domingo, 19 de março de 2017

QUE É TERAPIA COGNITIVA PROCESSUAL?

     Esta página se destina a divulgar informações sobre Educação das Emoções e Educação da Atenção. Baseia-se em livros e pesquisas realizadas por Universidades, sobre Neurociências, Medicina e Psiconeuropedagogia.
     Os posts refletem a experiência de dezenas de anos de trabalho do Autor em instituições educacionais de ensino superior e médio, e da publicação de vários livros e monografias sobre os temas. O material deste blog é exclusivamente informativo e não tem finalidade terapêutica, a qual deve ser feita por médicos e psicólogos.

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     Este post foi elaborado com base nos livros recentes do Prof. Irismar Reis de Oliveira, criador da Terapia Cognitiva Processual, “Trial-Based Cognitive Therapy”, Routlege, NY, 2016, e “
Integrating Psychotherapy and Psychopharmacology”, Routlege, NY, 2014 , em artigos publicados na WEB e em diálogos pessoais com o mesmo. Nele você verá o significado da Terapia Cognitiva Processual, que é uma nova forma da Terapia Cognitiva (com grande aceitação nos Estados Unidos, Europa, Brasil e outros locais), seus conceitos fundamentais, suas técnicas e aplicações clínicas.


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     O que é a Terapia Cognitiva Processual?


A Terapia Cognitiva Processual é um novo modelo de psicoterapia baseada na Terapia Cognitiva Comportamental, desenvolvida pelo Prof. Irismar de Oliveira, da Universidade Federal da Bahia, cuja técnica principal consiste em simular um julgamento em um tribunal, sendo o paciente orientado pelo psicoterapeuta para encenar um processo, no qual é feita uma investigação para chegar a seu diagnóstico e tratamento. (http://www.terapiacognitivaprocessual.com/sobre-a-tcp-3/).


Seu fundamento psicológico é a relação entre os pensamentos, emoções e comportamentos. Os pensamentos podem produzir emoções que por sua vez geram reações fisiológicas e comportamentos, podendo haver uma ação no sentido inverso: os comportamentos gerarem emoções e pensamentos.




                                Pensamentos
                                                                                          
  ↑↓


                                Emoções
                                                                   
                                   ↑↓                      


              Comportamentos
         
  Os pensamentos produzem emoções
    e estas comportamentos, e vice-versa.

      Durante a prática da Terapia Cognitiva Processual o paciente representa os seguintes papéis:

1- O papel de Promotor e acusador de si próprio, na fase de auto-acusação;




2-  O papel de Advogado de Defesa, defendendo-se da acusação que lhe foi feita. 



3- O papel dos jurados, que darão o veredito final.


                                                               
                                                               
 Como a Mente processa as informações?

 A Terapia Cognitiva Processual, como a Terapia Cognitiva, considera que na mente do paciente as informações recebidas em uma situação se processam em três níveis: o primeiro é o dos Pensamentos Automáticos, que são mais superficiais e de mais fácil acesso; o segundo é o dos Pressupostos Subjacentes (ou suposições, ou regras, ou Crenças Condicionadas), que é o intermediário. O terceiro nível é o das Crenças Nucleares ou Centrais, que é mais profundo. 




Primeiro nível:        Pensamentos Automáticos
                                                  
                                                                     ↑↓

Segundo nível :      Crenças Condicionadas
                                             ↑↓

Terceiro nível:            Crenças Nucleares

   
                                          Os pensamentos automáticos dependem das crenças
                                          condicionadas e estas das crenças nucleares, e vice-versa.


Que são Pensamentos Automáticos?


Os Pensamentos Automáticos surgem em nossa mente sem nenhuma reflexão ou deliberação. São percepções rápidas e imediatas da situação vivida pela pessoa, sem passar pela análise lógica. Podem ser uma percepção correta ou distorcida da realidade e serem acompanhados por uma emoção. A pessoa geralmente os considera como verdadeiros, mesmo sem fazer qualquer avaliação.

