segunda-feira, 15 de outubro de 2018

42- O AMOR ROMÂNTICO PROLONGADO



Esta página se destina a divulgar, informações sobre Educação das Emoções e Educação da Atenção. Baseia-se em livros e pesquisas realizadas por Universidades, sobre Neurociências, Medicina e Psiconeuropedagogia.
Os posts refletem a experiência de dezenas de anos de trabalho do Autor em instituições educacionais de ensino superior e médio, e da publicação de vários livros e monografias sobre os temas. 
O material deste blog é exclusivamente informativo e não tem finalidade terapêutica, que só deve ser feita por médicos e psicólogos.

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                                                Leitura em 19 minutos

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Aproveite o máximo as coisas boas que tiver na vida!
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Neste post você verá a pesquisa de Branden sobre o comportamento de casais apaixonados durante muitos anos. Porque alguns consideram erroneamente o Amor Romântico um vício, e porque ele não é um vício, bem como  as instituições médicas internacionais que não o consideram como vício. E a estória dos seres divididos, contada por Platão.
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Como se comportam os casais 

               apaixonados bem-sucedidos?


      Existem casais que ficam apaixonados por dezenas de anos. Têm brigas e dificuldades de relacionamento, mas preservam o amor durante muito tempo. Branden, pesquisou estes casais e  verificou que seus principais comportamentos foram:
♦ Os apaixonados expressam seu amor verbalmente ou por meio de comportamentos que o parceiro considera uma mensagem de amor. Agradam o parceiro sempre dando-lhe pequenos presentes - flores, guloseimas e outros agrados, gestos estes que significam dizer "Eu te amo" ou algo equivalente. Esse comportamento mantém e fortalece o amor. 
     

Os apaixonados durante muito tempo expressam o amor com presentes.

      ♦  Os apaixonados durante muito tempo são afetuosos, ficam de mãos dadas, se abraçam e beijam, e se confortam, dando uma xícara de café, um travesseiro ou botando um cobertor. Diz Branden que uma esposa lhe contou que “Para mim, um  afago é tão importante quanto falar ou fazer amor ”.

Os apaixonados durante anos são afetuosos, se abraçam e ficam de mãos dadas.
     


♦ Os apaixonados durante muito tempo expressam seu amor sexualmente
As pessoas felizes no amor são inclinadas a experimentar a intimidade sexual como uma forma de contato. O sexo continua a ser vital para eles, mesmo com o passar do tempo, mas eles não o consideram o aspecto mais importante do relacionamento. Acham que a união do casal é mais “ espiritual” . Há grandes variações na frequência de fazer amor entre os casais e o ato sexual é ligado a sentimentos de amor, carinho e muitas emoções.



As pessoas felizes no amor prolongado experimentam a intimidade sexual.

  Os apaixonados durante muito tempo expressam verbalmente sua admiração e apreciação pelo parceiro. Conversam sobre muitas coisas, dizem ao outro que o apreciam e admiram, e se sentem apreciados e valorizados por ele. Relata Branden que uma mulher lhe disse.

“Se eu estou contando a meu marido o que fiz no trabalho naquele dia, ou a maneira como me visto, ou como preparei uma refeição, ele presta atenção a tudo. E me deixa ver seu orgulho e alegria. Sinto-me como se estivesse debaixo de um maravilhoso holofote. 
Vou lhe dizer uma coisa: ser amado pode ser a melhor coisa do mundo, mas amar alguém, ser capaz de apreciar e admirar alguém, como eu faço com meu marido, ainda é melhor. E eu deixo ele saber disso.”


Os casais idosos bem sucedidos no amor conversam sobre muitas coisas.


 Os apaixonados durante muito tempo conversam sobre si mesmos e sobre suas vidas. Conversam sobre suas vidas interiores, sobre seus pensamentos, sentimentos, esperanças, sonhos, aspirações, mágoas, raivas, saudades e lembranças, São interessados ​​na vida do outro e confiam e ouvem muito o parceiro.


       Os casais idosos que se amam conversam sobre suas vidas interiores.

          Os apaixonados durante muitos anos oferecem apoio emocional um ao outro. Estão juntos na doença, nos tempos difíceis, e são os melhores amigos um do outro, sendo dedicados aos seus interesses e bem-estar.
Os idosos apaixonados são os melhores amigos um do outro.

Os apaixonados durante muito tempo expressam o bem querer  ajudando ao outro. Ajudam nas tarefas para aliviar o parceiro, compartilhando o trabalho doméstico ou fazer tarefas extra. O desejo de dar prazer ao parceiro é claro e a recompensa é ver uma expressão de alegria e satisfação no seu rosto.

