domingo, 9 de abril de 2023

E-book 20

                                                   


                E-book 20

                                                    Intuição

 

                   P S I C O L O G I A

 
             M O D E R N A

 

                           


         Blog emoçaoeatencao@blogspot.com      

  Prof. Dr. Jair de Oliveira Santos

                     2023 - Bahia- Brasil

 







QUEM É O AUTOR

 

Jair de Oliveira Santos é Médico, Professor aposentado da Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia, Graduado em Pedagogia, Especialista em Administração Escolar, Fundador e ex-Diretor da Faculdade Castro Alves, onde foi coordenador do Núcleo de Estudos das Emoções e do Programa de Educação das Emoções.

 Criou o blog emoçaoeatencao@blogspot.com onde publicou 90 Posts, durante 6 anos, que foram divulgado pela Google em 87 países e teve , segundo o site Ranking Data, cerca de 1 milhão e 188 mil acessos anuais. Fez o lançamento do Podcast das Emoções, no citado blog, em 2021.

Pioneiro da Educações das Emoções na Bahia, implantou-a na Faculdade Castro Alves e em vários colégios, com excelentes resultados. Publicou os livros: 1- Educação Emocional- fundamentos e resultados;2- Manuais de Educação Emocional; 3- Educação Emocional na Sala de Aula, e 4-. Educação Emocional: Aspectos Históricos, Fundamentos e Resultados.

Dedicou-se à Educação Médica, foi Coordenador do Colegiado de Curso de Medicina da UFBA e o presidente da Comissão de Currículo. Publicou livros e artigos na Revista da Associação Brasileira de Educação Médica, dentre eles “Educação Médica e Humanismo”, e” Educação Médica- Filosofia, Valores e Ensino”.

 

Dedico este e-book:

In memoriam:

A minha inesquecível esposa falecida, Olívia,

E a meu Pai e minha Mãe.        

A meus filhos:

Jair Filho, César, Telma, Vinicius e Paulo

A meus netos:

Jéssica, Jair Neto, Ana Júlia, Pedro Gabriel, Maria Eduarda , Larissa e Arthur.

                                                         ● ● ●

A todos que nos propiciaram condições e estimularam estudos, pesquisas  e reflexões sobre  a Educação das Emoções.

                                                        ● ● ● 

“Quem conhece aos outros é inteligente

  Quem conhece a si mesmo é sábio “

Lao Tsé – Tao te King, XXXIII   

                                                      ● ● ● 

“Trata a humanidade, na tua própria pessoa ou na de qualquer outra, como um fim em si, nunca apenas como um meio”

 Kant I., “Fundamentação da metafísica dos costumes”, 1786.                           

                                                    ● ● ●

“Não há outro universo, senão o universo humano, o universo da subjetividade humana. É procurando sempre fora de si um fim que o homem se realizará como ser humano”

Sartre,J.P., “O Existencialismo é um humanismo”, 1944

                                                  ● ● ●

“Para criar uma boa vida, não basta lutar por metas  que nos trazem prazer, mas também escolher metas que reduzirão a soma total de entropia no mundo”.

Mihaly Csikszentmihalyi

A Descoberta do Fluxo, 1999.

 

 

 

                                               

                         COMUNICADO

A partir de 26-11-22, o blog emoçaoeatencao@blogspot.com terá nova orientação, para atender á sua vasta clientela de milhões de leitores, conforme avaliação publicada pelo site Ranking Data, abaixo transcrita. Dentro de sua filosofia de trabalho, publicará também e-books gratuitos, que conterão o conteúdo dos posts já publicados, além de novos conteúdos, de modo a constituírem um conjunto integrado de conhecimentos.

Ranking database emoção atenção@blogspot.com, pesquisa.

Imagens de ranking data base emocaoeatencao@blogspot.com

              



RELAÇÃO DOS CONTEÚDOS DO E-BOOK 20

 Capítulo 1. Conceito e importância da Intuição 

Capítulo 2. Aspectos e tipos da Intuição 

Capítulo 3. Intuição, administraçâo e liderança intuitiva

Capítulo 4. Como ativar sua intuição

Capítulo 5. Intuição e Emoções

Referências Bibliográficas

 


 

                                           CAPÍTULO I

           CONCEITO E IMPORTÂNCIA DA INTUIÇÃO

   

                   O que é Intuição?

       A palavra “intuição” indica “um ato de percepção imediata, repentina, de um objeto. É necessário que se tenha uma ideia clara de seu significado, pois, os pesquisadores que se dedicaram ao seu estudo lhe deram interpretações vagas. Todos estão de acordo com uma definição genérica, havendo divergências quanto ao nível em que tal faculdade humana se manifesta e opera.

                                          

                       A Intuição é uma percepção imediata, repentina, de um  objeto.


                       A revista Psochology Today, da American Association of Psychology, em artigo publicado recentemente, “Ciência da Intuição”, comenta  que : (https://www.psychologytoday.com/us/blog/executive-functioning/202110/the-science- intuition#:~:text=Know%20and%20trust%20that%20intuition,sensations%20with%20a%20given%20environment.).

“Devido à atuação da mídia podemos ficar confusos e até mesmo desconectados de nossos próprios pensamentos, sentimentos e intuições. É fundamental que aprendamos a perceber estes elementos que surgem de dentro de nós.” Para a APA, Um jogador, estrategista de negócios ou atleta altamente bem-sucedido sempre parece ter um sexto sentido sobre o que fazer - uma intuição, que eles podem nem ser capazes de articular, que os ajuda a vencer as adversidades. Há uma grande quantidade de informações recebidas e processamento interpessoal ocorrendo fora da percepção consciente nas redes neurais que organizam emoções e informações sensoriais e somáticas.

