quarta-feira, 15 de fevereiro de 2023

E-book 7

                                E-book 7

                         Controle da Emoção, Autoconsciência e Raiva

                 

         P S I C O L O G I A

                                
                   M O D E R N A  

                         

                                               Blog

                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                   emoçaoeatencao@blogspot.com      

               Prof. Dr. Jair de Oliveira Santos

                     2023




 

QUEM É O AUTOR

 

Jair de Oliveira Santos é Médico, Professor aposentado da Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia, Graduado em Pedagogia, Especialista em Administração Escolar, Fundador e ex-Diretor da Faculdade Castro Alves, onde foi coordenador do Núcleo de Estudos das Emoções e do Programa de Educação das Emoções.

 

Criou o blog emoçaoeatencao@blogspot.com onde publicou 90 Posts, durante 6 anos, que foram divulgado pela Google em 87 países e teve , segundo o site Ranking Data, cerca de 1 milhão e 188 mil acessos anuais. Fez o lançamento do Podcast das Emoções, no citado blog, em 2021.

Pioneiro da Educações das Emoções na Bahia, implantou-a na Faculdade Castro Alves e em vários colégios, com excelentes resultados. Publicou os livros: 1- Educação Emocional- fundamentos e resultados;2- Manuais de Educação Emocional; 3- Educação Emocional na Sala de Aula, e 4-. Educação Emocional: Aspectos Históricos, Fundamentos e Resultados.

Dedicou-se à Educação Médica, foi Coordenador do Colegiado de Curso de Medicina da UFBA e o presidente da Comissão de Currículo. Publicou livros e artigos na Revista da Associação Brasileira de Educação Médica, dentre eles “Educação Médica e Humanismo”, e” Educação Médica- Filosofia, Valores e Ensino”.

 

Dedico este e-book:

In memoriam:

À inesquecível esposa falecida, Olívia,

E a meu Pai e minha Mãe.

                

A meus filhos:

Jair Filho, César, Telma, Vinicius e Paulo

A meus netos:

Jéssica, Jair Neto, Ana Júlia, Pedro Gabriel, Maria Eduarda , Larissa e Arthur.

 

A todos que nos propiciaram condições e estimularam estudos, pesquisas  e reflexões sobre  a Educação das Emoções.

                                       ● ● ● 

“Quem conhece aos outros é inteligente

  Quem conhece a si mesmo é sábio “

Lao Tsé – Tao te King, XXXIII   

                               ● ● ● 

“Trata a humanidade, na tua própria pessoa ou na de qualquer outra, como um fim em si, nunca apenas como um meio”

 Kant I., “Fundamentação da metafísica dos costumes”, 1786.                           

                              ● ● ●

“Não há outro universo, senão o universo humano, o universo da subjetividade humana. É procurando sempre fora de si um fim que o homem se realizará como ser humano”

Sartre,J.P., “O Existencialismo é um humanismo”, 1944

                                               ● ● ●

“Para criar uma boa vida, não basta lutar por metas  que nos trazem prazer, mas também escolher metas que reduzirão a soma total de entropia no mundo”.

Mihaly Csikszentmihalyi

A Descoberta do Fluxo, 1999.

 

              

 

 COMUNICADO

A partir de 26-11-22, o blog emoçaoeatencao@blogspot.com terá nova orientação, para atender á sua vasta clientela de milhões de leitores, conforme avaliação publicada pelo site Ranking Data, abaixo transcrita. Dentro de sua filosofia de trabalho, publicará também e-books gratuitos, que conterão o conteúdo dos posts já publicados, de modo a constituírem um conjunto integrado de conhecimentos.

Ranking database emoção atenção@blogspot.com, pesquisa.

Imagens de ranking data base emocaoeatencao@blogspot.com



            

                              RESUMO DO E-BOOK 7 


Capítulo 1 - Como você sabe se tem uma Emoção?

Capítulo 2 – Porque você deve controlar suas Emoções?

Capítulo 3 –Autoconsciência, como ampliar a sua ?     

Capítulo 4 – Como controlar a Raiva ?

Capítulo 5 – Como evitar a Raiva ?

 

 

 

 

                                        Capítulo 1

                      COMO VOCÊ SABE TEM UMA EMOÇÃO?

Neste e-book você saberá quando está agindo sob a influência de uma emoção, quais seus   componentes, como seu corpo e sua mente reagem, quais as emoções básicas ( alegria, raiva, medo, tristeza, felicidade e surpresa) e como identificá-las. Saberá também qual a parte do cérebro relacionada com as emoções, o Cérebro Emocional e o valor das emoções para sua sobrevivência.

 

   Como seu organismo reage a uma emoção?

    Uma menina de 13 anos conheceu em uma festa um rapaz e sentiu uma atração muito grande. Conversaram, dançaram e depois cada um tomou seu rumo. No outro dia ela estava muito agitada, não conseguia parar de pensar nele, lembrava de seus olhos, seu sorriso, seu modo de falar e seus gestos. E quanto mais lembrava, seu coração palpitava, a respiração acelerava, a cabeça ficava a mil, o rosto quente e as mãos suando. Ela tinha dificuldades para pensar em outra coisa, mesmo durante as aulas. Como disse Luiz Gonzaga, “ ela só quer, só pensa em namorar...”.

 


Na menina alegre apaixonada: o coração e a respiração disparam.

Numa tarde de verão, um ciclista passeava  de bicicleta na orla marítima e outra bicicleta lhe deu uma "fechada". Ele se desequilibrou e caiu. Sentiu a cabeça confusa, ficou irritado, o coração disparou, a respiração acelerou, as mãos ficaram frias e suando, o rosto quente, os braços e as mãos contraídos. Levantou-se, pegou a bicicleta e pedalou em direção ao agressor, até alcançá-lo. Gritando com a voz alterada, começou a discutir e quase se esmurraram. Só não foram aos tapas porque o outro pediu desculpas, dizendo que não teve a intenção de derrubá-lo.



                                 O ciclista com raiva perseguiu o outro até alcançá-lo.

 Quando há uma emoção o organismo reage a nível mental, corporal e comportamental. A nível mental pode haver agitação ou lentidão. No caso da menina apaixonada, ela ficou muito agitada, e o ciclista se sentiu agitado, confuso, e sem saber o que fazer. A nível corporal, o organismo sofre alterações: coração pode dispararespiração ficar acelerada, como aconteceu com o ciclista. A reação comportamental pode produzir aproximação ou afastamento do estímulo. A menina apaixonada queria se aproximar de namorado para tê-lo em seus braços e o ciclista com raiva queria aproximar-se do agressor para esmurrá-lo (reação de enfrentamento). Mas uma pessoa com medo, quer afastar- se do estímulo ameaçador (reação de fuga).

 

    Uma emoção pode ser inconsciente e não ser percebida:  uma pequena raiva, uma irritação, pode não ser percebida pela pessoa, que só saberá de sua presença pela respiração ou coração acelerados. Na menina feliz que encontrou o namorado, o coração bate mais forte quando ela o vê, mas ela só o percebe algum tempo depois.

 

 Quais os 4 elementos de uma Emoção?

  Podemos considerar em uma emoção quatro elementos: a experiência mental da pessoa, a reação corporal, a reação em relação ao estímulo emocional e as circunstâncias em que a emoção ocorre.

   ● A experiência mental é o que a pessoa sente quando tem a emoção. Ela pode ser agradável ou desagradável, e de agitação ou lentidão. O sentimento é agradável na alegria (quando se recebe um presente) e no amor (quando se encontra alguém que quer bem). Mas é desagradável no medo, tristeza e raiva. Se o sentimento é agradável considera-se a emoção positiva, como na alegria, felicidade, amor e outras. Se é desagradável a emoção é negativa, como a raiva, medo e outras.

 

   ● As reações corporais da emoção aparecem no rosto, músculos, vasos sanguíneos, coração, pulmão, olhos e glândulas. Indicam se estamos emocionados ou outra pessoa está emocionada. A reação no rosto varia de uma emoção para outra e as veremos ao estudar cada emoção. Nos músculos pode haver contração ou relaxamento: no medo e na raiva há contração para permitir a fuga ou o enfrentamento. No amor há relaxamento muscular.

   Nos vasos sanguíneos pode haver estreitamento ou dilatação. A pessoa com medo fica pálida pois há estreitamento dos vasos do rosto. 


                                                No medo a pessoa fica pálida.


Mas na raiva e na grande alegria ela fica vermelha. Nas glândulas salivares, no amor há produção de mais saliva e a boca fica "cheia de água", e na raiva e no medo a boca fica seca. Pode haver aumento de suor, principalmente na raiva e no medo, e o coração e a respiração podem disparar na raiva, medo e grandes alegrias.

   Nos olhos, pode haver lágrimas na tristeza e na alegria, e na raiva, medo e amor os olhos ficam "esbugalhados", devido à dilatação das “meninas dos olhos”. A mudança de voz ocorre na alegria: a voz fica alegre, expressando satisfação; na raiva a voz fica ríspida e grosseira e no amor ela fica terna.

     Durante uma emoção o corpo faz hormônios para a resposta: na raiva e no medo o  simpático produz mais adrenalina e noradrenalina, que levam mais sangue para os músculos e aceleram o coração. Após a satisfação sexual há relaxamento muscular, devido ao aumento da atividade do parassimpático.

