Ciência do Amor
P
S I C O L O G I A
M
O D E R N A
Blog emoçaoeatencao@blogspot.com
Prof.
Dr. Jair de Oliveira Santos
2023 - Bahia- Brasil
QUEM
É O AUTOR
Jair de
Oliveira Santos é Médico, Professor aposentado da Faculdade de Medicina da
Universidade Federal da Bahia, Graduado em Pedagogia, Especialista em
Administração Escolar, Fundador e ex-Diretor da Faculdade Castro Alves, onde
foi coordenador do Núcleo de Estudos das Emoções e do Programa de Educação das
Emoções.
Criou
o blog emoçaoeatencao@blogspot.com onde publicou 90 Posts, durante 6 anos,
que foram divulgado pela Google em 87 países e teve , segundo o site Ranking
Data, cerca de 1 milhão e 188 mil acessos anuais. Fez o lançamento do Podcast
das Emoções, no citado blog, em 2021.
Pioneiro da Educações das Emoções na Bahia,
implantou-a na Faculdade Castro Alves e em vários colégios, com excelentes
resultados. Publicou os livros: 1- Educação Emocional- fundamentos e
resultados;2- Manuais de Educação Emocional; 3- Educação Emocional na Sala de
Aula, e 4-. Educação Emocional: Aspectos Históricos, Fundamentos e
Resultados.
Dedicou-se
à Educação Médica, foi Coordenador do Colegiado de Curso de Medicina da UFBA e
o presidente da Comissão de Currículo. Publicou livros e artigos na Revista da
Associação Brasileira de Educação Médica, dentre eles “Educação Médica e
Humanismo”, e” Educação Médica- Filosofia, Valores e Ensino”.
Dedico este
e-book:
In memoriam:
A minha
inesquecível esposa falecida, Olívia,
E a meu Pai
e minha Mãe.
A meus
filhos:
Jair Filho,
César, Telma, Vinicius e Paulo
A meus
netos:
Jéssica,
Jair Neto, Ana Júlia, Pedro Gabriel, Maria Eduarda , Larissa e Arthur.
● ● ●
A todos que
nos propiciaram condições e estimularam estudos, pesquisas e reflexões
sobre a Educação das Emoções.
● ● ●
“Quem
conhece aos outros é inteligente
Quem conhece a si mesmo é sábio “
Lao Tsé
– Tao te King, XXXIII
● ● ●
“Trata a
humanidade, na tua própria pessoa ou na de qualquer outra, como um fim em si,
nunca apenas como um meio”
Kant I., “Fundamentação da metafísica dos
costumes”, 1786.
● ● ●
“Não há outro universo, senão o universo humano, o universo da
subjetividade humana. É procurando sempre fora de si um fim que o homem se
realizará como ser humano”
Sartre,J.P.,
“O Existencialismo é um humanismo”, 1944
● ● ●
“Para criar uma boa vida, não
basta lutar por metas que nos trazem prazer, mas também escolher metas
que reduzirão a soma total de entropia no mundo”.
Mihaly Csikszentmihalyi
A Descoberta do Fluxo, 1999.
COMUNICADO
A partir de 26-11-22, o blog emoçaoeatencao@blogspot.com terá nova orientação,
para atender á sua vasta clientela de milhões de leitores, conforme avaliação
publicada pelo site Ranking Data, abaixo transcrita. Dentro de
sua filosofia de trabalho, publicará também e-books gratuitos, que conterão o
conteúdo dos posts já publicados, além de novos conteúdos, de modo a
constituírem um conjunto integrado de conhecimentos.
Ranking database emoção
atenção@blogspot.com, pesquisa.
Imagens de ranking data base
emocaoeatencao@blogspot.com
Gráficos do Ranking 4
RELAÇÃO DOS CONTEÙDOS DO E-BOOK 18
Capítulo 1: O Amor e suas raízes
Capítulo 2: Sexo e amor romântico.
Capítulo 3: Sintomas do Amor Romântico. Caso Leonard.
Capítulo 4: Escolha no Amor Romântico
Capítulo 5:Atividade
cerebral no Amor Romântico
Capítulo 6: Porque termina o Amor Romântico
Capítulo 7. Metáfora dos seres divididos
CAPÍTULO I
AMOR ROMÂNTICO E SUAS RAIZES
O Amor Romântico é uma emoção que tem como características a atenção focalizada pela pessoa no amado, forte motivação e comportamento dirigido para ele. Há uma grande atração entre eles com um componente sexual, outro emocional e uma afinidade entre eles. A pessoa concentra-se nas qualidades da outra e recorda-se facilmente de acontecimentos e objetos referentes a ela. Há uma estima e um valor que elas se dão um à outra e eles sentem alegria e excitação quando estão na presença um do outro, com têm um impulso para se entregarem um ao outro.