 No mundo moderno, os instintos podem ser entrelaçados com o pensamento racional para melhorar a tomada de decisões. Saiba que a intuição está enraizada na ciência. É essencial que todos nós promovamos agora nossa autoconsciência e intuição. Aprender a ler todas as informações do mundo significa equilibrar a razão com a emoção. Enquanto lutamos para tomar decisões sobre nossas vidas nestes tempos confusos e difíceis, é mais importante do que nunca ouvir e nutrir os instintos.

       No nosso ponto de vista, se você analisar com atenção o que ocorre em sua mente durante certo tempo, notará que ora surgem pensamentos sobre os mais variados assuntos, ora aparecem emoções - alegria, tristeza, etc. - ou sentimentos, como amor e ternura por alguém. Você percebe também se está fazendo calor ou frio, ou imagens do que está ocorrendo em sua volta, sentir o cheiro do perfume de alguém que passa, o vento acariciando sua face, ouvir uma música cantada por alguém, ou sentir o gosto de algo que está comendo ou bebendo.

     Às vezes você vê surgir em sua mente, de repente, um novo conhecimento, uma nova informação, que brota espontaneamente na consciência, sobre algo que não estava pensando, nem observando. Este conhecimento novo irrompe de forma rápida, imediata e inexplicável, sem que você tivesse a intenção de tê-lo, sem que você o tivesse construído a partir de seus pensamentos. Ele não se originou em dados lógicos existentes em sua consciência, foi produzido por sua Intuição.



                                       A Intuição não é baseada em dados conscientes

 

A Intuição é um tipo de conhecimento que surge na mente, que não é baseado em dados conscientes. A palavra é originária do latim intueri, que significa “ver por dentro”, com raízes in, dentro, e tueri, “contemplar” ou “ver”. Para identificar sua intuição você deve ficar sempre se vigiando, prestando atenção ao que pensa e ao que fala. Quando, conversando com alguém, você diz “eu tive uma ideia”, sua intuição pode ter entrado em ação e ter dado novas informações. Mas se a ideia partiu de dados previamente conhecidos por sua consciência, que foram trabalhados por seu pensamento, trata-se de uma reflexão indutiva, uma indução, e não de uma intuição.

.A indução é um processo lógico mediante o qual, a partir de determinados dados referentes a uma situação particular, tiramos   conclusões válidas para um universo mais abrangente. É o que ocorre quando você analisa dados referentes a um problema e, num salto indutivo, utiliza o raciocínio para chegar a conclusões que se aplicam a um universo maior. Aqui se trata de inferência lógica e não de intuição.         

O conhecimento intuitivo brota em sua mente de forma instantânea, espontânea, irrompe nela sem nenhum esforço. Não está relacionado com dados previamente conhecidos, é imediato e dele não participa a razão. A razão, embora não participe do processo intuitivo, pode ser adicionada à intuição, e isto geralmente ocorre nos processos de decisão.

O processo intuitivo não é um processo mágico. A intuição não vem do nada, e trabalha com informações que não estão disponíveis na consciência, mas que foram adquiridos pela pessoa ao longo de experiências de sua vida, e naquele momento deixam de ser subliminares e passam a ser conhecidas. As informações podem também ser adquiridas de maneira extra sensorial, sem ser através dos sentidos, nos casos de percepção extra sensorial (PES).

Nossa vontade não pode atuar diretamente sobre a intuição, fazendo-a aparecer no momento em que desejarmos. Você não pode, no momento que quiser ter uma intuição, pois o processo intuitivo não é voluntário. Pode, isto sim, ajudar a florescer sua intuição na consciência, criando condições que facilitem seu aparecimento, conforme analisaremos posteriormente.

  A linha divisória entre a intuição e outros elementos psíquicos às vezes é muito tênue e difícil de ser fixada, e muitas vezes você não pode diferenciá-los, e deve estar atento para não cometer enganos na avaliação. Às vezes é difícil saber se você está diante de uma conclusão lógica ou de uma intuição.

Importância da Intuição

Seguramente a intuição é importante para ajudar a enfrentar os tempos pós-modernos, caracterizados pela escassez de tempo disponível, pelas mudanças cada vez mais profundas e mais rápidas do mundo e da sociedade em que vivemos, que nos levam a uma maior incerteza sobre o que vai ocorrer; tempos com um número crescente de informações que temos de lidar, e pela velocidade cada vez maior com que temos de tomar decisões pessoais, familiares, profissionais e sociais.

 Hoje não temos tempo disponível, para dedicarmos à análise dos problemas, procurando soluções lógicas para todos eles, identificando suas variáveis e procurando estabelecer relações entre elas, para chegarmos às conclusões adequadas. Tal estratégia pode vir a ser ineficaz, pois os problemas à espera de soluções podem se acumular cada vez mais, aumentando as questões pendentes em nossa vida, levando-nos a pressões cada vez maiores, às vezes intoleráveis. E virá o estresse resultante, com todas as suas consequências maléficas para a saúde e rendimento profissional.

Entendemos que urge, como parte do processo de desenvolvimento de nosso auto-conhecimento e auto-consciência, a necessidade de nos conscientizarmos e de aprendermos mais sobre nossa intuição: como identificá-la, e como diferenciá-la dos instintos, impulsos, desejos, raciocínios, emoções e projeções, e como desenvolvê-la e utilizá-la adequadamente, conscientes e atentos para reconhecer as suas limitações.

A intuição é uma forma de conhecimento que transcende à razão, mas não é oposto a ela, e não a substitui. Pelo contrário, deve ser usada em adição a ela. Os administradores e homens de negócios sabem bem disso pois usam, muitas vezes, de forma alternada e intercalada, razão e intuição. Pensam sobre os problemas a resolver com base em dados da realidade disponíveis, porém quando os dados são insuficientes ou não existem, completam o conhecimento racional da situação com a intuição.