    Os pensamentos automáticos distorcidos são responsáveis por muitos sofrimentos, mas podem ser identificados e modificados com a ajuda de um psicoterapeuta treinado, livrando o paciente dos sintomas indesejáveis.


              Os Pensamentos Automáticos são percepções rápidas
              que podem representar  corretamente ou não a realidade.






      Que são Crenças Condicionadas?


 As crenças condicionadas ou intermediárias são suposições, regras ou atitudes geralmente baseadas em crenças nucleares. Se uma pessoa tem a crença nuclear que é burra pode surgir uma crença condicionada pela qual “não adianta me esforçar porque não consigo compreender as coisas”. São afirmações do tipo “se...–então...”; regras e afirmações do tipo “deveria ...”. Daremos a seguir alguns exemplos: 

"Se eu fico sozinha então é porque devo ser indesejável".




Se não me sair bem no que fizer, serei uma fracassada”.
    



     “Se eu não tiver uma companheira então serei infeliz”.






“Se as pessoas não têm companheiros, então são
fracassadas.”



“Se eu não fizer tudo perfeito, então serei infeliz”



Que são Crenças Nucleares ou Centrais?


As crenças nucleares ou centrais são ideias rígidas e generalizadas que a pessoa desenvolve sobre si mesma, sobre os outros e sobre o mundo, as quais são consideradas verdades absolutas. Podem ser ativadas quando ela está deprimida ou ficarem ativas durante muito tempo, sem a pessoa perceber. 

 A pessoa tende a perceber as informações que chegam de modo a confirmar suas crenças e a não considerar aquilo que as contradiz, mesmo sendo elas irracionais. Um exemplo: uma pessoa tem dificuldades para entender as coisas, se acha burra, pouco inteligente e diz para si mesma: “Sou burra mesmo”. 



                       Uma pessoa com a crença nuclear que “é incapaz
                       de entender as coisas”, diz para si :” Sou burra mesmo”.


As crenças nucleares negativas geram sofrimento e dificuldades de relacionamento, mas podem ser substituídas por outras satisfatórias e este é um dos objetivos da Terapia Cognitiva Processual. As crenças nucleares podem ser classificadas em: crenças de incapacidade, nas quais a pessoa se julga incapaz de conseguir executar certos comportamentos com sucesso; e crenças de não ser amado, em que ela se sente incapaz de ser amada. As pessoas podem ser mais vulneráveis a uma ou outra crença.

Seguem alguns tipos de crenças:

Crenças de Incapacidade:

· Sou impotente.
· Sou fraco.
· Sou vulnerável.
· Sou incompetente.
· Sou um fracasso.
·Sou inferior aos outros.

Crenças de Não ser Amado
      
      · Não sou capaz de ser amado.
      · Sou indesejável.
      · Não tenho valor.
      · Sou imperfeito.


EXEMPLOS DE CRENÇAS NUCLEARES


Crenças           Nucleares

Definição

Exemplo

 

  

Medo de                    abandono


A pessoa tem medo de ser abandonada porque na infância viveu uma situação de abandono verdadeiro ou simbólico.

 

O pai de João morreu de um ataque cardíaco e a mãe era muito ausente, pois viajava muito, de modo que sempre ele se sentia abandonado.

 





Subordinação

 

Surge em pessoas que durante a infância foram oprimidas pelos pais e obrigadas a cumprir ordens sempre. Quando adultas acham que sempre devem satisfazer os outros.


Joana, aprendeu com a mãe que sempre devia obedecê-la e satisfazer os desejos dela. Seus desejos pessoais, sentimentos e necessidades não eram importantes. Aprendeu que ela é impotente, para poder fazer valer seus desejos e necessidades.

 



Desconfiança




    A pessoa não pode confiar nas outras, porque acha que elas vão se aproveitar delas ou traí-las no futuro.


 

Com 10 anos, Maria foi abusada sexualmente pelo padrasto, e ameaçada de apanhar se contasse a alguém. Então passou a desconfiar de todos, tratando-os com hostilidade.

