terça-feira, 31 de janeiro de 2017

COMO LIDAR COM O MEDO?

     Esta página se destina a divulgar informações sobre Educação das Emoções e Educação da Atenção. Baseia-se em livros e pesquisas realizadas por Universidades, sobre Neurociências, Medicina e Psiconeuropedagogia.
    Os posts refletem a experiência de dezenas de anos de trabalho do Autor em instituições educacionais de ensino superior e médio e da publicação de vários livros e monografias sobre os temas. O material deste blog é exclusivamente informativo e não tem finalidade terapêutica, a qual deve ser feita por médicos e psicólogos.
                                                      ♦♦♦
   Neste post você verá como aprendemos a ter Medo, seus benefícios e os malefícios de sua repressão, qual o significado da Ansiedade e como lidar com as Preocupações, a Ansiedade e o Medo: praticando a EFT (Emotional Freedom Training), refletindo sobre a situação, fazendo relaxamento muscular, praticando exercícios físicos ou praticando ginástica facial.


                                                           ♦♦♦

  Como aprendemos a ter medo?

     Para compreender como se adquire o medo devemos considerar os conceitos de apego e de exploração do mundo. O ser humano aprende de duas formas: com outras pessoas - na família, nas aulas e conferências, lendo um livro ou pesquisa, navegando na internet, nas redes sociais; ou aprende explorando o mundo que o cerca.

   O apego é um mecanismo que aproxima a criança dos adultos em busca de proteção e segurança (Bowlby). É ele que regula a capacidade da criança de explorar o mundo em sua volta e quando  há apego excessivo da criança a sua mãe, pai ou outros, ela não o explora de forma adequada. Quando a criança tem muito apego à mãe, ela não se afasta muito com medo de perder sua proteção e ficar sem segurança. Se o apego é excessivo ela não descobre 
o mundo em sua volta, não se adapta a ele 
e fica sujeita a seus perigos no futuro, pois não sabe
reconhecê-los (www.simplypsychology.org/bowlby.html).  


                            A criança aprende novos conhecimentos em casa com os
                            pais e na escola com os professores e colegas.

     A aprendizagem pelo apego começa na infância, na relação da criança com os pais, pois ela se aproxima de outro que considera mais forte e mais experiente. Nesta fase são importantes para o futuro da criança, tanto o apego existente com os pais, quanto o cuidado que recebe dos pais ou cuidadores.

                        O apego é uma importante forma de aprendizagem.


A Exploração é uma forma de aprendizagem em que o indivíduo aprende com suas experiências pessoais, ao observar a realidade. O apego e a exploração se complementam, pois a capacidade de explorar bem o mundo depende de uma relação de apego equilibrada, que gere no indivíduo a confiança em si mesmo. A autoconfiança é essencial para a pessoa explorar o mundo em sua volta de forma adequada e o conheça bem.


            Na exploração a criança conhece o mundo com suas experiências. 


Se houver excesso de apego ou falta da exploração no desenvolvimento da criança, ela poderá ter dificuldades de adaptação em sua vida futura. Se predomina o apego, a criança não aprende a fazer uma exploração adequada do mundo e pode desenvolver medos, por considerá-lo uma ameaça e cheio de perigos. A criança superprotegida é criada distante da realidade e poderá ser um adulto inseguro, com o medo  sempre presente em seus comportamentos.


Uma menina com apego excessivo à Mãe
pode ser uma adulta medrosa e insegura.


Exemplo de apego excessivo à mãe: Mercedes era filha adotiva única de Cristina, que lhe dava todo o afeto. Não deixava Mercedes brincar na casa das amiguinhas, que deveriam vir brincar em sua casa, sob sua vigilância. Quando Mercedes desobedecia a Mãe, ao voltar para casa a  encontrava mal humorada, ameaçando-a de abandoná-la.

Mercedes tinha de escolher entre a exploração do mundo e o afeto da mãe, que o pintava como traiçoeiro e perigoso. Ela aprendeu a não confiar em si mesma, apegava-se cada vez mais à mãe e cresceu sem explorar o mundo, com medo dele e sem desenvolver confiança em si mesma. Na adolescência o apego continuou pois os vestidos e sapatos  de Mercedes eram escolhidos pela mãe, que a ajudava a pentear  os cabelos e a se pintar. Ela tornou-se uma mulher insegura, medrosa, com autoestima baixa, sempre querendo a opinião dos outros sobre o que fazer.

Para não perder o afeto da mãe, Mercedes aprendeu a não contrariá-la e a engolir suas raivas. Aprendeu a reprimir suas emoções e a expressar sua raiva de forma velada. Quando tinha raiva, a reprimia e surgiam diversos sintomas: dor de cabeça, mal-estar, tonturas, falta de ar, etc. Hoje ela é uma adulta submissa, pois aprendeu que para ter amor não podia se rebelar, para não perder o afeto de quem gostava ou ser abandonada. 

 
    Porque você não deve reprimir o Medo?


A identificação de seus medos é importante, para você poder saber lidar com eles e comportar-se de forma adequada. Você não deve reprimi-los porque as emoções reprimidas produzem efeitos maléficos no organismo, principalmente o medo, a raiva e a tristeza. Se uma criança aprende a reprimir suas emoções, poderá tornar-se um adulto insensível, indiferente tanto às suas emoções quanto às dos outros.