             A intuição é uma forma de conhecimento que transcende à razão.

 Por exemplo, quando o administrador de uma empresa que produz computadores   vai definir o preço do produto que vai lançar no mercado, depois de fazer a análise detalhada de sua  planilha de custos,  pode não se sentir seguro para estabelecer seu valor e então se guiará por sua intuição, estabelecendo um valor menor do que o apontado pela planilha. Ele percebeu que o produto não poderia concorrer no mercado, com um preço mais elevado.

A intuição é uma das formas de saber, uma fonte de novas informações. Ela prevê possibilidades no futuro. Qualquer coisa que é criativa tem ligação com a intuição, pois ela nos leva da fronteira do desconhecido. A Intuição intermedia nosso relacionamento com o desconhecido.

Através dela podemos conseguir informações de coisas que não tínhamos e de fontes não conhecidas. Segundo Goldberg10, Einstein confessa que na elaboração de suas teorias utilizou a intuição, tendo escrito sobre ela, creditando-lhe importante papel em seu trabalho. Os matemáticos utilizam muito a intuição e sabem que a lógica e a razão, muitas vezes, servem para validar e provar teoremas que tomaram conhecimento através da intuição. Físicos criam novas teorias utilizando a intuição, enquanto músicos e pintores criam suas obras através de intuições. Atualmente, muitos pintores e artistas frequentam cursos de treinamento da intuição.

 

            

 

 

 

 

 

                    CAPÌTULO II

                ASPECTOS DA INTUIÇÃO

 Analisaremos aspectos filosóficos, psicológicos e econômicos.

Aspectos filosóficos

Podem ser considerados dois tipos fundamentais de conhecimento humano: o lógico e o intuitivo. O lógico é resultado da aplicação das regras da lógica formal ao pensamento. Seu objetivo é fazer com que o ato de pensar seja coerente, que o pensamento sempre esteja de acordo consigo mesmo. Suas características são:

· faz-se através do pensamento lógico;

· é mediato, isto é, as conclusões são tiradas a partir de fatos e dados previamente conhecidos;

· é analítico, permitindo a análise do conteúdo e da forma do pensamento.

 O conhecimento intuitivo, tem como características :

· não depende de dados previamente conhecidos pela consciência;

· é imediato. Sua percepção é instantânea e sua existência não está subordinada ao processamento lógico/analítico;

· é independente do pensamento e está relacionado com a função psicológica de intuir; é inexplicável.  E está ligado a um certo sentimento de certeza da pessoa que tem a intuição;

· é sintético, pois apreende o todo, sem análise  de suas partes.

  Aspectos psicológicos:

 Sob o ponto de vista psicológico, a intuição é uma função mental independente e específica1. Jung2 considerou quatro funções mentais básicas: pensamento, sentimento, sensação e intuição. Definiu a intuição como “a função psicológica que se ocupa de transmitir percepções através do inconsciente”Para ele:

A peculiaridade da intuição reside no fato de não ser percepção sensorial, nem sentimento, nem conclusão intelectual (...)2.

Considerou a intuição uma função irracional, não no sentido anti-racional, mas no de extra-racional, de que não tem fundamento racional. E afirmou: “Este termo não denota algo contrário à razão, mas algo fora do domínio da razão”2.


                                    A intuição é algo fora do domínio da razão.

Kant acreditava que a intuição é um saber que sintetiza o conhecimento passado e o presente. Del Nero5 considera a intuição como a emergência na consciência de um padrão estimulado por um aporte rico de relações inconscientes.

Para ele, nosso cérebro tem uma capacidade maior ou menor de estabelecer relações entre objetos, o que costuma ocorrer em um nível abaixo do limiar de consciência. A intuição é um novo nível mental de processamento cerebral.

A intuição é de extrema importância para tomarmos decisões, pois só podemos decidir a respeito daquilo que sabemos. Para decidir, precisamos saber sobre aquilo que vamos decidir. De certa forma, a função da intuição é tomarmos consciência daquilo que já sabemos, que já está abaixo do limiar de consciência.

Acreditamos que a função psicológica básica é a percepção, através da qual podemos perceber dados conscientes e inconscientes. Os conscientes são percebidos através das sensações provenientes dos sentidos - visão, audição, tato, olfato e gosto, enquanto os inconscientes são percebidos através da intuição.

Nós percebemos as  informações do mundo externo através de nossos sentidos, enquanto as de nosso corpo nos chegam através de sensações fisiológicas provenientes de nossos órgãos e tecidos. Todas as informações externas ou advindas de nosso corpo, que um dia foram conscientes, tornam-se inconscientes, mas podem retornar à consciência através da intuição. Informações armazenadas no subconsciente, quando atingem determinado nível de energia, podem aflorar à consciência.

A pessoa percebe suas sensações e intuições, e, a partir delas, desenvolve seus pensamentos, envolvendo estas percepções e pensamentos com o manto dos sentimentos e emoções.

Podem existir os seguintes tipos de personalidades:

1. Pensador-intuitivo

2. Pensador-sensorial;

3. Sentimental – sensorial;

4. Sentimental - intuitivo10.

 Para Robert Hanson10, psicólogo junguiano, a pessoa intuitiva.

“tende a perceber as coisas em termos de possibilidade. O intuitivo tem uma imaginação ativa, está surgindo continuamente com novas ideias, geralmente está inspirado e gosta de abordar problemas novos e não resolvidos”.

