E-book 35
Emoções Morais e Emoções
Autoconscientes
P S I C O L O G I A
M O D E R NA
Blog emoçaoeatencao@blogspot.com
Prof. Dr. Jair de Oliveira Santos
2023 - Bahia- Brasil
QUEM É O AUTOR
Jair de Oliveira
Santos é Médico, Professor aposentado da Faculdade de Medicina da Universidade
Federal da Bahia, Graduado em Pedagogia, Especialista em Administração Escolar,
Fundador e ex-Diretor da Faculdade Castro Alves, onde foi coordenador do Núcleo
de Estudos das Emoções e do Programa de Educação das Emoções.
Criou o
blog emoçaoeatencao@blogspot.com onde publicou
90 Posts, durante 6 anos, que foram divulgado pela Google em 87 países e teve ,
segundo o site Ranking Data, cerca de 1 milhão e 188 mil acessos anuais. Fez o
lançamento do Podcast das Emoções, no citado blog, em 2021.
Pioneiro da Educações
das Emoções na Bahia, implantou-a na Faculdade Castro Alves e em vários
colégios, com excelentes resultados. Publicou os livros: 1- Educação
Emocional- fundamentos e resultados;2- Manuais de Educação Emocional; 3-
Educação Emocional na Sala de Aula, e 4-. Educação Emocional: Aspectos
Históricos, Fundamentos e Resultados.
Dedicou-se à Educação
Médica, foi Coordenador do Colegiado de Curso de Medicina da UFBA e o
presidente da Comissão de Currículo. Publicou livros e artigos na Revista da
Associação Brasileira de Educação Médica, dentre eles “Educação Médica e
Humanismo”, e” Educação Médica- Filosofia, Valores e Ensino”.
Dedico este e-book:
In memoriam:
A minha inesquecível esposa falecida,
Olívia,
A meu Pai e minha Mãe.
A meus filhos: Jair Filho, César,
Telma, Vinicius e Paulo
A meus netos: Jéssica, Jair Neto,
Ana Júlia, Pedro Gabriel, Maria Eduarda , Larissa e Arthur.
● ● ●
A todos que nos propiciaram condições e
estimularam estudos, pesquisas e reflexões sobre a Educação das
Emoções.
● ● ●
“Quem conhece aos outros é inteligente
Quem conhece a si
mesmo é sábio “
Lao Tsé – Tao te King,
XXXIII
● ● ●
“Trata a humanidade, na tua própria
pessoa ou na de qualquer outra, como um fim em si, nunca apenas como um meio”
Kant I., “Fundamentação da Metafísica
dos Costumes”, 1786.
● ● ●
“Não há outro universo, senão o
universo humano, o universo da subjetividade humana. É procurando sempre fora
de si um fim que o homem se realizará como ser humano”
Sartre,J.P., “O Existencialismo é um
humanismo”, 1944
● ● ●
“Para criar uma boa
vida, não basta lutar por metas que nos trazem prazer, mas também
escolher metas que reduzirão a soma total de entropia no mundo”.
Mihaly
Csikszentmihalyi, A Descoberta do Fluxo, 1999.
COMUNICADO
A partir de 26-11-22, o blog emoçaoeatencao@blogspot.com
terá nova orientação, para
atender á sua vasta clientela de milhões de leitores, conforme avaliação
publicada pelo site Ranking Data, abaixo transcrita. Dentro de
sua filosofia de trabalho, publicará também e-books gratuitos, que conterão o
conteúdo dos posts já publicados, além de novos conteúdos, de modo a
constituírem um conjunto integrado de conhecimentos.
Ranking database emoção
atenção@blogspot.com, pesquisa.
Imagens de ranking data base
emocaoeatencao@blogspot.com
RELAÇÃO DOS CONTEÚDOS DO E-BOOK 35
Capitulo 1: Emoções Morais: Vergonha e Culpa
Capitulo 2: Emoções
Autoconscientes
CAPÍTULO 1
EMOÇÕES
MORAIS: VERGONHA E CULPA
Neste capítulo
você verá o conceito das emoções morais, suas principais famílias, como
identificá-las e quais as principais: vergonha, culpa, constrangimento,
compaixão, gratidão, perdão, admiração, nojo, raiva e desprezo. E o estudo da
Vergonha, da Culpa e Constrangimento.
