E-book 28
Emoções
Morais e Autoconscientes; Vergonha e Culpa
P S I C O L O G I A
M O D E R N A
Blog emoçaoeatencao@blogspot.com
Prof. Dr. Jair de Oliveira Santos
2023 - Bahia- Brasil
QUEM É O AUTOR
Jair de Oliveira
Santos é Médico, Professor aposentado da Faculdade de Medicina da Universidade
Federal da Bahia, Graduado em Pedagogia, Especialista em Administração Escolar,
Fundador e ex-Diretor da Faculdade Castro Alves, onde foi coordenador do Núcleo
de Estudos das Emoções e do Programa de Educação das Emoções.
Criou o
blog emoçaoeatencao@blogspot.com onde publicou
90 Posts, durante 6 anos, que foram divulgado pela Google em 87 países e teve ,
segundo o site Ranking Data, cerca de 1 milhão e 188 mil acessos anuais. Fez o
lançamento do Podcast das Emoções, no citado blog, em 2021.
Pioneiro da Educações
das Emoções na Bahia, implantou-a na Faculdade Castro Alves e em vários
colégios, com excelentes resultados. Publicou os livros: 1- Educação
Emocional- fundamentos e resultados;2- Manuais de Educação Emocional; 3-
Educação Emocional na Sala de Aula, e 4-. Educação Emocional: Aspectos
Históricos, Fundamentos e Resultados.
Dedicou-se à Educação
Médica, foi Coordenador do Colegiado de Curso de Medicina da UFBA e o
presidente da Comissão de Currículo. Publicou livros e artigos na Revista da
Associação Brasileira de Educação Médica, dentre eles “Educação Médica e
Humanismo”, e” Educação Médica- Filosofia, Valores e Ensino”.
Dedico este e-book:
In memoriam:
A minha inesquecível esposa falecida,
Olívia,
E a meu Pai e minha Mãe.
A meus filhos:
Jair Filho, César, Telma, Vinicius e
Paulo
A meus netos:
Jéssica, Jair Neto, Ana Júlia, Pedro
Gabriel, Maria Eduarda , Larissa e Arthur.
● ● ●
A todos que nos propiciaram condições e
estimularam estudos, pesquisas e reflexões sobre a Educação das
Emoções.
● ● ●
“Quem conhece aos outros é inteligente
Quem conhece a si
mesmo é sábio “
Lao Tsé – Tao te King,
XXXIII
● ● ●
“Trata a humanidade, na tua própria
pessoa ou na de qualquer outra, como um fim em si, nunca apenas como um meio”
Kant I., “Fundamentação
da metafísica dos costumes”, 1786.
● ● ●
“Não há outro universo, senão o
universo humano, o universo da subjetividade humana. É procurando sempre fora
de si um fim que o homem se realizará como ser humano”
Sartre,J.P., “O Existencialismo é um
humanismo”, 1944
● ● ●
“Para criar uma boa
vida, não basta lutar por metas que nos trazem prazer, mas também
escolher metas que reduzirão a soma total de entropia no mundo”.
Mihaly
Csikszentmihalyi, A Descoberta do Fluxo, 1999.
COMUNICADO
A partir de 26-11-22, o blog emoçaoeatencao@blogspot.com
terá nova orientação, para
atender á sua vasta clientela de milhões de leitores, conforme avaliação
publicada pelo site Ranking Data, abaixo transcrita. Dentro de
sua filosofia de trabalho, publicará também e-books gratuitos, que conterão o
conteúdo dos posts já publicados, além de novos conteúdos, de modo a
constituírem um conjunto integrado de conhecimentos.
Ranking database emoção
atenção@blogspot.com, pesquisa.
Imagens de ranking data base
emocaoeatencao@blogspot.com
RELAÇÃO DOS CONTEÙDOS
DO E-BOOK 28
O material deste
e-book é exclusivamente informativo e não tem finalidade terapêutica, que deve
ser feita por médicos e psicólogos.
Capítulo 1: Emoção
Moral
Capítulo 2: Vergonha
Capítulo 3: Culpa e
Constrangimento
Capítulo 4: Emoções
Autoconscientes
Referências
Bibliográficas
CAPÍTULO 1
EMOÇÕES MORAIS
Neste post você verá o conceito das
emoções morais, suas principais famílias, como identificá-las e quais as
principais: vergonha, culpa, constrangimento, compaixão, gratidão, perdão,
admiração, nojo, raiva e desprezo. E o estudo da Vergonha, da Culpa e do
Constrangimento.
O que é uma Emoção
Moral?
Uma ação é moral quando a pessoa faz o bem do outro (Oxford Dictionary). Uma
ação que não faz o bem, não é moral.
Uma ação é moral quando faz o bem. Senão fizer o bem não
é moral.
Para estudar as questões morais há uma abordagem lógica, baseada no
raciocínio moral, e outra que considera os aspectos materiais da questão, as
regras e julgamentos morais.
Os efeitos da Emoção Moral beneficiam diretamente à sociedade ou a uma
pessoa, menos àquela que a sente ou ao juiz da questão.
O juiz de
uma questão não pode ser beneficiado numa emoção moral.
Uma emoção moral surge
se há violações morais ou é motivada pelo comportamento moral, podendo beneficiar
indiretamente a quem a sente. Ela surge em resposta às
violações morais. (http://faculty.virginia.edu/haidtlab/articles/alternate_versions/haidt.2003.the-moral-emotions.pub025-as-html.html).
As emoções morais surgem em resposta às
violações morais.
De um modo geral a emoção é uma
resposta da pessoa a um estímulo que visa atender seus interesses. No caso
do medo, a pessoa usa a contração muscular existente para fugir, e no caso da
raiva a emoção é usada para agredir a quem lhe
enraiveceu.