A pessoa fica pensando na outra, lembra dela e de suas coisas.
Para Branden (1998), no amor romântico existe uma atração entre um homem e uma mulher com três componentes: uma atração sexual, um envolvimento emocional e uma afinidade entre eles. Nos apaixonados há grande admiração pelo outro, física, intelectual ou espiritual, existem muitos valores em comum, suas perspectivas existenciais são semelhantes e uma sensação que se completam, pois “foram feitos um para o outro”.
O Amor tem poder rejuvenescedor e faz com que pessoas mais maduras sintam mais entusiasmo pela vida e a vejam com mais alegria e prazer. A felicidade, direito natural de todo ser humano, passa naturalmente pelo caminho do amor romântico e privilegiados são os que têm a ventura de viver uma paixão.
O Amor faz com que pessoas idosas sintam mais
entusiasmo pela vida
O que faz uma pessoa se apaixonar por outra é a presença de estímulos capazes de desencadear a excitação romântica, de desencadear a percepção do sentimento do amor graças à ativação de determinadas áreas do sistema nervoso, fazendo surgir a atração entre elas.
Quando um apaixonado encontra a pessoa amada sente-se feliz, alegre, tem
prazer e bem estar. Sente aumentar sua energia, fica agitado, o coração bate
mais depressa, a respiração acelera e ele fica ofegante e ansioso. Tudo corre por conta do aumento da concentração de
duas substâncias em seu cérebro: dopamina e noradrenaina que fazem parte do
sistema de recompensa do organismo, um sistema capaz de identificar recompensas
para nossos comportamentos, motivar-nos para alcançá-las e promover as
estratégias adequadas para atingir os objetivos.
Se o amor é ativado, do sistema nervoso surge atração entre os amantes.
O amor é uma reação emocional que a pessoa tem diante de algo significante e se expressa como uma experiência de prazer e alegria quando percebe o objeto amado próximo dele. Leva a um encantamento com o objeto amado, a uma satisfação com sua presença e contato e satisfaz a profundas necessidades psicológicas de quem ama.
Em última análise, o amor é uma reação psicológica automática, avaliada de modo não consciente que permite saber se o relacionamento é benéfico ou prejudicial. A emoção do amor leva a fazer uma avaliação do objeto amado e a ter uma tendência à ação em relação a ele. Toda emoção contém em sua estrutura dois componentes, de avaliação e de ação. A avaliação é um julgamento automático da situação com a finalidade de julgar se o estímulo que a desencadeia é bom ou ruim para a pessoa.
Como no amor o amado não representa perigo para os valores da pessoa, ela se aproxima dele. Pelo contrário, na raiva e no medo, a avaliação indica que os estímulos são prejudiciais e que a pessoa deve afastar-se deles ou afastá-los.
Como o amado não representa perigo, o apaixonado se aproxima dele
Temos o ímpeto de agir de acordo com cada emoção por isto no amor há tendência para aproximação do amado devido à atração para o prazer da emoção sentida com a proximidade e faz parte da natureza humana a tendência de aproximação das coisas agradáveis, que trazem satisfação e afastamento das coisas desagradáveis, que trazem sofrimento e dor. Por isso nos aproximarmos de quem amamos e nos afastarmos do quem nos amedronta ou enraivece.
O amor em si é uma disposição do self
para ver o ser amado como personificação de importantes valores pessoais e
como fonte de alegria, prazer e satisfação. Daí sermos atraídos e nos
entregar-nos a ele.
Para Branden (1998), há diversas formas de amor: o amor entre pais e filhos, entre filhos e pais, entre parentes de uma família. Uma forma especial de amor é a amizade e Aristóteles sugeriu que a amizade existente entre amigos que tiveram desenvolvimentos semelhantes e que possuem valores comuns, fosse um modelo comparável para o amor. Esta comparação parece ser adequada.
Para Aristóteles a amizade entre amigos é um modelo semelhante ao amor.
O amor surge para atender às necessidades psicológicas de companhia, de interagir com pessoas, confidenciar, admirar, respeitar e valorizar. O desejo de ter companhia e amizades faz parte da natureza humana pois sentimos necessidade de estar junto de alguém, de conversar com alguém, de sermos compreendidos por outra pessoa e de compartilhar experiências, pensamentos e sentimentos com ela.