    A reação comportamental à emoção pode ser de aproximação  ou afastamento. Na alegria, amor, felicidade e prazer a pessoa se aproxima do estímulo emocional. No amor a pessoa quer se aproximar da outra, para beijá-la e acariciá-la.  Na tristeza e no medo ela se afasta dos outros e na raiva geralmente ela se aproxima para agredir.


                                 No amor a pessoa se aproxima da outra para acariciá-la



 O conhecimento da situação em que ocorre a emoção é importante para saber as circunstâncias em que ela ocorre, podendo assim prevenir uma nova ocorrência. Se você sabe que quando discute com os outros sobre certos assuntos fica irritado e raivoso, evite tratar destes assuntos. Se você espera uma emoção aparecer, fica mais fácil controlá-la.

Quais as Emoções Primárias?

        Segundo Damásio as emoções podem ser primárias e secundárias. As primárias ou básicas são universais e ocorrem em pessoas de diferentes culturas. São úteis para que elas reajam rapidamente a certos estímulos ambientais, principalmente se houver uma ameaça. Para atuarem, elas envolvem grandes quantidades de energia.

  São emoções primárias a alegria, medo, raiva, tristeza, surpresa e a aversão. Para alguns autores o amor e a felicidade também são emoções primárias.   As emoções secundárias ou sociais resultam da ação da cultura sobre o indivíduo, sendo expressadas mais em determinadas culturas. São consideradas emoções secundárias a vergonha, culpa, desprezo, indignação, espanto, admiração, gratidão, orgulho.

   As emoções podem ter intensidade variável e evoluirem de uma forma para outra. Segundo Caruso e Salovey , de acordo com a Teoria Psicoevolucionária das Emoções de Plutchik   (https://dragonscanbebeaten.wordpress.com/2010/06/04/plutchiks-eight-prim ), as emoções são dinâmicas e faz parte de suas naturezas a capacidade de se desenvolverem e progredirem de forma lógica, quando suas causas persistem.

   Raiva - tem sua forma mais branda na irritação e ironia, que podem evoluir para o extremo da fúria. Segundo Santos ela pode se apresentar sob diversas “fantasias”, do ódio, revolta, ressentimento, indignação,  aborrecimento, vingança, violência, rivalidade, animosidade e hostilidade.

   Se você estiver insatisfeito pode sentir irritação e ela evoluir até à fúria. Se algo lhe dá raiva e aumenta sua intensidade, sua raiva aumenta: se um motorista buzina cada vez mais forte no engarrafamento, sua raiva aumenta cada vez mais.


                                                

                                               A raiva pode ser branda ou ser mais intensa.

    Alegria - é uma resposta do organismo a estímulos agradáveis, de origem interna ou externa. Os externos podem ser diversões e prazeres e a  alegria externa pode se manisfestar por um sorriso ou gargalhada. A interna é silenciosa, andando junto com a serenidade e cultivada na meditação. A intensidade da alegria varia de um valor mínimo, que é a serenidade, a um máximo, que é o júbilo ou êxtase. Se um apaixonado recebe telefonema da namorada, fica contente ao ouvir sua voz, e o contentamento vai à alegria.



                                                                  Mulher alegre.

 

  ● Medo  é uma emoção que surge quando há ameaça ou perigo, e, segundo Caruso, produz o comportamento de “Corra, há perigo !”. É importante para a sobrevivência humana desde os tempos das cavernas.

  Sua forma mais branda é a preocupação, que pode evoluir para o medo e para o terror. Quem está preocupado com alguma coisa é porque tem medo dela. Outras formas de medo são ansiedade, timidez, insegurança, apreensão, nervosismo, cautela e inquietação.

                              

            

                                 Mulher com medo de ser espancada.

  

● Tristeza  é uma emoção que surge quando há perda de algo que tem significado para a pessoa, um parente querido, um animal de estimação, o emprego, etc. Segundo Caruso a tristeza significa um pedido de ajuda: “ajudem-me que estou ferido !”. Ela é vista principalmente através do olhar triste e da fisionomia da pessoa. Pode se apresentar sob diversas “fantasias”:  sofrimento, mágoa, pesar, tédio, desalento, solidão, nostalgia e outras que podem evoluir até a depressão severa.

                                          


                                                                    Homem muito triste.


● Surpresa – é uma emoção que você tem quando as coisas não são como esperava. Pode ser agradável ou desagradável e avisa que ocorreu algo inesperado, portanto você deve ter maior atenção agora, prestar mais atenção e ficar de olhos abertos. Pode evoluir para o assombro.

                                             





       

                                       Mulher surpresa com o que viu.


    Aversão -  é uma emoção que estabelece limites aceitáveis de comportamento toleráveis. Se você presencia uma agressão a uma criança, reage com a aversão, revoltado com a situação, pois está sendo violada sua crença que se deve respeitar os seres humanos, principalmente crianças e idosos. É considerada uma emoção social por alguns autores.

 

Que é o Cérebro Emocional?


   É a parte do cérebro relacionada com as emoções, principalmente com as primárias, pois as secundárias se relacionam mais com o lobo pré-frontal. Ele é constituído principalmente pelo Sistema Límbico, que é um conjunto de estruturas localizadas no centro do cérebro resultantes da evolução dos mamíferos e répteis. Seus componentes mais importantes são as amígdalas, córtex cingulado, hipocampo, parte do tálamo e alguns núcleos cerebrais.

 

                                         Sistema límbico: amigdala, giro cingulado,

                                 hipocampo, parte do tálamo e núcleos cerebrais.


        
A amígdala é fundamental para a vida emocional. Animais em que elas foram são incapazes de ter medo ou raiva e suas emoções são embotadas ou ausentes. Está ligada diretamente ao tálamo por neurônios que garantem uma resposta mais rápida da pessoa nos grandes perigos.

   Os centros cerebrais superiores, responsáveis pelo pensamento e pela imaginação, se desenvolveram a partir dos inferiores, onde se originam as emoções primárias (amor, ódio, paixão, raiva e medo), que às vezes dominam nosso comportamento. Mas habitualmente o cérebro emocional e o córtex cerebral funcionam de modo integrado e há harmonia entre as ações racionais e emocionais.


     Síntese:

    A emoção é uma reação do organismo em resposta a estímulos que vêm de fora ou de dentro do corpo, para a pessoa adaptar-se a nova situação. Ela tem um componente mental, de agitação ou depressão ; outro corporal, no coração e respiração disparados, e um comportamental, de aproximação ou de afastamento.

   ● A emoção tem quatro elementos: a experiência mental, que pode ser agradável ou desagradável e de agitação ou lentidão; a reação corporal do organismo; a reação em relação ao estímulo emocional, de aproximação ou afastamento; e as circunstâncias em que ela ocorre. Se o sentimento é agradável a emoção é positiva, como na alegria e outras. Se é desagradável a emoção é negativa, como na raiva e outras.

   ● As emoções podem ser primárias e secundárias. A alegria, medo, raiva, tristeza, surpresa e aversão são primárias e universais porque  ocorrem em diferentes culturas. As secundárias resultam da ação de uma determinada cultura sobre o indivíduo, como a vergonha, culpa, desprezo, indignação, admiração, gratidão e outras.

   ● A parte do cérebro ligada às emoções é o Cérebro Emocional e o Sistema Límbico faz parte dele. É um conjunto de estruturas localizadas no centro do cérebro, resultante da evolução dos mamíferos e répteis. Suas estruturas mais importantes são as amígdalas, córtex cingulado, hipocampo, tálamo e núcleos cerebrais.

 

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pessoas mais tranquilas e um mundo melhor!

 

FONTES

CARUSO,D.R. e SLOVEY,P., Liderança com Inteligência Emocional, M. Books, São Paulo, 2007

DAMÁSIO, A. O mistério da consciência, Companhia das Letras, São Paulo, 2001.

DAMÁSIO, A., Em busca de Espinosa: prazer e dor na ciência dos sentimentos, Companhia das Letras, 2004.

DAMÁSIO, A., O erro de Descartes: emoção, razão e o cérebro humano. São Paulo, Companhia das Letras, 2000.

LE DOUX,J., O cérebro Emocional, os misteriosos alicerces da vida emocional, Objetiva, 2ª. Edição,1998.

SANTOS, J.O., Educação das Emoções –fundamentos e experiências., Faculdade Castro Alves, Bahia, 2009.

SANTOS, J.O., Educação Emocional na Escola – a Emoção na Sala de Aula, 2a ed., Faculdade Castro Alves, Bahia, 2000.

 

 

 

 

                          CAPÍTULO 2

         PORQUE CONTROLAR SUAS EMOÇÕES?

 

Neste capítulo você saberá como controlar suas emoções, o que é Inteligência Emocional e as vantagens que terá controlando suas emoções. No mundo conflituoso que hoje vivemos, é uma necessidade você aprender a conhecer-se melhor, pois viverá melhor e terá bons relacionamentos na família, na escola, no trabalho e com os amigos.

 

Qual a importância do controle das Emoções?

 

      O controle das emoções é importante pois permite que você tenha um convívio melhor com as pessoas com que se relaciona, um relacionamento mais harmonioso , com menos atritos. Se você está com raiva de alguém que lhe agrediu, em vez de bater ou xingar o agressor, controle sua raiva e converse com ele depois, quando estiverem mais calmos.