As emoções morais além
de influenciar a tomada de decisão da pessoa, regulam os comportamentos
sociais. Elas diferem das emoções básicas porque exigem que a pessoa
compreenda o que os outros pensam sobre ela. Por exemplo, uma moça com o olho desviado para dentro ou para fora, tem vergonha de não ser
aceita e pode deixar de ir a festas. Outra com o braço amputado pode ter vergonha e medo de ser ridicularizada.
As emoções morais existem em todas as
culturas e estimulam a pessoa a se relacionarem bem, para não
sofrer reações de seus membros. Elas são moldadas pelos valores culturais.
Um exemplo é o Perdão, que a pessoa pratica para livrar-se
do ressentimento ou do desejo de vingar-se de alguém que lhe fez sofrer. O benefício direto
do perdão vai para quem foi perdoado, mas quem perdoa tem benefícios indiretos,
pois se livra do sofrimento que a raiva lhe trazia e passa a ter
bem-estar. Reveja o e-book sobre Perdão.
A pessoa dá o Perdão para livrar-se do desejo de vingar-se.
Outra emoção moral é a Compaixão cujo estímulo é
o sofrimento de uma pessoa, que faz a outra sentir a emoção e procurar
diminui-lo. Quem tem compaixão não age para atender a um interesse direto seu,
e sim para aliviar a dor do sofredor, embora seja beneficiado indiretamente pelo
prazer de fazer o bem.
A Compaixão é uma emoção cujo estímulo é o
sofrimento de uma pessoa.
Também é o caso da Gratidão: quem sente
Gratidão dirige suas ações benevolentes para a pessoa à qual é grata,
retribuindo o bem que recebeu. Mas a pessoa portadora da gratidão sente prazer
também. As Emoções Morais compaixão, gratidão,
culpa admiração e outras, elevam o ser humano a um patamar mais alto e o ligam aos outros.
Características da Emoção Moral
As emoções são analisadas através das
expressões faciais e corporais que promovem, devidas a mudanças fisiológicas
que produzem e pela tendência para agir. Para identificar as
emoções morais utilizamos dois indicadores: o eliciador, que é o
desencadeador da emoção, e a tendência à ação da pessoa.
O Eliciador é o estímulo
que provoca o aparecimento da emoção. Como exemplos temos a injustiça social,
que causa a raiva moral; o sofrimento de alguém, que causa a compaixão; a ajuda
que alguém recebeu, que produz a gratidão. Os eliciadores podem ser
acontecimentos bons ou ruins e podem se originar em você mesmo (medo ou
alegria) ou em outras pessoas (vitórias, tragédias e transgressões delas).
Um terremoto pode ser a causa de emoções
morais nas pessoas.
A raiva que você sente ao ver alguém
bater em uma criança é uma emoção moral, mas a raiva que você sente quando
sofre uma agressão não é moral, porque ela é usada diretamente para você se
defender. A raiva pode ser sentida em situações em que não há interesse de
quem a sente e a pessoa tende a agir de forma pró-social, mas a
raiva violenta que é causada pela frustração sexual é altamente
imoral.
A raiva que você sente ao ver alguém bater em uma criança é uma emoção moral.Não há critérios rígidos para
classificar uma emoção como moral, porém quanto mais seus efeitos não
beneficiarem diretamente a pessoa, ela terá mais probabilidade de ser
moral.
Tendências de ação pró-social - a emoção
moral gera uma ação para responder ao estímulo provocador, mas esta ação pode
não ser praticada e a pessoa ficar só na tendência para agir. É o caso de
alguém que quer se vingar de outro e ainda não se vingou, ou de querer ajudar a
um amigo e ainda não ajudou.
As Emoções Morais têm uma tendência
para beneficiar outras pessoas ou a ordem social e por isto as emoções que
motivam a pessoa a ajudar outras são consideradas morais, ao contrário daquelas
que levam ao desprezo, vergonha e vingança. Uma emoção que induz a pessoa a
apoiar o desenvolvimento é moral.
A emoção que leva à
cooperação social é uma Emoção Moral.
Famílias de Emoções
Morais
Há quatro famílias
de emoções morais. As famílias grandes são a “dos condenados”, contendo
nojo, raiva e desprezo, além de seus descendentes, como indignação e aversão; e
a família “autoconsciente”, composta de vergonha, constrangimento e
culpa.
As famílias menores são a de "outros sofrimentos", com a
Compaixão e a das “louvadoras", com a gratidão e admiração ou
elevação (http://faculty.virginia.edu/haidtlab/articles/alternate_versions/haidt.2003.the-moral-emotions.pub025-as-html.html).
CAPÍTULO 2
V VERGONHA
Que é a Vergonha?
A vergonha é uma emoção negativa que a
pessoa dirige para si mesma, quando é julgada por outra por ter um defeito
significante ou parte de si inadequada ou imoral. A outra pessoa pode
ser real ou imaginária. Exemplos: uma pessoa que teve o braço amputado pode
sentir vergonha por não ter o braço; uma pessoa que passou anos na cadeia
pode ter vergonha de ter ficado preso (diversos presos se suicidam na cadeia).
O sentimento da vergonha é voltado para a própria pessoa.
Um paralítico pode ter vergonha de não poder andar
e sentir-se inferior.
A Vergonha é importante enquanto
elemento capaz de promover a coesão social dos grupos. Quando uma pessoa
desrespeita as regras sociais, os membros do grupo a que ela pertence
reagem com desprezo, raiva ou repulsa. E para não ser desprezada ela
evita desrespeitar as normas, para continuar a ser aceita.
A pessoa respeita as regras sociais para ser aceita
socialmente.