Necessitamos e desejamos ter intimidade emocional e cognitiva com outro ser humano e por uma questão de sintonia psíquica, preferimos conviver com pessoas que tenham valores semelhantes aos nossos. Desenvolvemos sentimentos de afeição e benevolência para pessoas com valores similares aos nossos, com percepção da vida parecida com a nossa e que agem como agimos.
A necessidade de ter companhia e amizades faz parte da
natureza humana
Uma das necessidades humanas básicas é a necessidade de amar e sua origem está na necessidade de encontrar no mundo alguém a que possamos dar valor, que seja importante para nós e nos estimule, inspire e sirva de referência e apoio, emocional, material e espiritual.
Para Santos (2006b), são nossos valores que orientam as escolhas em nossa
vida e dirigem nossos relacionamentos e interações sociais. Eles são forças que
nos ligam ao mundo e nos fazem praticar ações para conseguirmos aquilo que
acreditamos ser bom para nós, que nos permita ter experiências agradáveis e aumente
nossa experiência existencial. Eles dão força a nossas vidas e levam à
satisfação de nossa necessidade de amar, que é ligada a nossos valores.
Temos necessidade de admirar outras pessoas, de apreciar e valorizar
seres humanos altruístas que façam realizações que os dignifiquem e façam
respeitáveis. A necessidade de amar é uma força que nos impele a nos
entregar a outra pessoa ou a uma causa. Quando a pessoa tem nível de
autoestima saudável, pode sentir admiração pelos outros, mas se seu nível de
autoestima é baixo, em vez da admiração pode ter inveja, ciúme ou ressentimento
daqueles que realizaram mais na vida e que vive mais satisfeitos e mais
felizes.
A necessidade de receber amor convive paralelamente com a de amar, é tão
importante quanto ela e às vezes pode ser até mais forte.
CAPÍTULO 2
SEXO E AMOR ROMÂNTICO.
Uma característica fundamental do amor romântico é o desejo da união sexual e sua finalidade é procriar para a manutenção e perpetuação da espécie. A grande importância do sexo no relacionamento romântico está no intenso prazer que ele oferece aos amantes e a atender uma profunda necessidade psicológica deles e o sexo proporciona um dos prazeres mais intensos em nossa vida. O prazer pode ser considerado como um sentimento de bem estar resultante da satisfação de um desejo devido a uma ação bem sucedida.
A importância do sexo no amor está no prazer que ele oferece.
O sexo proporciona uma experiência direta de nossa competência para lidar com a realidade e obter sucesso, envolvendo tanto o sentimento quanto o pensamento e seu exercício nos faz sentir poderosos. O prazer e a alegria que ele proporciona são a razão de ser do seu poder em nossas vidas ao integrar o corpo e a mente, percepções, emoções, valores e pensamentos indo ao íntimo de nosso self.
No sexo o indivíduo, além de encontrar-se com o parceiro, encontra-se a
si mesmo e vivencia a forma mais intensa e prazerosa de autoconsciência. O
ideal é que exista amor na relação sexual, pois nela os amantes mostram seus mais
profundos valores e a vida explode, inundando-os numa torrente de alegria,
felicidade e excitação.
CAPÍTULO 3
OS SINTOMAS DO AMOR ROMÂNTICO
Segundo Fischer (2003), as características centrais do amor romântico
são:
. atenção focalizada no amado,
. forte motivação e
. comportamento orientado para objetivos.
Os apaixonados preferem a pessoa amada, focalizam-se intensamente nela, concentram-se em suas qualidades positivas, recordam-se facilmente de acontecimentos e objetos a ela relacionados. Pesquisas mostram que níveis elevados de dopamina no cérebro produzem estes comportamentos daí admitir-se que a dependência e o anseio dos apaixonados venham de seus efeitos.
Foi constatado que viciados em álcool, morfina e cocaína apresentam
níveis elevados de dopamina no cérebro, por isto alguns estudiosos consideram o
amor romântico como vício. A dependência do apaixonado pode ser tão grande que
pode gerar síndrome de abstinência e alguns vão ao desespero e suicidam-se, no
caso de rompimento.
O apaixonado pode ter aumento da testosterona, hormônio responsável pelo
desejo sexual, que o estimula a fazer sexo com o amado. Outras características
do amor romântico decorrem de efeitos da noradrenalina, como energia aumentada,
insônia, perda de apetite e aumento da memória que faz o amante lembrar de
mínimos detalhes dos momentos passados com o amado.
