

         No cérebro e sistema nervoso

1 Aumento da substância cinzenta do cérebro

Um grupo de pesquisadores da Universidade de Califórnia -UCLA realizou em 2009 pesquisa com ressonância magnética de imagem  de alta resolução, para estudar o cérebro de meditadores. Constataram que certas regiões dos cérebros de meditadores de muitos anos eram maiores do que as correspondentes dos cérebros de não meditadores do grupo controle.

A meditação constante leva ao aumento do volume e espessura do cérebro. Participaram da pesquisa 44 pessoas, 22 que praticavam diversas formas de meditação incluindo Zazen, Samatha and Vipassana, dentre outras e 22 controles. O tempo de prática da meditação dos participantes variou de 5 a 46 anos, sendo a média de 24 anos. A maioria meditava de 10 a 90 minutos diariamente.

A aparelhagem de ressonância magnética utilizada dividia cérebro automaticamente em diversas regiões e permitia aos pesquisadores comparar o tamanho de determinadas estruturas cerebrais, medindo a quantidade  de matéria cinzenta contida em cada região

Nos resultados encontrados estavam significativamente maiores os volumes do hipocampo, de áreas do córtex órbito - frontal, do tálamo e do giro temporal inferior, que participam da regulação das emoções. Como estas áreas estão ligadas à emoção pode ser que possibilitem ao meditador desenvolver a habilidade de regular suas emoções e de ter respostas bem ajustadas no seu comportamento.

Uma das pesquisadoras, estudante de pós-doutoramento no Laboratory of Neuro Imaging da UCLA, disse já ser sabido que os meditadores têm uma singular habilidade para cultivar emoções positivas, ter estabilidade emocional e para enganjar-se em um comportamento de mente alerta. Mas que as diferenças da anatomia cerebral constatadas pela pesquisa mostram que eles têm habilidades excepcionais.

 A pesquisa confirma os aspectos benéficos da meditação, pois quem medita regularmente, além de ter melhor foco em suas emoções e poder controlá-las melhor, reduz seu nível de estresse e estimula o funcionamento de seu sistema imunológico.

Numerosos estudos apontaram para uma plasticidade cerebral e e que o ambiente pode induzir modificação da estrutura do cérebro.

 

2. Ativação dos córtex pré-frontal e cingulado

Durante a meditação determinadas áreas cerebrais ligadas à atenção são estimuladas, como o córtex pré-frontal e o cíngulo anterior, particularmente no hemisfério direito. É a conclusão de pesquisa realizada por Newberg (2003), com oito meditadores budistas tibetanos que meditaram durante cerca de 1 hora, tendo sido medido o fluxo sanguíneo cerebral durante o processo. Houve aumento bilateral da atividade cortical pré-frontal, com predomínio do hemisfério direito, e do giro cíngulo.      

        

                                 
Na meditação  há ativação do córtex pré-frontal.

3. Ativação das regiões frontal e parietal direitas  

 Segundo Khalsa (2001), pesquisa realizada com Tomografia por Emissão de Prótons – PET durante a recitação do mantra Sa Ta Na Ma, mostrou aumento da atividade cerebral nas regiões frontal e parietal direitas. Durante a recitação de certos mantras há estimulação do nervo vago, que enerva o coração, trato intestinal, pulmões e músculos das costas, daí os múltiplos efeitos corporais da recitação de mantras.

Quando se canta um mantra há vibração da língua que é  conduzida para o palato, na parte superior da boca, e daí  para o cérebro, chegando ao hipotálamo e  hipófise, estimulando suas atividades, sendo liberados os hormônios relacionados com estas glândulas.

A Meditação Médica, tipo de meditação proposta por Khalsa (2001), baseada na meditação kundalini, utiliza a recitação de mantras. Além do mantra referido são utilizados os seguintes: Hummee Hum, Brahm, Ummm; Ong Namo Guru Dev Namo; Raaa  Maaa Daaa Saa;.Saaa Saiii Sooo Um  e  Ommmmmm; Ahhhhhhh; Ummmmmm.