A vergonha é uma
emoção que a pessoa sente que envolve a forma com que as outras pessoas a vêm. Ela pode ser
expressa pelo constrangimento, pela humilhação, pelos sentimentos de defeitos
corporais ou pelo sentimento de baixa autoestima. Depende da cultura em
que a pessoa vive, de sua história de vida, das experiências familiares, da sua
personalidade e das circunstâncias.
Quais os efeitos da Vergonha?
A Vergonha é muito
ligada ao íntimo da pessoa e por isto é muito poderosa, podendo fazê-la
sentir-se fragilizada e inferior. A pessoa tem consciência de que os outros
percebem seus sentimentos. A Vergonha é uma ameaça à identidade da pessoa, e ao
seu relacionamento social, que pode tornar-se difícil ou impossível. Uma
adolescente que tem o nariz ou a boca muito grandes, sente vergonha e vive
isolada, sem aceitar convites para sair sair (https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/11010661).
Se a pessoa se isolar por causa da
Vergonha pode sentir ansiedade, angústia, medo de ser abandonada e a
necessidade de afeto, e sofrer muito. A literatura registra até casos de
suicídio (https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/9444730).
O sentimento da vergonha depende de
três fatores: o evento desencadeador, a vulnerabilidade da pessoa e o contexto
social. Uma causa da vergonha é o pensamento da pessoa sobre seu
próprio sentimento, que pode aumentá-la cada vez mais. A pessoa
envergonhada se sente inferior, supervaloriza a opinião dos outros e passa a
ser submissa (https://estudogeral.sib.uc.pt/bitstream/10316/32437/1/TESE%20MIP%20-%20Ana%20Sofia%20Salgueiro.pdf).
Quando uma pessoa sente vergonha
geralmente a evita, oculta ou ignora, o que a envergonha, pois ela gera
uma visibilidade aumentada para seus defeitos. A situação pode chegar a um
ponto em que a pessoa esconde seu defeito e deixa de lado o pensamento
racional. Um indivíduo envergonhado pode não de ter equilíbrio psicológico para
agir de acordo com suas necessidades e da comunidade. (https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6002275/).
O que é a Culpa?
A Culpa é uma emoção
negativa que a pessoa sente quando acredita ter feito algo errado ou tem a
intenção de fazer algo errado. É ligada ao comportamento: quando
você agride verbalmente uma pessoa amiga, depois sente Culpa e pensa que “eu
não devia ter dito aquilo”. E procura reparar seu erro com desculpas.
A Culpa é uma emoção
moral porque envolve a noção do certo e do errado, e é importante na formação
da consciência moral e no comportamento ético. Ela estreita os relacionamentos
(http://faculty.virginia.edu/haidtlab/articles/alternate_versions/haidt.2003.the-moral-emotions.pub025-as-html.html).
Culpa é uma emoção que
a pessoa sente quando acha que fez algo errado.
Diferença entre Culpa e Vergonha: a culpa é focada na
ação praticada pela pessoa, e a vergonha é voltada para a própria pessoa.
Na culpa a pessoa avalia seu comportamento e não a si mesma. Se você anda
na rua, se bate com outra pessoa e se sente culpada, pede desculpas pelo
choque. Mas se uma pessoa tem um defeito físico sua vergonha é causada por este
defeito, que ela tende a esconder.
A culpa é menos dolorosa do que a
vergonha e não afeta a autoestima do indivíduo, como a vergonha faz. Na Culpa a
pessoa sente uma certa tensão, remorso e arrependimento da transgressão praticada,
pensa no erro cometido, tem o desejo de comportar-se de forma diferente e de
reparar seu erro. São diferentes as decisões morais e os comportamentos na
culpa e na vergonha: depois de fazer algo errado a pessoa propensa à vergonha
tenta esconder ou negar, e na culpa a pessoa tende a compensar o erro pedindo
desculpas.
Como Vergonha e Culpa ativam o cérebro
As pesquisas mostram
que a Vergonha e a Culpa compartilham algumas redes neurais e têm áreas de
ativação individuais. A Vergonha ativa o lobo temporal, córtex cingulado
anterior e o giro para-hipocampal, enquanto a Culpa ativa o giro fusiforme e o
temporal médio.
Foram encontradas ativações específicas na Vergonha, no lobo frontal
(giro frontal medial e inferior) e na Culpa, na amígdala e na ínsula. As
ativações eram diferentes em homens e mulheres. Os pesquisadores concluíram que
as áreas frontal, temporal e límbica desempenham papel importante na produção
dos sentimentos morais.
Vergonha e a Culpa compartilham redes
neurais, com áreas individuais
de ativação
Que é o Constrangimento?
O Constrangimento
ou Embaraço é uma emoção que a pessoa sente quando comete um erro ou pratica
ações que contrariam as normas sociais. Ocorre na presença de outras
pessoas e pertence à família da vergonha e da culpa. A pessoa constrangida se
sente exposta, desajeitada e arrependida do que fez, porque no centro do
seu constrangimento estão avaliações negativas que ela faz de si mesma. A
diferença é que o Constrangimento resulta de violações de regras sociais,
enquanto a Vergonha resulta da violação de normas morais. http://faculty.virginia.edu/haidtlab/articles/alternate_versions/haidt.2003.the-moral-emotions.pub025-as-html.html.
Você pode sentir Constrangimento quando, mesmo sem ter intenção de
violar os padrões sociais, você arrota ruidosamente em público; ou tropeça e cai;
ou derrama bebidas na mesa durante uma refeição; ou rasga suas calças; ou vê
seus pensamentos e sentimentos íntimos divulgados; ou emite gases
acidentalmente, ou esquece os nomes das pessoas, e em situações semelhantes.