Para reprimir uma emoção utilizamos muita energia psíquica, que pode ser utilizada em emoções positivas, como a alegria e o amor. Se você não reprimir seus medos será mais criativo, flexível e produtivo. Ao tomar consciência deles e analisar suas causas, você verá que muitos deles não correspondem à realidade e são criados por seus pensamentos. 

A capacidade de avaliar a realidade é influenciada por nossas emoções. Quando estamos com uma emoção muito forte, como a raiva e o medo, nossas avaliações são distorcidas. Damásio relatou o caso de um paciente que, depois da retirada da amígdala cerebral, perdeu a capacidade de avaliar corretamente a realidade.

Pesquisas em presidiários condenados por assassinatos cruéis relataram que eles viviam sem sentir emoções e confessaram que eram violentos com outras pessoas na esperança de romper esta insensibilidade. A supressão de suas emoções surgiu porque foram vítimas de agressões e traumas emocionais em suas vidas. As emoções devem ser controladas e não reprimidas, como veremos em outro um post.



                Condenados por assassinatos cruéis contaram que não sentiam emoções.

     Que é Ansiedade?


A ansiedade é uma reação do organismo sob a forma de um sentimento desagradável que surge em certas situações, como por exemplo antes de fazer um exame médico, diante de uma grande mudança na vida ou frente a um futuro incerto. Ela é útil pois nos ajuda a lidar com um perigo e só é maléfica quando é excessiva, podendo surgir em situações reais ou ser criada pelo pensamento.


Alguns autores diferenciam a ansiedade do medo e consideram o medo uma reação a uma ameaça específica e a ansiedade uma reação a uma ameaça inespecífica. O medo é a uma ameaça especifica como o medo de barata ou pensar que o avião vai cair. Já a ansiedade não é específica, como por exemplo se você é convidado para uma reunião de trabalho sem saber o que será tratado nela, se as notícias serão boas ou más. Você ficará ansioso em relação à reunião, pois ela representa uma ameaça inespecífica.

Se você é convidado para uma reunião de trabalho sem saber
                        o que vai ser tratado, ficará ansioso em relação a ela.


      A ansiedade ocorre frequentemente em nossa vida e só é maléfica se for excessiva, ou crônica, ou se tiver repercussões no corpo e a pessoa sentir falta de ar, palpitações, formigamentos, inquietação, muito cansaço, tensão e dores musculares, insônia, má digestão, diarreia, etc.

A ansiedade interfere de forma negativa na aprendizagem, devido à preocupação que a acompanha, que é a essência da ação negativa. Uma pessoa ansiosa produz menos do que se não estivesse ansiosa: pesquisas mostram que a preocupação e a ansiedade antes de uma prova, interferem na clareza dos pensamentos e na memória do estudante, prejudicando seu rendimentos escolar.


                 Ansiedade antes ou durante uma prova prejudica a avaliação do aluno.

 
Quais os benefícios do Medo e 

os males de sua repressão?



O medo pode trazer alguns benefícios, como na defesa do organismo, quando uma pessoa ao ouvir um tiroteio se joga no chão, ou ao ouvir a buzina de um carro para na rua, ou corre ao ver uma briga. Ele nos faz prudentes ao agir- o medo de assaltos nos faz precavidos ao sair de casa e o medo da morte nos impede de reagir a um assalto e de correr em alta velocidade nas estradas.


A preocupação moderada tem sua utilidade, pois nos ajuda a resolver problemas futuros e a nos prepararmos para enfrentá-los. O medo de fracassar faz com que você se prepare melhor para as tarefas e tenha mais cuidado ao executá-las. O medo de doenças faz com que você se previna contra elas, como evitar o uso de gorduras animais, de carne vermelha, manteiga, queijo, etc., para o colesterol não subir e dar infarto do coração ou hipertensão arterial.



              O medo de doença lhe leva a não comer carne gordurosa.



Como lidar com o Medo, 

Preocupação e  Ansiedade?



Você pode lidar com o medo em duas etapas e a primeira é a da percepção e conscientização, em que você toma consciência da existência deles e os analisa para ver se há outros além dos percebidos. Para perceber o medo na hora que ele aparece você deve praticar a Plena Atenção  e ficar atento a suas expressões corporais: mãos frias, palidez do rosto, olhos esbugalhados, sobrancelhas franzidas, rugas na testa, suor  frio, contração muscular.

A segunda etapa é a do compromisso, em que você se compromete consigo mesmo a deixar de lado os hábitos ligados a seus medos, como ficar pensando neles sempre ou se considerar uma vítima dos outros e da vida, em vez de assumir suas responsabilidades pelos atos que praticou.


