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E-book 81
Inteligência Social-
atualização
Leitura em 25 minutos.
P S I C O L O G I
A
M O D E R NA
Blog emoçaoeatencao@blogspot.com
Prof. Dr. Jair de Oliveira Santos
2025
Jair de Oliveira Santos é
Médico, Professor aposentado da Faculdade de Medicina da Universidade Federal
da Bahia, Graduado em Pedagogia, Especialista em Administração Escolar,
Fundador e ex-Diretor da Faculdade Castro Alves, onde foi coordenador do Núcleo
de Estudos das Emoções e do Programa de Educação das Emoções.
No blog emoçaoeatencao@blogspot.com, o Autor publicou 90 Posts, durante
10 anos, que foram divulgados pela Google em 87 países e teve , segundo o site
Ranking Data, cerca de 1 milhão e 188 mil acessos anuais.
RELAÇÃO DOS CONTEÚDOS DO
E-BOOK 81
Capitulo 1: Inteligência Social
Capitulo 2: Como abordar a Inteligência Social
Capitulo 3: Empatia.
CAPÍTULO I
INTELIGÊNCIA SOCIAL
A Inteligência Social é a capacidade de
compreender e administrar adequadamente os relacionamentos humanos. Thorndike, 1920, criou o conceito para
designar “a capacidade de entender e administrar homens e mulheres”. (GOLEMAN,
2019).
Uma análise mais profunda das idéias de Howard
Gardner, da Universidade de Harvard, criador do conceito de Inteligências
Múltiplas, mostra que ele considerou o conceito de Inteligência Social, ao
propor a Inteligência Interpessoal como parte da inteligência pessoal.
Em revisão, Gardner considera que a
inteligência interpessoal denota “a capacidade de entender as intenções,
motivações e desejos do próximo e, consequentemente,de trabalhar de modo
eficiente com terceiros”. Está claro que ele se refere ao relacionamento social
ao declarar “vendedores, professores, clínicos, líderes religiosos, líderes
políticos e atores precisam ter inteligência interpessoal aguda”.
Relacionamento é a capacidade que a pessoa tem de conviver e
comunicar-se com os semelhantes e de aproximar-se de outra pessoa para atender
às necessidades recíprocas ou trocar informações. Um relacionamento visa que as
pessoas troquem informações sobre pensamentos, ideias e sentimentos. Só
perdurará se as necessidades recíprocas
forem atendidas.
Damásio
trata em seus livros das emoções sociais e considera que surgem quando o indivíduo se relaciona
socialmente. Considera que o estímulo para aparecer uma emoção social está no
relacionamento e trata das condições para seu aparecimento. Acredita que na base das emoções sociais
estão as emoções primárias, medo, raiva, tristeza, alegria, apego, nojo. Dá
como exemplos a simpatia, compaixão, vergonha, embaraço, culpa, desprezo,
indignação, espanto, admiração, gratidão, orgulho, inveja e ciúme. Tais emoções
são desencadeadas por estímulos emocionalmente competentes de natureza social
como quando um indivíduo fica indignado ao presenciar o espancamento de uma
criança indefesa por um adulto. Uma pessoa pode sentir vergonha, culpa ou embaraço, por ter violado suas normas de
conduta pessoais, ou por elas terem sido elas violadas por um parente próximo.
Outro indivíduo pode ter orgulho de seu pai considerando as realizações dele.
Azanedo (2020), em pesquisa publicada no Ncbi ,
associa a Inteligência Social à satisfação com a vida, ao bem estar
psicológico, à habilidade de se relacionar com outras pessoas e conseguir a
cooperação delas, exercendo efeitos indiretos sobre o sofrimento psíquico,
interferindo na saúde mental da pessoa. ( Pubmed.ncbinlm.nih.gov). A
Inteligência Social deve ser desenvolvida na educação fundamental e nas faculdades.
O efeito da Inteligência Social nos
relacionamentos é grande, pois através de nossas ações afetamos as emoções e o humor dos outros, bem como o
funcionamento de seus corpos. Através das emoções positivas como amor e alegria
podemos ajudar a conservar ou melhorar o estado de saúde de outra pessoa, e
através de emoções negativas como raiva, medo e tristeza, podemos
influenciá-las negativamente.