 

Vulnerabilidade


Ter a crença de que está sempre prestes a viver uma grande catástrofe (financeira, natural, médica, etc.)

João acha que sempre vai ocorrer o pior na vida dele e que vai ser despedido do emprego e não terá dinheiro para comer e pagar o aluguel.


 

                            Crença da Subordinação


                       Uma filha espancada por um pai violento pode crescer
                       com a crença da subjugação e ser submissa.



                               Crença da Vulnerabilidade


A pessoa vulnerável acredita que pode vir uma catástrofe a qualquer hora.


                       Crença do Medo do Abandono


                       A pessoa com medo de abandono acredita que pode ser
                       abandonada porque viveu uma situação de abandono na infância.


                       Crença da Desconfiança


                          Uma criança abusada sexualmente pode desenvolver
                          a crença da desconfiança de todos que se aproximem dela.


Relação entre crença nuclear, condicionada e pensamentos  automáticos


Antônio, que tem a crença nuclear de que é vulnerável, toma o elevador para ir a seu escritório, no 4o andar. O elevador para entre um andar e outro e vem à sua mente um pensamento automático, acompanhado de muita ansiedade:

Se o elevador demorar muito parado e eu não tiver ar para respirar, tiver um ataque do coração e morrer?”.

Mas o elevador subiu e abriu no andar de seu escritório e Antônio saiu aliviado. No outro dia ele não quis mais tomar o elevador, porque o achou inseguro e perigoso, resolvendo subir pelas escadas. Ele criou um comportamento de segurança, pois se convenceu de que é mais seguro e saudável subir as escadas. Adotou uma crença condicionada

“ Se eu subir a escada é mais seguro, então não tomarei mais o elevador”.



                         Antônio resolveu não subir mais pelo elevador e sim pela escada.

A crença nuclear de Antônio que ele é vulnerável motivou seus pensamentos automáticos e sua crença condicional, pois ele acredita poder haver uma catástrofe em sua vida de uma hora para outra, como o elevador ficar parado e ele morrer sufocado.

Diferentes crenças nucleares podem ser ativadas numa mesma situação e podem ser identificadas através das crenças condicionais que surgem. Por exemplo, uma pessoa despedida do emprego pode ter as seguintes crenças condicionais e nucleares: 

● “Se eu fui despedido é porque sou incompetente (crença condicional). Eu sou um fracassado (crença nuclear).” 

              Sou um fracassado porque fui despedido.



● “ Se eu fui despedido, não vou conseguir outro emprego (crença condicional). Eu sou incapaz (crença nuclear)”.


                                      Sou incapaz e por isso fui despedido.


● “As pessoas não gostam de mim e então me rejeitam (crença condicional). Não tenho valor (crença nuclear).”

                                Não tenho valor e as pessoas me rejeitam. 


Quais as principais distorções cognitivas?

Os pensamentos automáticos negativos surgem de maneira rápida e  geralmente apresentam a realidade de forma distorcida, produzindo uma Distorção Cognitiva ou Erro Cognitivo. Seguem alguns exemplos de distorções:


Algumas Distorções Cognitivas



Tipo de           distorção

Definição

Exemplo

 

Polarização do pensamento ou “pensar tudo ou nada”.

 

Considerar as pessoas ou situações entre dois extremos.


Eu cometi um erro,logo sou um fracassado.

 Desqualificar o positivo.

 

Não dou valor às coisas positivas dizendo que não são importantes.

 

Eu passei no exame só porque tive sorte.

 

 

Supergeneralização

 

Generalizar casos isolados usando palavras  como “sempre’, “nunca”, ”todos”, etc.

 

Sempre que vou trabalhar está chovendo muito.

 

 

Catastrofização

 

A pessoa olha o futuro em termos negativos, achando que vão ocorrer sempre coisas ruins.

 

Acho que não vou conseguir me concentrar nos exames e serei reprovado.