Lide com seus medos assim:

1. Praticar a EFT (Emotional Freedom Training) ou

   Técnica de Libertação Emocional 

A EFT ou Técnica de Libertação Emocional é também chamada de “tapping” e foi proposta por Craig, em 2011. É usada para tratar a ansiedade, fobias, medos e outras condições, podendo ser praticada pelo terapeuta ou pela própria pessoa. As seguintes pesquisas recentes, de 2016, comprovam seus bons resultados:



A prática básica da EFT consiste de duas etapas, feitas simultaneamente. Uma parte é bater com a ponta do dedo indicador ou médio de uma das mãos, em certos pontos da cabeça e do tronco. A outra parte é dizer ao mesmo tempo uma frase que você escolhe livremente, para lembrar o problema que o incomoda, como por exemplo, “ tenho uma preocupação”.


 Ao iniciar a sessão, você diz uma frase de preparação, incluindo o lembrete do problema, que pode ser: “ Apesar de eu ter (dizer o problema...” uma preocupação”) eu amo muito a mim mesmo”.


● Batidas com os dedos: a pessoa deve bater cerca de 10 vezes em cada ponto indicado na figura abaixo, com batidas firmes, mas sem sentir dor ou desconforto.


 


                                                Pontos do Tapping


1. No lado da mão, entre a base do mínimo e o pulso.

2. No início das sobrancelhas.

3. No canto externo dos olhos.

4. Debaixo dos olhos.

5. Debaixo do nariz.

6. Entre o lábio inferior e o queixo.

7. Na área interna da clavícula, na união do esterno com a primeira costela.

8. Debaixo dos braços, 10 centímetros abaixo da axila.

9. No centro do cranio.


● Frase “lembrete” do problema que incomoda:

 

Repetir uma frase curta, que lembre o problema a ser tratado. Por exemplo: “ estou preocupado com ...”; “estou com medo de ...”, etc. Dizer a frase prestando atenção a ela, concentrado no problema. No início da sessão dizer a frase de preparação e bater no ponto 1. Depois dizer só a “frase lembrete”, batendo no ponto 2, depois no 3, 4, até chegar ao 9. Repetir o processo diversas vezes. 

Os vídeos abaixo lhe ajudarão na prática:



2. Refletir sobre a situação

Reflita sobre a situação que desencadeou o medo e veja se existem evidências que o fundamentem. Por exemplo, se está preocupado, com o resultado de um exame que vai fazer, faça a seguinte reflexão: "Ora, se tem dez assuntos para a prova e eu já sei oito, se eu estudar mais dois, devo tirar nota boa. Por isto posso me divertir tranquilo". Mas se a reflexão lhe levar à conclusão que estudou pouco, para afastar a preocupação deve  estudar mais.



                         Reflita sobre o que causou o medo em busca de evidências para ele.

3. Fazer relaxamento muscular

O relaxamento muscular atua na preocupação e na ansiedade porque desvia sua atenção para os músculos. Se você dirige a atenção para uma preocupação, transfere para ela sua energia e a preocupação cresce cada vez mais: a preocupação "atrai" a atenção e forma-se um círculo vicioso- a atenção aumenta a preocupação e a preocupação "atrai" a atenção. Para romper o círculo leve a atenção para seus músculos e a preocupação tende a desaparecer. Repita o processo o quanto for preciso e não deixe a preocupação solta. Além disso o relaxamento tira o mal-estar e a dor que houver.

Pesquisa realizada com pessoas preocupadas com uma tarefa que iam realizar e que fizeram quinze minutos de relaxamento antes, mostrou que elas obtiveram melhores resultados nas tarefas.

           O relaxamento muscular atua na preocupação e na ansiedade
               porque desvia sua atenção para os músculos.


     4. Praticar Exercícios Físicos

Os exercícios físicos são úteis para neutralizar as reações corporais do medo e da preocupação crônica, principalmente a musculação. A massagem muscular e os exercícios de alongamento são úteis para desfazer os efeitos corporais do medo. Um exercício simples é apertar com as mãos uma bolinha de borracha ou de papel. Outro é colocar as mãos nas costas, uma segurando a outra, e apertá-las com força.

                    A musculação neutraliza as reações corporais

                    do medo e da preocupação.

     5. Rezar para infundir confiança

Se a pessoa está com medo e é religiosa, deve apegar-se a sua fé, pois ela lhe infundirá confiança para enfrentar o problema. Mesmo sem atuar sobre a situação futura, o efeito psicológico é útil pois diminui o medo e seus efeitos no organismo. Se alguém está com medo e reza pedindo ajuda a Deus, isto lhe dará forças para enfrentar a situação.

                 Rezar pedindo ajuda é útil para alguém que está com medo.

      
6. Praticar ginástica facial

Um dos efeitos corporais do medo é a contração dos músculos da face, principalmente dos frontais, produzindo rugas na testa. Uma pessoa com preocupação crônica vive com as sobrancelhas franzidas, de "cara amarrada", e a ginástica facial feita regularmente atuará para descontrair os músculos da face.

                    Ginástica facial é útil para descontrair os músculos da face.

Para orientá-lo na prática da ginástica facial, este vídeo será útil:


     RESUMO


1. O apego é um mecanismo que aproxima a criança dos adultos em busca de proteção e segurança. Ele regula sua capacidade de explorar o mundo, e se há apego excessivo da criança ao cuidador, ela não explora o mundo adequadamente. A criança com muito apego à mãe, não se afasta muito dela, temendo perder sua proteção, não explora o mundo e tem dificuldades de  adaptação a ele.