 

   Não estamos recomendando que você reprima suas emoções, pois a repressão de uma emoção lhe fará mal. A emoção é uma forma de energia e se for reprimida pode voltar como dor de cabeça, cólica, falta de ar, coração disparado, vômitos, etc.

  

Como você pode controlar suas emoções?

 

      Ochsner (2008)considera dois modos de controle das emoções: o comportamental e o cognitivo (http://www.Currents Directions in Psychological Science, 17,153-158). No comportamental você não utiliza um comportamento que teria em resposta ao estímulo, como quando não  agride a quem está com raiva. O controle cognitivo é feito retirando a atenção do estímulo emocional, ou fazendo a reavaliação ou a extinção da emoção.

   Há no cérebro uma região que produz as emoções, onde estão a amígdala, tálamo e núcleos cerebrais, e outra que controla as expressões das emoções, da qual faz parte o córtex cerebral frontal anterior, o cingulado e o hipocampo. Pesquisa de Oschner (2004) com ressonância magnética comprovou que durante a regulação emocional cognitiva aumenta a atividade das últimas regiões e diminui  a atividade da amígdala, que é inibida pela córtex cerebral (www.neuroimage,23,483-489).

 


No controle cognitivo das emoções aumenta a atividade do córtex pré-frontal
e diminui a da amígdala cerebral


Como controlar as emoções mudando o Comportamento?


       Uma pesquisa do psicólogo Walter Mischel, na Universidade de Stanford, mostrou a importância da atenção no controle do comportamento (https://www.youtube.com/watch?v=QX_oy9614HQ). Os participantes eram crianças de 4 anos, que foram colocadas em uma sala com uma mesa cheia de doces, onde não tinha nada para elas se distraírem:  brinquedos, livros ou quadros nas paredes.


Mischel disse: “Quem quiser comer um doce agora pode, mas eu vou sair da sala e voltarei em 15 minutos, e quem me esperar poderá comer dois doces”. Ele queria avaliar o autocontrole das crianças e quando retornou viu que um terço delas o esperaram - e ganharam dois doces. Elas contaram que enquanto esperavam brincaram e cantaram, e assim tiraram a atenção dos doces. As crianças que ficaram olhando para os doces não se controlaram e os comeram logo.



Como controlar as emoções usando a Atenção?

 

A atenção é uma forma de energia psíquica que funciona como uma lente de aumento, sendo capaz de reforçar as emoções. Quando a atenção é focada em uma emoção transfere para ela parte de sua energia e a reforça, tanto a raiva e o medo, quanto a alegria e a tristeza.

 

 


                       A atenção funciona como uma lente e reforça a emoção percebida.

 

Se você estiver com raiva de alguém e ficar pensando nele, dando atenção a ele, sua raiva vai ficar cada vez mais forte. A atenção é como um farol que ilumina suas emoções, pensamentos, sentimentos, desejos e impulsos.

 

Para controlar a emoção usando a atenção você deve retirá-la da emoção  desagradável e pensar em coisas agradáveis. Um exemplo é quando você lembra de alguém que gostou muito, fica triste, e em vez de ficar lembrando dele leva sua atenção para um por de sol lindo que viu há dias. Ou quando encontra na rua alguém que não gosta, faz de conta que não viu e olha para a vitrine de uma loja. 

 

 


 

                      Tire a atenção do que é desagradável e leve para uma paisagem linda. 



Como controlar suas emoções usando a Extinção?

 

  Na extinção de uma emoção é extinta uma determinada resposta que é dada a um estímulo emocional. Como por exemplo no caso do medo de explosões de bombas caseiras e foguetes que tem um soldado que voltou da guerra. Ele entra em pânico quando ouve um foguete ou uma bomba de São João, porque é lembrado das bombas que ouviu na guerra.

 

  Quando a pessoa percebe estímulos ameaçadores que geram o medo, a amígdala é ativada, e, como sua atividade é inibida pelo córtex pré-frontal ventral, o medo é extinto.

 

  As regiões capazes de inibir a amígdala são ativadas com a prática da Plena Atenção, daí o bom resultado dela no tratamento do medo, ansiedade e estresse (http://www.sagepublications.com). Holzel (2011) acredita que a Plena Atenção influencia também na extinção da raiva, tristeza e aversão.

 

 Como controlar suas emoções usando a Reavaliação?

 

   Na reavaliação você dá uma nova interpretação ao significado de um estímulo emocional e muda sua resposta a ele. Por exemplo, se estiver com medo de algo, faça uma reavaliação de seu sentimento e pergunte a si mesmo: “Quais as evidências de que esta situação da qual estou com medo é real? ”. Você vai ver que muitas vezes mudará de idéia (http://www.sagepublications.com).

 

 Outra forma de fazer reavaliação é você dizer a si mesmo que vai aprender algo novo ao viver uma situação difícil. Outra é procurar ver sempre o lado bom da situação, porque as coisas são como moedas e têm dois lados, um  bom e outro ruim.

 

  Quando você pratica Plena Atenção faz reavaliações que lhe permitem controlar suas emoções. Por outro lado, na reavaliação emocional consciente você reavalia e reconstrói eventos que lhe sejam estressantes de uma forma benéfica. Os praticantes da Plena Atenção aumentam o número de suas reavaliações positivas e melhoram a suas tensões emocionais.


O que é Inteligência Emocional?

 

   Peter Salovey definiu a  Inteligência Emocional como a capacidade de perceber, avaliar, expressar, compreender e controlar as emoções. Envolve também a identificação das próprias emoções e das emoções de outras pessoas, através de sua linguagem corporal e do seu comportamento (www.unh.edu/emotional_intelligence/.../Emotional.).


    A inteligência emocional facilita o ato de pensar, pois o conhecimento das emoções traz informações valiosas para elaboração dos pensamentos, julgamentos e sentimentos. As emoções interferem em situações específicas, como por exemplo a felicidade, que facilita o raciocínio e a criatividade, enquanto a tristeza diminui a velocidade do raciocínio. A pessoa triste pensa mais devagar e a alegre mais depressa.

 

   A Inteligência Emocional permite saber os significados das emoções, como no caso da tristeza que geralmente acompanha uma perda, enquanto a raiva acompanha uma frustração e a alegria uma conquista. Ela nos permite monitorar as emoções, reconhecer suas utilidades e administrá-las, controlando as negativas e valorizando as positivas.


Como avaliar sua Inteligência Emocional?


Com base em nossa experiência, elaboramos um questionário para avaliar sua Inteligência Emocional, baseado nos elementos referidos, que é apresentado abaixo:



Instruções :

 

Este questionário tem 15 itens, cada um com 2 alternativas de respostas e seu objetivo é avaliar sua Inteligência Emocional. Responda às afirmativas abaixo, considerando que não há respostas 'certas' ou 'erradas'. O que importa é a sua experiência pessoal. Responda S se a afirmativa ocorrer “sempre ou quase sempre” ou N se ela ocorrer “nunca ou raramente”.

 

                                  


                                     Teste sua Inteligência Emocional       



1. Sou capaz de identificar minha raiva, medo, tristeza ou alegria, no momento que sinto. ___


2.    Sou capaz de perceber minhas reações corporais e mentais quando estou com raiva, medo, tristeza ou alegria. ___


3.    Sou capaz de compreender as reações corporais e mentais que sinto quando estou emocionado. ___


4.    Não percebo as reações corporais de outra pessoa quando ela conversa comigo. ___


5.    Não consigo monitorar meus sentimentos, e não fico ciente deles sempre, por isso não posso acompanhar suas mudanças.___


6. Sou capaz de controlar minhas emoções quando


estou com raiva,  medo, triste ou alegre, e não as 


deixo conduzir meu comportamento.___


7.    Sou capaz de perceber as emoções, sentimentos e pensamentos de outra pessoa, no momento em que estou com ela. ___


8.    Não consigo descobrir quando uma pessoa está            mentindo.___


9.    Sou capaz de compreender minhas emoções e avaliar suas consequências antes de agir. ___


10.    Não consigo utilizar minhas emoções como 


fontes para elaborar meus pensamentos, avaliar 


situações ou fazer meus planos.___


11.    Quando estou emocionado deixo meus sentimentos transparecerem para os outros, através de meu corpo e de meu rosto.


12.    Nunca consigo saber quando alguém está tentando me manipular.__


13.    Geralmente não consigo prestar atenção a meus sentimentos.___


14.    Geralmente não ajo baseado em meus impulsos e procuro refletir antes de agir. ___


15.     Não consigo adiar minhas satisfações. ___



   Para saber como está sua inteligência emocional, some 1 ponto para cada resposta positiva nas questões de número 1, 2, 3, 6, 7, 9, 11 e 14; e 1 ponto para cada resposta negativa nas questões 4, 5, 8, 10,12,13 e 15.  Seu escore é a soma dos pontos das respostas positivas, com os das negativas. Por exemplo, se a soma dos pontos positivos for 6 e a dos negativos for 5, seu escore será 11.


   Uma pontuação entre 1 e 5 indica que você está na zona inferior da Inteligência Emocional; entre 6 e 9 indica que você está na zona média e entre 10 e 15 indica que você está na zona superior da Inteligência Emocional. Parabéns.


Para que a Educação das Emoções?