 

Personalização

 

Assumir que é a causa de comportamentos de outros.

 

Meu namorado me deixou porque sou  má pessoa e brigo muito com ele.

 

Emocionalização

 

 Minhas emoções refletem a realidade e devem guiar minhas atitudes e julgamentos,

 

Eu sinto que ele me ama e isto é verdade, pois não tenho dúvidas.

Retirado parcialmente de Irismar de Oliveira, Integrating

 Psychotherapy and Psychopharmacology, Routlege, NY, 2014.




Exemplos de distorções cognitivas:



Desqualificar o positivo: só passei no exame porque tive         sorte.




 Supergeneralização: sempre que vou trabalhar está chovendo muito.




Catastrofização : não conseguirei me concentrar na prova e serei reprovado.





    Personalização: Meu namorado me deixou porque brigo muito com ele.






       Emocionalização: sinto que é verdade que ele me ama e não tenho dúvidas.






Quais os objetivos da Terapia Cognitiva Processual?


Os principais objetivos da Terapia Cognitiva Processual são os seguintes:


1. Estabelecer as metas da terapia e elaborar um plano terapêutico, com a participação do paciente.

2. Identificar e modificar os pensamentos automáticos, distorções cognitivas, crenças condicionais e crenças nucleares do paciente.

Para identificar os pensamentos automáticos e modificá-los, o pesquisador Irismar de Oliveira propõe um registro de pensamentos, denominado Registro de Pensamentos Intrapessoal (RP-Intra), que pode ser utilizado pelo paciente para respondê-lo em sua vida cotidiana. Apresentamos a seguir uma síntese dele: (https://repositorio.ufba.br/.../CARVALHO,%20Camila%20Magalhães%20Seixas%20d).


QUESTIONÁRIO DO REGISTRO DE PENSAMENTOS

Questões
Como responder

1. O que está ocorrendo em minha mente agora?

Descrever o que ocorre na sua  mente no momento da situação.

2.O quanto acredito no que está ocorrendo?

Dizer se acredita no que está pensando, e quanto, de 0 a 100%.

3.Qual emoção eu sinto? Qual sua intensidade?

Dizer as emoções que sente e avaliar as intensidades numa escala de 0% a 100%.

4. Que eu estou fazendo agora e o que sinto em meu corpo?

Descrever o que faz no momento considerado e o que sente no corpo

5. Isto corresponde a qual distorção cognitiva?

Dizer se está percebendo uma distorção cognitiva e identificá-la, se for o caso.


6. Há evidências que sustentam ou não sustentam meu pensamento automático?



Citar evidências a favor e contra os pensamentos automáticos percebidos.

7. Qual minha conclusão a respeito das evidências? Quanto eu acredito nelas?

Chegue a uma conclusão referente à existência ou não de evidências e diga o quanto acredita nelas, numa escala de 0% a 100%.

8. Quais emoções positivas ou negativas eu sinto agora?

Dizer as emoções que sente depois de ter chegado à conclusão.

9. O que eu pretendo fazer?

Dizer o que vai fazer agora.

10. O quanto eu acredito no pensamento automático agora? Como eu me sinto?

Dizer o quanto acredita agora em seus pensamentos automáticos, numa escala de 0% a 100% e como se sente no momento, comparando com o início do processo.


Como é a prática da Terapia Cognitiva Processual?
 


Na etapa inicial da prática da Terapia Cognitiva Processual, o terapeuta explica ao paciente os conceitos básicos da Terapia, identifica seus problemas e estabelece as metas terapêuticas.

A Conceituação do Caso é a descrição dos problemas do paciente. Utiliza os conceitos teóricos necessários para explicar e compreender o caso e para estabelecer as intervenções úteis. É feita de mãos dadas pelo terapeuta com o paciente e registrada no Diagrama de Conceituação de Caso. Leva em conta os pensamentos automáticos do paciente, suas distorções cognitivas,  emoções e comportamentos, além de suas crenças condicionais e nucleares, além de suas relações.