2. A Exploração é uma forma de aprendizagem em que o indivíduo aprende com suas experiências, observando sua realidade. O apego e a exploração se complementam, pois a capacidade de explorar bem o mundo depende de uma boa relação de apego, que gere no indivíduo confiança em si mesmo, essencial para ele depois explorar o mundo em sua volta.
      

3. Se houver excesso de apego ou falta da exploração, a criança poderá ter dificuldades em sua vida futura. Se predominar o apego, a criança não aprenderá a explorar o mundo e poderá desenvolver medos e fobias, pois o mundo para ela é uma ameaça, cheio de perigos.


4. A identificação de seus medos é importante, para você lidar com eles. As emoções reprimidas produzem efeitos maléficos no organismo e se uma criança aprende a reprimir suas emoções, poderá tornar-se um adulto insensível, indiferente às suas emoções e às dos outros.


5. A ansiedade é um sentimento desagradável que surge em certas situações, como antes de um exame médico, diante de grande mudança na vida ou de um futuro incerto. Ela é útil pois nos ajuda a lidar com um perigo, podendo surgir em situações reais ou ser criada pelo pensamento. Ocorre com frequência e só é maléfica quando se torna crônica e traz distúrbios como falta de ar, palpitações, formigamentos, inquietação, cansaço excessivo, tensão e dores musculares, insônia, má digestão, diarreia,  etc.


6. O medo pode trazer alguns benefícios para a defesa do organismo, como quando uma pessoa ao ouvir um tiroteio se joga no chão, ou ao ouvir a buzina de um carro para na rua. Ele nos faz prudentes ao agir: o medo de assaltos nos faz precavidos ao sair de casa. O medo da morte nos impede de reagir a assaltos e de correr em alta velocidade nas estradas.


7. Você pode lidar com seus medos das seguintes formas: praticar a EFT (Emotional Freedom Training), refletir sobre a situação, fazer relaxamento muscular, praticar exercícios físicos, rezar para infundir confiança ou praticar ginástica facial.
xxx

Agradecemos a valiosa colaboração do Prof. Gilson Vieira, através de sugestões e revisão do texto.

xxx

Compartilhe e divulgue este Post para termos pessoas mais felizes, mais tranquilas e um mundo melhor!


PRÓXIMO POST

No próximo post você verá o que é Autocontrole, sua utilidade, como praticá-lo, o que você deve controlar em sua vida, a relação entre atenção e autocontrole e sua importância para controlar a raiva, a preocupação e a tristeza.

   REFERÊNCIAS

BOLWBY, www.simplypsychology.org/bowlby.html


DAMÁSIO, A., O Erro de Descartes, Emoção, Razão e o Cérebro Humano, Companhia das Letras, São Paulo, 2000..

        GILLEY, K., A Alquimia do Medo, Ed. Cultrix, São Paulo, 1999

        LORENZINI, R.  Quando o Medo Vira Doença, Ed. Paulinas, São Paulo, 1999.


SANTOS, J.O., Educação Emocional na Escola – a Emoção na Sala de Aula, 2a ed., Faculdade Castro Alves, Salvador, Bahia, 2000.

SANTOS, J.O., Educação das Emoções –fundamentos e experiências., Faculdade Castro Alves, Bahia, 2009.

STEINER, C., Educação Emocional, 2a ed. Objetiva, São Paulo, 1998.

IMAGENS : Pixabay.



terça-feira, 24 de janeiro de 2017

O QUE É O MEDO?


Esta página se destina a divulgar informações sobre Educação das Emoções e Educação da Atenção. Baseia-se em livros e pesquisas realizadas por Universidades, sobre Neurociências, Medicina e Psiconeuropedagogia.

    Os posts refletem a experiência de dezenas de anos de trabalho do Autor em instituições educacionais de ensino superior e médio, e da publicação de vários livros e monografias sobre os temas. O material deste blog é exclusivamente informativo e não tem finalidade terapêutica, a qual deve ser feita por médicos e psicólogos.

                                                                        ♦♦♦

     Neste post você verá qual a natureza do Medo, seu significado para o homem , os tipos e formas que ele se apresenta, suas causas, as regiões do cérebro ativadas no  medo, suas relações com a ameaça e o estresse, as reações que ele produz no corpo, e  saberá identificar seus Medos e o que é a Preocupação.

                                                             ♦♦♦

 O que é o Medo?

O Medo é uma reação do organismo a uma situação ameaçadora, que pode ser real ou não. Ele foi importante para a preservação da raça humana pois permitiu a nossos antepassados se salvarem das feras e dos perigos que os ameaçavam, fugindo de um leão ou tigre e preservando a espécie. O medo é um aliado do homem, pois o faz cauteloso, prudente e o protege contra  perigos.


Uma forma comum é o medo de andar de avião. Uma professora gostava de passear e viajava de avião quando podia, mas na noite anterior à viagem sonhava que o avião estava caindo. De manhã, no aeroporto, o sofrimento aumentava: as mãos ficavam frias, suando, os braços e pernas se contraiam. Dentro do avião o coração e a respiração disparavam, os olhos esbugalhados, a face pálida e os músculos se contraíam tanto que doíam. Se o avião balançava, chorava, tremia e apertava uma mão na outra, ansiosa. Não comia nem bebia nada e tudo piorava na aterrissagem. E só ficava aliviada quando saía do aeroporto.