Através de emoções negativas podemos agir nos
outros.
CAPÍTULO II
COMO ABORDAR A INTELIGÊNCIA SOCIAL
Numa interação social o processo cognitivo do sujeito cognoscente passa por diversas etapas: na primeira, denominada de Empatia Primordial, ele percebe as emoções, sentimentos e pensamentos do outro; na segunda etapa, da Sintonia, ele estabelece um vínculo com o outro, concentrando sua atenção na sua expressão corporal, sentimentos e pensamentos.Na terceira etapa o sujeito procura compreender os sentimentos e pensamentos do outro, através da Precisão Empática e, finalmente, o sujeito procura identificar os elementos do meio social circundante, para contextualizar socialmente o relacionamento, na etapa da Cognição Social.
Para Goleman a inteligência social deve passar
da perspectiva de uma pessoa para a de duas, interagindo em um relacionamento,
e deve ser feito um esforço para entender tanto nossos interesses e
necessidades pessoais quanto os dos outros. Desta forma a inteligência social
terá uma perspectiva ética pois enriquecerá os relacionamentos com sentimentos
da empatia, compaixão e solidariedade.
Os elementos básicos dos relacionamentos devem participar da definição de Inteligência Social, sob pena dela pecar pela ausência dos valores humanos. As neurociências deram contribuição para a compreensão da inteligência social ao mapear as áreas do cérebro que são ativadas durante os relacionamentos.
A inteligência social inclui aptidões
cognitivas, relacionadas com o pensamento e com a compreensão intelectual e
aptidões não cognitivas , relacionadas com as emoções e a intuição, que,
são automáticas, não precisam ser pensadas, e só executadas.
Exemplo de atividade automática você tem quando
está ao volante de um carro, percebe um barulho e desvia imediatamente o
volante para o lado oposto, sem pensar. Só depois sabe do
movimento rápido, inconsciente que fez.
Isto ocorre porque a velocidade dos impulsos nos neurônios em que trafegam os estímulos conscientes é de alguns segundos, enquanto a velocidade dos estímulos nos neurônios que processam as emoções é de mili ou microssegundos. A velocidade dos estímulos das informações não conscientes é mil a um milhão de vezes maior do que a velocidade das informações conscientes, daí você primeiro virar o volante para o lado, depois perceber o movimento.
Vo Você
primeiro vira o volante,depois percebe o movimento feito.
São considerados dois componentes, a
consciência social e a facilidade social. A consciência social abrange a
capacidade de sentir o estado interno do outro, compreendendo
seus sentimentos e pensamentos, além das situações sociais.
A facilidade social inclui quatro elementos: sincronia, apresentação pessoal, influência e preocupação. A sincronia é baseada na interação não verbal com a outra pessoa e permite que a relação social flua naturalmente através de uma inter-relação não verbal harmônica entre os atores sociais. Seu fundamento está na capacidade de ler os sinais não verbais emitidos pelo outro através da face, olhos, membros e corpo. São sinais não verbais de sincronia: saber sorrir para o outro na hora certa, balançar a cabeça em sinal de concordância com o que ele diz ou faz, ou inclinar o corpo para sua direção na hora certa. São sinais de assincronia balançar as pernas ou permanecer imóvel durante a interação social.
O segundo elemento da facilidade social é a Apresentação Pessoal, importante para causar a impressão e o impacto desejados e relevante nas interações sociais. Influem em nosso relacionamento: a forma como nos apresentamos, a roupa, o penteado e o carisma pessoal, que inclui a capacidade de despassar para o outro as emoções que sentimos e fazer com que ele embarque em nossas emoções, entusiasmo, alegria , raiva e tristeza.
Por fim, a Preocupação Social é a
capacidade de sentir as necessidades e interesses do outro e esforçar-se para ajudá-lo.
O cérebro social
O termo “cérebro social” se refere a um conjunto de circuitos cerebrais que entram em funcionamento quando uma pessoa se relaciona com outra. Algumas estruturas cerebrais são os caminhos neuroanatômicos da Inteligência Social e desempenham papeis significantes nos relacionamentos, mas não existe nenhuma zona mais importante que outra, exclusiva da vida social.