Ao contrário das pessoas sensitivas, que colocam a atenção  na realidade concreta, os intuitivos são estimulados por ideias abstratas e por implicações e relacionamentos entre conceitos; gostam de fazer as coisas de suas próprias maneiras, sendo atraídos pelo desconhecido, pelo novo e pelo complexo.

Características dos intuitivos-sentimentais, segundo Hanson, no seu Inventário de Preferências do Aprendizado 10:

· curiosos e introspectivos;

· imaginativos, criativos e dispostos a sonhar;

· comprometidos com seus valores e  abertos a alternativas;

· ansiosos para explorar novas ideias e gerar novas soluções para os problemas e dispostos a discutir dilemas morais;

· tomam caminhos inexplicáveis para solucionar os problemas;

· são flexíveis e adaptáveis, embora gostem de trabalhar com um mínimo de diretivas;

· olham para além dos fatos, para o quadro mais geral.

Como traços negativos, podem ser irrealistas, incapazes de planejar e de organizar.

 De acordo com este autor, os intuitivos – pensadores têm como características:

· mais teóricos que os sentimentais, são mais orientados para o conhecimento;

· seus julgamentos são impessoais, mais analíticos, lógicos e críticos que os dos sentimentais;

· tendem a planejar e pensar as coisas de forma sistemática, do início ao fim, e antes de começar a agir;

· são mais organizados que os intuitivos – sentimentais;

· gostam de argumentar as questões logicamente e mais dos conceitos do que dos detalhes;

· muito críticos, podem ser despreocupados com os sentimentos dos outros e intolerantes com as discordâncias;

Enquanto uma pessoa que é do tipo intuitivo – pensador pode ter em seu comportamento dominância do pensamento, outra pessoa pode ter dominância da intuição.

Segundo Goldberg10, os testes junguianos são úteis para a identificação de pessoas intuitivas:

“Utilizados com alguns cuidados, os instrumentos de testes junguianos podem se constituir em ferramentas úteis para o auto-entendimento e ser aplicados para escolhas ocupacionais, designação de tarefas, seleção de pessoal, métodos de ensino e treinamento”. (...) “Usados com cautela, os testes de estrutura de personalidade podem ajudar-nos a reconhecer pessoas intuitivas”.

Malcom Westcott19,20 estudou 1097 pessoas durante cerca de 10 anos e concluiu, em 1968, que as pessoas intuitivas tendem  ser:

· não convencionais, confiantes e auto-suficientes;

· envolvidas em questões abstratas e valores humanos;

· dispostas a explorar incertezas e dúvidas sem medo;

· dispostas a se exporem a críticas e desafios e a mudarem, se julgar apropriada a mudança;

· resistentes a controles e direcionamentos externos;

· independentes, previdentes e espontâneas.

 A análise dos dados encontrados por Westcott mostra que eles correspondem muito de perto com os dados de outros autores no tocante às qualidades atribuídas a uma pessoa intuitiva – criatividade, originalidade e independência de julgamento.

 Nossa capacidade de intuir pode ser facilmente constatada no  dia a dia, desde que estejamos conscientes da existência da intuição e atentos para identificá-la quando ocorrer. Geralmente não temos consciência dessa capacidade e por isto não identificamos a intuição quando ela ocorre, atribuindo, muitas vezes, o bom resultado de nossas ações à “sorte” ou ao acaso, quando na realidade pode ter sido nossa intuição que atuou sem sabermos.

 A intuição pode ser treinada e desenvolvida para pensar logicamente, controlar as emoções e  os dotes musicais e  artísticos.

 Tipos de Intuição

Podem ser considerados os seguintes tipos de intuição: emocional, mental e espiritual.

 Na intuição emocional as pessoas são mais capazes de interagir no mundo dos sentimentos, e têm maior capacidade para perceber sentimentos e emoções dos outros. É o caso da famosa intuição feminina, muito útil nas situações interpessoais.

A intuição mental é mais associada com o pensamento e tende a ser o tipo mais disponível nos homens de negócios e administradores. Os empreendedores tendem a ser pessoas muito intuitivas. A intuição espiritual tem a ver com a percepção da natureza da realidade e das coisas, e com seus significados e sentidos. É a chave das experiências religiosas, auto-transcendência e auto-realização.

Uma pessoa pode ter mais habilidades em determinado tipo de intuição do que em outro, podendo ser mais apta para a intuição espiritual do que para a mental, e vice-versa. Vaugham11 acredita que a intuição pode estar disponível para nós através de sentimentos, de imagens ou do nosso corpo.

 Acreditamos, baseados em observações pessoais,  que a Intuição:

· é uma função da mente humana, utilizada em maior ou menor proporção, sem termos consciência;

· pode ser bloqueada pela agitação produzida por pensamentos, emoções e sentimentos, falta de autoconfiança,auto-consciência e  auto-conhecimento;

· pode ser ativada, mediante a utilização de técnicas adequadas;

·  é uma faculdade adormecida, reprimida e pouco desenvolvida, que pode ser de grande utilidade. 

 

               

 

 

 

                    CAPÍTULO  3

INTUIÇÃO, ADMINISTRAÇÂO E LIDERANÇA INTUITIVA      

A intuição pode ser encarada como um nível mais profundo de consciência, do qual emerge um conhecimento diferente daquele existente no estado normal de cognição, devido ao acesso a informações que normalmente não temos em estado habitual, e que se referem apenas a sensações, sentimentos e pensamentos.

Alguns teóricos da administração, citados a seguir, nos últimos anos, para fazer frente à aceleração das mudanças introduzidas na economia mundial em decorrência da globalização, que trouxeram ao cotidiano da administração de empresas e organizações um crescente aumento de complexidade, incertezas e conflitos, têm se debruçado na análise do papel que a Intuição pode ter na prática administrativa.