 

   A Educação das Emoções visa desenvolver o autoconhecimento, a autoconsciência, a capacidade de identificar e reconhecer as emoções no momento em que ocorrem e de avaliar suas intensidades e as expressões corporais, além de reconhecer as emoções do outro.

 

 

   Visa também estimular o controle das emoções e dos impulsos, adiar satisfações e desenvolver a empatia, que é a capacidade de reconhecer as emoções do outro, respeitar as diferenças com que as pessoas encaram as coisas, e buscar um convívio harmônico.

 

   A Educação das Emoções lhe habilitará a identificar e reconhecer suas emoções, avaliar suas intensidades e as expressões corporais correspondentes. Você se conhecerá melhor, terá melhor qualidade de vida e suas amizades não acabarão por seu descontrole emocional.

 

   A Educação das Emoções pode diminuir a violência, a forma mais extrema da raiva, que é uma epidemia espalhada no mundo, sob a forma   de assassinatos, assaltos, roubos, sequestros, estupros, etc. Seguramente será menor o número de divórcios e separações de casais, porque diminuirão as brigas entre eles, e "quando um não quer dois não brigam".

 

   Há um aumento da violência, solidão, tristeza, depressão, suicídio entre os jovens e medo, mas com a Educação das Emoções teremos um mundo melhor, mais tranquilo.

 

                   A Educação das Emoções pode diminuir a violência e as brigas.

 

 


Como olhar para dentro de si mesmo?

                          


                      Mulher olhando para dentro de si mesma.


 Para olhar dentro de si mesmo, dirija a atenção, que é o "olho da mente", para sua consciência e identifique os atores de sua mente: seus  pensamentos, emoções, sentimentos, desejos, atenção, intuições , lembranças envolvidas por emoções agradáveis ou desagradáveis. E note sua imaginação, impulsos e avaliações, tão importantes em nossa vida.


Base Neuropsicológica da Educação das Emoções

 

   Uma emoção só pode ser avaliada e controlada quando se torna consciente, pois aí a pessoa pode decidir se vai se deixar levar por ela ou não. Le Doux em retirou o córtex cerebral de animais e constatou que eles sem o córtex reagiam desproporcionalmente a pequenos estímulos emocionais recebidos e perderam a capacidade de controlar a raiva.

 

  Daí a conclusão que o córtex cerebral comanda as reações emocionais e inibe as emoções. Esta é a base neuropsicológica da Educação das Emoções, pois quando controlamos nosso comportamento ativamos o córtex cerebral. Utilizamos a energia psíquica disponível, para identificar, avaliar e controlar nossas emoções.

 

Síntese:

 

● O controle da emoções permite que você tenha um convívio melhor com as pessoas com que se relaciona.


● No controle comportamental você suprime o comportamento que teria em resposta ao estímulo. No controle cognitivo você tira a atenção do estímulo emocional ou faz a reavaliação ou a extinção da emoção.


● A atenção é uma forma de energia psíquica que funciona como uma lente de aumento e é capaz de reforçar as emoções.Se você estiver com raiva de alguém e ficar pensando nele, ficará com mais raiva.


● Para controlar a emoção usando a atenção você a retira da emoção  desagradável e pensa em coisas agradáveis.  Na reavaliação de uma emoção você dá uma nova interpretação ao significado dela e muda sua resposta. Na extinção de uma emoção você extingue uma resposta dada a um estímulo emocional.


● Inteligência Emocional é a capacidade de perceber, avaliar, expressar, compreender, controlar e identificar as próprias emoções e as de outros, pela linguagem corporal e pelo comportamento.


●  A Educação das Emoções pode diminuir a violência, a forma mais extrema da raiva, que é uma epidemia espalhada no mundo, sob a forma   de assassinatos, assaltos, roubos, sequestros, estupros, etc. Seguramente será menor o número de divórcios e separações de casais que controlem suas emoções.

 

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 pessoas mais tranquilas e um mundo melhor!

 

 

FONTES


CARUSO,D.R. e SLOVEY,P., Liderança com Inteligência Emocional, M. Books, São Paulo, 2007

DAMÁSIO, A., Em busca de Espinosa: prazer e dor na ciência dos sentimentos, Companhia das Letras, 2004.

GOLEMAN, D., Inteligência Emocional, Objetiva, Rio de Janeiroi, 1995

LE DOUX,J., O cérebro Emocional, os misteriosos alicerces da vida emocional, Objetiva, 2ª. Edição,1998.

SANTOS, J.O., Educação das Emoções –fundamentos e experiências., Faculdade Castro Alves, Bahia, 2009.

SANTOS, J.O., Educação Emocional na Escola – a Emoção na Sala de Aula, 2a ed., Faculdade Castro Alves, Bahia, 2000.

 

 

 

 

 

 



                            CAPÌTULO 3

                  AUTOCONSCIÊNCIA

 A Autoconsciência ou Autopercepção é a percepção de informações vindas de sua mente e de seu corpo. Ela lhe permite entrar em contato com seus pensamentos, avaliações, sentimentos, emoções, atenção, desejos, intenções, sentidos, sensações corporais, atitudes e atos. A Autoconsciência é importante para você perceber o que se passa no momento presente em sua mente, permitindo seu autocontrole e seu controle emocional.

 Da mesma forma que sua autoconsciência registra sua alegria, medo, tristeza ou desespero, lhe informa da  presença do som de um violino, de um pássaro voando, do cheiro de um perfume, de uma dor de cabeça e de um desejo ou impulso qualquer.


Sua autoconsciência lhe informa de um pássaro voando,
de uma alegria, de um medo ou de uma tristeza.


Quantos tipos de pensamentos você tem?

Segundo Santos (2010), há quatro tipos de pensamentos: racionais, automáticos, diálogos internos e divagações.
        O pensamento racional é lógico, usado no estudo das ciências e quando você quer convencer uma pessoa. É a base da reflexão construtiva, importante para planejar o futuro e resolver problemas.
Quando o medo se junta à reflexão construtiva ela pode se transformar em uma preocupação, e a mente considerá-la como ameaça e surgirem pensamentos pessimistas do tipo “nada vai dar certo”, ou “tudo vai se acabar”. Você deve vigiar suas preocupações e enfrentá-las com reflexões construtivas positivas, baseadas na realidade.

Os pensamentos automáticos são irracionais e invadem sua mente, sendo quase sempre ligados às emoções. Se você está com raiva de alguém pode pensar: “vou lhe dar um murro”, ou “vou matá-lo”, e assim por diante, pensando coisas absurdas. Eles são ilógicos, geralmente pessimistas, podem gerar  pensamentos mais pessimistas ainda, e você deve estar atentos a eles.

Diálogos internos são conversas que você mantém consigo mesmo. Podem vir antes de emoções, juntos com elas ou depois delas. Se você se atritou com um colega de trabalho e ficou irritado, em vez de partir para a agressão, pode pensar consigo mesmo: “Se eu agredí-lo posso ser despedido, então é melhor esfriar a cabeça e conversar amanhã”. Praticando o diálogo interno você conduz a situação de forma equilibrada, com bom senso.

Divagações – são situações em que você fica com a “mente errante”, e passa de um pensamento para outro, pensando em coisas que não estão ocorrendo no momento, divagando. Passamos quase a metade do tempo em que estamos acordados divagando, conforme Killingwort (2011), (www.sciencemag.org/cgi/content/full/330/6006/932/DC1).



Moça divagando, pensando numa coisa depois da outra.

     Para saber o quanto sua mente divaga vá para seu quarto, deite na cama, feche os olhos e observe seus pensamentos. Eles passarão de um assunto para outro, como um macaquinho pulando de um galho para outro em uma árvore. Você pensará em pessoas que gosta, na família e em coisas de sua vida, de forma desordenada, sem ligação lógica entre os pensamentos.  

   Qual a origem dos sentimentos?

   Damásio (2004) defende que os sentimentos resultam da percepção de mapas do corpo elaborados pelo cérebro, principalmente pela ínsula. A origem dos sentimentos está no corpo. O coração, por exemplo, é monitorado pela ínsula que recebe dele informações sobre a velocidade de seus batimentos, a intensidade da sua contração e a regularidade de seu ritmo. Por isso sentimos quando o coração bate mais forte ou mais depressa.

                     

                          A ínsula elabora os mapas do corpo a cada instante.

   Tem certos dias que ao acordar de manhã, você tem mais entusiasmo para fazer as coisas, mas em outros está indisposto, com preguiça. Num dia está mais calmo e em outro mais agitado. Damásio chama este tipo de sentimento de “sentimento de fundo” e acredita que eles indicam o bom funcionamento do organismo. Quando o organismo funciona bem, você está disposto, mas se ele tem problemas, como uma noite mal dormida ou um resfriado, você fica indisposto.


               Tem dias que você acorda calmo, mas tem dias que acorda agitado.


Qual a importância da autoconsciência  ?

A autoconsciência é de grande importância para a percepção de uma emoção, principalmente para identificar o início aa raiva e aa preocupação. Na raiva, a pessoa que vigia seus pensamentos, ao perceber que está irritado, faz o controle dela e não a deixa explodir, e acabar em agressão física.

Tipos de pessoas quanto à Autoconsciência?