São sinais de constrangimento desviar o olhar para baixo, ter um sorriso
forçado ou botar a mão no rosto (que pode ficar vermelho). O constrangimento é
experimentado como uma ameaça à aceitação social da pessoa e pode gerar aumento
da produção de adrenalina, dilatando os vasos da face, que fica vermelha.
A ressonância magnética, utilizada para avaliar a base neural do constrangimento,
constatou ativação do córtex pré-frontal medial, sulco temporal posterior
superior esquerdo, córtex visual, córtex temporal direito anterior e o
hipocampo, bilateralmente. (https://www.ncbi.nlm.nih.gov/m/pubmed/15528097/).
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e divulgue este Post para termos pessoas com mais bem-estar, tranquilidade
e um mundo melhor!
RESUMO
1. Uma Emoção é moral quando seus efeitos
beneficiam diretamente à sociedade ou a uma pessoa, menos àquela que a sente ou
ao juiz de uma questão. Ela surge quando alguém viola a moralidade, podendo
também ser motivada pelo comportamento moral da pessoa que a sente, que tem
benefícios indiretos dela.
2. As emoções morais influenciam a
tomada de decisão da pessoa e regulam os comportamentos sociais. Exigem que a
pessoa emocionada compreenda o que os outros pensam a seu respeito. Uma
moça com estrabismo (olho desviado para dentro ou para fora) tem vergonha disto
e pensa que não pode ser aceita socialmente e por isto deixa de ir a festas.
3. Dentre os efeitos benéficos das
emoções morais está a estimulação da pessoa para se relacionar bem na
comunidade, para não sofrer reações de seus membros. Um exemplo é o
Perdão, que a pessoa pratica para livrar-se do ressentimento ou do desejo de
vingar-se de alguém que lhe fez sofrer. O beneficiário direto do perdão é
quem foi perdoado, mas quem perdoa tem benefícios indiretos, pois se livra do
sofrimento que a raiva lhe trazia e bem-estar.
4, Outra emoção moral é a
Compaixão cujo estímulo é o sofrimento de uma pessoa, do qual alguém
se compadece e procura ajudar. Também é o caso da Gratidão: quem sente Gratidão
dirige suas ações para a pessoa à qual é grata, retribuindo o bem que recebeu
dela. Emoções Morais como compaixão, gratidão, culpa, admiração e outras,
elevam o ser humano a um patamar mais alto e o liga aos outros seres humanos.
5. Para identificar as emoções
morais utiliza-se dois elementos: o eliciador, que é o desencadeador a
emoção, e a tendência à ação da pessoa emocionada. O Eliciador é o
estímulo que provoca o aparecimento da emoção, como a injustiça social, o
sofrimento de alguém, a ajuda que alguém recebeu, etc. Não há
critérios rígidos para classificar uma emoção como moral, porém quanto mais ela
não envolver diretamente quem a sente, mais poderá ser considerada moral.
6.Tendências de ação pró-social -
as emoções morais motivam quem a sente para algum tipo de ação, que pode não
ser executada e ficar com uma tendência, como querer se vingar de alguém
ou querer ajudar o outro. Fica uma tendência de beneficiar outras pessoas ou a
ordem social. As emoções que motivam a pessoa para ajudar os outros geralmente
são morais, e não são morais as que levam ao desprezo, vergonha e vingança. Uma
emoção que leva a pessoa a apoiar ou melhorar a cooperação social é uma emoção
moral.
7. São consideradas
quatro famílias de emoções morais: a “dos condenados” (nojo, raiva
e desprezo); e a “autoconsciente” (vergonha, constrangimento e culpa); a de
"outros sofrimentos" (Compaixão) e a das “louvadoras" (gratidão
e admiração).
8. A vergonha é uma
emoção negativa que a pessoa dirige para si mesma, quando é julgada por outra
por possuir um defeito ou ter parte de si inadequada ou imoral. Uma pessoa com
o braço amputado pode sentir vergonha por não ter o braço. O sentimento
da vergonha é focado na pessoa. Quando uma pessoa desrespeita as regras
sociais, os membros do grupo geralmente reagem com desprezo, raiva ou repulsa,
e para não ser desprezada a pessoa respeita as normas, para continuar a ser
aceita.
9. A vergonha pode ser
expressa de várias maneiras, desde o constrangimento, à humilhação, aos
sentimentos de defeitos corporais ou de baixa autoestima. Depende da
cultura em que a pessoa vive, de sua história de vida, das experiências
familiares, da personalidade e das circunstâncias. Ela pode fazer a
pessoa se sentir inferior, e ser uma ameaça a seu relacionamento social, que
pode ser dificultado ou impedido, como a moça que tem nariz grande e por isto
vive isolada, sem aceitar convites para sair.
10. A vergonha pode isolar a pessoa e
gerar o medo de ser abandonada e a necessidade de afeto. Quando uma pessoa sente
vergonha e declara estar envergonhada, isto pode aumentar a
intensidade dela, e por isto a vergonha geralmente é evitada, ocultada ou
ignorada. Isto é maléfico para a pessoa.
11. A Culpa é
uma emoção que a pessoa sente quando acredita ter feito algo errado ou tem a
intenção de fazer algo errado. Quando você agride verbalmente uma pessoa amiga,
depois sente Culpa e pensa que “eu não devia ter dito aquilo”. E procura
reparar seu erro pedindo desculpas. Ela importante estreita os relacionamentos.
12. Diferença entre Culpa e
Vergonha: a culpa é focada na ação praticada pela pessoa,
enquanto a vergonha é focada na própria pessoa. Na culpa a pessoa avalia seu
comportamento e não a si mesma. Se você anda na rua, se bate com outra
pessoa e se sente culpada, pede desculpas pelo choque. Mas se uma pessoa tem um
defeito físico, sua vergonha é por causa deste defeito. A culpa é menos
dolorosa do que a vergonha, porque não afeta a autoestima, como a vergonha
afeta. Depois de fazer algo errado a pessoa propensa à vergonha tenta
esconder ou negar, e na culpa a pessoa tende a compensar o erro pedindo
desculpas.