Warren Benis3, presidente do USC Leadership Institute, em publicação do ano 2000,afirma que:

“Se os líderes e administradores não conseguirem usar e desenvolver suas capacidades intuitivas, e criar um ambiente em que a intuição seja valorizada e recompensada, não há dúvida que suas  eficácias ficarão comprometidas”.

Parikh e colaboradores3 realizaram recentemente uma pesquisa, que denominaram “Levantamento Internacional Sobre a Intuição”, sobre o papel que a intuição parece desempenhar na vida pessoal e profissional de administradores de 1300 empresas de nove países – Grã Bretanha, Holanda, Japão, Suécia, Índia, França, Austrália, Estados Unidos e Brasil.

O levantamento mostra que 53,6% dos administradores consultados através de questionários, afirmam que usam em igual proporção a Intuição e a Lógica/Raciocínio. Cerca de 7,5% afirmam que usam mais a Intuição e os restantes 38,9% declaram que usam mais a Lógica/Raciocínio em seu trabalho.

 Para Parikh3:

“Está ficando cada vez mais forte a impressão de que as soluções criativas intuitivas devem fazer parte de uma filosofia mais abrangente a ser utilizada pelos administradores”.

Para sustentar seu argumento afirma que estatísticas recentes  mostram, nos Estados Unidos, que nos últimos 10 a 20 anos, muitos dos novos empregos surgiram em empresas jovens e modernas, construídas a partir de ideias criativas de seus proprietários e diretores. Cito  o caso da Microsoft, na área da informática, que começou como uma fabriqueta de fundo de quintal, a Sony, originalmente fabricante de rádios portáteis e da BMW e Honda, de início fábricas de motocicletas.

Segundo Parik (op.cit):

“Referências ao papel da intuição na tomada de decisões estão se tornando cada vez mais frequentes nos mais conceituados periódicos comerciais”. “Os padrões de pensamento convencionais, analíticos e lógicos já não são mais suficientes para compreendermos os cenários atuais ou que estão prestes a surgir, nem para lidarmos com eles.”

Daniel Isenberg6, da Harvard Business Review, passou dois anos estudando os processos de decisão utilizados por dezenas de gerentes sênior. Concluiu que:

Os gerentes de alto escalão geralmente não pensam de maneiras que possam ser vistas simplisticamente como “racionais”. Em vez disso, sempre que haviam altos riscos em jogo, situações desconhecidas ou problemas extremamente complexos, a intuição era o instrumento mais usado para se chegar a uma solução”.

Foram as seguintes conclusões, que colocaram a intuição em posição de destaque no processo de decisão:

· A intuição parece ser uma habilidade tanto mais prevalente quanto mais subimos pela hierarquia empresarial.

· Os gerentes de alto nível tinham escores significativamente melhores do que os de nível médio e baixo em sua capacidade potencial de usar a intuição para tomar decisões.

· Os gerentes de alto nível integravam bem suas capacidades intuitivas com suas outras funções, mas quando estavam prontos para agir pareciam confiar mais na intuição como guia.

 Liderança Intuitiva

 

Schultz6, descreve os seguintes elementos de uma liderança intuitiva:

·  Ser capaz de criar na organização uma cultura que promova e estimule ideias criativas e inovadoras, em todos os níveis da administração, dando oportunidade a todos para se expressarem.

· Organizar regularmente sessões de brainstorming, permitindo que problemas sejam abordados a partir de suas causas, e implementar com rapidez as ideias propostas.

· Delegar autoridade para que os problemas sejam resolvidos nos lugares em que ocorram. O líder tem de ceder parte do controle da organização e facilitar as soluções, em vez de impô-las.

· Desenvolver e defender uma visão corporativa da organização, assegurando-se de que todos que trabalham nela partilhem desta visão.

· Estar disposta a admitir, cometer e aceitar erros, sem entretanto relevar os erros gerados por descuido ou por deficiência de execução resultantes de incompetência.

· Perdoar e admitir o erro decorrente da aspiração a um melhor desempenho. Quando as pessoas de uma organização acreditam que podem contribuir para a melhoria dela e até mesmo falhar nas suas ações voltadas para a busca de melhor performance, a intuição  e a criatividade começam a florescer nela.

Entretanto devemos estar conscientes de que não é a intuição sozinha, isolada, que nos permite tomar decisões. Frequentemente, ela  deve ter o auxílio da lógica/ raciocínio. A decisão, numa metáfora, seria o vértice de uma espiral, cujas espiras seriam construídas, metade pela intuição e metade pela lógica. Para tomar determinada decisão através da intuição utilizamos dados registrados em nossa memória, relacionados com nossa experiência anterior sobre a situação, nossos conhecimentos e valores, e sintetizamos tudo em uma visão global da situação. A maioria das vezes a decisão é tomada mediante o desencadeamento de um processo integrado que inclui o raciocínio lógico e a intuição.

                        

                      Qual o caminho a tomar: da intuição ou da lógica? Ou os dois?

 

 

 




                                 CAPÍTULO  4
                  COMO ATIVAR SUA INTUIÇÃO
 Muitas coisas você pode fazer para tornar sua intuição acessível e disponível11.A primeira é considerar que ela existe e passar a prestar mais atenção à sua ocorrência, em vez de ignorá-la. Não é difícil. Se você quiser, pode prestar ou não prestar atenção a seus pensamentos e seus sentimentos, e a mesma coisa ocorre em relação a sua intuição – você pode prestar atenção a ela, se quiser e estiver motivado para isto.

 A segunda é procurar compreender a intuição. Uma forma de conhecer melhor qualquer coisa é justamente prestar atenção a ela e procurar compreendê-la. Ela vai ficar mais disponível pelo simples fato de você lhe destinar mais atenção, e ter consciência que a está usando.