Os neurônios cerebrais estão organizados em módulos e a atividade de cada módulo reverbera em todo o sistema. O mapeamento das zonas do cérebro ativadas durante os relacionamentos sociais foi realizado com imagens de ressonância magnética funcional e pela tomografia por emissão de prótons e foram identificadas duas vias, a principal e a secundária.
Segundo Goleman , a “via principal” opera com o controle voluntário, exige esforço e intenção consciente e nela os estímulos, relacionados com a cognição e a razão, andam com menor velocidade. A via secundária opera no automático, com grande velocidade e não estamos conscientes de suas operações. Está relacionada com processos afetivos e inclui amígdalas cerebrais, córtex cingulado anterior, áreas do córtex frontal e regiões do processamento das emoções.
A via secundária inclui as amígdalas , cingulo anterior, córtex frontal e outras.
A consciência social e a facilidade social
abrangem habilidades pertencentes a via secundária e habilidades da via
secundária articuladas com a via principal. A empatia e a sincronia são
habilidades relacionadas com a via secundária, automáticas, enquanto a precisão
empática e a influência utilizam habilidades da via secundária e da principal.
Há diversos testes e escalas capazes de avaliar a inteligência social.
CA CAPITULO III
EMPATIA
A palavra empatia vem do alemão einfühlung , significa “entrar na pele do outro” e tem três significados: conhecer os sentimentos do outro; sentir o que o outro sente e reagir com compaixão ao sofrimento dele, ajudando-o. Na prática você observa o outro, sente o que ele sente e pratica uma ação para ajudá-lo. Só existe quando sintonizamos sentimentos e pensamentos com os de outra pessoa.
Na empatia há
associação entre a percepção e a ação: se você ouve um grito de alguém que está
apavorado, sente o que ele sente, pensa no que ocorre e age para ajudá-lo. A
base neural da empatia está nos neurônios-espelho, descobertos por Rizzolati em 1996, que explicam o contágio
das emoções: porque você ri quando outras pessoas estão rindo.
A descoberta foi
feita em macacos, quando Rizzolati procurava identificar neurônios que
aumentavam suas atividades quando o
animal estendia a mão para pegar uma banana. Num intervalo dos trabalhos um
ajudante da pesquisa comia uma banana e foi verificado que no macaco imóvel,
foram ativados os neurônios correspondentes aos que eram ativados no
colaborador.
Pesquisas com
ressonância magnética mostram que quando um indivíduo pratica uma ação e outro
o observa, no cérebro do observador entram em atividade os neurônios espelhos
correspondentes aos da pessoa observada.
Através dos neurônios-espelho podemos
nos projetar em outras pessoas, fazer com que eles nos imitem e experimentar os sentimentos, emoções e pensamentos.
Pelos olhos de uma pessoa somos capazes de saber se ela gosta ou não de
nós.
Quando duas pessoas estão em sintonia,
estabelece-se pelo olhar uma “comunicação sem fio” que permite a uma intuir os
pensamentos e sentimentos da outra.Se você olha nos olhos de alguém com a mente tranquila, se sente tranquilo.
Os neurônios-espelho são responsáveis pelo reconhecimento de outras pessoas, interpretação de suas ações e expressões corporais e são importantes no relacionamento social. Localizam-se nos lobos frontal inferior, parietal superior, temporal superior, da ínsula e córtex pré-motor.
Neurônios espelho se
localizam nos lobos frontal inferior, parietal superior, temporal superior, ínsula
e córtex prémotor.
Quando nos concentramos em nós mesmos eliminamos a compaixão e a empatia, há contração de nosso mundo e aumentam nossas preocupações. Se voltamos a atenção para o outro, aumenta a conexão e sintonia, nosso mundo se expande e nossos problemas são menos importantes.
Pesquisas indicam ser a compaixão comum em diversos
animais e não característica humana. Ratos presos em gaiolas saem em
socorro de outros que sofrem. Macacos rhesus diminuem espontaneamente
sua comida e passam fome para que um companheiro de
jaula não sofra tomando choques elétricos dolorosos.