13. As pesquisas mostram que a
Vergonha e a Culpa compartilham algumas redes neurais, além de ter áreas de
ativação individuais. A Vergonha ativa o lobo temporal, córtex cingulado
anterior e o giro para-hipocampal, enquanto a Culpa ativa o giro fusiforme e o
temporal médio. A vergonha ativa também o lobo frontal e a Culpa, a amígdala e
a ínsula.
14, O Constrangimento é uma emoção que a pessoa sente
quando comete um erro ou pratica ações que contrariam as normas sociais. Ocorre
na presença de outros e a pessoa se sente desajeitada e arrependida do
que fez. A diferença para a Vergonha é que o Constrangimento resulta de desrespeito a
regras sociais, enquanto a vergonha resulta de desrespeito a normas morais.
15. Você pode sentir Constrangimento quando arrota
ruidosamente em público; ou tropeça e cai; ou derrama bebidas na mesa durante uma refeição; ou
rasga suas calças; ou vê seus pensamentos e sentimentos íntimos divulgados; ou
esquece os nomes das pessoas, etc. São sinais de constrangimento desviar o
olhar para baixo, um sorriso forçado, botar a mão no rosto (que pode ficar
vermelho). A ressonância magnética constatou no Constrangimento ativação do córtex
pré-frontal medial, sulco temporal posterior, córtex visual, córtex temporal
direito anterior e o hipocampo, bilateralmente.
Referências e Links
1. http://faculty.virginia.edu/haidtlab/articles/alternate_versions/haidt.2003.the-moral-emotions.pub025-as-html.html
2. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6002275/
3. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/m/pubmed/15528097/
4.
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/11010661.
5. https://estudogeral.sib.uc.pt/bitstream/10316/32437/1/TESE%20MIP%20-%20Ana%20Sofia%20Salgueiro.pdf
6. E-book Perdão, como cultivar.
7. E-book Que é Compaixão.
8. E-book Que é Gratidão?
9. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/9444730
Imagens: Pixabay,com
CAPÍTULO 3
QUE É EMOÇÃO AUTOCONSCIENTE?
Informações:
Recebemos da Academia de Educação da Califórnia,
pelo e-mail Academia.edu premium@academia-mail.com, informações que:
1. O nome "Jair Santos" está entre os quatro (4) autores
mais lidos, entre os cem(100) mais consultados da Academia.
2. Existem 234 (duzentas e trinta e quatro) citações de “Jair
Santos” nas pesquisas localizadas na biblioteca da Academia.
Neste
e-book você verá o conceito de Emoção Autoconsciente, suas principais
características, exemplos, seus benefícios e malefícios, causas, como
lidar com elas e como o cérebro é ativado nelas.
Que é Emoção
Autoconsciente?
Recentemente
um grupo de pesquisadores liderados por Tracy
e Robbins propôs uma classificação das emoções em dois grupos: as
emoções básicas e as emoções autoconscientes, considerando que elas surgem em
momentos diferentes da evolução humana, as básicas mais precocemente e as
autoconscientes mais tardiamente, além de outros fatores.
O grupo
das emoções básicas- raiva, medo, tristeza, alegria, nojo e desprezo-, surge
antes dos dois anos, são universais e com expressões faciais
próprias ( Damásio, O erro de Descartes), como mostra a figura abaixo:
Emoções básicas
ou primárias.
O outro grupo é o das
Emoções Autoconscientes, um tipo de emoção em que participa consciência da
pessoa e o modo que ela é vista pelos outros. Enquanto as emoções básicas tendem a aparecer automaticamente
e apresentam menor processamento cognitivo, as emoções autoconscientes dependem
da auto reflexão e da autoavaliação da pessoa, além de serem mais complexas.
São exemplos destas emoções a vergonha, culpa e orgulho, dentre outras, e desempenham papel
importante na motivação e na regulação dos pensamentos, sentimentos e
comportamentos das pessoas.
Na Emoção Autoconsciente a pessoa
reflete sobre si mesma.
Na Emoção Autoconsciente a pessoa
reflete sobre si mesma, avalia como se percebe, como os outros lhe percebem,
leva em conta sua reação e a
reação do outro. A pessoa analisa seu comportamento
e seu
corpo, compara-os com os outros, além de
verificar se sua conduta respeita as normas e expectativas por ela adotada. Um
exemplo é a vergonha que a pessoa tem de si mesma, ao ser julgada por outra
pessoa por ter um defeito corporal, como um braço amputado ou uma mancha branca
no rosto (vitiligo).Mas a emoção autoconsciente pode
aparecer também quando a pessoa achar
seu comportamento reprovável, como quando se sente culpada por qualquer por ter
agido mau.
O
que caracteriza a Emoção Autoconsciente?
Para Tracy e Robbins as emoções autoconscientes possuem as seguintes
características:
Primeira característica:
A existência das emoções autoconscientes requer que a pessoa tenha autoconsciência
e seja capaz de construir auto-representações em sua mente. A percepção
de seu Eu (self) deve incluir o sentimento continuo da autoconsciência, além
das auto-representações que fazem parte de sua identidade, e que abrangem o
conteúdo da sua cognição e de suas relações
sociais, permitindo-lhe fazer a auto-avaliação, fundamental para existir
este tipo de emoção. Isto as diferencia das emoções básicas (https://pdfs.semanticscholar.org/6a79/ca9efd7fcd59c349a02125c3960ce4df3e01.pdf)..