                      A Professora tinha medo de viajar de avião.


O Medo é hereditário?


Pesquisadores da Universidade de Queensland, em 2014, descobriram o  os genes associados ao medo e a fobia, que é uma  forma de medo e uma substância, a cromatina, capaz de controlar a expressão dos genes do medo e  de promover a extinção dele. É como encontrar o interruptor de uma luz numa sala e desligá-lo (http://www.medicaldaily.com/fear-controlling-gene-may-be-turned-researchers-discover-switch-280830).


                    Pesquisas identificaram genes capazes de extinguir o medo.

       
      A pessoa quando nasce pode herdar um temperamento tímido. O tímido sente medo com pequenos estímulos quando outras pessoas não sentiriam, pois tem limiar de medo baixo. O limiar de medo é a menor quantidade de estímulo que pode desencadeá-lo. Algumas pessoas são medrosas e se assustam facilmente e  outras são   calmas, mais difíceis de se assustarem.

         

                               A pessoa tímida fica com medo com facilidade.


      Ser assustado ou calmo é uma tendência genética que a pessoa nasce, sendo relacionada com a produção da noradrenalina produzida pelo cérebro As pessoas tímidas têm mais noradrenalina no sangue. Pesquisas mostram que crianças inseguras que se grudavam nas mães na escola, continuavam medrosas quando cresciam e com medo de se apresentarem em público. Mas depois de tratamento adequado conseguiam
superar o medo.



                   Crianças medrosas que se grudam nas mães, crescem medrosas.

       Quais os sentimentos derivados do Medo?


Existem muitos e a forma mais extrema é o terror além da fobia e da síndrome de pânico, já no terreno da doença. A formam mais comum do medo é a preocupação, e outras são  ansiedade, apreensão, nervosismo, timidez, vergonha, remorso, consternação, cautela, escrúpulo, inquietação, pavor e susto.



                               O pânico é uma forma de medo. 



 Quais os tipos de Medo?


 Há dois tipos de medo: o natural e o adquirido. O natural é inato, os animais nascem com ele e resulta de de uma ameaça real vinda do ambiente. Quando alguém se aproxima de um passarinho ou peixe, ele sai correndo, porque há uma ameaça, e ele corre para defender-se.


             Quando você se aproxima de um peixe no aquário ele corre.

O medo natural ocorre com rapidez e mobiliza o animal para responder a situações em que a resposta rápida é questão de vida ou morte. Ele surge por exemplo quando alguém vai na rua e de repente aparece um cachorro que quer mordê-lo.

                     Com medo, o homem foge do cachorro.


Seu organismo se mobiliza rapidamente para a defesa e o prepara para a fuga: a  amígdala cerebral envia sinais para o hipotálamo  estimular a hipófise pelo ACTH (adeno-córtico-trófico hormônio), que estimula a glândula suprarrenal. A hipófise libera um hormônio, o ACTH, que estimula a supra-renal para  produzir mais adrenalina e cortisol. A adrenalina acelera o coração e ele manda mais sangue para os músculos, enquanto  cortisol aumenta o açúcar sanguíneo, para os músculos se contraírem e a pessoa sair correndo.

                   No medo a hipófise estimula a suprarrenal para produzir cortisol
                   que estimula a produção de glicose para contração muscular.

      
      O medo aprendido é adquirido pelo indivíduo durante a vida. O estímulo que o produz vem do pensamento e geralmente vem do convívio com a família. O caso da professora relatado no início do capítulo, é de medo aprendido. Outros exemplos são o medo de barata ou rato que a filha aprendeu com a mãe, e o medo de escuro que o filho aprendeu com a mãe que só dormia com a luz acesa.


Vejamos um exemplo de medo aprendido, que é condicionado. Um médico trabalhava na emergência de um hospital e à noite era procurado em sua residência pela ambulância, que chegava com a luz vermelha girando. Depois de algum tempo a luz vermelha era um símbolo de preocupação para o médico, pois anunciava um paciente que iria atender, cuja gravidade não sabia. Seu coração disparava, as mãos suavam, os músculos se contraiam, e ele ficava ansioso, só voltando a se sentir bem depois de resolver a situação.

Com o tempo ele notou que durante o dia, quando acendia a luz vermelha do freio do carro da frente, seu coração disparava e ele ficava tenso e ansioso. Ele condicionou o medo à presença da luz vermelha, que ativava seu organismo e desencadeava as reações correspondentes ao medo. 


            O médico desenvolveu medo condicionado à luz vermelha dos freios.

Tanto no medo natural quanto no aprendido o organismo reage da mesma forma, preparando-se para a fuga, sendo a ameaça real ou não. Quando alguém está preocupado porque o avião em que vinha a família atrasou, a ameaça não é real, mas ele sofre os efeitos corporais do medo da mesma forma que sofreria se a ameaça fosse real.

 Quais as causas do Medo?



Existem várias causas de medo, reais ou criadas pelo pensamento, e veremos agora as principais:
Medo do futuro: é gerado pelo pensamento e pode ser adquirido na família ou no convívio com outras pessoas. É o caso do medo da morte, da velhice, da invalidez, do desamparo, da ruína e da solidão.