♦♦♦
O que é uma Emoção
Moral?
Ação moral: é a que
ocorre quando uma pessoa age para fazer o bem do outro (Oxford
Dictionary). Uma ação maléfica não é moral.
Uma ação é moral quando promove o bem do
outro.
Para estudar as questões morais há uma abordagem lógica, baseada no raciocínio moral, e outra que considera os aspectos materiais da questão, as regras e julgamentos morais.Os efeitos da Emoção Moral beneficiam diretamente à sociedade ou a uma pessoa, menos àquela que a sente ou ao juiz de uma questão.
O juiz de uma questão não pode ser beneficiado por uma emoção moral.
Uma emoção moral surge se há violações morais ou é motivada pelo comportamento moral, podendo beneficiar indiretamente a quem a sente. Ela surge em resposta às violações morais.
As emoções morais surgem em resposta às violações morais.
De um modo geral a emoção é uma resposta da pessoa a um estímulo que visa atender seus interesses. No caso do medo, a pessoa usa a contração muscular existente para fugir, e no caso da raiva o efeito é usado para agredir a quem lhe enraiveceu.
Uma moça com o olho desviado tem vergonha e pode
deixar de ir a festas.
Um rapaz pode ter vergonha se tem queixo grande.
As emoções morais existem em todas as culturas e estimulam a pessoa a se relacionarem bem, para não sofrer reações de seus membros. Elas são moldadas pelos valores culturais. Um exemplo é o Perdão, que a pessoa pratica para livrar-se do ressentimento ou do desejo de vingar-se de alguém que lhe fez sofrer. O benefício direto do perdão vai para quem foi perdoado, mas quem perdoa tem benefícios indiretos, pois se livra do sofrimento que a raiva lhe trazia e passa a ter bem-estar. Veja o e-book sobre Perdão.
A pessoa pratica o Perdão para livrar-se do desejo de vingar-se de
alguém.
As Emoções
Morais compaixão, gratidão, culpa, admiração e outras, elevam o ser humano a um
patamar mais alto e o ligam aos outros seres humanos.
Um terremoto pode causar de emoções morais nas
pessoas.
A raiva que você sente ao ver uma criança ser agredida é uma emoção moral.
Famílias de Emoções quanto à moralidade
Quanto à moralidade, há várias famílias de emoções. 1- As famílias grandes são a “dos condenados”, contendo nojo, raiva e desprezo, além de seus descendentes, como indignação e aversão; 2- a família “autoconsciente”, composta pela vergonha, constrangimento e culpa. 3- As famílias menores, de "outros sofrimentos", com a Compaixão e 4- a das “louvadoras", com a gratidão e admiração ou elevação (http://faculty.virginia.edu/haidtlab/articles/alternate_versions/haidt.2003.the-moral-emotions.pub025-as-html.html).
A vergonha é
uma emoção negativa que a pessoa dirige para si mesma, quando é julgada por ter
um defeito significante ou parte de si inadequada ou imoral. A pessoa que julga pode ser
real ou imaginária. Exemplos: uma pessoa que teve o braço amputado pode
sentir vergonha por não ter o braço; uma pessoa que passou anos na cadeia
pode ter vergonha de ter ficado preso (diversos presos se suicidam na cadeia).
O sentimento da vergonha é dirigido para a própria pessoa.
Um paralítico pode ter
vergonha de não poder andar e sentir-se inferior.
A Vergonha é importante enquanto elemento capaz de promover a coesão social dos grupos. Quando uma pessoa desrespeita as regras sociais, os membros do grupo a que ela pertence reagem com desprezo, raiva ou repulsa. E para não ser desprezada ela evita desrespeitar as normas, para ser aceita.
A pessoa que se isola por causa da Vergonha pode sentir ansiedade, angústia, medo de ser abandonada e necessidade de afeto. Sofre muito e a literatura registra casos de suicídio. (https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/9444730).
A pessoa que se isola por causa da Vergonha pode se sentir mal.(https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6002275/).
O que é a Culpa?