Os apaixonados de muito tempo expressam o amor com carinhos.


 Os apaixonados durante muito tempo são tolerantes um com o outro. Os casais que vivem juntos durante muito tempo não se importam com às imperfeições do outro. Cada um sabe que não é perfeito e não exige perfeição do parceiro. Para eles, as virtudes do parceiro superam suas deficiências e levam em conta mais seus  lados positivos. Mas pedem  ao outro mudanças de comportamento, e conseguem. Não dão muita importância às dificuldades naturais do relacionamento.

 Os apaixonados durante muito tempo dedicam horas para ficarem sozinhos. Eles acham que é importante estimular o relacionamento e que o Amor Romântico precisa cuidado e atenção. Não gostam de participar de atividades que os separem, a menos que hajam razões muito fortes. Para Branden, a maior ameaça para eles não vem do trabalho, mas de suas obrigações sociais, pois sabem que as noites passadas com outras pessoas não podem jamais serem vividas a sós.

Os apaixonados de muito tempo dedicam tempo para ficarem sozinhos.

 Todas as características citadas, diz Branden,  não estavam presentes em todos os relacionamentos felizes, mas em qualquer relacionamento feliz a maioria delas estava presente.



Porque alguns consideram erradamente que o Amor Romântico é um vício?


O Amor Romântico tem elementos que levaram alguns pesquisadores a considerá-lo erradamente um vício semelhante ao fumo, alcoolismo, jogo, usar cocaína e drogas semelhantes. São considerados a obsessão do apaixonado, pensar frequentemente no seu amor, o prazer com sua presença e o contato físico. A bioquímica cerebral do apaixonado é comparável à dos viciados, pelo aumento da dopamina e noradrenalina e diminuição da serotonina. (Earp,https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5378292/).

 Os viciados têm dependência  de seus vícios e síndromes de abstinência quando privados deles e os apaixonados privados do contato com o amado também podem ter dependência e crise de abstinência, que pode chegar ao desespero e ao suicídio quando a relação acaba.

Os viciados em cigarros quando privados deles têm dependência.

Entretanto uma análise mais profunda mostra que o Amor Romântico não é um vício, pelas razões seguintes:
        1. A palavra Vício, vem do latim VITIO e significa "falha", "defeito". O vício é um hábito maléfico que depois de certo tempo causa prejuízos ao viciado e às pessoas que o cercam.
       Um vício, como fumar, beber, etc. é uma falha, um defeito. E é maléfico.

2. Uma das necessidades básicas humanas é a Necessidade de Ligação, que se expressa de diversas formas, como pelo Amor Romântico, uma forma particular de amor.
3. Bilhões de seres humanos praticam o Amor Romântico em todo o mundo, para atenderem a suas necessidades emocionais e manterem a espécie humana. Como pode o Amor Romântico ser um vício, se leva bilhões de pessoas ao bem-estar e à felicidade? Não é lógico aceitar-se esta afirmativa.

O Amor Romântico não é um vício, pois leva ao bem-estar e à felicidade.

Ao contrário, o Amor Romântico pode ser considerado uma virtude, pelo prazer, alegria, bem-estar e contentamento que traz aos apaixonados.
           O Amor Romântico é uma virtude, pelo prazer, alegria e bem-estar que traz.

4. Por outro lado, uma das finalidades do Amor Romântico é garantir a sobrevivência da espécie humana. Como ele é um defeito humano, se a finalidade é tão nobre? Não é razoável aceitar-se isto.

     Se uma finalidade do Amor é a sobrevivência humana,ele não pode ser um vício.

5. É verdade que há amores românticos doentios, que são expressões de defeitos e desvios, e que causam mal a outras pessoas. Mas constituem exceções à regra geral, que devem ser tratados pela Medicina.
 Quanto às semelhanças bioquímicas apontadas, o Amor Romântico utiliza os mesmos caminhos cerebrais utilizados por outros processos mentais, porque estes são os caminhos disponíveis. Mas isto não o transforma em vício. Duas pessoas diferentes podem andar pelo mesmo caminho e isto não as torna iguais.

Daí concluir-se que o Amor Romântico não é vício.

 Porque Instituições internacionais Médicas não consideram o Amor Romântico um vício?


Num amor profundo o apaixonado tem um sentimento  muito forte e muitos pensamentos sobre o apaixonado, que lhe trazem bem-estar e alegria. Ele pensa muito em seu amor, porque faz parte da natureza do seu sentimento, mas isto não quer dizer que ele tenha uma obsessão, pois não é portador de um vício.  Não  confundir amor profundo com obsessão e vício. 