Nos seres humanos a
empatia é constatada entre bebês desde o nascimento, pois eles choram quando
vêm outros bebês chorando, mas não choram quando ouvem seu próprio choro
gravado. Depois dos quatorze meses, além de chorar com o sofrimento dos outros,
os bebês procuram aliviá-los. Quanto mais desenvolvidos, mais tentam ajudar,
indicando que os seres humanos nascem bons.
A empatia primária
envolve áreas cerebrais que dependem dos sentimentos vivenciados pelo outro no
momento. Pesquisas mostram que para ela existir é necessário prestar atenção ao
outro e ela é tanto mais forte quando maior a atenção. Interferem no processo
empático as prioridades existenciais da pessoa, seu grau de socialização e
diversos fatores psicológicos e sociais.
Desempenha papel importante na atenção, a memória de trabalho, que
reside no córtex pré-frontal e pode ser utilizada a qualquer momento, determinando
a quais sinais devemos prestar atenção e nos orientando para o que dizer e
fazer.
O papel da atenção no
desenvolvimento da empatia foi realçado em pesquisa feita com seminaristas preocupados em fazer um
sermão cujo tema era o “Bom Samaritano”. Eles encontraram em seus caminhos um
homem sofrendo, gemendo e não lhe dedicaram maior atenção, pois estavam muito
preocupados com o sermão que deveriam fazer logo depois (GOLEMAN).
Para os sociólogos,
as pessoas nas ruas movimentadas não dão atenção para uma pessoa caída porque
estão absorvidas com seus problemas, no chamado “transe urbano”, que tem a finalidade de nos auto-proteger da
sobrecarga de estímulos em nossa volta. Pesquisadores relatam que quando as
pessoas param para ajudar outras que sofrem, o fazem por sofrem junto com elas,
devido à empatia.
A empatia
primordial é a capacidade de sentir imediatamente as emoções e pensamentos
do outro. É intuitiva, rápida e automática, pois mesmo sem falar, uma pessoa
geralmente exterioriza suas emoções, através de suas expressões faciais e
corporais. Foi criado um teste para avaliar a empatia primordial, o PONS, que
avalia as leituras de sinais não verbais, fazendo a medida da sensibilidade não
verbal da pessoa.
Pede-se à pessoa para adivinhar o que acontece emocionalmente com outra, depois de assistir por dois segundos um filme que mostra seu rosto ou corpo e de ouvir sua voz. Os trabalhadores que se saem bem no PONS conseguem melhores avaliações do que as de seus colegas em tarefas interpessoais. Os pacientes de médicos que foram bem avaliados no teste se dizem mais mais satisfeitos com eles e os professores mais bem avaliados são considerados mais eficientes. As pessoas melhor avaliadas são mais queridas nos seus relacionamentos. O PONS revela que as mulheres com filhos são melhores decodificadoras do que as que não têm filhos.
O CÓRTEX ÓRBITO-FRONTAL
Nos olhos,além das terminações do nervo ótico,há fibras nervosas que dão acesso aos sentimentos da pessoa, pois levam a uma estrutura crucial para a empatia,a área orbito-frontal do córtex pré-frontal. Quando os olhos de duas pessoas se cruzam,ligam suas regiões órbito-frontais e permitem que elas identifiquem suas emoções. Você sabe, olhando os olhos de alguém, se ele está triste ,alegre, com medo ou raiva , e dizerem "os olhos são o espelho da alma."
“os olhos são o espelho da alma".
O córtex órbito-frontal (COF) está localizado atrás e acima das órbitas e nele se juntam a parte mais baixa do córtex cerebral, o cérebro racional, a via principal, e as amígdalas, parte mais elevada dos centros emocionais, a via secundária. Há ligação destes centros com o tronco cerebral, responsável por reações automáticas.
O córtex órbito-frontal faz uma ligação entre pensamento, sentimento e ação. Através dele podemos fazer uma avaliação social instantânea, saber como nos sentimos em relação a outra pessoa, como ela se sentem em relação a nós e decidir como nos comportaremos. Contém neurônios que detectam
emoções no rosto e olhos das outras pessoas que nos permitem fazer interações sociais.
A ressonância magnética da mãe de um recém nascido olhando o retrato de seu bebê, mostra que seu COF se ilumina, não ocorrendo o mesmo com o retrato de um bebê desconhecido. No caso de dois amantes que se beijam, o COF, além de avaliar a situação, permite a constatação do amor existente.