A Culpa é uma emoção moral porque envolve a noção do certo e errado, e é importante na formação da consciência moral e no comportamento ético. Ela estreita os relacionamentos.(http://faculty.virginia.edu/haidtlab/articles/alternate_versions/haidt.2003.the-moral-emotions.pub025-as-html.html).
Culpa é uma emoção que a pessoa sente quando acha que fez algo errado.
As pesquisas mostram que a Vergonha e a Culpa compartilham algumas redes neurais e têm também suas áreas de ativação individuais. A Vergonha ativa o lobo temporal, córtex cingulado anterior e o giro para-hipocampal, enquanto a Culpa ativa o giro fusiforme e o temporal médio. Foram encontradas ativações específicas na Vergonha, no lobo frontal (giro frontal medial e inferior) e, na Culpa, regiões da amígdala e ínsula, que eram diferentes em homens e mulheres. Conclusão- as áreas frontal, temporal e límbica desempenham papel importante na produção dos sentimentos morais.
Vergonha e Culpa compartilham redes neurais e têm áreas individuais de ativação.
Constrangimento
Você pode sentir Constrangimento quando, mesmo sem ter intenção de violar os padrões
sociais,arrota ruidosamente em público;
ou tropeça e cai; ou derrama bebidas na mesa durante uma refeição; ou rasga
suas calças; ou vê seus pensamentos e sentimentos íntimos divulgados; ou emite
gases acidentalmente, esquece os nomes das pessoas, e situações semelhantes.
São sinais de constrangimento desviar o olhar para baixo, ter um sorriso forçado ou botar a mão no rosto (que pode ficar vermelho). O constrangimento é experimentado como uma ameaça à aceitação social da pessoa e pode gerar aumento de adrenalina, dilatando os vasos da face, que fica vermelha.
Base neural do Constrangimento
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RESUMO
1. Uma Emoção é moral quando seus
efeitos beneficiam diretamente à sociedade ou a uma pessoa, menos àquela que a
sente ou ao juiz de uma questão. Ela surge quando alguém viola a moralidade,
podendo também ser motivada pelo comportamento moral da pessoa que a sente, que
tem benefícios indiretos dela.
2. As emoções
morais influenciam a tomada de decisão da pessoa e regulam os
comportamentos sociais. Exigem que a pessoa emocionada compreenda o que os
outros pensam a seu respeito. Uma moça com estrabismo (olho desviado para
dentro ou para fora) tem vergonha disto e pensa que não pode ser aceita
socialmente e por isto deixa de ir a festas.
3. Dentre os
efeitos benéficos das emoções morais está a estimulação da pessoa para se
relacionar bem na comunidade, para não sofrer reações de seus membros. Um
exemplo é o Perdão, que a pessoa pratica para livrar-se do ressentimento ou do desejo de
vingar-se de alguém que lhe fez sofrer. O
beneficiário direto do perdão é quem foi perdoado, mas quem perdoa tem
benefícios indiretos, pois se livra do sofrimento que a raiva lhe trazia e
bem-estar.
4, Outra
emoção moral é a Compaixão cujo estímulo é o sofrimento de uma pessoa,
do qual alguém se compadece e procura ajudar. Também é o caso da Gratidão: quem
sente Gratidão dirige suas ações para a pessoa à qual é grata, retribuindo o
bem que recebeu dela. Emoções Morais como compaixão, gratidão, culpa, admiração
e outras, elevam o ser humano a um patamar mais alto e o liga aos outros seres
humanos.
5. Para identificar
as emoções morais utiliza-se dois elementos: o eliciador, que é o
desencadeador a emoção, e a tendência à ação da pessoa emocionada. O
Eliciador é o estímulo que provoca o aparecimento da emoção, como a
injustiça social, o sofrimento de alguém, a ajuda que alguém recebeu,
etc. Não há critérios rígidos para classificar uma emoção como
moral, porém quanto mais ela não envolver diretamente quem a sente, mais poderá
ser considerada moral.