 4● Aumento da espessura de áreas cerebrais

Pesquisa feita por Lazar e colaboradores (Lazar,2005), da Universidade de Harvard, no Massachutts Hospital utilizou ressonância magnética para medir a espessura do córtex cerebral de 20 participantes com extensa experiência de meditação de mente alerta, sem recitação de mantras. Os participantes eram pessoas comuns, e meditavam em média 40 minutos por dia.

Foi constatado que determinadas regiões cerebrais eram mais espessas nos meditadores do que no grupo de não meditadores. Dentre estas regiões estavam o córtex pré-frontal e a insula anterior direita e estão associadas com a atenção, processamento sensorial auditivo e visual, percepção interna, freqüência cardíaca e respiratória. A maioria das regiões ativadas era do hemisfério direito, essencial para manter a atenção.

O aumento da espessura do córtex pré-frontal foi mais pronunciado nos participantes mais idosos, sugerindo que o espessamento pode estar relacionado com a idade e os pesquisadores admitem que a prática regular da meditação pode diminuir o afinamento do córtex frontal relacionado com a idade. Admitem que outras formas de meditação devem ter impacto semelhante na estrutura do  cerebral.

Estes achados relacionados com a estrutura do córtex cerebral evidenciam a existência de uma plasticidade cortical associada com a prática da meditação.

5● Diminuição da sensibilidade à dor e aumento da espessura do córtex cerebral

Pessoas podem reduzir  sua sensibilidade à dor, relacionada à espessura de seu cérebro, segundo nova pesquisa publicada  no  American Psychological Association journal, .   Conforme Grant (2010), pesquisador da Université de Montreal, em estudo publicado na revista Emotion, da  American Psychological Association, os participantes tiveram redução da sensibilidade à dor com a meditação Zen, e aumento da espessura dos cérebros.

A pesquisa foi feita como parte de um estudo em que foram recrutados 17 meditadores e 18 não-meditadores  que nunca tinham praticado yoga, com dor crônica, neurologica ou  or psicologica.  Foi medida a sensibilidade térmica aplicando uma placa metálica aquecida, ao tempo em que o cérebro era escaneado. . Houve diminuição da sensibilidade dolorosa do participante, diminuição esta subjacente ao  aumento de espessura detectado.  Isto reforça estudos dos pesquisadores que mostravam interferência da meditação na dor.

Para Grant (2010) a postura muitas vezes dolorosa, associada com a meditação Zen, pode levar a um córtex mais espesso e a menor sensibilidade à dor. Postula que as práticas de meditação de um modo geral podem ser úteis na administração da dor e para prevenir a redução da matéria cinzenta cerebral que esteja relacionada com a idade ou com qualquer outra condição que a comprometa, como nos acidentes vasculares cerebrais.

Modelo de ativação do cérebro durante a meditação

Newberg, depois de analisar os resultados de pesquisas realizadas entre 1990 e 2002, por cinco pesquisadores em 35 participantes diferentes e utilizando práticas meditativas diversas que variavam desde  a Yoga Kundalini e Yoga Nidra até o Budismo Tibetano, propõe um modelo para a ativação cerebral durante a prática meditativa.

Para ele a ativação começa no córtex pré-frontal, principalmente no direito, aumentando a produção do glutamato, o qual estimula a ativação do tálamo, que por sua vez produz mais GABA ( ácido gama amino butírico) que inibe a atividade do córtex do lobo parietal posterior superior, seguindo-se a ativação do hipocampo e da amigdala.

A atividade do hipocampo retro-alimenta  a ativação do córtex pré-frontal, de modo que o processo meditativo é mantido. Newberg sugere que a partir de certo grau de treinamento em meditação o ato de meditar reforça a atividade meditativa.

◘ Efeitos da Meditação no Eletroencefalograma – EEG

Banquet (1973, realizou pesquisa que se tornou referência fundamental no estudo das alterações produzidas pela meditação no eletroencefalograma, com 9 homens e 3 mulheres, cujos traçados foram comparados com o grupo controle.