O COF interfere no beijo dos namorados.
Os
neurônios fusiformes são células especiais cujo
corpo é até quatro vezes maior do que os neurônios normais e cujos axônios são
mais longos, permitindo aos estímulos transitarem com maior velocidade. Parecem
estar relacionados com a função psicológica da intuição e fazem conexões entre
o COF e o córtex cingulado anterior (CCA), área do cérebro responsável pelo
direcionamento da atenção, coordenação dos
pensamentos, emoções e sentimentos.
Quando fazemos um
julgamento inicial para saber se começaremos um namoro com alguém, grande parte
da decisão ocorre no primeiro encontro e depende dos neurônios fusiformes,
ricos em receptores de serotonina, dopamina e vasopressina, importantes na empatia, amor, prazer e
interações sociais.
A ressonância
magnética mostra que as células fusiformes
se concentram numa área do COF que fica mais iluminada durante a
empatia, quando a pessoa olha o retrato da pessoa amada, conhece alguém
atraente ou julga estar sendo enganado. Tais células são abundantes numa área do córtex cingulado anterior, que tem
papel importante no reconhecimento da expressão facial das emoções. Pessoas
mais conscientes de maneira interpessoal
têm maior atividade no CCA ).
Uma tomada de decisão
começa com a ativação do cingulado, espalha-se pelas células fusiformes do COF
e daí para os circuitos emocionais, onde surge um sentimento ser
consciente ou não. O córtex cingulado e o COF entram em atividade quando fazemos
uma escolha ou damos valor a algo.
Num encontro com
alguém o CC e o COF permitem que façamos seu
julgamento em 0,05 do segundo, enquanto as áreas pré-frontais dão
informações sobre o contexto social e nos levam ao afastamento ou aproximação.
É grande a importância do COF nas interações sociais pois ele nos orienta dando informações para para nos comportarmos adequadamente.
Na sintonia há
conexão com a outra pessoa. Ela só existirá se houver atenção a ela. Quando
há sintonia, a pessoa é ouvida atentamente, procuramos entendê-la e o que
dizemos leva em conta o que ela sente, diz e faz.
Podemos melhorar
nossa capacidade de sintonizar dando mais atenção às outras pessoas e
ouvindo-as pacientemente, tentando sintonizar e compreender suas emoções e
sentimentos. Resulta um diálogo que pode
atender às necessidades de ambos, cada um falando o que sente.
Pesquisa mostra que
quanto maior é a atenção, maior a sintonia com o outro. Um bebê de dois meses,
para sintonizar com a mãe que se aproxima, fica quieto, acalma a respiração, se
volta para sua direção e olha para seus olhos e lábios, atento ao que ela diz
ou faz.
Os melhores líderes,
professores e gerentes têm grande capacidade de ouvir. A sintonia aumenta ao
fazer perguntas para entender melhor a situação e sem ela qualquer relacionamento tende a extinguir-se,
por falta de conexão das pessoas.
A precisão empática possibilita a compreensão do que a outra pessoa pensa e sente e é um avanço em relação à empatia primordial, pois além de contatar com os sentimentos e pensamentos do outro, você procura compreendê-los. É uma habilidade cognitiva que envolve circuitos da via primária do neocórtex cerebral, especialmente os localizados nas áreas pré-frontais. Enquanto a empatia primordial é de natureza emocional e relacionada com a via secundária, a precisão empática é emocional e cognitiva, envolvendo ambas as vias.
A precisão empática
parece ser um dos segredos do sucesso de um casamento, principalmente nos seus
primeiros anos. Pesquisa realizada com casais mais precisos na leitura dos
parceiros, mostraram que entre eles há níveis mais elevados de satisfação,
tendendo o casamento a durar mais (GOLEMAN).
Na precisão empática,
para sentir e entender o que outra pessoa sente, utilizamos os mesmos circuitos
cerebrais usados em nossa experiência.
A cognição social é o conhecimento
de como o mundo social funciona. A pessoa competente em cognição social sabe o que esperar de uma situação e a
maneira certa de se comportar . Sabe interpretar os sinais sociais de um grupo
e localizar onde está o poder em uma organização. Uma manifestação de cognição
social está na capacidade de encontrar soluções adequadas para problemas
sociais do tipo como fazer amigos e como organizar uma mesa para inimigos se sentarem.