Quanto à autoconsciência há três tipos de pessoas: autoconscientes, mergulhadas e resignadas (Santos, 2000).A autoconsciente tem consciência de seus estados mentais e emoções na hora em que eles ocorrem: se está triste, sabe logo de sua tristeza, se está com medo sabe logo que está com medo. Ela consegue sair mais ligeiro de uma emoção, pois consegue administrá-la melhor, e também a seus impulsos e desejos. A mergulhada não tem muita consciência de suas emoções e vive dominada por elas. Seu comportamento depende do seu estado de humor no momento e ela tem pouco controle sobre suas emoções. É uma pessoa descontrolada, vive com medo de tudo e todos, sempre preocupada ou com raiva. A resignada tem percepção clara de seus estados emocionais, mas não quer mudá-los. Se está triste e deprimida, não busca ajuda, pois acha que ser triste é seu destino.

Em qualquer tipo é importante a pessoa se conscientizar da situação, para que as autoconscientes se tornem mais conscientes e as resignadas ou mergulhadas, se esforcem para administrar melhor suas emoções.

Quanto à intensidade com que as pessoas reagem às  emoções, num extremo estão os que sentem pouco e reagem com calma, como um universitário que durante um incêndio em seu apartamento foi buscar um extintor de incêndio e voltou andando para apagar o fogo.  No outro extremo estão os que reagem com grande intensidade, como a mulher que viu um anúncio de liquidação numa loja, pegou o carro e viajou três horas para fazer compras.

Como avaliar sua Autoconsciência?

A autoconsciência de uma pessoa está situada numa escala cujo o limite inferior é baixo, a autopercepção baixa e o limite superior é a alto. As pessoas com baixa Autopercepção não são capazes de perceberem bem suas emoções, pensamentos e sensações corporais e têm dificuldade para saber quando estão com raiva ou com medo. São incapazes de reconhecer em si mesmos os sinais corporais de suas emoções e podem levar horas ou dias para saber se estão com raiva ou medo.

As pessoas de alta autopercepção, são conscientes de seus pensamentos e emoções e muito sensíveis às suas sensações corporais. Desenvolvem facilmente a empatia, que é a capacidade de sentir o que o outro sente. Têm menos problemas de relacionamento do que as de percepção baixa.

Na autopercepção exagerada a pessoa exagera em seus sentimentos e sensações corporais. Sente de forma intensa uma dor ou os sintomas de um resfriado, se entrega a eles e diminui suas atividades. Acredita que seus sintomas são sinais de doença grave, e sempre estão se queixando de doenças.


Como testar sua Autoconsciência?


Usando o questionário abaixo você pode avaliar se sua autopercepção é baixa ou alta.

Instruções : 

Este questionário tem 10 itens, cada um com 2 alternativas de respostas e seu objetivo é avaliar sua Autoconsciência. Responda às afirmativas considerando que não há respostas 'certas' ou 'erradas'. Responda S se a afirmativa ocorrer sempre ou quase sempre” ou N se ela ocorrer “nunca ou raramente”.

1. Quase sempre consigo descrever minhas emoções com certa precisão. ___

2.            2. Às vezes me perguntam por que destratei alguém, e eu discordo, digo que a avaliação está errada. ___

3.            3. Ao ver uma pessoa sofrer, sofro junto com ela. ___
          4.
 Às vezes me perguntam por que estou irritado ou triste quando na realidade não estou. ___

5                5. Gosto de ficar, às vezes, isolado,  deitado, relaxado, apreciando o que se passa em meu corpo. ___

                6. Às vezes sinto o coração bater depressa e não sei por que. ___

                7. Tenho prazer em sentir o que se  passa em meu corpo. ___

               8. Às vezes sinto dores e mal estar e não sei as causas. ___

               9. Quando faço exercícios físicos presto atenção às mudanças                       que sinto em meu corpo. ___
         10.
 Adoro estar com outros e não ligo muito para meu corpo. ___

 

Para cada resposta afirmativa nas questões de números 1, 3, 5, 7 e 9, some um ponto, e também para cada resposta negativa nas questões 2, 4, 6 , 8 e 10.  Seu escore é a soma dos pontos das respostas positivas, com os das negativas. Se a soma dos positivos for 3 e a dos negativos for 2, seu escore é 5.

Quanto mais alta for sua pontuação, maior será sua autopercepção. Uma pontuação entre 1 e 3 indica que você está na zona inferior da Autoconsciência e tem baixa autopercepção; entre 4 e 7 indica que você está na zona média e entre 8 e 10 indica que você está na zona superior e tem alta percepção . Parabéns.

 

Como ampliar sua Autoconsciência?

 

Para ampliar sua autoconsciência você deve ter diálogos internos consigo mesmo, ouvir outras pessoas, prestar atenção a seus sentidos, sentimentos, emoções e atos, e também identificar suas intenções.

 Diálogo interno - para promover um diálogo interno você deve analisar seus pensamentos e avaliações. Por exemplo, analisar o relatório que fez no trabalho ou na escola, verificar os pontos fracos e fortes e em que pode melhorar.

Analise seu relacionamento com os familiares, esposo, esposa, filhos, pais, amigos e irmãos, veja quando foi indelicado e procure se corrigir. Avalie sua atitude na vida: se é otimista e acha que tudo sempre vai dar certo, ou é pessimista e acha que tudo sempre vai dar errado, por culpa sua.

 Reflita depois dos encontros - depois de encontros, reuniões e conversas com outras pessoas, pense sobre elas, principalmente se houve desentendimento, e neste caso tente identificar suas causas.

 Depois de um encontro reflita sobre a conversa que teve.


● Ouça com atenção as outras pessoas para saber o que elas pensam sobre seu comportamento, e reflita sobre suas opiniões. Preste atenção a sua visão, audição, tato, olfato e gosto, para saber o que se passa em sua volta e receber informações do ambiente em que vive.

 Treine seus sentidos: para treinar os ouvidos preste atenção aos sons quando escuta música e identifique cada instrumento que ouve: violão, pandeiro, guitarra, violino, piano, o violoncelo, etc.

 

 

      Quando ouvir música identifique o som de cada instrumento. 

 

Para treinar o olfato identifique os cheiros que sente ao andar na rua, no campo ou na praia. Preste atenção ao gosto e ao cheiro dos alimentos e identifique ambos na carne, peixe, galinha, cenoura, alface, tomate, arroz, pizza, etc. Sinta o cheiro do café antes de beber.

 

   

         
                                Preste atenção ao sabor dos alimentos.

 

Preste atenção a sua respiração, se ela está normal ou apressada, às batidas do seu coração, ao seu tom de voz, se está alterado ou não. Para treinar a visão preste atenção às coisas que vê, e identifique suas formas e cores.

 

 Identifique suas intenções, pois elas expressam seus desejos. Sabendo o que deseja, você pode planejar melhor suas ações. Preste atenção a seus sentimentos e emoções e identifique os que tem no momento, para agir com consciência e não ter consequências desagradáveis, principalmente se estiver com raiva ou medo. Mesmo o amor e a alegria, às vezes devem ser controlados.

 

● Preste atenção a suas ações e esteja sempre consciente delas. Às vezes um ato impensado, um gesto áspero, uma voz elevada traz consequências ruins para o relacionamento e o outro pode ficar humilhado ou magoado. Voz elevada , cara enfezada pode-se considerar agressão.                                                 


             Cara enfezada é considerada uma agressão.


Para estimular sua autoconsciência,
pergunte a  si mesmo: que emoções, sentimentos e desejos sinto agora? Quais informações recebo agora pelos meus olhos, ouvidos, olfato, gosto e tato? Quais avaliações faço agora, e de que? Quais ações pratico agora?

 

SÍNTESE:

 

1. A autoconsciência é a percepção de informações vindas de sua mente e de seu corpo, e permite o contato com seus pensamentos, avaliações, sentimentos, emoções, atenção, desejos, intenções, sentidos, sensações corporais, atitudes e atos. 

2. Há quatro tipos de pensamentos: racionais, automáticos, diálogos internos e divagações. O racional, usado quando você quer convencer uma pessoa, é a base da reflexão construtiva, importante para planejar o futuro e resolver problemas. O automático é irracional, invade sua mente, e é quase sempre ligado às emoções. Os diálogos internos são conversas que você mantém consigo mesmo. Na divagação você passa de um pensamento para outro, pensando em coisas que não estão ocorrendo no momento.

3. Os sentimentos se originam no corpo e resultam da percepção de mapas  corporais elaborados pelo cérebro, principalmente pela ínsula. Por exemplo, o coração é monitorado pela ínsula e manda para ela informações sobre seu funcionamento.

4. Há três tipos de pessoas quanto à autoconsciência: autoconscientes, mergulhadas e resignadas. A autoconsciente tem consciência de seus estados mentais e emoções na hora em que eles ocorrem. A mergulhada não tem muita consciência de suas emoções e vive dominada por elas. É uma pessoa descontrolada, que vive com medo de tudo e de todos. A resignada tem percepção de suas emoções, mas não quer mudá-las. Se está triste não busca ajuda, pois acha que ser triste é seu destino.

5. Para ampliar a autoconsciência você deve ter diálogos internos consigo mesmo, ouvir outras pessoas, prestar atenção a seus sentidos, sentimentos, emoções e atos, e também identificar suas intenções.