Durante a pesquisa os meditadores, com idades variando de 23 a 52 anos, recitavam um mantra. Praticantes diários da Meditação Transcendental, meditavam em duas sessões de 30 minutos de 9 meses a 2 anos atrás, sendo a  média de 2 anos.

As principais alterações eletroencefalográficas registradas foram, num primeiro estágio, aumento da amplitude das ondas alfa, que além de ter freqüências diminuídas, se estenderam para as derivações anteriores. Num segundo estágio, surgiram ondas teta com morfologias das existentes durante o sono, às vezes em salvas, que se estendiam da região frontal para as regiões posteriores. Ondas beta estavam presentes em todas as regiões, principalmente durante a fase de meditação profunda dos meditadores mais experientes.

                                  

Banquet concluiu que o eletroencefalograma daquele grupo de indivíduos meditadores permite caracterizar um estado de consciência diferente dos outros estados e permitindo  identificar  um tipo de traçado de eeg relacionado com a meditação.

 

 

        EFEITOS  NO CÉREBRO DA MEDITAÇÃO

 

1. Aumenta volume do córtex órbito-frontal, tálamo giro temporal inferior

2. Aumenta espessura do córtex órbito-frontal, tálamo, giro temporal inferior

3. Ativação do córtex pré-frontal, parietal direito, cíngulo e ínsula

4. Diminuição da sensibilidade à dor              

 5.Alterações de ondas alfa e teta no eletroencefalograma 

 

 Efeitos da meditação na neuroquímica e neurotransmissores cerebrais

 

Segundo Newberg (2003), foram relatadas durante a meditação mudanças nas concentrações séricas das seguintes substâncias neuroquímicas e neurotransmissores: dopamina ,arginina vasopressina –AVP,  ácido gama amino butírico – GABA, glutamato, melatonina,  serotonina, norepinefrina, beta-endorfina .

Dopamina

 Segundo Klein (2005), ela é produzida no cérebro e exerce nele diversos efeitos. Sua grande fonte é a “substância negra”, do tamanho de uma unha, localizada no centro cerebral e é produzida também na “área tegmentar ventral”.

Destes núcleos saem neurônios para o cérebro, distribuindo a dopamina para diversas áreas, onde receptores dopaminérgicos executam as ações. Centros do córtex cerebral que recebem a dopamina são responsáveis pela perseverança para vencer certos desafios e pelo controle da musculatura voluntária.

A dopamina é conduzida também para o núcleo accumbens, na região frontal, daí para a amígdala cerebral e outros locais, influenciando nossa forma de pensar, desejar, sentir e agir. Participa do sono, da vigília e da concentração da atenção, acentua a curiosidade, a capacidade de aprender, a imaginação e o desejo, inclusive o sexual.

Kjaer (2002), utilizando a tomografia por emissão de pósitrons, demonstrou que houve aumento de 65% da liberação de dopamina endógena durante a prática  de meditação  Yoga Nidra. Foi o primeiro neutransmissor que se demonstrou, ao vivo, estar relacionado com uma experiência consciente.

Newberg (2003), acredita que a dopamina participa das interações entre o córtex pré-frontal e as estruturas sub-corticais a ele relacionadas. Para ele o papel da dopamina durante a prática da meditação e sua interação com os sistemas de neurotransmissores deverá ser estabelecido por estudos futuros.

Ela ativa o controle dos músculos voluntários e influencia no funcionamento da mente e da memória enviando às células cinzentas mensagens para que elas registrem as experiências.

Participa sistema de recompensas, conjunto de neurônios que entra em atividade quando recebemos um estímulo que desencadeia um desejo. Contribui para criar um sentimento de prazer e alegria ou euforia.

 Beta-endorfina

 A beta-endorfina, segundo Newberg (2003) é produzida no nucleus arcuate do hipotálamo. As endorfinas são substâncias opiáceas produzidas pelo cérebro humano em condições especiais, verdadeiras morfinas endógenas. São mediadores químicos que exercem ação analgésica e sobre a consciência porque se ligam aos receptores “opiáceos”, semelhantemente à morfina e à heroína.