A prática da terapia é semelhante a um processo judicial, em que o paciente faz os papéis do Promotor, do Advogado de Defesa e de Jurado, durante as diferentes etapas, sob orientação do terapêuta.

1. Primeira etapa- é feita uma investigação para descobrir qual a crença nuclear: o paciente relata o que se passou em sua mente (pensamentos automáticos, etc.) quando se sentiu da forma que motivou a consulta, e, com o auxílio do Psicoterapêuta, procura identificar  qual é sua crença nuclear e seu nível de ansiedade.

2. Segunda etapao paciente, no papel de Promotor de Justiça, faz a acusação a si mesmo de que tem determinada crença. Constrói  os argumentos da acusação para convencer de que ele acredita na crença.

3. Terceira etapao paciente, no papel de Advogado de Defesa, se defende das acusações, e elabora argumentos que para contradizer o Promotor.

4. Quarta etapa – o paciente volta à condição de Promotor, faz a réplica, procurando refutar a defesa feita.

5. Quinta etapa – o paciente volta ao papel de Advogado de Defesa   e faz a tréplica, apresentando evidências contrárias à réplica do Promotor.
                                                                               
6. Sexta etapa – do Veredito dos Jurados. O paciente elabora com o auxílio do psicoterapeuta, uma lista das suas distorções cognitivas e é dado o veredito, que na maioria dos casos, o inocenta da acusação.

7. Sétima etapa – da Preparação para o Recurso. A partir do veredito que determina a inocência do paciente, um trabalho preventivo, que já se inicia na sessão, ajuda o paciente a trazer elementos diariamente, demonstrando que as crenças positivas, identificadas durante o processo (por exemplo, “Sou capaz” ou “Sou normal”), são verdadeiras.

A terapia é conduzida de forma a desenvolver crenças nucleares positivas no paciente mediante a utilização de técnicas apropriadas. Para haver sucesso as crenças nucleares negativas persistentes devem estar em equilíbrio com as positivas desenvolvidas, e é importante para isto que o psicoterapeuta tenha o treinamento adequado.

 Os vídeos adiante indicados são apresentados pelo criador da Terapia  Cognitiva Processual, Prof. Irismar de Oliveira e serão úteis para a compreensão do assunto:



RESUMO


        1. A Terapia Cognitiva Processual é uma nova forma de psicoterapia proposta pelo Prof. Irismar de Oliveira, cuja técnica principal é a simulação de um julgamento. Nela o paciente faz os papéis de promotor, advogado de defesa e de jurado, para obter seu diagnóstico e tratamento. Seu fundamento psicológico é que os pensamentos podem produzir emoções capazes de gerar comportamentos, e vice-versa.

2. A Terapia Cognitiva Processual, do mesmo modo que a Terapia Convencional, considera que as informações recebidas pela mente se processam em três níveis: o dos Pensamentos Automáticos, que é o mais superficial; o dos Pressupostos Subjacentes ou Crenças Condicionadas, que é o intermediário e o das Crenças Nucleares que é mais profundo. As informações dos três níveis interagem entre si: os pensamentos automáticos podem estar ligados a crenças condicionadas e vice-versa, e as crenças condicionadas podem ser provenientes de crenças nucleares.

3. Os Pensamentos Automáticos surgem na mente sem nenhuma reflexão ou deliberação, e são percepções rápidas da situação vivida que não passam pela lógica. A percepção da realidade proporcionada por eles pode ser correta ou distorcida e é acompanhada por uma emoção, mas eles costumam ser considerados verdadeiros. Quando distorcem a realidade, podem trazer sofrimentos à pessoa, mas um psicoterapeuta pode ensinar o paciente a substituí-lo por outros benéficos.