 

FONTES:

CARUSO,D.R. e SLOVEY,P., Liderança com Inteligência Emocional, M. Books, São Paulo, 2007

DAMÁSIO, A., Em busca de Espinosa: prazer e dor na ciência dos sentimentos,Companhia das Letras,2004 .      DAVIDSON, R. O estilo emocional do cérebro, Sextante, Rio de Janeiro, 2013,

GOLEMAN, D. Inteligência Emocional, Ed. Ática, 1996.

      GOLEMAN,D.,GURIN,J., Equilíbrio Mente e Corpo, Campus, Rio de Janeiro, 1997.

SANTOS, J.O., Educação das Emoções –fundamentos e experiências., Faculdade Castro Alves, Bahia, 2009.

SANTOS, J.O., Educação Emocional na Escola – a Emoção na Sala de Aula, 2a ed., Faculdade Castro Alves, Bahia, 2000.

 

 


            CAPÍTULO 4 DO E-BOOK 7.

                   COMO CONTROLAR A RAIVA

     Neste capítulo você verá qual a natureza da Raiva, seu significado para a espécie humana, seus tipos e as fantasias que ela veste. Verá suas causas, as regiões cerebrais que são ativadas, sua relação com o estresse, as reações que produz no corpo, aprenderá a saber se está enraivecido e também como controlar sua Raiva.

   A raiva levou a matar

É noite de sexta-feira, Márcia e Josevan vão a um bar perto de casa. Depois de alguns goles, entram algumas garotas no bar e Josevan olha interessados para elas. Márcia, irritada, pede que ele a respeite. Ele não gostou e lhe deu um tapa e Márcia pegou uma faca na mesa e deu diversos golpes em Josevan, que caiu morto. Márcia disse ao delegado que não queria matar o companheiro.


Márcia, com raiva, deu uma facada e matou o companheiro

Este tipo de fato ocorre em todo o mundo e mostra a forma mais extrema da raiva, que é a fúria. A raiva é uma das emoções principais dos animais: um cachorro ameaçado por outro, reage com raiva, mostra os dentes e rosna. Mostra sua intenção de lutar, de reagir, de manter sua integridade corporal e de se preservar como indivíduo.

 


Um cachorro ameaçado por outro, reage com raiva, mostra os dentes e rosna.

 Isto ocorre com qualquer ser humano que tenha a integridade física ameaçada, e esteja diante de um perigo: ele reage através da luta ou da fuga. Foi graças à raiva que o homem das cavernas se defendeu e sobreviveu às ameaças de outros animais, e deu continuidade à espécie.

A raiva é uma manifestação do organismo para a preservar o indivíduo.

Na raiva o indivíduo reage para lutar. O cérebro estimula a produção de adrenalina e noradrenalina no corpo, numa resposta ao estresse existente, que são importantes para ele reagir com a luta ou com a fuga (Holzel,2011, http://www.sagepublications.com). No caso dos cachorros da figura acima, a reação foi de luta, pois cada cão procurou preservar sua integridade física

No homem moderno a reação à raiva continua a mesma, mas ela pode ser causada por estímulos psicológicos ou sociais. E nem sempre pode ser resolvida pela luta ou pela fuga, pois ninguém pode fugir de seu próprio pensamento, que é a grande causa de raiva. O que se pode fazer é controlar o pensamento, afastando-o da raiva.

No caso de Márcia, de início a raiva foi gerada pelo pensamento, pois não houve uma ameaça real à sua integridade física. Ela foi causada por ver o companheiro se interessar por outras mulheres, o que atingiu sua autoestima e a levou a uma reação verbal. Josevan ao lhe dar um tapa, fez uma agressão real à sua integridade física, e ela reagiu desproporcionalmente e lhe deu uma facada.

Você não deve se entregar à raiva, para não praticar atos que se arrependerá depois. Márcia vai pagar por esta explosão de raiva na cadeia durante muitos anos.

A maioria das raivas do homem moderno é tem origem em seu pensamento e é alimentada por ele. É o caso da raiva existente entre judeus e árabes, ou da que você tem quando pede a uma pessoa para fazer uma coisa e ela não faz: você fica frustrado e quer agredi-la. Ou quando você se lembra de noite de alguém que o irritou no o dia e não consegue dormir, pensando nele, com raiva.

Como é impossível você fugir de seus pensamentos raivosos, deve controlar sua raiva de outras formas, pois a reação de estresse é a mesma na raiva do pensamento e na causada por uma agressão real. Os efeitos maléficos são os mesmos nos dois casos.

Quais os tipos de Raiva?

Há dois tipos de raiva: a inata e a adquirida.

A raiva inata nasce com o indivíduo e se surge com rapidez. Ocorre se  há uma ameaça real à integridade física da pessoa e visa prepará-la para responder a situações de perigo em que a perda de tempo pode custar sua integridade ou sua vida. Ela é transitória, dura enquanto perdurar sua causa, e geralmente a reação é proporcional à ameaça. A raiva inata se origina no momento presente.

A Raiva de alguém que toma um tapa no rosto ou um murro na cabeça, é  inata, pois há ameaça real. Ela é passageira e proporcional à dor sentida: se doer muito a raiva é maior, se doer pouco é menor. E começa na hora do tapa.

  A raiva aprendida o indivíduo aprende durante sua vida, no convívio com outras pessoas, principalmente na família. Ela é gerada e mantida pelo pensamento, e surge sem haver uma ameaça real contra a integridade física da pessoa. Um exemplo é a que existe entre judeus e árabes, pois é ensinada hostilidade com os árabes à criança judia, ocorrendo o mesmo com os árabes em relação aos judeus.

Este sentimento de hostilidade existe também entre pessoas de partidos políticos diferentes, principalmente em cidades do interior. Numa cidade no interior de Pernambuco o ódio aprendido entre duas famílias tradicionais, dura há muitas gerações, com matanças entre seus membros. A raiva aprendida existe entre membros de diferentes religiões, como entre católicos e os protestantes da Inglaterra.

Na raiva aprendida a participação do pensamento é grande, tanto na produção quanto na manutenção. Este tipo de raiva é persistente, repetitiva e tem origem no passado. Para controlá-la você tem de agir no pensamento que a desencadeou, como veremos no item de Controle da Raiva.  

 

O que faz você ficar com Raiva?

Para você sentir raiva é necessário que haja uma quantidade mínima de estímulo ameaçador, chamada de Limiar de Raiva. Se você estiver calmo e for provocado por alguém, só sentirá raiva se a provocação tiver uma certa intensidade. Se ela é pequena, você não sentirá raiva.

Se alguém lhe ofender quando você estiver calmo, você não sentirá raiva, porque não foi atingido seu limiar de raiva. Mas se você estiver estressado, certamente terá raiva. Durante o estresse sua tolerância diminui e você reage a estímulos que normalmente toleraria.

 


       Se você estiver calmo e for ofendido, pode até tolerar à agressão.

 

Durante o estresse mantido é liberada grande quantidade de adrenalina, noradrenalina e cortisol, que aumentam a sensibilidade do cérebro à raiva. Se você já teve diversos aborrecimentos, e surge mais um, mesmo pequeno, poderá explodir na hora e até ter um sequestro emocional, se descontrolando por quase nada e sair gritando, quebrando tudo.

Vigie sempre sua mente para identificar os primeiros sinais de raiva - irritação, coração disparado, respiração acelerada, voz alterada, e controle-a desde o início.

 Quais são as regiões do cérebro ativadas na Raiva?

Quando você conversa com outras pessoas recebe muitas informações emocionais vindas dos rostos delas. A pesquisadora Fusar-Poli, em 2009, através da ressonância magnética cerebral, constatou quais as regiões do cérebro ativadas em pessoas saudáveis, depois que eram apresentadas a elas fotografias de rostos com raiva, eram a ínsula, o córtex cerebral visual e o cerebelo. (http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19949718)

  

                  Durante a raiva há ativação da ínsula, do córtex cerebral e do cerebelo.

Como age uma pessoa com Raiva?

Uma pessoa com raiva pode agir assim, segundo Santos (2009):

● Agredir a quem lhe provocou a raiva. É um comportamento frequente, principalmente se a pessoa não é atendida em seus desejos. Na raiva inata a defesa da integridade pessoal geralmente é baseada na agressão física do agressor, reagindo a agressão sofrida.

● Rebelar-se contra o agressor – se a pessoa enraivecida é subordinada ao agressor e é humilhada por ele, vinga-se não obedecendo suas ordens. É o caso do colaborador de uma empresa que é destratado pelo superior e não cumpre as ordens que ele deu ou faz as tarefas de modo errado propositadamente.

●  Outras formas de reagir: impedir o agressor de fazer qualquer coisa, exigir, ameaçar, opor-se ao agressor, fazer imposições, humilhar, criticar, rebaixar, torturar, perseguir, expulsar, etc.

 Quais as reações corporais da Raiva?

A raiva se manifesta no corpo de diversas maneiras e uma das manifestações importantes está no rosto com a contração do músculo maxilar inferior. A pessoa fica com o "queixo quadrado", o que é característico da raiva. Os dedos das mãos se fecham, para brigar, prontos para dar um murro, e a tensão muscular aumenta.

 


A pessoa fica com o "queixo quadrado", braços contraídos, sobrancelhas franzidas, olhos esbugalhados.