6.Tendências
de ação pró-social - as emoções morais motivam quem a sente para algum
tipo de ação, que pode não ser executada e ficar com uma tendência, como
querer se vingar de alguém ou querer ajudar o outro. Fica uma tendência de
beneficiar outras pessoas ou a ordem social. As emoções que motivam a pessoa
para ajudar os outros geralmente são morais, e não são morais as que levam ao
desprezo, vergonha e vingança. Uma emoção que leva a pessoa a apoiar ou
melhorar a cooperação social é uma emoção moral.
7. São
consideradas quatro famílias de emoções morais: a “dos condenados”
(nojo, raiva e desprezo); e a “autoconsciente” (vergonha, constrangimento e
culpa); a de "outros sofrimentos" (Compaixão) e a das
“louvadoras" (gratidão e admiração).
8. A
vergonha é uma emoção negativa que a pessoa dirige para si mesma,
quando é julgada por outra por possuir um defeito ou ter parte de si inadequada
ou imoral. Uma pessoa com o braço amputado pode sentir vergonha por não
ter o braço. O sentimento da vergonha é focado na pessoa. Quando uma
pessoa desrespeita as regras sociais, os membros do grupo geralmente reagem com
desprezo, raiva ou repulsa, e para não ser desprezada a pessoa respeita as
normas, para continuar a ser aceita.
9. A
vergonha pode ser expressa de várias maneiras, desde o constrangimento, à
humilhação, aos sentimentos de defeitos corporais ou de baixa
autoestima. Depende da cultura em que a pessoa vive, de sua história de
vida, das experiências familiares, da personalidade e das circunstâncias. Ela
pode fazer a pessoa se sentir inferior, e ser uma ameaça a seu
relacionamento social, que pode ser dificultado ou impedido, como a moça que
tem nariz grande e por isto vive isolada, sem aceitar convites para sair.
10. A vergonha
pode isolar a pessoa e gerar o medo de ser abandonada e a necessidade de afeto.
Quando uma pessoa sente vergonha e declara estar envergonhada, isto
pode aumentar a intensidade dela, e por isto a vergonha geralmente é evitada,
ocultada ou ignorada. Isto é maléfico para a pessoa.
11. A
Culpa é uma emoção que a pessoa sente quando acredita ter feito algo
errado ou tem a intenção de fazer algo errado. Quando você agride verbalmente
uma pessoa amiga, depois sente Culpa e pensa que “eu não devia ter dito
aquilo”. E procura reparar seu erro pedindo desculpas. Ela importante estreita
os relacionamentos.
12. Diferença
entre Culpa e Vergonha: a culpa é focada na ação praticada pela
pessoa, enquanto a vergonha é focada na própria pessoa. Na culpa a pessoa
avalia seu comportamento e não a si mesma. Se você anda na rua, se bate
com outra pessoa e se sente culpada, pede desculpas pelo choque. Mas se uma
pessoa tem um defeito físico, sua vergonha é por causa deste defeito. A
culpa é menos dolorosa do que a vergonha, porque não afeta a autoestima, como a
vergonha afeta. Depois de fazer algo errado a pessoa propensa à vergonha
tenta esconder ou negar, e na culpa a pessoa tende a compensar o erro pedindo
desculpas.
13. As
pesquisas mostram que a Vergonha e a Culpa compartilham algumas redes neurais,
além de ter áreas de ativação individuais. A Vergonha ativa o lobo temporal,
córtex cingulado anterior e o giro para-hipocampal, enquanto a Culpa ativa o
giro fusiforme e o temporal médio. A vergonha ativa também o lobo frontal e a
Culpa, a amígdala e a ínsula.
14, O Constrangimento é uma emoção que a pessoa sente
quando comete um erro ou pratica ações que contrariam as normas sociais. Ocorre
na presença de outros e a pessoa se sente desajeitada e arrependida do
que fez. A diferença para a Vergonha é que o Constrangimento resulta de desrespeito a regras sociais,
enquanto a vergonha resulta de desrespeito a normas morais.
15. Você pode sentir Constrangimento quando arrota ruidosamente em público; ou tropeça e cai; ou derrama
bebidas na mesa durante uma refeição; ou rasga suas calças; ou vê seus
pensamentos e sentimentos íntimos divulgados; ou esquece os nomes das pessoas,
etc. São sinais de constrangimento desviar o olhar para baixo, um sorriso
forçado, botar a mão no rosto (que pode ficar vermelho). A ressonância magnética constatou no Constrangimento
ativação do córtex pré-frontal medial, sulco temporal posterior, córtex visual,
córtex temporal direito anterior e o hipocampo, bilateralmente.
2. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6002275/
3. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/m/pubmed/15528097/
4.
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/11010661.
5. https://estudogeral.sib.uc.pt/bitstream/10316/32437/1/TESE%20MIP%20-%20Ana%20Sofia%20Salgueiro.pdf
6. E-book Perdão, como cultivar.
7. E-book, Que é Compaixão.
8. E-book, Que é Gratidão?
9. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/9444730
CAPÍTULO 2
EMOÇÕES AUTOCONSCIENTES
Informações: Recebemos da Academia de Educação da Califórnia,
pelo e-mail Academia.edu premium@academia-mail.com,
informações que:
1. O nome "Jair Santos" está entre os quatro (4) autores
mais lidos, entre os cem(100) mais consultados da Academia (16-10-19).
2. Existem 234 (duzentas e trinta e quatro) citações de “Jair
Santos” nas pesquisas localizadas na biblioteca da Academia (21-10-19).
Que é Emoção
Autoconsciente?
O grupo das emoções básicas- raiva, medo, tristeza, alegria, nojo e desprezo-, surge antes dos dois anos de vida, sendo universais e dotadas de expressões faciais próprias ( Damásio, O erro de Descartes), como mostra a figura abaixo:
Emoções básicas ou primárias.Na Emoção Autoconsciente a pessoa reflete sobre si mesma, avalia como se percebe, como os outros lhe percebem, levando em conta sua reação e a reação dos outros. A pessoa analisa seu comportamento e seu corpo, compara-os com os dos outros, além de verificar se sua conduta respeita as normas e expectativas por ela adotada. Um exemplo é a vergonha que a pessoa tem de si mesma, ao ser julgada por outra pessoa por ter um defeito corporal, como um braço amputado ou uma mancha branca no rosto (vitiligo).
Mas a emoção autoconsciente pode aparecer também quando a pessoa achar seu comportamento reprovável, como quando se sente culpada por ter agido de modo reprovável.
Caracteristicas da Emoção Autoconsciente
Para Tracy e Robbins as emoções autoconscientes possuem as seguintes
características:
Primeira característica: A existência das
emoções autoconscientes requer que a pessoa tenha autoconsciência e seja capaz
de construir auto- representações em sua mente. A percepção de seu Eu (self) deve incluir o sentimento continuo da
autoconsciência, além das auto- representações que fazem parte de sua identidade,
e que abrangem o conteúdo da sua cognição e de suas relações sociais, permitindo-lhe fazer a auto-avaliação,
fundamental para existir este tipo de emoção. (https://pdfs.semanticscholar.org/6a79/ca9efd7fcd59c349a02125c3960ce4df3e01.pdf)..
A emoção autoconsciente requer da pessoa a construção de auto- representações na mente.
As Emoções
Autoconscientes se desenvolvem até 1,5 a 2 anos.
Nas
sociedades primitivas, os melhores caçadores nem sempre eram os melhores
guerreiros e cada grupo organizava suas
castas próprias. Era importante para a sobrevivência do indivíduo sua
cooperação, no grupo e fora dele, contribuindo para o bom funcionamento social
, como por exemplo: não trair; ajudar a identificar trapaceiros; lidar com a
competição intragrupal, principalmente a sexual, além de ajudar a resolver
outros problemas.
As emoções autoconscientes se desenvolveram para facilitar o alcance dos objetivos sociais, promovendo comportamentos que estimulassem a estabilidade do grupo, a afirmação dos papéis e estatus sociais e a divisão do trabalho social.
Dentre as
Emoções Autoconscientes estão: a Vergonha, que promove comportamentos de
apaziguamento e integração depois de uma transgressão social; a culpa, que
gera pedidos de desculpas depois de uma
transgressão, com consequente reaproximação das pessoas. Mas, do outro lado
está o orgulho arrogante, promovendo a arrogância em alguém que teve seu
sucesso socialmente valorizado.Ele pode afastar pessoas e criar inimizades.