Durante a prática meditativa há aumento do nível das endorfinas e a elas se atribui menor percepção da dor, aumento de sentimentos de alegria e euforia, redução da amplitude e frequência da respiração e do medo.

         Serotonina - segundo Newberg (2003), a serotonina é produzida pela estimulação do hipotálamo e está aumentada durante a meditação. Tem efeito calmante e sedativo, que podem estar relacionados com o bem estar do meditador.

  Norepinefrina - substância produzida no locus ceruleus  está com o nível diminuído na meditação. Age aumentando a sensibilidade de regiões cerebrais relacionadas  com a entrada de estímulos, promovendo ampliação das suas intensidades (Newberg ,2003).  É eliminada sob a forma de metabólitos através da urina e há redução deles durante a meditação, indicando redução da produção de norepinefrina.

Arginina vasopressina –AVP

Produzida no núcleo supra-óptico, segundo Newberg (2003), é a enzima responsável pela manutenção da pressão sanguínea do meditador dentro de níveis fisiológicos e tem seu nível aumentado durante a meditação.A  arginina vasopressina é secretada pelo cérebro para compensar a  ação parassimpática  que surge logo no início da prática meditativa, produzindo  contração arterial.

 Ácido gama amino butírico – GABA

Produzido no tálamo, tem seu nível aumentado e parece contribuir para dar maior foco ao meditador durante a concentração meditativa.

Glutamato : na meditação aumenta o nível do glutamato, que pode estimular o hipotálamo a liberar beta-endorfina.

Melatonina

A melatonina é um importante hormônio secretado pela glândula pineal, relacionado com o sono. Tem também ação anti-oxidante.

Cortisol

Produzido no núcleo paraventricular, segundo Newberg (2003), o cortisol é um hormônio relacionado ao estresse. Está diminuído durante a prática meditativa.

 

2. Efeito da Meditação nas glândulas endócrinas e sistema imunológico

 Um dos efeitos da meditação é de produzir de mudanças fisiológicas no organismo devido à produção de neurotransmissores e hormônios. A amígdala cerebral, relacionada com a produção das emoções, é estimulada durante a meditação, enviando então mensagem para o hipotálamo, órgão responsável  pela conexão do cérebro com as glândulas endócrinas.

São liberados neurotransmissores como endorfinas e serotonina, capazes de induzir uma sensação de bem estar ao meditador. Por outro lado o hipotálamo envia sinais para a hipófise liberar hormônios capazes de estimular a tireóide, supra-renal e outras glândulas endócrinas, cujos hormônios são secretados e distribuídos por todo o corpo através do sangue.

Segundo Khalsa (2001), o relatório publicado em 1994 pelo Office of Alternative Medicine do Health Nation Institute considera que a meditação reduz a produção do hormônio do estresse, o  cortisol, ao tempo em que aumenta a produção de serotonina e melatonina. Um dos resultados apontados pelo citado relatório da OAM é que 75% das pessoas que sofrem de insônia melhoram com a meditação.

Outro efeito da meditação é o aumento do nível do hormônio do crescimento, GH.  Outros hormônios sensíveis à prática da meditação são a arginina vaso pressina (AVP) e a beta-endorfina ( Deshmuskh,2006).O aumento da  liberação do AVP tem sido associado à diminuição da percepção da fadiga.

A dehidroepiandrosterona - DHEA é um esteroide produzido pelas glândulas supra-renais, podendo ser também sintetizada no cérebro. É um hormônio importante no funcionamento do organismo pois é precursor de diversos outros hormônios, como a testosterona, estrona e estradiol.

Conforme o relatório do Office of Alternative Medicine do Health National  Institute, a DHEA é secretada em maior quantidade nos meditadores do que nos não meditadores: meditadores do sexo masculino com 45 anos de idade têm em média 23 por cento mais DHEA do que os não meditadores da mesma idade e as mulheres meditadoras têm uma média de 47 por cento mais deste hormônio do que as não meditadoras.

A DHEA ajuda a diminuir o estresse, a fortalecer a memória (pois o cortisol pode lesar neurônios  relacionados com a memória), a preservar a função sexual e a controlar o peso, pois interfere no metabolismo das gorduras.