As habilidades da
consciência social interagem entre si : a precisão empática se baseia na
capacidade de ouvir e na empatia primordial e todas três citadas ampliam a cognição social, enquanto a percepção interpessoal é o alicerce para
a facilidade emocional. Para navegar no mundo interpessoal e compreender os
acontecimentos sociais é fundamental uma boa cognição social.
SINCRONIA
A sincronia entre os
movimentos e expressões corporais de duas pessoas que interagem cria uma
harmonia no relacionamento e esta conexão é fundamental para o sucesso. A sincronia inconsciente entre os corpos de
duas pessoas permite à interação fluir naturalmente, pela comunicação não
verbal.
As pessoas que sofrem
de “dissemia”, incapacidade de ler os sinais não verbais do interlocutor, têm
problemas sociais e em crianças pode levar à rejeição social. Nestas pessoas,
as expressões faciais não correspondem
aos sentimentos e elas perdem a capacidade de perceber os sentimento do outro.
A dissemia se
manifesta nos adultos como incapacidade de seguir pistas não verbais no
relacionamento e isto pode levar ao isolamento social, podendo decorrer de
trauma emocional e ocorrer sem déficits neurológicos, como no autismo.
Na apresentação
pessoal, o vestuário da pessoa deve ser compatível com a situação social: numa
cerimônia, ela deve vestir-se com terno e gravata se for o caso
e não com um short e uma camisa de exercícios físicos.
Um dos aspectos da apresentação pessoal é o
carisma, que inclui a capacidade de comunicar suas emoções. Um dos fatores do
sucesso do grande líder ou palestrante é a facilidade de transmitir suas
emoções e entusiasmar os ouvintes, fazendo com eles entrem em sintonia. É
importante o uso da voz, variando o ritmo e
intensidade, permitindo a transmissão das emoções.
Outro segredo é saber controlar a expressão das emoções de modo a atender às normas sociais da
cultura. Se a cultura não valoriza a expressão de emoções nos locais de
trabalho, esta regra deve ser respeitada. Na nossa cultura aceita-se que as
mulheres expressem medo, tristeza e choro, na vida privada, mas não no
trabalho. Para os homens o choro é desaprovado em qualquer situação e os
meninos, desde pequenos, ouvem que “ homem não chora”.
INFLUÊNCIA E PREOCUPAÇÃO
A influência é a
capacidade de obter bons resultados numa interação social, utilizando tato
e auto-controle. Deve-se fazer com que o
interlocutor sinta-se à vontade e uma forma de conseguir isso é a pessoa
expressar suas emoções, o que causa boa
impressão no interlocutor e o deixa cômodo.
Uma boa cognição
social é importante para a influência, assim como ter a capacidade de adequar a
expressão das emoções à situação. Dosar adequadamente a expressão corporal e
facial, intensidade e tom da voz e ser discreto socialmente são condutas
úteis em qualquer contexto.
A preocupação reflete
a capacidade de compaixão da pessoa. É conseqüência da empatia, pois sentir as
necessidades do outro serve de estímulo à ação para ajudá-lo. Pessoas mais
sensíveis ao sofrimento alheio se mobilizam
mais para ajudar e pesquisas sugerem que estimular a atenção e a preocupação
das crianças para as necessidades alheias pode aumentar a
compaixão nelas (GOLEMAN).
EDUCAÇÃO DA VIA SECUNDÁRIA
Ekman (2008)
desenvolveu uma técnica, denominada de METT (Micro Expression Trainig Tool),
para ensinar a melhorar a empatia primordial. É baseada nas
microexpressões faciais da pessoa observada, que levam cerca de 1/3 do segundo
para desaparecer da face e mostram como ela se sente no momento.
Elaborou um CD para
treinamento que leva menos de 1 hora onde são apresentados os rostos de pessoas
com expressões neutras ou de raiva, medo, felicidade, tristeza, surpresa, nojo
ou desprezo. O observador tenta identificar a emoção em cada expressão apresentada,
primeiro com a velocidade de 1/15 do segundo, depois com 1/30 do segundo,
sucedidas por imagens congeladas para permitirem ver melhor cada expressão e
também a avaliação das tentativas feitas.