Quarta característica: As
emoções autoconscientes apresentam expressões faciais discretas e não são
universais. Enquanto as emoções básicas têm expressões faciais universalmente
reconhecidas, as autoconscientes não têm. No orgulho e na
vergonha há uma postura corporal e
movimentos da cabeça combinados, e no constrangimento pode haver expressão facial. Pesquisas recentes sugerem que
o orgulho e a vergonha podem ser universalmente reconhecidas (https://pdfs.semanticscholar.org/6a79/ca9efd7fcd59c349a02125c3960ce4df3e01.pdf).
Quinta característica: o processo de cognição nas emoções autoconscientes é mais complexo do que nas básicas.Para sentir medo, o indivíduo precisa de pouca capacidade cognitiva, bastando avaliar um evento como ameaçador para sua sobrevivência. Mas para sentir Vergonha, precisa ser capaz de formar na mente representações dos eventos que ocorrem, e de fazer a análise e reflexão sobre eles.
Para sentir medo, basta o indivíduo avaliar um evento como ameaçador
Para Tracy e Robbins, as características citadas deixam claro que as
Emoções Autoconscientes não podem ser agrupadas junto das básicas , que
envolvem menos o Eu na sua produção, e a participação do sistema límbico é
consideravelmente maior do que a do córtex cerebral. Consideram que as emoções variam num continuo, que vai das
básicas até às autoconscientes, em vez
de existirem em classes diferentes. (https://pdfs.semanticscholar.org/6a79/ca9efd7fcd59c349a02125c3960ce4df3e01.pdf).
Nas Emoções
Autoconscientes o córtex cerebral participa mais que o sistema límbico.
As Emoções Autoconscientes nos ajudam a estar mais
atentos nos relacionamentos e a ter melhores
interações sociais. Se uma pessoa viola as regras sociais em um grupo isto lhe
causa culpa, vergonha ou constrangimento,
e por isto ela as respeita, para permanecer nele. Estas emoções promovem maior
coesão social e ajudam o entrosamento social . Por exemplo, se você se sente
culpado por uma falta cometida e pede desculpas a outra, ela lhe terá como de
trato fácil. Se você sente remorso depois de agredir, para reparar seu erro,
pede desculpas, e melhora seu relacionamento.
Emoções Autoconscientes ajudam a manter os relacionamentos
Vergonha exagerada é maléfica e pode causar isolamento social.
Na sociedade atual, a raiva é mais desencadeada por um insulto, contra o self.
Benefícios e malefícios de Emoções Autoconscientes
As benéficas incluem:
• ter
orgulho de suas realizações ou de si mesmo, que estimulam a pessoa a fazer
outras. A confiança em si é uma
grande força pessoal, que impulsiona a pessoa a enfrentar desafios;
Um pintor que se orgulha de um quadro seu tem uma Emoção Autoconsciente saudável.
• desculpar-se de erros cometidos;
• assumir a responsabilidade de erros cometidos.
•
sentimentos de culpa, como a de um fumante que está com câncer ou uma doença
crônica do pulmão; ou alguém que tem uma doença cujo responsável foi ele mesmo;
Sentimentos de culpa, como os de um fumante com câncer.
· responder com raiva e hostilidade ao constrangimento que sofre;
·
evitar experiências e relacionamentos, como na
vergonha e isolamento;
·
culpar os outros por seus erros;
·
sentir-se responsável por erros cometidos e
atribuídos a si mesmo;
· ter baixa autoestima.
Mulher chorando por não gostar de si mesma.
·
sentir-se frequentemente agitado, ansioso ou deprimido
A
vergonha pode ter efeitos negativos na saúde física e emocional de uma pessoa
que foi vítima de abuso físico e ou de pessoas HIV positivos ou com AIDS, que
apresentam saúde física e emocional mais fraca por terem vergonha disto. A
vergonha associada à depressão e à raiva crônica, é um componente central dos
portadores de transtorno de personalidade antissociais (https://pdfs.semanticscholar.org/6a79/ca9efd7fcd59c349a02125c3960ce4df3e01.pdf).
https://www.healthline.com/health/self-conscious-emotions
Uma Emoção Autoconsciente maléfica é sentir-se sempre estressado.