O autor acredita que a repressão que a intuição sofre habitualmente nas pessoas decorre dela não ser reconhecida enquanto função mental disponível, e pela não valorização dela, além da falta de conexão consciente da intuição com outras funções psicológicas.

 Acreditamos que um processo cognitivo global, completo e  abrangente, implica na valorização e percepção da intuição, em sua interpretação adequada e na sua inclusão no corpo de conhecimentos existente. Ela é muito importante no relacionamento interpessoal, pois permite a percepção e compreensão imediata dos sentimentos e emoções dos parceiros sociais, desempenhando importante papel no relacionamento humano e na empatia.

Para a percepção sistemática da intuição é necessário um trabalho  conscientemente orientado pela pessoa, no sentido de fazer uma “limpeza” psicológica do campo da consciência, não permitindo a adesão permanente da mente aos pensamentos, sentimentos, sensações e emoções, o que pode ser feito através da Meditação.

 Pré-requisitos para treinamento da Intuição

Vaugham11, entende que existem alguns pré-requisitos para o treinamento da intuição e propõe os seguintes passos para ativá-la:

· Treinar a atenção e a quietude da mente é o primeiro passo.

Você deve aprender a tornar sua mente quieta. Parece fácil, mas não é, você se desligar do monólogo sem fim que tem consigo mesmo, com seus pensamentos, através de seus diálogos internos.

Você deve aprender a ficar em silêncio durante algum tempo. Isto é fundamental para desenvolver a intuição. Uma mente cheia de pensamentos, sentimentos e emoções não permitirá que a intuição aflore com facilidade. Aprenda a fixar sua atenção em um objeto. Este é o princípio de qualquer meditação.

· Confiar em si próprio. Você só poderá confiar em sua intuição se tiver confiança em si mesmo. Desenvolva sua auto-confiança.

·  Não ficar se recriminando. Não seja muito severo com as críticas a si mesmo, se recriminando o tempo todo e carregando sentimento de culpa por atitudes que tenha tomado. Sentimentos de culpa, medo, e outros negativos, dificultam ou impedem o afloramento da intuição.

· Desenvolver sua auto-consciência e auto-conhecimento. É fundamental desenvolver sua capacidade de auto-observação, inclusive para poder reconhecer a intuição quando ela surgir. Qualquer tipo de meditação é útil para desenvolver a capacidade intuitiva. Muitas pessoas acreditam que a intuição floresce como uma espécie de efeito colateral da meditação. A prática da concentração e o esvaziamento da mente  permitem que a intuição brote  de forma adequada.

· Identificar corretamente sua intuição.

· Cuidado para não cometer enganos considerando intuição o que não é. Diferencie as reações emocionais da intuição verdadeira, particularmente quando se tratar da intuição interpessoal, relacionada com sentimentos e emoções. Quando você está perturbado emocionalmente ou preocupado com alguma coisa, não é capaz de perceber adequadamente o que está se passando em sua mente, nem poderá perceber corretamente os sinais vindos da outra pessoa.

·  Procure livrar-se da raiva, medo e tristeza. Estas emoções interferem negativamente na ativação da intuição, pois comprometem o equilíbrio mental, que você perde quando está com raiva, preocupado ou triste. Livrar-se das emoções negativas faz parte da quietude da mente.

· Procure agir com positividade. Quando você se relaciona com outras pessoas sem agressividade, sem medo, sem estar na defesa, pode captar melhor as informações, através de sua intuição.

·  Procure ver a realidade com clareza: não se situe no polo do medo, nem no polo do desejo. Não viva sempre esperando que as coisas ocorram como você quer (polo do desejo), nem com medo de que elas ocorram da forma que você não quer (polo do medo). Se você vê o mundo sempre com olhar da cobiça ou se medo, vai percebê-lo de forma distorcida.

Descreveremos a seguir técnicas que você pode utilizar para ativar sua intuição: meditação, brainstorming, mandar recado para o  inconsciente, e anotação dos impulsos intuitivos.

MEDITAÇÃO :

O treinamento da intuição pela meditação pode ser feita pela Meditação da Mente Alerta (meditação Vipassana,15,16 ) ou pela Meditação Concentrativa18, denominada de meditação Samatha na  tradição budista.

 Meditação Concentrativa - são os seguintes passos:

· Sente-se em posição confortável, com a coluna ereta.

· Feche os olhos.

·  Solte o corpo. Procure relaxar todos os músculos.

·  Respire naturalmente, sem interferir na respiração. Sinta o ar entrar e sair livremente nos pulmões.

·  Observe cuidadosamente cada fase da respiração, a inspiração (entrada do ar) e a expiração (saída do ar). Depois de identificar cada fase, concentre-se isoladamente em cada uma delas: preste atenção no início, duração, amplitude e no término de cada uma.

·  Quando surgir pensamentos na mente, afaste-os gentilmente, retornando a atenção para a respiração.

·  Não se preocupe com nada que esteja em volta. Esqueça as preocupações. Concentre a atenção exclusivamente na respiração.

·  Para ajudar a concentração, conte lentamente, de um até dez, as inspirações e as expirações, acompanhando seus ritmos. Não é recomendável passar de dez, pois você pode perder a concentração e pensar em outras coisas.

·  Outra forma de garantir a concentração é prestar atenção ao movimento de subida e descida do tórax ou do abdômen, repetindo “sobe – desce”, para cada subida ou descida do tórax, ou “dentro – fora” para cada inspiração e expiração que forem realizadas.

·  Comece com 10 a 20 minutos e depois  aumente o tempo, até quando for agradável.

· Pratique uma a duas vezes por dia, de preferência na mesma hora e no mesmo local.