4. As crenças condicionadas são regras geralmente baseadas na crença nuclear. Se uma pessoa tem a crença nuclear de que é burra pode ter a crença condicionada de que “não adianta me esforçar porque não posso compreender as coisas”. Elas são afirmações rígidas do tipo “se... , então...”, ou  regras do tipo “deveria ...”.  Um exemplo: “Se eu fico sozinha então é porque então sou indesejável”.

5. As crenças nucleares são ideias que a pessoa desenvolve sobre si mesma, sobre os outros e sobre o mundo, que ela considera como verdades absolutas. Podem ser ativadas em uma situação e ficarem ativas durante muito tempo, sem a pessoa perceber. As crenças  negativas geram sofrimento e dificuldades de relacionamento para a pessoa, mas podem ser substituídas por outras satisfatórias e  este é um dos objetivos da Terapia Cognitiva Processual.

6. As crenças nucleares são classificadas em crenças de incapacidade, em que a pessoa se julga incapaz de executar certos comportamentos e crenças de não ser amado. São exemplos das primeiras: sou impotente, fraco, vulnerável, um fracasso. São exemplos de crenças de não ser amado: sou indesejável, não tenho valor, sou imperfeito, etc.

      7. São exemplos de distorções cognitivas: “pensar tudo ou nada”, desqualificar o positivo, supergeneralização,  personalização e emocionalização.

    8.  O questionário do registro de pensamentos registra os pensamentos que ocorrem através das seguintes questões: o que ocorre em minha mente agora? O quanto acredito no que está ocorrendo? Que estou fazendo agora? Que sinto em meu corpo? Corresponde a qual distorção cognitiva? Há evidências que sustentam meus pensamentos automáticos? Qual minha conclusão sobre elas? Quanto acredito nelas? Quais emoções eu sinto agora? O quanto acredito no pensamento automático agora? Como me sinto?

9. A conceituação do caso, feita pelo terapeuta junto com o paciente, contempla a descrição dos seus problemas e estabelece as intervenções úteis. Seu diagrama considera os pensamentos automáticos, suas distorções cognitivas, emoções, comportamentos, crenças condicionais e nucleares.

10. A prática da Terapia  Cognitiva Processual é semelhante a um processo em que o paciente faz os papéis do Promotor, do Advogado de Defesa e de Jurado. Na primeira etapa é feita uma investigação para descobrir qual a crença nuclear; na segunda etapa o paciente, no papel de Promotor, faz a acusação a si mesmo de que tem a referida crença; na terceira etapa, no papel de Advogado de Defesa, ele se defende das acusações feitas; na quarta etapa, na condição de Promotor, ele faz a réplica, procurando destruir a defesa feita.

11.Na quinta etapa o paciente volta ao papel de Advogado de Defesa para fazer a tréplica e apresenta evidências contrárias aos argumentos do Promotor. Na sexta etapa  é estabelecida a sentença, baseada nas evidências apresentadas e nas distorções cognitivas verificadas. Na sétima etapa, há o Veredito dos Jurados, elaborado pelo paciente com o auxílio do psicoterapeuta, que na maioria dos casos o inocenta da acusação.

 12. A terapia é conduzida de forma a reduzir as crenças nucleares negativas do paciente e a desenvolver crenças nucleares positivas, de modo a haver equilíbrio entre elas.

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Agradecemos a valiosa colaboração do
Prof. Irismar Reis de Oliveira,
 criador da Psicologia Cognitiva Processual,
através de sugestões e revisão do texto.

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No próximo post você verá o que é o Estresse, seus elementos constituintes, seus tipos e fases, suas causas e a importância das ameaças e desafios no seu aparecimento.





REFERÊNCIAS

 

DE OLIVEIRA, I. R., Trial-Based Cognitive Therapy, Routlege, NY, 2016.


DE OLIVEIRA, I. R., Integrating Psychotherapy and Psychopharmacology, Routlege, NY, 2014.


KNAPP, P., Cognitive therapy: foundations, conceptual models, applications , www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-44462008000600002

SANTOS, J.O., Educação das Emoções –fundamentos e experiências., Faculdade Castro Alves, Bahia, 2009.

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