O sistema imunológico secreta suas próprias moléculas de informações ajudando a completar o circuito de cura, ao produzir  aumento de leucócitos e anticorpos. Quando o meditador atinge  elevado grau de relaxamento há produção de ondas cerebrais alfa e a ação de seu sistema nervoso autônomo é dominada pelo parassimpático, que manda sinais para os órgão e glândulas relacionadas com a imunidade, estimulando a produção de anticorpos.

3. Efeito da Meditação em distúrbios mentais :

Na ansiedade e síndrome de pânico

Segundo Greenberger (2008), no tratamento da ansiedade e da síndrome de pânico são úteis o relaxamento, a prática da respiração controlada e a a prática da criação de imagens. É útil tanto o relaxamento físico quanto o mental, pois um é consequência do outro.

Khalsa (2001), refere que o relatório do Office Alternative Medicin- OAM  registra como efeito da meditação a redução da ansiedade. O mesmo relatório registra que Kabat-Zinn  constatou em suas pesquisas sobre meditação de mente alerta  que ela pode reduzir a ansiedade e a síndrome de pânico.

● Na depressão

Segal (2006) e colaboradores, aplicaram um novo método para tratamento dos episódios de recorrências de pacientes deprimidos, integrando a meditação de mente alerta com a terapia cognitiva comportamental, com resultados promissores.

● No estresse

Segundo Khalsa (2001), a meditação reduz o lactato do sangue (que é um marcador químico do estresse) e o cortisol no sangue, hormônio do estresse.

O relatório do Office Alternative Medicin-OAM também registra que a Meditação Transcendental reduz a concentração do cortisol sanguíneo.

4. Efeito da meditação na dor

● Na enxaqueca e na dor crônica

Segundo Khalsa (2001), o relatório do Office Alternative Medicin- OAM, registra como um dos efeitos da meditação transcendental a redução acentuada da dor de cabeça na enxaqueca e a redução de 57% dos sintomas da síndrome pré-menstrual. Pacientes portadores de dor crônica tiveram redução média de 36% de necessidade de tratamento e 24 % dos portadores de dor crônica reduziram a medicação depois da meditação.

Resultados semelhantes foram encontrados por Kabat-Zinn (1991), na redução dos níveis da dor crônica e de cefaléias, utilizando a meditação de mente alerta.

 

5. Efeito da Meditação no envelhecimento

Khalsa (2001) relata diversas pesquisas que relacionam a Meditação Transcendental com o envelhecimento

● Pesquisa realizada pela Maharish University of Management  e publicada no International Journal of Neuroscience, 16 (1982); 53-58.2, comparou a idade biológica dos participantes (quão  velha é a pessoa fisiologicamente) com suas idade cronológicas. Foram considerados como parâmetros para avaliar a idade biológica a pressão sanguínea, a visão de perto e a capacidade de escutar do participante.

Constatou-se que eram fisiologicamente 12 anos mais jovens do que sua idade cronológica os participantes que meditavam há mais tempo. Os que participavam há menos tempo eram até 5 anos mais jovens biologicamente, em relação a suas idades cronológicas.

● Estudo realizado por pesquisadores  da Harvard University , publicada no Journal of Personality and Social Psichology  em 1989, avaliou os efeitos da Meditação Transcendental na média de vida de participantes do Programa de Meditação Transcendental e de não meditadores. Concluiu que os meditadores tiveram vida mais longa do que os não meditadores.

● Outra pesquisa foi realizada com participantes  do programa de Meditação Transcendental da Harvard, com 2.000 participantes idosos durante 5 anos,avaliando suas taxas de hospitalização.

Consideradas todas as causas de hospitalização, quando comparados os resultados dos meditadores com os de um grupo controle de não meditadores, foi constatado que o grupo de meditadores teve taxa de hospitalização geral 56% menor do que a taxa dos não meditadores.Em relação às doenças cardiovasculares especificamente, a taxa de hospitalização dos meditadores foi 87% menor do que a dos não meditadores. Especificamente em relação ao câncer a taxa dos meditadores foi 55% menor, e em relação a doenças do sistema nervoso foi 87% menor do que as dos não meditadores.