As
auto-representações mostram como o indivíduo se percebe em relação a pessoas
próximas (como um parceiro romântico), em trabalhos de grupos (como professor, aluno ou amigo) e nos grupos
coletivos mais amplos ( enquanto mulher ou enquanto homem).
As auto-representações mostram como o indivíduo se percebe nos grupos coletivos amplos.
Segunda: As emoções autoconscientes surgem na infância, depois das básicas.
As emoções básicas aparecem geralmente nos
primeiros 9 meses de vida, e os sentimentos considerados como forma precoce de
Constrangimento se desenvolvem até os 18 a 24 meses. As emoções mais complexas,
como vergonha, culpa e orgulho, surgem até o final do terceiro ano de vida.
As Emoções
Autoconscientes se desenvolvem até os 18 a 24 meses.
Terceira: As emoções autoconscientes facilitam alcançar objetivos
sociais complexos. Acredita-se
que elas têm a finalidade de facilitar a sobrevivência e a reprodução, de alcançar
as metas sociais de manter o status do indivíduo, e de prevenir sua rejeição no grupo. Os humanos vivem numa estrutura social, em camadas hierárquicas
sobrepostas, que podem ser verdadeiras castas. Suas sobrevivências dependem de suas capacidades de superar problemas sociais.
Nas
sociedades primitivas, os melhores caçadores nem sempre eram os melhores
guerreiros e cada grupo organizava suas
castas próprias. Era importante para a sobrevivência do indivíduo sua
cooperação, no grupo e fora dele, contribuindo para o bom funcionamento social
, como por exemplo: não trair; ajudar a identificar trapaceiros; lidar com a
competição intragrupal, principalmente a sexual, além de ajudar a resolver
outros problemas.
As emoções autoconscientes
se desenvolveram para facilitar o alcance dos objetivos sociais, promovendo comportamentos
que estimulassem a estabilidade do grupo, a afirmação dos papéis e estatus
sociais e a divisão do trabalho social.
Dentre as
Emoções Autoconscientes estão: a Vergonha, que promove comportamentos de
apaziguamento e integração depois de uma transgressão social; a culpa,
que gera pedidos de desculpas depois de
uma transgressão, com consequente reaproximação das pessoas. Mas, do outro lado
está o orgulho arrogante, promovendo a arrogância em alguém que teve seu
sucesso socialmente valorizado, que pode afastar as pessoas e criar inimizades.
Orgulho arrogante.
Quarta característica: As
emoções autoconscientes apresentam expressões faciais discretas e não são
universais. Enquanto as emoções básicas têm expressões faciais universalmente
reconhecidas, as autoconscientes não têm. No orgulho e na
vergonha há uma postura corporal e
movimentos da cabeça combinados, e no constrangimento pode haver expressão facial. Pesquisas recentes sugerem que
o orgulho e a vergonha podem ser universalmente reconhecidas (https://pdfs.semanticscholar.org/6a79/ca9efd7fcd59c349a02125c3960ce4df3e01.pdf).
Quinta: a cognição nas emoções autoconscientes é mais complexa do que nas básicas.
Para sentir medo, o indivíduo precisa de pouca capacidade cognitiva, bastando avaliar um evento como ameaçador para
sua sobrevivência. Mas para sentir
Vergonha, precisa ser capaz de formar na mente representações estáveis
dos eventos que ocorrem, de fazer a observação, análise e reflexão deles.
Para Tracy e Robbins, as características citadas deixam claro que as
Emoções Autoconscientes não podem ser agrupadas junto das emoções básicas , as quais envolvem menos o Eu na sua produção, e a participação do sistema límbico é
consideravelmente maior do que a do córtex cerebral. Eles consideram que as emoções variam em um continuo que começa
com as básicas e vai até às autoconscientes, em vez de existirem duas
classes diferentes. (https://pdfs.semanticscholar.org/6a79/ca9efd7fcd59c349a02125c3960ce4df3e01.pdf).
Nas Emoções
Autoconscientes o córtex cerebral participa mais do que nas básicas.
A vergonha e orgulho são bons exemplos de
emoções autoconscientes, porque exigem auto-representações e autoconsciência,
emergem mais tarde no desenvolvimento, não possuem expressões faciais que
permitam reconhecê-las pela face e são de cognição complexa (https://pdfs.semanticscholar.org/6a79/ca9efd7fcd59c349a02125c3960ce4df3e01.pdf).
As Emoções Autoconscientes nos ajudam a estar mais
atentos em nossos relacionamentos e a melhorar as interações sociais. Se uma
pessoa viola as regras sociais em um grupo isto vai lhe causar culpa, vergonha ou
constrangimento, e por isto ela as
respeita, para permanecer nele. Por isto estas emoções promovem maior coesão
social e ajudam o entrosamento social do indivíduo. Por exemplo, se você se sente
culpado por uma falta cometida e pede desculpas a outra, ela lhe terá como
uma pessoa de trato fácil. Se você sente
remorso depois de agredir verbalmente a alguém, quer reparar seu erro e lhe pede desculpas, isto melhora seu relacionamento
com ela.
As
Emoções Autoconscientes ajudam a manter os relacionamentos.
Emoções autoconscientes em excesso podem ser
doentias e gerar ansiedade e depressão, além de isolamento social (muitos
pacientes com doença pulmonar crônica e outras doenças crônicas, como acidente
vascular cerebral se isolam). Na vergonha exagerada, a literatura
registra casos de suicídio.
Vergonha
exagerada é maléfica e pode causar isolamento social.
Causas
das Emoções Autoconscientes
Pesquisas
recentes indicam que a emoção autoconsciente ocorre quando a pessoa acha que ela
é de origem interna, e geralmente o fracasso produz culpa ou vergonha, porque ela não alcançou seu objetivo
e não correspondeu a suas expectativas. Pelo contrário, o sucesso tende a
produzir orgulho. Enquanto isto as causas externas tendem a
promover emoções básicas, como no caso de uma ameaça
que produz o medo ou de um insulto que gera raiva.