Um amor profundo correspondido, em vez de malefício traz bem-estar e alegria. O desejo do apaixonado de estar junto da pessoa querida é diferente do comportamento compulsivo que ele teria se o amor romântico fosse um vício. O desejo é espontâneo e não uma compulsão, que é uma imposição interna irresistível que o empurraria para seu amor.

A compulsão é uma imposição interna que leva a pessoa a procurar o vício.


No amor o desejo faz o apaixonado procurar o outro.

Duas instituições internacionais classificam as doenças humanas e não consideram o Amor Romântico um vício. Algumas pessoas não controlam seus comportamentos sexuais e assediam outras de forma não consentida, e este comportamento é rotulado por alguns, equivocadamente, de "vício sexual".

Para a Organização Mundial de Saúde, na “Classificação Internacional de Doenças – CID 11”, a denominação correta para este distúrbio é  "Transtorno Compulsivo do Comportamento Sexual". Um apaixonado pode ser portador deste distúrbio sexual, mas não é por isto que o Amor Romântico deva ser considerado um vício (https://www.psychologytoday.com/us/blog/in-the-name-love).

A Organização Mundial da Saúde(Genebra), não considera o amor um vício.

No mesmo sentido, a Associação Americana de Psiquiatria, através do “Manual Diagnostico e Estatístico de Transtornos Mentais”, o DMS -5 na sua última versão, denomina o transtorno de "Hipersexualidade", ou seja, também não considera os distúrbios do Amor Romântico como vicio.

A estória dos Seres Divididos

 Platão, no “Banquete”, na palavra de Aristófanes, dá uma interpretação do significado do amor romântico. Ele diz que
“Se os homens tivessem percebido o poder do amor, (...) os maiores templos e altares lhe preparariam, e os maiores sacrifícios lhe fariam(...). E descreve o ser humano de antigamente, com dois sexos, masculino e feminino:

 “Inteiriça era a forma de cada homem, com o dorso redondo, os flancos em círculo; tinha quatro mãos e quatro pernas, dois rostos sobre um pescoço torneado; mas a cabeça sobre os dois rostos opostos um ao outro, era uma só. Quatro orelhas e dois órgãos sexuais'(PLATÃO, O Banquete, Os Pensadores III, Ed. Abril Cultural, São Paulo,1972,p150).

Os seres humanos eram muito presunçosos e brigaram com os deuses do Olimpo. Eles pediram providências a Zeus e este decidiu dividir cada ser ao meio, para ele ficar mais fraco. Zeus mandou cortar cada ser humano em dois. A partir daquele momento cada ser passou a ter o desejo de encontrar sua outra metade, unir-se a ela e lhe dar a mão para viverem juntos, procurando ser felizes.

Esta é a grande lição que Platão nos deu, há cerca de 300 anos antes de Cristo, lição esta com a qual a Medicina e a Neuropsicologia do século XXI estão de acordo: procure encontrar no mundo sua outra metade e quando encontrá-la se entregue a ela com todo sentimento, confesse seu amor e seja um só com ela. Se complete como ser humano. Assim poderá ter uma vida com melhor qualidade, mais saúde,  mais bem-estar e será mais feliz.

Encontre sua outra metade, confesse seu amor e seja feliz com ela.

                               
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Agradecemos a valiosa colaboração do Prof. Gilson Vieira, através de sugestões e revisão do texto.
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RESUMO

1. Há casais que permanecem apaixonados por dezenas de anos apesar das brigas e dificuldades. Branden os pesquisou e constatou que seus principais comportamentos foram os seguintes, embora  as características   referidas não estivessem presentes em todos os casamentos felizes, mas estavam na maioria deles.

      Os casais apaixonados expressam seu amor verbalmente ou por  comportamentos de uma forma que o parceiro considera uma expressão de amor. Eles agradam o parceiro dando a ele pequenos presentes, que equivalem a dizer "Eu te amo" ou algo semelhante.

     2. Eles são afetuosos, se dão as mãos, abraçam-se, beijam-se, etc. e expressam o amor sexualmente. O sexo é vital para eles, mesmo com o passar do tempo, porque o consideram como uma forma de expressar o amor. Expressam verbalmente sua admiração e apreciação pelo parceiro, e conversam sobre muitas coisas.