Segundo Ekman a
maioria das pessoas acerta
Doux conta que, no
início do século XX, um neurologista fez um experimento com uma portadora de
amnésia grave a ponto do médico ter de se reapresentar em cada consulta. O
médico escondeu uma tachinha na sua mão, estendeu-a para a mulher e apertou sua mão, ferindo-a. Saiu e
voltou pouco depois, perguntando-lhe se ela o conhecia, e recebeu como resposta
um não. Em seguida o médico estendeu a mão para apertar a da paciente mas ela
se recusou a apertá-la, numa evidência de que se lembrava da dor que sentira.
A causa da amnésia da
paciente era uma lesão da via principal, no lobo temporal e por isto os fatos
relacionados com a cognição eram esquecidos. Como a via secundária da paciente, a amígdala,
estava intacta, ela guardou a lembrança da dor produzida pela tachinha, e se
negou a apertar a mão do médico.
Você deve avaliar sua Inteligência Social para ver onde pode melhorar. Através do teste abaixo você pode fazer esta avaliação. Depois de responder as questões, analise suas respostas para saber onde melhorar. A avaliação não é aprofundada, pois ela exigiria um questionário mais complexo.
Instruções
Questões :
Questão 1 :Quando me relaciono com alguém procuro ver se ele se sente bem e o contato lhe é agradável.___ S
Questão 2 : Quando me relaciono com alguém
deixo bem claro qual meu objetivo na relação. ___ S
Questão 3 : Quando me relaciono com alguém não procuro
compreender seu ponto de vista. ___N
Questão 4 : Quando converso com alguém fico atento para seus sinais de comportamento não verbal. ___S
Questão
5 : Gosto de descobrir o que motiva o comportamento
de outras pessoas __ S
Questão 6 : Quando eu discordo de uma pessoa o
faço grosseiramente. ___ N
Questão 7 : Costumo interromper o interlocutor ao conversar com ele._ N
Questão 8 : Eu não costumo fazer escuta ativa
de meu interlocutor. ___ N
Questão 9: Geralmente eu tomo a iniciativa de me apresentar a estranhos. ___ SQuQestão 10 : Em reuniões eu gosto de falar com muitas pessoas. ___ N
Questão 11: Procuro perceber a impressão que
causo nos outros.___ S
Questão 12: Me sinto confortável ao me
relacionar com pessoas de qualquer
idade. ___ S
Questão 13: Muitas vezes me sinto como o porta
voz de um grupo. ___ N
Questão 14: Não me ajusto a qualquer situação social. __ N
Questão 15: Geralmente sou aplaudido quando falo em público. ___S
Primeiro conte o número de respostas afirmativas S e o de negativas N.
A seguir dê 1 ponto para cada resposta afirmativa nas questões 1,2,4,5,9,11,12,15. Se respondeu N, negativamente, às questões 3,6,7,8,10, 13 e 14. Para sua pontuação final, considere estas respostas invertidas, como se tivesse dado S, e dê 1 ponto para cada uma delas. Sua pontuação final será a soma dos S obtidos.
Exemplo: se respondeu S para 9 questões
e N para 6 questões, que serão convertidas para S, sua pontuação final será 9 + 6 = 15.
● Pontuação entre 11 e 15: você tem nível bom de Inteligência
Social . Identifique suas deficiências e pratique as
recomendações deste e-book. Repita o teste para
ver se conseguiu melhorar.
1. Thorndike, criou o conceito de Inteligência Social para designar
“a capacidade de entender e administrar homens e mulheres”. Uma análise
das idéias de Gardner, mostra
que ele considerou a Inteligência Social, ao propor a Inteligência Interpessoal
como parte da inteligência pessoal.
2. Damásio trata das emoções sociais e considera que surgem quando o
indivíduo se relaciona socialmente. Considera que o estímulo para aparecer uma
emoção social está no relacionamento e trata das condições para seu
aparecimento. Dá como exemplos simpatia,
compaixão, vergonha, culpa, desprezo, indignação, admiração, gratidão, orgulho,
inveja e outras.