No caso da ameaça,
verificar se ela é dirigida para
a identidade da pessoa (para seu self), ou para sua sobrevivência física (
material). Na sociedade contemporânea as ameaças à sobrevivência são menos
frequentes do que as dirigidas à identidade da pessoa. Na raiva e no medo é mais frequente eles serem desencadeados
por uma ameaça à identidade da pessoa, como no caso do insulto recebido por uma
pessoa de um colega de trabalho, e não por uma ameaça direta à sobrevivência física. (https://pdfs.semanticscholar.org/6a79/ca9efd7fcd59c349a02125c3960ce4df3e01.pdf).
Hoje a raiva é mais desencadeada por um insulto.
Benefícios e
malefícios das Emoções Autoconscientes
As Emoções Autoconscientes podem
ser benéficas, saudáveis, ou maléficas, não saudáveis. As benéficas incluem:
• ter
orgulho de suas realizações ou de si mesmo, que estimulam a pessoa a fazer
outras. A confiança em si mesmo é uma
grande força pessoal, que impulsiona a pessoa a enfrentar desafios;
Ter
orgulho de si mesmo é uma Emoção Autoconsciente saudável.
• sentir-se à vontade nos ambientes sociais;
• desculpar-se de erros cometidos;
• assumir a responsabilidade de erros cometidos.
As Emoções Autoconscientes maléficas incluem:
•
sentimentos de culpa, como a de um fumante que está com câncer ou uma doença
crônica do pulmão; ou de alguém que tem uma doença cujo responsável foi ele mesmo;
Emoção maléfica como a de um fumante que está doente do pulmão.
·
responder com raiva e hostilidade ao
constrangimento que sofre;
Ficar com raiva devido a um constrangimento sofrido.
·
evitar experiências e relacionamentos sociais, como
na vergonha;
·
culpar os outros por seus erros;
·
sentir-se responsável por erros cometidos e
atribuídos a si mesmo;
·
ter baixa autoestima;
·
sentir-se frequentemente agitado, ansioso ou deprimido.
A
vergonha pode ter efeitos negativos na saúde física e emocional de uma pessoa
que foi vítima de abuso físico e ou de pessoas HIV positivos ou com AIDS, que
apresentam saúde física e emocional mais fraca por terem vergonha disto. A
vergonha associada à depressão e à raiva crônica, é um componente central dos
portadores de transtorno de personalidade antissociais (https://pdfs.semanticscholar.org/6a79/ca9efd7fcd59c349a02125c3960ce4df3e01.pdf).
Uma Emoção Autoconsciente maléfica é sentir-se sempre agitado e apressado.
As Emoções Autoconscientes ocorrem geralmente
quando as situações envolvem regras, normas e objetivos sociais. Os adolescentes
têm nível de autoconsciência mais desenvolvido do que as crianças devido à
pressão social que sofrem para cumprir normas e regras por ele interiorizadas.
A
autoconsciência maléfica pode trazer a ansiedade social e levar ao isolamento,
que aumenta o nível de ansiedade, ou levar à diminuição da autoestima e à depressão,
pela perda do convívio social. Também pode impedir a cura de traumas, principalmente em pessoas com problemas mentais.
Como lidar com as Emoções
Autoconscientes?
Para lidar com Emoções Autoconscientes maléficas
ou excessivas, melhorar a
autoimagem e a autoestima do indivíduo, da seguinte maneira:
- Consultar
um Psiquiatra ou Psicólogo qualificado.
- envolvê-lo em atividades que o façam se sentir bem consigo mesmo;
- ele
escrever uma lista de realizações ou traços de personalidade dos quais sente orgulho;
- combater
a ansiedade social promovendo interações com pessoas equilibradas;
- ser
pontual e manter seus compromissos, pois a disciplina eleva o amor
próprio;
- assumir
a responsabilidade por seus erros e fazer as correções necessárias, quando
necessário;
- evitar
fazer coisas que possam causar culpa ou vergonha, como mentir;
- praticar
Plena Atenção ou qualquer meditação se surgirem pensamentos
negativos.
Propriedades das Emoções Autoconscientes
Devemos considerar nas causas das Emoções Autoconscientes
três propriedades: a estabilidade, o controle e se ela é global. Se ela é estável enquanto age, ou se é intermitente; se você pode
controlá-la quando ela age e se ela é global. Quando a causa é estável, a emoção tende a permanecer e é de difícil controle, como a vergonha de
defeitos corporais. Se ela é instável você tem mais chances de modificá-la,
como é o caso da culpa devido a desrespeito de regras sociais.
Além da origem externa ou interna, estas três propriedades
causais são importantes para esclarecer se as emoções são básicas, não
conscientes e diferenciá-las das autoconscientes. As causas estáveis tendem
a ser globais e incontroláveis, e as instáveis geralmente são controláveis. Compartilhe e divulgue este Post para termos
pessoas com mais bem-estar, tranquilidade e um mundo melhor!
RESUMO
1. Tracy e Robbins propuseram uma classificação das
emoções em dois grupos: as Emoções Básicas e as Emoções Autoconscientes, um tipo
de emoção da qual participa a consciência da pessoa e o modo que ela se acha
vista pelos outros. São exemplos delas a vergonha, culpa e orgulho, dentre
outras, e desempenham
papel importante na motivação e regulação dos pensamentos, sentimentos e
comportamentos das pessoas.
As básicas surgem mais precocemente na evolução humana, até 9 meses, e as
autoconscientes aparecem entre dois e três anos.