3. Conversam sobre si mesmos e sobre suas vidas, sobre seus pensamentos, sentimentos, esperanças, sonhos, aspirações, mágoas, raivas e lembranças. Confiam e ouvem o parceiro, mais do que a outros e dão apoio emocional a ele, estando juntos na doença e nas crises. São os melhores amigos um do outro, dedicando-se aos seus interesses e bem-estar.

4. Eles expressam seu amor ajudando a fazer as tarefas, inclusive do trabalho doméstico. Querem sempre dar prazer ao parceiro e para eles a recompensa é ver alegria e satisfação no seu rosto.  São tolerantes um com o outro, e não dão valor às suas imperfeições. Para eles, as virtudes do parceiro superam suas deficiências e consideram mais seus aspectos positivos. Não dão muita importância às dificuldades de relacionamento existentes.

5. Criam tempo para ficarem sozinhos, pois acham que o amor para durar merece cuidado e atenção. Não gostam de participar de atividades que os separem, a menos que hajam razões muito fortes. A maior ameaça para eles está nas suas obrigações sociais, pois acreditam que as noites passadas com outras pessoas são perdidas para eles.

6.  O Amor Romântico tem algumas características que levaram alguns pesquisadores a considerá-lo erradamente um vício, igual ao fumo, alcoolismo, jogo e drogas. São elas  a obsessão pelo apaixonado, o prazer com sua presença e o contato físico. Por outro lado, a bioquímica cerebral do apaixonado é comparável à dos viciados, devido ao aumento da dopamina e noradrenalina e diminuição da serotonina.
Os viciados têm dependência e síndromes de abstinência quando privados de seus vícios e os apaixonados privados do contato com o amado podem ter dependência e crise de abstinência, que podem chegar ao  suicídio, se a relação  acabar.

7. Mas uma análise mais profunda mostra que o Amor Romântico não é um vício, pelas razões seguintes: a palavra vício, vem do latim VITIO e significa "falha", "defeito". O vício é um hábito maléfico que depois de certo tempo causa prejuízos ao viciado e às pessoas que o cercam. 

Uma das necessidades humanas básicas é a de Ligação, que se expressa pelo Amor Romântico, em bilhões de seres humanos no  mundo. Não é razoável aceitar-se que o Amor Romântico seja um vício, desde que ele leva bilhões de pessoas ao bem-estar e à felicidade. Pelo contrário, ele pode ser considerado uma virtude, pelo prazer, alegria e bem estar que dá aos apaixonados.

8. Por outro lado, uma das finalidades do Amor Romântico é garantir a sobrevivência humana. Como ele pode ser um defeito humano, se tem uma finalidade tão nobre?  É verdade que há amores românticos doentios, que são expressões de  defeitos e desvios psicológicos, mas são exceções à regra geral e não podem ser universalizados. Daí a conclusão: o Amor Romântico não é um vício.

9. Em um amor profundo o apaixonado pode ter um sentimento muito forte e pensar muito na pessoa amada, mas isto não é uma obsessão, pois traz a ele bem-estar e alegria. Ele não tem uma compulsão, pois não é impelido de forma irresistível a se aproximar da amada.

Duas instituições internacionais não consideram o Amor Romântico um vício. Algumas pessoas não controlam seus comportamentos sexuais e assediam outras de forma não consentida, e este comportamento é chamado por alguns, de "vício sexual". Para a Organização Mundial de Saúde, na “Classificação Internacional de Doenças – CID 11”, a denominação correta é "Transtorno Compulsivo do Comportamento Sexual".

10 . No mesmo sentido, a Associação Americana de Psiquiatria, através do “Manual Diagnostico e Estatístico de Transtornos Mentais”, o DMS -5, na sua última versão, denomina este transtorno de "Hipersexualidade", e também não considera os distúrbios do Amor Romântico como vicio.

REFERÊNCIAS


2. Earp,et al. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5378292/) .

3. https://www.psychologytoday.com/us/blog/in-the-name-love

4. FISCHER, H, Por que Amamos, Record, Rio de Janeiro, 2006.

5. SANTOS, J.O., Educação Emocional na Escola, 2ª. Ed. Fac. Castro Alves, Bahia, 2000.

6. BRANDEN, N., A Psicologia do Amor. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 1998.
      
      7. Post 10, 7/6/2016,”Alegria e bom humor - como cultivar?

8. Post 38,15-8-18,“Como ter Bom Relacionamento ?”

9. https://www.psychologytoday.com/us/blog/in-the-name-love
10. PLATÃO, O Banquete, Os Pensadores III, Ed. Abril Cultural, São Paulo,1972.

IMAGENS:  Pixabay.com




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