3. Azanedo (2020), em pesquisa publicada no
Ncbi , associa a Inteligência Social à satisfação com a vida, ao bem estar
psicológico, à habilidade de se relacionar com outras pessoas e conseguir a
cooperação delas.
4. O efeito da Inteligência Social nos
relacionamentos é grande, pois afetamos as emoções e o humor dos outros, bem como seus corpos.
Através de emoções positivas podemos ajudar a melhorar o estado de saúde de
outra pessoa, e das emoções negativas podemos influenciá-las negativamente.
5. Numa
interação social o processo cognitivo do sujeito cognoscente passa pelas
seguintes etapas: Empatia Primordial, em que ele percebe as emoções,
sentimentos e pensamentos do outro; Sintonia, em que ele concentra sua
atenção na sua expressão corporal,
sentimentos e pensamentos. Na Precisão empática em que o sujeito procura compreender os
sentimentos e pensamentos do outro. Finalmente, o sujeito procura identificar os
elementos do meio social circundante, na Cognição Social.
6. A inteligência social inclui aptidões
cognitivas, relacionadas com o pensamento e compreensão intelectual e aptidões
não cognitivas, relacionadas com as emoções e a intuição, que são automáticas,
só precisam ser executadas. Como quando você está ao volante de um carro,
percebe um barulho e desvia o volante para o lado oposto, sem pensar.
7. São considerados dois componentes da
inteligência social: a consciência social e a facilidade social. A
consciência social abrange a capacidade de sentir instantaneamente o estado
interno do outro, seus sentimentos e pensamentos, e as situações sociais. Tem
quatro componentes: empatia primordial, sintonia, precisão empática e
cognição social. A empatia primordial permite a compreensão dos
sentimentos do outro. A sintonia possibilita que a pessoa se conecte com
a outra, enquanto a precisão empática possibilita a compreensão do que o
outro sente. A cognição social permite saber como o mundo social
funciona e como resolver os problemas sociais.
8. A facilidade social permite utilizar
a consciência social para que ela se torne produtiva e eficaz e inclui quatro
elementos: sincronia, apresentação pessoal, influência e preocupação. A sincronia
, baseada na interação não verbal com a outra pessoa , permite que a relação
social flua naturalmente através de uma inter-relação não verbal harmônica. Seu
fundamento está na capacidade de ler os sinais não verbais emitidos pelo outro
através da face, olhos, membros e corpo.
São sinais de sincronia: sorrir para o
outro na hora certa, balançar a cabeça em sinal de concordância com ele ,ou
inclinar o corpo para sua direção na hora certa. São sinais de assincronia balançar
as pernas nervosamente ou permanecer imóvel durante a interação.
9.Outro elemento da facilidade social é a Apresentação Pessoal, importante para causar a impressão e o impacto desejados nas interações sociais. Influem no relacionamento a forma como nos apresentamos, roupa, penteado e o carisma pessoal, a capacidade de despertar no outro as emoções que sentimos e fazer com que ele embarque nelas: o entusiasmo, alegria, raiva, tristeza, etc.
10. Outro elemento da facilidade social é a Influência
Social, a capacidade que a pessoa tem de moldar construtivamente o
resultado de uma interação social expressando-se de forma adequada, deixando o
interlocutor à vontade. Por fim, a Preocupação Social é a capacidade de
sentir as necessidades e interesses do outro
e esforçar-se para ajudá-lo.
11. O
termo “cérebro social” se refere a circuitos cerebrais que entram em
funcionamento quando uma pessoa se relaciona com outra. Algumas estruturas
cerebrais são os caminhos neuroanatômicos da Inteligência Social e desempenham
papeis significantes nos relacionamentos, mas não há nenhuma zona mais
importante ou exclusiva para a vida social.
O mapeamento das zonas cerebrais ativadas
durante os relacionamentos sociais identificou a via principal e a secundária. A “via principal”
opera com o controle voluntário, exige esforço e os estímulos andam com menor
velocidade. A via secundária opera no automático, com grande velocidade.
Está relacionada com processos afetivos, inclui
amígdalas cerebrais, córtex cingulado anterior e frontal e regiões relacionadas
com emoções.
REFERÊNCIAS
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