2. As
Básicas (raiva, medo, tristeza, alegria, nojo e desprezo), são universais, têm expressões
faciais próprias, se expressam automaticamente
e têm menor processamento cognitivo. As Autoconscientes não são
automáticas, dependem da auto reflexão e
da autoavaliação da pessoa e são mais complexas em termos cognitivos. A pessoa reflete sobre si mesma, avalia como se
percebe, como os outros lhe percebem,
analisa se seu comportamento é reprovável e seu
corpo, compara-os com os dos outros, além de
verificar se sua conduta respeita as normas e expectativas por ela adotada. Um exemplo é a vergonha que a pessoa
tem de si mesma se tem um defeito corporal.
3. As emoções autoconscientes possuem as seguintes características:
Primeira: para sentí-la é necessário que a pessoa tenha autoconsciência
e seja capaz de construir auto-representações em sua mente. As auto-representações
fazem parte de sua identidade, e abrangem o conteúdo da sua cognição e de suas
relações sociais, de modo a
permitir fazer a auto-avaliação. Isto as
diferencia das emoções básicas. Segunda: elas surgem na infância, depois
das emoções básicas. As mais complexas como vergonha, culpa e orgulho, surgem até o final
do terceiro ano de vida. Terceira: elas facilitam a pessoa alcançar
objetivos sociais complexos, a sobrevivência, a reprodução, aprimoram o status social
do indivíduo e previnem sua rejeição no grupo.
Dentre as
Emoções Autoconscientes estão: a Vergonha, que promove comportamentos de
apaziguamento e integração depois de uma transgressão social; a culpa, que gera
pedidos de desculpas depois de uma
transgressão, com consequente reaproximação das pessoas. Mas, do outro lado
está o orgulho arrogante, promovendo a arrogância em alguém que teve seu
sucesso socialmente valorizado, que pode afastar as pessoas e criar inimizades.
4. Quarta característica: as emoções autoconscientes apresentam expressões
faciais discretas e não são universais, diferentemente das emoções básicas que têm expressões faciais
universalmente reconhecidas. Quinta: o processo de cognição nas emoções
autoconscientes é mais complexo do que nas básicas. Para sentir medo, o
indivíduo precisa de pouca capacidade cognitiva, bastando avaliar um evento como ameaçador,
mas para sentir Vergonha, precisa formar
na mente representações dos eventos que ocorrem e de fazer a observação,
análise e reflexão deles.
5. Para Tracy e Robbins as Emoções Autoconscientes não podem ser
agrupadas junto das básicas, que envolvem menos o Eu na sua produção, e a
participação do sistema límbico é consideravelmente maior do que a do córtex
cerebral. E consideram que as emoções variam em um continuo que começa com as básicas e vai até às
autoconscientes.
6. As Emoções Autoconscientes nos ajudam a estar mais
atentos em nossos relacionamentos e a melhorar as interações sociais. Se uma
pessoa viola as regras sociais em um grupo isto vai lhe causar culpa, vergonha ou
constrangimento, e por isto ela as
respeita, para permanecer nele. Por isto estas emoções promovem maior coesão
social e ajudam o entrosamento social do indivíduo. Por exemplo, se você se sente
culpado por uma falta cometida e pede desculpas a outra, ela lhe terá como
uma pessoa de trato fácil.
7. Emoções autoconscientes em excesso podem ser
doentias e gerar ansiedade e depressão, além de isolamento social. No caso da
vergonha exagerada, a literatura registra casos de suicídio. A emoção autoconsciente ocorre quando a pessoa acha
que ela é de origem interna. Geralmente o fracasso produz culpa ou vergonha, porque ela não alcançou seu
objetivo. Pelo contrário, o sucesso tende a produzir orgulho. As causas externas tendem a promover emoções básicas, como no caso do medo
e da raiva.
8. As
Emoções Autoconscientes podem ser benéficas, como as seguintes: ter orgulho
de suas realizações; sentir-se à vontade nos ambientes sociais; desculpar-se de
erros cometidos e assumir a
responsabilidade deles. As maléficas incluem: sentimentos de culpa; responder
com raiva e hostilidade ao constrangimento; evitar experiências e
relacionamentos sociais, como na vergonha; culpar os outros por seus erros; sentir-se
responsável por erros cometidos ou atribuídos a si mesmo; ter baixa autoestima;
sentir-se frequentemente agitado, ansioso ou deprimido.
9. A
vergonha pode ter efeitos negativos na saúde de uma pessoa que foi vítima de
abuso físico e ou de pessoas HIV positivos ou com AIDS, e é associada à
depressão, à raiva crônica, é um componente central dos portadores de
transtorno de personalidade antissociais. A autoconsciência maléfica pode trazer ansiedade
social e levar ao isolamento, ou levar à diminuição da autoestima e à depressão,
pela perda do convívio social. Também pode impedir a cura de eventos
traumáticos, principalmente em pessoas com problemas mentais.
10. Para
lidar com Emoções Autoconscientes maléficas
você pode melhorar a autoimagem e a autoestima, da seguinte maneira: consultar
um Psiquiatra ou Psicólogo qualificado; praticar atividades que o façam se
sentir bem; escrever uma lista de realizações ou traços de personalidade que o
fazem sentir orgulho de si mesmo; combater a ansiedade social interagindo com pessoas equilibradas; ser pontual e manter
seus compromissos; assumir a responsabilidade por seus erros; evitar fazer
coisas que possam causar culpa ou vergonha, como mentir; praticar Plena Atenção
ou qualquer forma de meditação, principalmente se surgirem pensamentos e emoções
negativas.
REFERÊNCIAS E LINKS
https://pdfs.semanticscholar.org/6a79/ca9efd7fcd59c349a02125c3960ce4df3e01.pdf).