Medo de doenças: é muito frequente quando o pai ou a mãe são preocupados com doenças e transmitem aos filhos. Os medos mais comuns são o do infarto do miocárdio, da hipertensão arterial, do derrame cerebral, de diabetes, de colesterol alto, de câncer, de demência mental (Doença de Alzheimer), além de outros.


                   O medo de diversas doenças é muito frequente.


Medo da invalidez geralmente ocorre devido a uma doença ou a um acidente de carro, moto, quedas e outros acidentes.


                         Medo da invalidez devido a um acidente de carro.

     Medo da solidão surge quando a pessoa não tem com quem compartilhar suas alegrias, esperanças, medos, ansiedades, tristezas e sofrimentos.


                                                   Medo da solidão.

    O medo da ruína financeira: pode ocorrer se a pessoa pertence a uma família com boas condições financeiras, passa por dificuldades e tem medo de ficar sem dinheiro.



                       O medo da ruína ocorre em ricos com dificuldades financeiras.

      
O medo de fazer sexo: pode surgir em alguém que teve um episódio de  impotência sexual e em outra relação tem medo de fracassar de novo.

O medo de fazer sexo pode surgir em uma pessoa que teve impotência sexual.


O medo de animais: o medo de cachorro pode ser devido a uma agressão ou a uma mordida de um cão que a pessoa sofreu quando era criança.



      O medo de cachorro pode surgir em alguém que foi mordido por um cão.


O medo de animais pode ser aprendido com outras pessoas com quem conviveu, como o medo de barata e de rato, aprendido com a mãe.


                   O medo de barata pode ter sido aprendido com a mãe.




     Medo de rato pode ser aprendido com pessoas com quem conviveu.

Medo de homem ou de mulher: ocorre em pessoas que na infância conviveram com pai violento ou mãe violenta. Elas acham que todos os homens e mulheres os tratarão com violência.


                          Medo de homem porque o pai era violento.



Medo de água: alguém que quando criança quase se afogou e bebeu muita água, pode desenvolver medo de água quando adulto.



           Uma criança que quase se afogou, pode ter medo de água quando adulta.

Medo da morte: existe principalmente nas pessoas idosas, mas pode existir também em jovens e crianças.


         Medo da morte existe principalmente nas pessoas idosas.


Medo de expressar emoções: existe em pessoas que durante a infância e a adolescência tiveram as emoções reprimidas e aprenderam que expressar emoção é coisa de fracos, pois os fortes não revelam seus sentimentos.


Há medo de expressar emoções em crianças impedidas de expressar suas emoções.


O medo de Deus, entre os praticantes do Cristianismo.


                                     O medo de Deus existe entre os cristãos.


Medo dos espíritos, entre os praticantes do espiritismo.




                                               Medo dos espíritos.


         Medo do inferno, entre os cristãos.

                                                    Medo do inferno

     Medo do diabo, entre os cristãos.

                                                      
                                                         Medo do Diabo

     Medo de terremotos, em pessoas que vivem em regiões em que há tremores de terra e as casas são destruídas.


                                                     Medo de terremotos

     Medo de inundações e tempestades: aparece em pessoas que vivem em regiões em que elas ocorrem.



                                                    Medo de inundações.

     Medo de epidemias: da gripe e de outros vírus, como a dengue e a zika.



                       Medo de epidemias, como as da gripe e de outros vírus


Medo de abandono: do filho ser abandonado pela mãe ou do namorado ser abandonado pela namorada, e vice-versa.



                           Medo de ser abandonado pela pessoa amada.

      Medo de ser incapaz de amar outra pessoa: em pessoas que tiveram dificuldades afetivas quando crianças e que acham que não são capazes de amar ninguém.


Medo de confiar em outras pessoas: ocorre em alguém que acha que os outros vão se aproveitar dele ou traí-lo no futuro, como em crianças que sofreram abuso sexual de parentes ou pessoas próximas.

                                     Medo de confiar em outras pessoas

Medo de tomar elevador: tem pessoas que preferem subir as escadas porque tem medo de entrar no elevador.


                             Algumas pessoas tem medo de entrar no elevador.

    Medo de Multidões: ocorre em pessoas que têm medo de andar quando há muita gente junta.



                                          Medo de Multidões.


Síndrome  de pânico: ocorre quando a pessoa está fazendo uma atividade qualquer e sente um medo cada vez mais forte, o coração disparado, tontura, tremores, falta de ar e a sensação que vai morrer.

                                      Síndrome de pânico

     Medo de altura : em pessoas que não suportam subir a locais muito elevados.
                                                        Medo de altura.

      
Fobia social:  a pessoa fica ansiosa, com medo e sente mal estar em situações sociais, quando é observada por outros. Fica insegura, preocupada com seu desempenho e com o que os outros pensam dela. Pode ocorrer  ao falar em público, comer num restaurante, entrar um lugar com muita gente, ir a uma festa, etc.

A fobia social pode ocorrer quando a pessoa está em um restaurante.

      
Como se comporta alguém com Medo?