6. Efeitos da Meditação no Câncer

 Khalsa (2001) relata pesquisa com pacientes portadores de câncer  no Memorial Sloan-Kettering Câncer Center que fizeram meditação concentrativa. O relatório indica que os pacientes  tiveram redução da dor, diminuição da pressão sanguínea, redução da freqüência cardíaca, melhora do humor, redução da ansiedade e melhoria da função cognitiva.

Como vimos anteriormente, em pesquisa realizada pela Universidade de Harvard, pessoas que fizeram meditação transcendental tiveram taxa de internamento em relação ao câncer 55% menor do que os componentes do grupo de controle.

 7. Efeitos da Meditação nas Doenças do coração

 Khalsa (2001), refere que segundo o relatório do Office Alternative Medicine- OAM, os meditadores apresentam 50% menos doenças cardiovasculares do que os não meditadores do grupo de controle.

 8. Efeito do tempo na prática da Meditação

Pesquisa de Brefczynski-Lewis (2007), concluiu que pessoas que meditavam mais horas, em comparação com outras que meditavam menos horas e com outros que só começaram a meditar uma semana antes da avaliação, indica que o tempo de prática influencia nos resultados obtidos.

Os praticantes de nível médio tiveram maior ativação das áreas que controlam a atenção do que os que começaram uma semana antes. Já os que meditavam há mais tempo tiveram menor ativação das áreas que controlam a atenção, o que pode indicar uma menor necessidade de recrutamento das redes neuronais para manter a atenção.

Quando desafiados com um som para distrair a atenção, os praticantes experientes, em relação aos novatos, tiveram menor ativação em áreas relacionadas ao pensamento discursivo e às emoções, e maior em regiões relacionadas à atenção.

 

               CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta monografia relata pesquisas realizadas por diferentes pesquisadores de diferentes instituições universitárias que gozam de incontestável credibilidade, como a Harvard Medical School,  a  University of Massachussetts Medical Center, a Califórnia University (UCLA), a Yale University e o Memorial Sloan-Kettering Cancer Center, além de outros centros acreditados cientificamente. Nas pesquisas relatadas foram constatados, através de rigorosas metodologias, os diversos efeitos da Meditação, em diversos órgãos do corpo humano e suas repercussões psicológicas.

Cada vez mais a meditação é utilizada em instituições universitárias e hospitais renomados no tratamento de doenças somáticas e psíquicas. Recentemente ela foi reconhecida como instrumento terapêutico útil pelo governo dos Estados Unidos, através do National Health Institute (equivalente ao Ministério da Saúde), por ser comprovada sua eficácia em diversas doenças.

A Meditação está conquistando o mundo ocidental. É utilizada desde 1991 na  University of Massachussetts , na Stress Redution Clinic do Medical Center, a meditação de mente alerta, no tratamento do estresse,  da ansiedade, depressão, síndrome de pânico, controle da dor e da raiva, com bons resultados. O Memorial Sloan-Kettering Cancer Center, centro de excelência e referência mundial para o tratamento do câncer, utiliza a meditação concentrativa no arsenal terapêutico que utiliza em seus pacientes.

            




                                        CAPÍTULO 3
                           MEDITAÇÂO E INFLAMAÇÃO
                 

  Nas últimas duas décadas, as intervenções mente-corpo, como  meditação, atenção plena , yoga e outras, tiveram aumento nas pesquisas  porque  elas diminuem o stress percebido, aliviam a depressão, reduzem a solidão, inibem as vias inflamatórias centrais e beneficiam a regulação imunitária. Pessoas com doenças inflamatórias crónicas, como artrite reumatoide, doença inflamatória intestinal e asma foram beneficiadas.( https://www.ifm.org/news-insights/lifestyle-effects-meditation-inflammation/)..

         Pesquisas mostram que os genes relacionados com a meditação ficaram menos ativos nas pessoas que praticavam sempre meditação e mostram que diminui no sangue a  concentração de Proteina C Reativa e da interleucina 6 nestas pessoas.