 

Ela fica suando muito, com as pupilas dilatadas e a pele do rosto vermelha ou pálida. Há contração dos músculos dos braços, antebraço e mãos. A voz aumenta de intensidade e fica grosseira, áspera e exaltada.

A boca fica seca, o coração dispara e parece querer saltar do peito, a respiração fica ofegante, a pressão arterial sobe, devido ao aumento da noradrenalina. O açúcar do sangue sobe, para servir como fonte de energia no caso de luta ou fuga. Esta reação é chamada de resposta ao estresse e ocorre toda vez que há uma ameaça ao organismo.

A intensidade da reação varia de uma pessoa para outra e, na mesma pessoa, com a intensidade da raiva. Pode durar minutos, horas ou dias, e quando a raiva for demorada produzirá danos à saúde da pessoa (Holzel, 2011, http://www.sagepublications.com).

 Como saber se outra pessoa está com Raiva?

A raiva se manifesta de diferentes formas. Goleman (1996) refere que as formas extremas são ódio, fúria e violência e as mais brandas são revolta, ressentimento, exasperação, indignação, animosidade, aborrecimento, irritabilidade, ironia e hostilidade. Santos ( 2009) inclui frustração, aversão,  mágoa, chateação, ciúme  (que é uma emoção mista), inveja, desagrado, decepção e  rivalidade.

Para saber se uma pessoa está com raiva, veja se ela tem seus sinais corporais, que são mais visíveis quando ela é mais forte: rosto suado, pálido ou avermelhado, olhos "esbugalhados", músculos da face contraídos,com o queixo "quadrado". As mãos e braços tremem, os punhos fechados, a  respiração mais rápida, a voz  alta, áspera, ríspida e grosseira.

 Como saber se você está com Raiva?

 Para saber se você está com raiva analise suas reações corporais. Veja se o coração disparou, se a respiração acelerou, se os pensamentos estão confusos, mãos e braços tremendo e contraídos como se fossem dar um murro, rosto quente, pálido ou avermelhado, suor na testa, os músculos da face e das sobrancelhas contraídos, voz alterada e olhos dilatados.

 O que fazer para controlar sua Raiva?

Controlar a Raiva é agir sobre ela depois de instalada, impedindo que ela evolua para a violência ou sequestro emocional. É diferente de evitar a Raiva, que consiste em vigiar de modo permanente sua mente, e praticar ações que impeçam sua instalação.

Você deve controlar sempre sua raiva e evitar sua explosão para evitar doenças do coração ou derrame cerebral. Pesquisas mostram que uma região do cérebro que fica atrás da testa, chamada de córtex pré-frontal, ajuda no controle da raiva, e pode nos “desligar” dela. A prática da Plena Atenção é muito útil para o controle da Raiva, pois ela diminui a atividade de um órgão relacionado com a produção da raiva, que é a amígdala cerebral.

     Veja neste blog, no endereço seguinte, como fazer o treinamento em Plena Atenção, :

http://emocaoeatencao.blogspot.com.br/ como fazer o treinamento em plena atenção?

 Passos para controlar sua Raiva:

 Preste atenção sempre a sua mente, principalmente quando pedir a alguém para fazer alguma coisa e ele não fizer. O preço do equilíbrio mental é a vigilância permanente da mente.

● Quando você sentir que está começando a ficar irritado não deixe a irritação crescer, pois ela irá aumentar cada vez mais e você pode perder o controle sobre a raiva.

● Quando a raiva começar procure se distrair e pensar em outras coisas. Leia uma revista ou jornal, assista televisão ou veja um filme que prenda sua atenção. Não deixe o pensamento raivoso crescer e tomar conta de sua mente.

● Se tiver Raiva durante uma discussão com outra pessoa, bote as mãos nas costas e aperte com força uma contra a outra, para desviar sua atenção e depois se afaste pedindo licença para ir ao sanitário.

● Não fique pensando no assunto que causou a raiva e se esforce para esquecê-lo. A melhor forma de esquecer uma coisa é não lembrar dela.

● Só volte a pensar na causa da Raiva depois que ela passar. Aí  terá uma visão clara e racional da situação, enxergando-a melhor.

● Se estiver com raiva de alguém, procure saber os pontos de vista dele.

● Convença-se de que deve controlar sua raiva. É importante você cultivar uma atitude mental de que "não vou me entregar à raiva".

● Não se entregue a seus impulsos agressivos durante a raiva. Deixe para agir depois que ela passar.

● Não adote, nem alimente uma atitude hostil contra ninguém. Não alimente o ódio e, ao contrário, cultive uma atitude amistosa. A hostilidade é um fator de risco para ter infarto do coração.

Não adianta nada esmurrar travesseiro, almofadas, paredes, bater nos móveis, nem gritar, pois isso não acaba a Raiva. Pelo contrário, se a pessoa se entrega à raiva é pior.

 

SÍNTESE

1. A raiva é uma manifestação dos seres humanos para a sobrevivência do indivíduo. Ele reage para lutar, graças à produção de adrenalina e noradrenalina pelo cérebro, em resposta ao estresse existente.

2. No homem moderno a raiva pode ser causada por estímulos psicológicos ou sociais, e muitas vezes não pode ser resolvida pela luta ou pela fuga. Ninguém pode fugir de seu pensamento, que origina e alimenta muitas Raivas. A reação de estresse é a mesma na raiva causada pelo pensamento e na causada por uma agressão real, e os efeitos maléficos são os mesmos.

3. O indivíduo nasce com a raiva inata, que surge com rapidez e ocorre quando há uma ameaça real à pessoa. Ela é transitória e representa uma resposta a situações de perigo. Dura enquanto perdurar sua causa e se origina no momento presente. A raiva aprendida é adquirida pelo indivíduo durante a vida, no convívio com outras pessoas. É gerada e mantida pelo pensamento, surge sem haver uma ameaça real e tem origem no passado.

4. Para você sentir raiva é preciso haver uma quantidade mínima de estímulo ameaçador. Se você estiver calmo e for provocado por alguém, só sentirá raiva se a provocação tiver certa intensidade e se ela for pequena, você não sentirá raiva. Mas se você estiver estressado, diante de uma pequena provocação terá raiva, pois o estresse diminui sua tolerância.

5. Uma pessoa com raiva pode agir de uma das formas seguintes: agredir a quem lhe enraiveceu, rebelar-se contra o agressor, impedir o agressor, exigir, ameaçar, fazer imposições, humilhar, criticar, rebaixar, torturar, perseguir, expulsar, etc.

6. A raiva se manifesta no corpo de diversas maneiras: no rosto há contração do maxilar inferior e a pessoa fica com o "queixo quadrado". Os dedos das mãos se fecham, prontos para dar um murro, e há contração muscular. A pessoa sua muito, as pupilas se dilatam e o rosto fica vermelho ou pálido. A voz é grosseira, áspera e exaltada, a boca seca, o coração e a respiração disparam, a pressão arterial sobe.

7. Faça o seguinte para controlar sua Raiva: preste atenção sempre a sua mente e se sentir que está irritado não deixe a irritação crescer; quando a Raiva começar procure se distrair e pensar em outras coisas; se ficar com Raiva quando discutir com alguém, cruze as mãos nas costas e aperte-as com força, uma contra a outra; não fique pensando na causa da raiva e só volte a pensar nela depois que estiver calmo.

8. Convença-se que deve controlar sua raiva. Se estiver com raiva de alguém, procure saber os pontos de vista dele. Não se entregue a seus impulsos agressivos durante a raiva. Não alimente uma atitude hostil contra ninguém. Não adianta nada esmurrar travesseiro, almofadas, paredes, bater nos móveis, nem gritar, pois isso não acaba a Raiva, e pode até ser pior.

 





 

                   CAPÍTULO 5  

           RAIVA – COMO EVITAR?

 

 

      Neste capítulo você verá o mal que a Raiva faz, podendo chegar ao infarto do coração ou derrame cerebral. Verá também como evitar a Raiva, como escrever o seu “Diário da Raiva” e um teste para avaliar como está seu controle da Raiva.

 

Nunca se entregue à Raiva!

Nunca se entregue à raiva, pois se você se descontrolar e explodir vai ficar prisioneiro dela. Quanto mais você se entregar à Raiva, mais ela vai querer de você, que poderá perder o controle, praticar atos violentos ou fazer coisas das quais se arrependerá depois.

A Raiva se alimenta do pensamento raivoso e no seu ponto máximo vai querer que você se vingue, sem pensar nas consequências de seus atos, e só queira bater, esmurrar, pisar e humilhar.                                   

A Raiva se alimenta do pensamento raivoso e exige vingança.  

Pesquisas mostram que descarregar a raiva não a elimina, havendo apenas um sentimento passageiro de satisfação. Diana Tice concluiu em sua pesquisa que explodir de raiva não liberta a pessoa da emoção e que se ela explodir e depois pensar na raiva, ela é reativada. O resultado é melhor se a pessoa deixa a cabeça esfriar e conversa com a outra depois, de forma calma e equilibrada.

Qual o mal que a Raiva faz?

Pesquisa realizada por Elizabeth Mostofsky, em 2014, com milhares de pessoas, concluiu que quem não controla a Raiva e explode, pode ter ataque do coração ou derrame cerebral, geralmente até duas horas após a explosão. Principalmente se ele já é doente do coração. A probabilidade de ter um ataque do coração depois de apenas uma explosão de raiva é pequena e aumenta quando as explosões são frequentes (http://www.hsph.harvard.edu/news/hsph-in-the-news/angry-outbursts-may-boost-heart-attack-stroke-risk/).