O medo crônico pode ter consequências severas na vida da pessoa, pois altera seu corpo e sua conduta. O medroso tem duas opções: uma é fugir de suas responsabilidades e outra é obedecer ao dominador, por lhe faltarem forças para desobedecer suas ordens. Ele se subordina e vive acovardado, tanto  nos relacionamentos familiares, quanto nos sociais e profissionais. 


                        Uma opção para o medroso é obedecer ao dominador.

No relacionamento interpessoal, o medroso se sente desvalorizado perante os outros e transfere o poder para quem o intimida, sentindo-se vítima dele. A nível profissional, ele deixa de ser competitivo pois perde a confiança em si mesmo, e pode ficar menos criativo, caminhando para a estagnação profissional pela diminuição da produtividade no trabalho.


Na área existencial, o medroso tem muitas limitações , pois a soma dos fatores citados, a depender da intensidade e  duração do medo, leva a uma inibição cada vez maior do indivíduo. Ele pode perder a alegria de viver e tornar-se uma pessoa triste, que se sente vítima da vida e dos outros, perdendo o poder de comandar sua vida, devido à perda da confiança em si mesmo.

 O medroso pode tornar-se uma pessoa triste e perder o comando de sua vida.

     

Quais os efeitos do medo no corpo?


O medo se manifesta no corpo de diversos modos. No rosto há palidez, maior ou menor a depender da intensidade do medo, causada pela contração dos vasos que levam o sangue para a face. 


                     O grau da palidez do rosto depende da intensidade do medo.

     Os olhos ficam esbugalhados, abertos, fazendo o olhar do medroso característico. As sobrancelhas ficam franzidas, devido à contração da musculatura frontal e podem aparecer rugas no meio da testa, se o medo é crônico. Um suor pegajoso e frio pode aparecer na face e espalhar-se pelas mãos e pelo corpo.

No medo as sobrancelhas ficam franzidas e podem surgir rugas na testa.
 
      
     Há contração muscular generalizada nos membros e as pernas  podem tremer e a pessoa ficar parada. As mãos frias suam muito, e os cabelos dos braços podem levantar. Mesmo se a ameaça não é real os músculos se contraem, e podem envolver a pessoa como uma couraça. Com o tempo os ombros ficam curvados, trazendo mal estar e dores.


No sangue há  produção de adrenalina, noradrenalina e cortisona. A glicose do sangue sobe, para servir como fonte rápida de energia no caso de fuga. A boca fica seca, o coração dispara, a respiração acelera e a pressão arterial pode subir. Estas reações podem durar minutos, horas ou dias, se o medo ficar mantido, causam prejuízos à saúde da pessoa.


Quais os efeitos do Medo no cérebro?

Pesquisas realizadas em 2012 por Simon Maier, utilizando a ressonância magnética cerebral,  mostram que no medo, durante a avaliação de ameaças e nas respostas a elas, entram em atividade no cérebro o córtex do lobo pré-frontal dorsal e o do cingulado dorsal anterior ( giro do cíngulo), áreas importantes na regulação do medo e na avaliação das ameaças.(http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3506550/)

Estes achados foram confirmados por outros pesquisadores

      O giro do cíngulo anterior e o lobo pré-frontal são ativados no medo.
Uma pesquisa foi realizada com o eletroencefalograma, em 2014, por De La Rosa, em pessoas às quais foram apresentadas fotografias de situações capazes de desencadear o medo ( imagens de armas, combates ou animais). (https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25222294), in Bambi L. DeLaRosa et al. Electrophysiological spatiotemporal dynamics during implicit visual threat processing. Brain and Cognition, 2014; 91: 54.

 Foi constatado aumento da atividade de ondas teta no eletroencefalograma do lobo occipital (área do cérebro onde a visão é processada), seguido de aumento de ondas  teta no lobo frontal (local onde se processam o pensamento, a tomada de decisão e o planejamento).
 Além disso, foram notadas alteração das ondas beta do lado esquerdo dos participantes, ondas estas que são associadas com o comportamento de correr. Isto indica que as ondas teta e beta participam do processamento de ameaças visuais capazes de produzir o medo.

                       Durante uma ameaça, o medo altera as ondas
                       teta e beta do eletroencefalograma.

     
     O que é a Preocupação?

     
A preocupação é a forma de medo mais frequente. Sua tendência natural é crescer, pois pensamentos automáticos negativos se juntam aos que aparecem inicialmente. Vigie sempre sua mente para ver quando aparecem preocupações e não deixe elas crescerem. Quando há uma preocupação, a mente pode se fixar obsessivamente na ameaça, real ou não, e surgir um componente pessimista de pensamento, de que "nada vai dar certo", "tudo vai se acabar" e de que "virá uma catástrofe em minha vida".


                    Na preocupação a mente pode se fixar obsessivamente na ameaça.

     A maioria das preocupações não é baseada em fatos reais e resultam de avaliações mal feitas, fundamentadas em pensamentos automáticos e não em fatos e evidências. A pessoa cria o problema na sua cabeça e se entrega a ele, como se fosse verdadeiro. Veja quantas vezes você já se preocupou com problemas que depois nunca ocorreram.