A
autoconsciência maléfica pode trazer ansiedade social e levar ao isolamento,
que aumenta o nível de ansiedade; ou levar à diminuição da autoestima e depressão,
pela perda do convívio social. Também pode impedir a cura de traumas,
principalmente se há problemas mentais.
- Consultar
um Psiquiatra ou Psicólogo qualificado;
- envolver-se
em atividades que o façam se sentir bem consigo mesmo;
- escrever
uma lista de realizações ou traços de personalidade que o façam sentir
orgulho;
- combater
a ansiedade social interagindo com pessoas equilibradas;
- ser
pontual e manter seus compromissos, pois a disciplina eleva o amor
próprio;
- assumir
a responsabilidade por seus erros e fazer as correções necessárias, quando
necessário;
- evitar
coisas que possam causar culpa ou vergonha, como mentir;
- praticar
Plena Atenção ou qualquer forma de meditação quando surgirem pensamentos
negativos e emoções negativa.
Devemos considerar três
propriedades : estabilidade, controle
e globalidade. 1- Se a causa permanece estável enquanto age, ou é intermitente; 2- se
você pode controlá-la quando ela age
sobre você, e 3- se ela é global. Quando a causa é estável, tende a permanecer, e se
a emoção é de difícil controle, como o caso da vergonha de defeitos corporais.
Mas se ela é instável você tem mais chances de modificá-la, como é o caso da
culpa devido a desrespeito a regras.
Além da origem externa ou interna, estas três propriedades
causais são importantes para esclarecer se as emoções são básicas e diferenciá-las
das autoconscientes. As
causas estáveis tendem a ser globais e incontroláveis, e as instáveis geralmente
são específicas e controláveis.
Compartilhe e divulgue este Post para termos pessoas com mais
bem-estar, tranquilidade e um mundo melhor!
RESUMO
1. Tracy e Robbins propuseram uma classificação das emoções em dois grupos: as Emoções Básicas e as Emoções Autoconscientes, um tipo de emoção da qual participa a consciência da pessoa e o modo que ela se acha vista pelos outros. São exemplos delas a vergonha, culpa e orgulho, dentre outras, e desempenham papel importante na motivação e regulação dos pensamentos, sentimentos e comportamentos das pessoas. As básicas surgem mais precocemente na evolução humana, até 9 meses, e as autoconscientes aparecem entre dois e três anos.
2. As
Básicas (raiva, medo, tristeza, alegria, nojo e desprezo), são universais, têm expressões
faciais próprias, se expressam automaticamente
e têm menor processamento cognitivo. As Autoconscientes não são
automáticas, dependem da auto reflexão e
da autoavaliação da pessoa e são mais complexas em termos cognitivos. A pessoa reflete sobre si mesma, avalia como se
percebe, como os outros lhe percebem,
analisa se seu comportamento é reprovável e seu
corpo, compara-os com os dos outros, além de
verificar se sua conduta respeita as normas e expectativas por ela adotada. Um exemplo é a vergonha que a pessoa
tem de si face a um defeito corporal.
3. As emoções autoconscientes possuem as seguintes características:
Primeira: para sentí-la é necessário que a pessoa tenha autoconsciência
e seja capaz de construir auto-representações em sua mente. As auto-representações
fazem parte de sua identidade, e abrangem o conteúdo da sua cognição e de suas
relações sociais, de modo a permitir fazer a auto-avaliação. Isto as diferencia
das emoções básicas. Segunda: elas surgem na infância, depois das
emoções básicas. As mais complexas como vergonha, culpa e orgulho, surgem até o final
do terceiro ano de vida. Terceira: elas facilitam a pessoa alcançar
objetivos complexos, a sobrevivência, reprodução, aprimoram o status social e
previnem sua rejeição no grupo.
Dentre as Emoções Autoconscientes estão: a Vergonha, que promove
comportamentos de apaziguamento e integração depois de uma transgressão social;
a culpa, que gera pedidos de desculpas
depois de uma transgressão, com consequente reaproximação das pessoas. Mas, do
outro lado está o orgulho arrogante, promovendo a arrogância em alguém que teve
seu sucesso socialmente valorizado, que pode afastar as pessoas e criar
inimizades.