Um homem de cinquenta anos, já operado do coração, teve um infarto fulminante após uma explosão de raiva: ele ia numa estrada quando um motorista lhe deu uma "fechada", e ele jogou o carro para o acostamento para não bater. Enraivecido, acelerou o carro até pegar o outro veículo e explodiu de raiva com o outro motorista. Xingou-o de todas as formas e deu um murro violento na capota do carro, amassando-a, e logo depois desmaiou e caiu morto. Teve um infarto fulminante do coração, mostrou a autópsia.

          Durante a explosão de raiva é liberada noradrenalina, que dispara o coração e os batimentos rápidos podem levar ao infarto ou à parada cardíaca, principalmente se o coração já era doente. 

     


                       
O raivoso tem a cara amarrada, testa franzida e sobrancelhas apertadas.

 

Como evitar a Raiva?

Para evitar a raiva são úteis as recomendações seguintes:

● Administre seu estresse e evite situações muito estressantes, pois o estresse facilita o aparecimento da raiva. Uma situação que você poderia suportar sem ter raiva, poderá desencadeá-la, se você estiver estressado.

● Faça exercícios físicos regulares e pratique Plena Atenção.

                                  

                                 Relaxe praticando Plena Atenção.

 

● Não fique pensando em coisas desagradáveis que lhe irritem ou que se sinta humilhado. Pensamentos desagradáveis podem desencadear e manter a Raiva que você sente de alguém.

● Não entre na raiva dos outros: fique sempre atento pois a Raiva é contagiosa e você pode ficar enraivecido também.

          


       
                   
                     Não entre na raiva dos outros.

 ● Evite situações que levem a um atrito ou briga com outras pessoas e não as provoque usando ironias.

● Divirta-se regularmente, pois sua mente ficará mais calma. Sempre que puder, vá à praia, teatro, shows, parque de diversões, veja filmes ou ande em um bosque.

         


                       
                 Distraia-se regularmente indo à praia.

 ● Não use álcool continuadamente, nem abuse de seu uso, pois ele o faz mais sensível às provocações. O álcool diminui a sua tolerância e você pode explodir por qualquer coisa.

● Perdoe às pessoas que lhe fizeram mal, pois o perdão faz mais bem a quem perdoa, do que a quem é perdoado. O ódio faz mais mal a quem o tem, do que a quem ele é dirigido. Depois de perdoar, você fica "mais leve".

● Ria sempre que puder. Quando você ri, a contração dos lábios evoca o sentimento de alegria que lhe faz. Seus músculos relaxam e diminui em seu sangue o hormônio do estresse. O sorriso libera endorfina e serotonina, que dão bem estar, e dopamina que produz prazer.

 

                                                    Ria sempre que puder.

Como testar seu Controle da Raiva?

Para avaliar seu Controle de Raiva, use o questionário abaixo:

Instruções : 

 

Este questionário tem 20 itens e cada um tem 2 alternativas de respostas, sendo seu objetivo avaliar seu Controle de Raiva.

Não há afirmativas  'certas' ou “erradas”. Responda S se a afirmativa ocorrer “sempre ou quase sempre” ou N se ela ocorrer “nunca ou raramente”.


Questões

1. Eu tive problemas de relacionamento no trabalho por causa do meu temperamento raivoso. ___

2. As pessoas dizem que eu perco as estribeiras facilmente. ___

3. Eu nem sempre mostro minha raiva, mas quando a tenho vou logo para a briga. ___

4. Fico com raiva quando lembro de coisas ruins que fizeram comigo no passado.___

5. Frequentemente fico discutindo com as pessoas com quem converso. ___

6. Quando sinto raiva tenho vontade de matar quem me enraiveceu. ___

7. Quando alguém diz ou faz algo que me incomoda, não digo nada, mas depois fico com raiva, pensando na resposta que deveria dar e não dei.­­­ ___

8. Acho difícil perdoar a quem me fez mal. ___

9. Fico com raiva de mim mesmo quando perco o controle emocional. ___

10. Fico irritado quando as pessoas não se comportam como acho certo.___

11. Quando fico muito chateado com alguma coisa, sinto depois mal estar, dor de cabeça ou de estômago ou diarréia.­ ­___

12. Quando tenho um aborrecimento ou uma frustração por não ter atingido uma meta, tenho dificuldade para deixar de pensar no assunto. ___

13. Quando tenho muita raiva, às vezes não me lembro do que disse ou do que fiz __

14. Quando estou com raiva digo coisas que me arrependo depois.___

15. Algumas pessoas têm medo do meu mau humor. ___

16. Quando fico com raiva e me sinto frustrado ou ferido, descarrego depois na comida, no álcool ou em outras drogas.___

17. Quando tenho raiva, às vezes fico violento e bato em outras pessoas ou quebro o que estiver em minha frente. ___

18. Às vezes passo a noite acordado pensando no que me irritou durante o dia.___

19. Quando pessoas em que eu confio não se comportam como eu esperava, fico com raiva durante muitas horas ou dias.

20. Quando as coisas não ocorrem como quero, fico muito irritado e quanto mais eu penso no que me contrariou fico com mais raiva. ___

Cada resposta afirmativa em uma questão vale 1 ponto na sua pontuação final. Se você responder afirmativamente a 10 questões, sua pontuação será 10. Quanto maior sua pontuação menor é sua capacidade de Controle de Raiva.

Uma pontuação entre 14 e 20 indica que você não controla bem sua raiva, se irrita facilmente e pode explodir a qualquer hora. Você precisa aumentar seu controle, para não prejudicar seus relacionamentos.

Uma pontuação entre 6 e 13 indica que você está na zona  média de controle de raiva, e sujeito a ter problemas com ela. Deve praticar técnicas que estimulem o controle da Raiva. A pontuação entre 1 e 5 indica que você controla bem sua Raiva, mas não deve vigiar sempre seu aparecimento, senão o controle será mais difícil.

 

Diário da Raiva

 

Fazer um diário para registrar suas raivas é bom para saber a frequência com que ela ocorre. Saber descrever sua raiva lhe ajudará a ter melhor controle dela.

Apresentamos a seguir um modelo de Diário da Raiva. Anote o dia, hora e local em que ela ocorreu, com quem conversava, o que a desencadeou, o que sentiu na hora, sua reação e seu comportamento. Como exemplo, descrevemos um caso.

 

Diário da Raiva

 

 

 

Dia-Hora-

Local    

 

Quem causou a Raiva

 

Motivo da Raiva

 

Como se sentiu na hora:

Confuso-

Irritado-

Indignado-

Aborrecido-

Magoado-

Enciumado-

Decepcionado

 

Como reagiu:

 

no rosto, voz,

boca seca,

coração e

respiração

disparados-

mãos contraídas,

pernas tremendo.

 

Comportamento

na hora:

Agrediu  físicamente, fugiu,

humilhou,

expulsou, chorou.

 

25-2-16

 

10 h, no trabalho.

 

Um colega

 

Ele me humilhou

 

Confuso,

irritado,

decepcionado

e magoado.

 

Rosto vermelho,

voz alterada,

boca seca,

coração e

respiração

acelerados,

mãos fechadas.

 

Reagi humilhando-o e expulsando-o de minha presença.

 

RESUMO

1. Nunca se entregue à raiva, pois se você explodir será prisioneiro dela, que se alimenta do pensamento raivoso. Você vai querer se vingar, sem pensar nas consequências de seus atos, e vai querer bater, esmurrar, pisar e humilhar. Explodir não elimina a raiva . É melhor  esfriar a cabeça e  conversar com a outra pessoa de uma forma calma.

2. Pesquisa da Harvard de 2014, concluiu que aqueles que têm explosões de Raiva  podem ser vítimas de ataques do coração e de derrame cerebral, até duas horas após a explosão de Raiva.

3. Para evitar a raiva administre seu estresse e evite situações muito estressantes; para relaxar, faça exercícios físicos regulares e pratique Plena Atenção; não pense em coisas desagradáveis que lhe irritem ou causem revolta; não entre na raiva dos outros; evite situações que levem a atritos com outras pessoas, nem as provoque diretamente ou usando ironias.

4. Divirta-se regularmente; não use álcool continuadamente, nem abuse dele; perdoe às pessoas que lhe fizeram mal. O ódio faz mais mal a quem o tem, do que a quem ele é dirigido; ria sempre que puder, que faz bem à saúde.

 

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       FONTES:

         CARUSO,D.R. e SLOVEY,P., Liderança com Inteligência Emocional, M. Books, São Paulo, 2007

DAMÁSIO, A., Em busca de Espinosa: prazer e dor na ciência dos sentimentos,Companhia das Letras,2004 .      DAVIDSON, R. O estilo emocional do cérebro, Sextante, Rio de Janeiro, 2013,

GOLEMAN, D. Inteligência Emocional, Ed. Ática, 1996.

    SANTOS, J.O., Educação das Emoções –fundamentos e experiências., Faculdade Castro Alves, Bahia, 2009.

SANTOS, J.O., Educação Emocional na Escola – a Emoção na Sala de Aula, 2a ed., Faculdade Castro Alves, Bahia, 2000.

 

 

 



 

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