Os efeitos corporais da preocupação são os mesmos do medo e variam com sua  intensidade. Uma pessoa com preocupações crônicas se sente mal devido à contração de seus músculos, que ficam endurecidos como uma couraça. Ela pode ficar com os ombros encurvados e sentir os músculos dos braços e pernas "presos". 


RESUMO


1. O Medo é uma reação do organismo a uma ameaça, que pode ser real ou não. Ele foi importante para preservar a raça humana, permitindo que os seres humanos se defendessem dos perigos. É um aliado do homem, o faz cauteloso e o protege contra ameaças e perigos.

2. O medo é hereditário e já foram descobertos os genes a ele associados. A pessoa pode herdar um temperamento tímido e sentir medo quando outras pessoas não sentem. Você conhece algumas pessoas mais medrosas, que se assustam facilmente e  outras difíceis de se assustarem.

3. O medo tem muitos disfarces e uma forma comum é a preocupação. Outras são ansiedade, apreensão, nervosismo, timidez, vergonha, remorso, consternação, cautela, escrúpulo, inquietação, pavor, susto. Dentre as formas mais extremas estão a fobia e o pânico.

4. Há dois tipos de medo: o natural e o adquirido. O medo natural é inato, os animais nascem com ele, por isso quando alguém se aproxima de um passarinho ou peixe, ele se afasta porque há uma ameaça.  O medo natural ocorre com grande rapidez e mobiliza o animal para fugir em situações nas quais a velocidade da resposta pode ser questão de vida ou morte.

5. O medo aprendido é adquirido durante a vida e seu estímulo vem do pensamento, que o aprende no convívio com os pais, irmãos e parentes. É o caso do medo de barata ou de rato que a filha aprende com a mãe.

6. Existem várias causas de medo, reais ou criadas pelo pensamento, como o medo do futuro, da morte, da velhice, da invalidez, do desamparo, da ruína e da solidão. Existe o medo de doenças, da invalidez, da solidão, da ruina financeira, de fazer sexo, de animais, de homem e de mulher, de água, da morte, de expressar emoções, de Deus, dos espíritos, do inferno, do diabo,  de terremotos, de inundações, de tempestades, de epidemias e de separação, além de outros. 


7. O medo crônico gera alterações no corpo e na conduta da pessoa. O medroso crônico foge de suas responsabilidades ou obedece ao dominador, subordinando-se a ele e vivendo acovardado, tanto nos relacionamentos familiares, quanto nos sociais e profissionais. Ele se sente desvalorizado perante os outros e perde a confiança em si mesmo, podendo ficar menos criativo e diminuir a produtividade no trabalho. O medroso pode perder a alegria de viver e tornar-se uma pessoa triste, sentindo-se uma vítima da vida e dos outros.


8. O medo se manifesta no corpo de diversos modos. No rosto, há palidez, os olhos ficam esbugalhados, com um olhar característico. As sobrancelhas ficam franzidas e podem surgir rugas na testa. Um suor pegajoso e frio pode aparecer na face e espalhar-se pelas mãos e pelo corpo. Nos membros, a contração muscular é generalizada, as pernas  podem tremer, as mãos frias suam muito e os cabelos dos braços podem ficar levantados. Há maior produção de adrenalina, noradrenalina, e cortisona. A glicose do sangue sobe, a boca fica seca, o coração dispara, a respiração acelera e a pressão arterial pode subir.

9. A preocupação é a forma de medo mais frequente, e sua tendência é crescer. Vigie sempre sua mente para ver quando aparecem as preocupações e atue nelas, não deixando que cresçam. Na preocupação, a mente pode se fixar obsessivamente na ameaça e surgir um pensamento pessimista, de que "nada vai dar certo", "tudo vai se acabar".


10. A maioria das preocupações não é baseada na realidade e sim em pensamentos automáticos que percebem a realidade de forma distorcida. A pessoa cria o problema em sua cabeça e se entrega a ele, como se fosse verdadeiro. Os efeitos corporais da preocupação são os mesmos do medo e variam com a  intensidade dela.
 

xxx

Agradecemos a valiosa colaboração do Prof. Gilson Vieira,
através de sugestões e revisão do texto.

xxx

Compartilhe e divulgue este Post para termos pessoas mais felizes, mais tranquilas e um mundo melhor!

xxx

 
     PRÓXIMO POST


No  próximo post você verá como aprendemos a ter medo, o significado da ansiedade, os benefícios do medo, os malefícios de sua repressão  e como lidar as preocupações, com a ansiedade e com o medo.

REFERÊNCIAS

BAMBI DELAROSA ET AL. Electrophysiological spatiotemporal dynamics during implicit visual threat processing. Brain and Cognition, 2014; 91: 54

        GILLEY, K., A Alquimia do Medo, Ed. Cultrix, São Paulo, 1999

        LORENZINI, R.  Quando o Medo Vira Doença, Ed. Paulinas, São Paulo, 1999.


SANTOS, J.O., Educação Emocional na Escola – a Emoção na Sala de Aula, 2a ed., Faculdade Castro Alves, Salvador, Bahia, 2000.

SANTOS, J.O., Educação das Emoções –fundamentos e experiências., Faculdade Castro Alves, Bahia, 2009.

     IMAGENS : Pixabay.