4. Quarta característica: as emoções autoconscientes apresentam expressões faciais discretas e não são universais, diferentemente das emoções básicas que têm expressões faciais universalmente reconhecidas.
Quinta: o processo de cognição nas emoções
autoconscientes é mais complexo do que nas básicas. Para sentir medo, o
indivíduo precisa de pouca capacidade cognitiva, bastando avaliar um evento como ameaçador,
mas para sentir Vergonha, precisa formar
na mente representações dos eventos que ocorrem e de fazer a observação,
análise e reflexão deles.
5. Para Tracy e Robbins as Emoções Autoconscientes não podem ser
agrupadas junto das básicas, que envolvem menos o Eu na sua produção, e a
participação do sistema límbico é consideravelmente maior do que a do córtex
cerebral. E consideram que as emoções variam em um continuo que começa com as básicas e vai até às
autoconscientes.
6. As Emoções Autoconscientes nos ajudam a estar mais
atentos em nossos relacionamentos e a melhorar as interações sociais. Se uma
pessoa viola as regras sociais em um grupo isto vai lhe causar culpa, vergonha ou
constrangimento, e por isto ela as
respeita, para permanecer nele. Por isto estas emoções promovem maior coesão
social e ajudam o entrosamento social do indivíduo. Por exemplo, se você se sente
culpado por uma falta cometida e pede desculpas a outra, ela lhe terá como
uma pessoa de trato fácil.
7. Emoções autoconscientes em excesso podem ser
doentias e gerar ansiedade e depressão, além de isolamento social. No caso da
vergonha exagerada, a literatura registra casos de suicídio. A emoção autoconsciente ocorre quando a pessoa acha
que ela é de origem interna. Geralmente o fracasso produz culpa ou vergonha, porque ela não alcançou seu
objetivo. Pelo contrário, o sucesso tende a produzir orgulho. As causas externas tendem a promover emoções básicas, como no caso do medo
e da raiva.
8. As
Emoções Autoconscientes podem ser benéficas, como as seguintes: ter orgulho
de suas realizações; sentir-se à vontade nos ambientes sociais; desculpar-se de
erros cometidos e assumir a
responsabilidade deles. As maléficas incluem: sentimentos de culpa; responder
com raiva e hostilidade ao constrangimento; evitar experiências e
relacionamentos sociais, como na vergonha; culpar os outros por seus erros; sentir-se
responsável por erros cometidos ou atribuídos a si mesmo; ter baixa autoestima;
sentir-se frequentemente agitado, ansioso ou deprimido.
9. A
vergonha pode ter efeitos negativos na saúde de uma pessoa que foi vítima de
abuso físico e ou de pessoas HIV positivos ou com AIDS, e é associada à
depressão, à raiva crônica, é um componente central dos portadores de
transtorno de personalidade antissociais. A autoconsciência maléfica pode trazer ansiedade
social e levar ao isolamento, ou levar à diminuição da autoestima e à depressão,
pela perda do convívio social. Também pode impedir a cura de eventos
traumáticos, principalmente em pessoas com problemas mentais.
10. Para
lidar com Emoções Autoconscientes maléficas
você pode melhorar a autoimagem e a autoestima, da seguinte maneira: consultar
um Psiquiatra ou Psicólogo qualificado; praticar atividades que o façam se
sentir bem; escrever uma lista de realizações ou traços de personalidade que o
fazem sentir orgulho de si mesmo; combater a ansiedade social interagindo com pessoas equilibradas; ser pontual e manter
seus compromissos; assumir a responsabilidade por seus erros; evitar fazer
coisas que possam causar culpa ou vergonha, como mentir; praticar Plena Atenção
ou qualquer forma de meditação, principalmente se surgirem pensamentos e emoções
negativas.
REFERÊNCIAS E LINKS
https://www.healthline.com/health/self-conscious-emotions
https://pdfs.semanticscholar.org/6a79/ca9efd7fcd59c349a02125c3960ce4df3e01.pdf).