 

 Meditação da Mente Alerta

A meditação de mente alerta segundo o Sattipatthana Sutta22, um texto budista theravada, resume-se na frase “Sede Atentos!”, isto é, vigie sua própria mente.

Neste tipo de meditação, em vez de concentrar atenção em determinado objeto, real ou virtual, você deve deixar sua mente receptiva a todo e qualquer evento que surja em sua consciência. Sua atenção deve ser receptiva.

São os seguintes passos15,16:

· Sente-se em posição confortável, com a coluna ereta.

· Feche os olhos.

·  Solte o corpo. Procure relaxar todos os músculos.

·  Respire naturalmente, sem interferir na respiração. Sinta o ar entrar e sair livremente nos pulmões.

·  Observe cuidadosamente cada fase da respiração, a inspiração (entrada do ar) e a expiração (saída do ar). Depois de identificar cada fase, concentre-se isoladamente em cada uma delas: preste atenção no início, na duração, na amplitude e no término de cada uma.

· Quando surgir qualquer pensamento, emoção, sentimento ou sensação em sua mente você não deve se fixar em nenhum deles. Acompanhe o aparecimento, a duração e a extinção de cada um.

· Não faça  nenhuma avaliação do que surgir na sua mente: se é bom ou ruim, se é agradável ou desagradável. Simplesmente, contemple o que surgir durante suas curtas permanências na mente, e em suas substituições  por outros que os sucedam.

Ao fazer isto, você diminui a “pressão” sobre a mente, permitindo que a intuição se manifeste conscientemente, abrindo uma porta do inconsciente para o consciente.

Pode ocorrer, depois de você se concentrar em sua respiração, você ouvir o barulho de um carro que passou, depois o latido de um cachorro, o choro de uma criança, a discussão de um casal que vai passando, as batidas de um martelo. Pode sentir a picada de uma formiga, lembrar-se de um fato agradável ocorrido no fim de semana, recordar-se de um filme que viu na semana passada, sentir que sua boca está cheia de água, sentir as pernas e os braços bem pesados, perceber que teve de encher bem o peito de ar porque estava sentindo falta de ar.

 De repente você se lembra que tem que pagar uma conta amanhã e fica preocupado porque não tem dinheiro, depois se lembra de uma briga que teve com um amigo e fica com raiva dele, e assim por diante. O importante é que você não pode se fixar em nada que percebeu: deve deixar as percepções chegarem e irem embora e não deve julgar nada, se é bom ou ruim, agradável ou desagradável.

Se lhe ocorrer a solução de qualquer problema ou uma idéia nova para seu trabalho ou sua vida pessoal, procure guardá-la. Se você notar que está esquecendo depois, anote-a, na hora.

Brainstorming6

É um processo que estimula o aparecimento de ideias, principalmente em um grupo. Pode ser usado quando diferentes pessoas têm como meta comum  um problema  a ser resolvido.

Pode ser utilizado um quadro, onde são escritas as idéias do grupo, ou uma folha de papel, onde cada um escreve as idéias que lhe ocorrem. Numa primeira fase, cada membro do grupo comunica verbalmente, ou escreve, suas propostas de solução do problema em questão, não devendo ser descartada nenhuma delas na primeira rodada. Cada pessoa é estimulada a emitir seu ponto de vista, independentemente de ser solicitado pelo condutor da sessão.

Na segunda etapa o grupo seleciona as melhores idéias dentre as apresentadas, estabelecendo uma ordem de prioridade. Numa nova rodada serão selecionadas novas prioridades, até escolher as propostas melhores, e, por fim, é escolhida a proposta que deve ser adotada, considerada pelo grupo a melhor de todas.

A sessão deve durar em torno de 5 a 15 minutos, e o clima reinante deve estimular as pessoas para a se sentirem à vontade para expressar seus pensamentos sem medo de crítica ou reprovação dos seus companheiros. Para isto, o condutor da sessão deve aconselhar a todos que não censurem suas ideias, nem as dos outros, permitindo a cada um tomar conhecimento dos seus impulsos intuitivos. Cada participante deve ouvir o outro com atenção, e sem interromper.

Recado para o inconsciente

É um processo útil para a tomada de decisões, a nível pessoal e  profissional. Pouco antes da hora de ir dormir, você se concentra durante uns poucos minutos no problema que deseja resolver e na decisão que deseja tomar, depois deixa-o de lado e procura dormir.

· Antes de ir para a cama, sente-se confortavelmente em um lugar calmo e respire profundamente algumas vezes, até sentir-se relaxado.

· A seguir, concentre-se na decisão que deseja tomar e diga a si mesmo: “Gostaria de ter a resposta ao acordar”.

· Respire fundo mais alguns minutos, tire a idéia da cabeça e vá dormir.

· Quando acordar pela manhã pergunte a si mesmo qual a resposta para o problema ou qual a decisão que deve tomar.

· Anote-a, pois uma das características da intuição é que ela é esquecida facilmente.

· Às vezes, a solução vem durante a noite,  você acorda, toma conhecimento dela, e volta naturalmente a dormir. Não esqueça de anotar o percebido, se isso ocorrer.

 Piloto Interno

Esta técnica pode ser utilizada sob a forma de uma variante da anterior, durante o dia, sem você dormir. Veja a descrição a seguir:

·  Selecione um problema a resolver ou decisão a tomar, e escreva um relato simples durante algum tempo.

· Sente-se confortavelmente em um lugar calmo, respire profundamente algumas vezes e concentre-se na respiração, até sentir-se relaxado.

· Concentre-se a seguir no problema que selecionou e pense em todas as suas dimensões possíveis. Siga mentalmente todas as consequências de cada alternativa de solução, analisando seus prós e contras.