         Pesquisas mostram que a Inflamação participa dos mecanismos da  Hipertensão Arterial e de doenças, que é reduzida na meditação do BEM. A prática de 8 semanas da referida Meditação baixa a inflamação na hipertensão arterial.

             Pesquisas indicaram que a Mindfulness age em circuitos cerebrais e produzem benefícios nos processos inflamatórios para a saúde, com diminuição  da interleucina-6 (IL-6).  Os investigadores acreditam que a Atenção Plena é eficaz na redução do nível elevado de IL-6 na corrente sanguínea que pacientes que abusam cronicamente do álcool. Pesquisa de 2019 com 72 adultos descobriu que um maior tempo de prática de Plena Atenção estava associada a níveis reduzidos de interleucina 6.

            A Plena Atenção interfere no cérebro com diminuição de biomarcadores  da inflamação.



                  Uma pesquisa de 2019 examinou se o exercício aeróbico e a Meditação poderiam diminuir a inflamação sistêmica e descobriu que os participantes do exercício tinham diminuição de uma quimiocina associada à  doença inflamatória. E que , depois de 17 semanas da meditação de Plena Atenção, houve diminuição do nível da proteína  C reativa (PCR).  (Meyer JD, Hayney MS, Coe CL, Ninos CL, Barrett BP. Redução diferencial de proteína C reativa por meio de exercícios aeróbicos ou treinamento de redução de estresse baseado em atenção plena, em um grande ensaio clínico randomizado. J Sport Exerc Psychol . 2019;41(2):96-106. doi: 10.1123/jsep.2018-0214).

          A Proteina C Reativa é capaz prever eventos cardiovasculares adversos, como infarto do miocárdio, e induz vários processos pró-inflamatórios no endotélio vascular. Num estudo longitudinal sobre envelhecimento, níveis mais elevados de PCR e Interleucina -6 previram diminuição da sobrevivência.

        A prática da meditação leva à diminuição dos marcadores fisiológicos de stress numa série de populações, e a yoga reduz inflamações crónicas. Um estudo de 2017 examinou o efeito combinado da ioga e da meditação na saúde mente-corpo e descobriu um aumento nos níveis plasmáticos do fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF) e aumentos da resposta do cortisol em participantes saudáveis ​​do estudo, que participaram de um retiro de três meses. Os níveis da citocina pró-inflamatória foram reduzidos após o retiro.

          A exposição a fatores de stress crónicos pode interferir no risco de desenvolver hipertensão e diabetes tipo 2, pois a inflamação desempenha papel importante na origem destas doenças. Para este fim, os investigadores estudaram se a meditação baseada na educação cerebral (BEM, também conhecida como meditação vibratória de ondas cerebrais – uma versão tradicional do efeito mente-corpo da Coreia) – pode ser benéfica para pacientes com estas doenças inflamatórias. Neste estudo, comparado com a educação em saúde, o BEM ajudou a diminuir o nível de colesterol LDL e também a expressão genética inflamatória nos pacientes, e induziu efeitos positivos nos seus estados mentais e físicos. 

Meditação, estresse e saúde intestinal 

         Foi demonstrado que o estresse crônico afeta o funcionamento intestinal; a resposta de luta ou fuga desencadeada pelo estresse psicológico normalmente estimula a produção de hormônio liberador de corticotropina e catecolaminas, e perturba a flora intestinal. Uma microbiota saudável produz ácidos gordos de cadeia curta que exercem efeitos anti-inflamatórios e antitumorais. Durante o estresse, a população microbiana intestinal age sobre a regulação de neurotransmissores mediados pelo microbioma e pela função da barreira intestinal.


                                      A Meditação melhora a inflamação intestinal.

         Um estudo de 2017 sobre os efeitos do estresse e da meditação no sistema imunológico, na microbiota humana e na epigenética descobriu que a meditação ajuda a regular a resposta ao estresse, suprimindo os estados inflamatórios crônicos e mantendo a função saudável da barreira intestinal.( https://www.ifm.org/news-insights/lifestyle-effects-meditation-inflammation/).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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