· Retorne para o estado de profundo relaxamento, concentrando-se em sua respiração de novo, eliminando todos os pensamentos.

· A seguir, volte a pensar nas soluções possíveis e em todas as consequências de cada uma delas, Perceberá que uma determinada solução, lhe parecerá mais adequada e que com ele você sentirá mais conforto físico.

Na realidade, houve uma alternância do uso da intuição e da razão. Quando você pensava, entrava em cena seu hemisfério cerebral esquerdo, e quando seu domínio sobre o consciente era relaxado, durante o relaxamento, isto permitia que a intuição aflorasse. A intuição age como se fosse um piloto, dirigindo e orientando sua mente consciente.

Anotação de Impulsos Intuitivos

A anotação de seus impulsos intuitivos visa estimulá-lo a reconhecer e captar tais impulsos. Use uma pequena caderneta de bolso para anotar as intuições que acha que teve durante o dia. Não censure nenhuma ideia que achou ser intuitiva. O exercício se resume a escrever tais intuições, pois isto o estimulará a ficar sempre atento e alerta ao que se passa no interior de sua mente, podendo identificá-las quando ocorrerem.

Exemplos de situações: você ter um impulso de telefonar para um amigo que não vê há muito tempo, sentir algo muito forte que vem de dentro dizendo que não deixe de telefonar, e quando telefona saber que ele está com um problema de saúde e precisando de ajuda. Você vai dirigindo seu carro na estrada e sente uma voz interior que lhe impulsiona para mudar de pista na estrada e logo depois que passa para outra pista tem um acidente na que você estava.

No final do dia conte quantos impulsos intuitivos teve, e depois de alguns dias, repita o exercício. Compare o número de impulsos que teve no primeiro dia com a quantidade da segunda vez: provavelmente terá aumentado, pois à medida que o tempo vai passando você vai dedicando mais atenção para sua intuição.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

                           CAPÍTULO 5

COMO SABER SE UMA INTUIÇÃO É VERDADEIRA

 

A intuição verdadeira, genuína, nos traz um senso de certeza a respeito dela, e uma sensação de paz interior. Se há dúvidas a respeito de determinada intuição, só temos uma forma para saber se ela é verdadeira ou falsa: testando-a. Lembrar que uma forma básica de aprendizagem humana é a de tentativa, do erro e acerto, e a intuição deve ser submetida a este processo.

Devemos diferenciar a intuição de outros fenômenos mentais com os quais ela pode  se confundir. Um deles é o medo de que alguma coisa ruim possa a ocorrer. Por exemplo, alguém pode ter medo de entrar em um avião, achando que ele vai cair, e pensar que é uma intuição: ele teria tido a intuição de que o avião iria cair, e por isto não quer viajar nele. Na realidade, a pessoa pode ter é medo de viajar de avião e está confundindo medo com intuição.

Outra situação: você deseja de que alguma coisa ocorra e confunde este desejo com uma intuição. Exemplo: você deseja que uma pessoa lhe diga estar apaixonada por você e acha que teve uma intuição de ele vai fazer uma declaração de amor, o que não acontece.

 Alguém pode ter medo de entrar num avião, em vez de intuição, achando que ele vai cair.

 Em  síntese, você deve avaliar bem se o que tem diante de si  é uma intuição ou um medo ou desejo de que determinada coisa ocorra. Muitas vezes, é impossível diferenciá-las antecipadamente. Só depois que ocorrem os fatos.

Lembrar, em relação aos pensamentos lógicos, que nunca temos certeza de que as coisas ocorrerão da forma prevista por eles,  e devemos operar o mesmo da intuição.

 Intuição e Emoções

Às vezes, é difícil separar a intuição do medo ou da raiva. Vejamos alguns exemplos:

 1. Você chega em um barzinho e pede um caranguejo. Quando o garçon se aproxima você sente uma voz interior lhe dizendo que não deve comê-lo. Esta voz é de sua intuição ou é um medo do caranguejo lhe fazer mal e você ficar doente? É quase impossível fazer a diferença. Se você é uma pessoa habitualmente medrosa, que tem medo de tudo, é mais provável que seja medo. Se não, é possível que seja intuição mesmo.

 2.Você se encontra com uma pessoa com a qual teve uma briga há alguns dias atrás, olha para ela, e tem a impressão  que ela está com raiva de você, devido à briga. Aí vem a dúvida: foi uma intuição ou um processo de projeção psicológica, em que você, inconscientemente, projetou sobre a outra pessoa a raiva que tem dela, decorrente da briga? É difícil fazer a diferença.

3.Você acha que uma pessoa gosta de você e pensa que esta informação lhe foi dada por sua intuição interpessoal. Depois de abordá-la, recebe um não. É que não houve uma intuição verdadeira, mas sim uma projeção psicológica – você gostava da pessoa e atribuiu a ela o sentimento que era seu, achando que era ela quem gostava de você.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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2.  JUNG, C.G. Tipos Psicológicos.Rio de Janeiro: Zahar, 1967.

3. JAGDISH,P., NEUBAUER, F. e LANK, A. G. Intuição, a nova frontreira da Administração. São Paulo: Cultrix,Amana-Key, 2000.

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6.  SCHULTZ, R. Sabedoria e Intuição. São Paulo: Cultrix/Amana, 1999.

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11. VAUGHAM,. Awakenig Intuition. http://www.intuition.org /txt/ vaugham2. htm, acesso 9/1/2001

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15. ZWEARER, D., Os Segredos do Lotus. Rio de Janeiro: Ed. Civilização Brasileira, 1973.

16. GOLEMAN, D., Emoções que Curam. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

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20. FISCHER, M., Intuição - Estratégias e Exercícios para auxiliar na tomada de decisões. São Paulo: Nobel, 1999.

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