Outra característica do amor romântico é a obsessão, que leva o apaixonado a pensar frequentemente no amado. No distúrbio obsessivo-compulsivo há redução do nível de serotonina e o doente tem fixação do pensamento em objetos ou situações. Pesquisas mostram que nos apaixonados há redução do nível de serotonina por isto é levantada a hipótese que a causa da sua obsessão seja o baixo nível de serotonina. É possível que os sentimentos, desejos e obsessão dos apaixonados decorreram dos níveis cerebrais aumentados de dopamina e noradrenalina e da redução de serotonina.
A dopamina é uma produzida no cérebro com diversos efeitos no seu funcionamento. Sua grande fonte é a região denominada “substância negra”, do tamanho de uma unha, localizada no centro do cérebro, sendo também produzida na área tegmentar ventral. Destes dois núcleos saem neurônios para diversas partes do cérebro, sendo a distribuição feita para diversas áreas onde receptores apropriados executam as ações propriamente ditas. A levodopa (L-dopa), precursora da dopamina, é produzida no cérebro.
A dopamina é produzida no cérebro com efeitos no seu funcionamento.
Centros do córtex cerebral que recebem a dopamina são responsáveis pela perseverança para vencer certos desafios e pelo controle da musculatura voluntária. A dopamina vai também para núcleo accumbens, localizado na região frontal, para a amígdala cerebral e para núcleos outros, daí sua grande influência na nossa forma de pensar, desejar, sentir e agir.
A dopamina participa do processo
de sono e vigília, ajuda a concentrar a atenção, acentua a curiosidade, a
capacidade de aprendizado, a imaginação e o desejo, inclusive o sexual. Quando
desejamos algo ou alguém a dopamina interfere no processo, ativa o controle dos
músculos voluntários e faz o corpo obedecer aos comandos mentais.
Influencia no funcionamento da mente, pois chama atenção para o que
acontece de mais importante em torno de nós e interfere na memória ao enviar às
células cinzentas mensagens para registrarem as experiências. É o motor de
nosso sistema de recompensas, conjunto de neurônios que entra em atividade
quando recebemos um estímulo capaz de desencadear um desejo, ao qual procuramos
atender. Se você vê algo ou alguém que gosta, graças à dopamina, seu sistema de
recompensas é ativado: se você passa por uma loja em um shopping vê uma roupa e
gosta, seu cérebro libera dopamina imediatamente e você sente um sentimento
agradável de alegria e excitação que o impele a comprá-la.
Sua atenção aumenta, o cérebro manda aos músculos ordem para que eles se
movimentem e você entra na loja. Sua memória fica mais alerta para receber as
informações do vendedor, sua mente toma uma decisão rápida e transforma-a em
ação. Você compra o objeto desejado e sente prazer.
A dopamina é um combustível que nos move, uma força que nos anima e nos dá motivação, entusiasmo, otimismo para fazermos as coisas, contribuindo para criar um sentimento de prazer e alegria.
O caso de Leonard
Relata Klein (2005) que Leonard, paciente do médico Oliver Sacks, teve
aos 46 anos, uma inflamação cerebral que atingiu a “substância negra” que produz a dopamina. Parecia uma múmia
ambulante: seu rosto era liso, sem rugas e incapaz de expressar qualquer emoção
na face. Não se mexia e ficou com os membros enrijecidos. Perdeu a voz. Só se
comunicava através de um quadro onde ele apontava as letras. Sua única alegria
era ler, um enfermeiro passando as páginas do livro.
O Dr. Sacks estava experimentando um novo medicamento, a levodopa (L-dopa), precursora da dopamina no cérebro e fez a primeira observação em Leonard, em março de 1969. O efeito foi tão espetacular que o médico comparou com a ressurreição de um morto. Duas semanas depois podia caminhar, se extasiava com as flores do jardim, com seus perfumes, em lua de mel com a felicidade. Leonard disse então que
“Sinto que fui salvo, que ressuscitei. Eu me sinto como um amante apaixonado, rompi as barreiras que me separavam do amor. Tenho a sensação de saúde que parece uma dádiva divina” (KLEIN, 2005, p. 87).
Voltou a dirigir e sair para a noite de New York. Para ele a
“ L-dopa é um santo remédio. Abriu as minhas janelas
interiores que estavam cerradas. Se todos se sentissem tão bem quanto eu,
ninguém pensaria em conflitos ou guerra, poder ou posse. Todos simplesmente
estariam felizes consigo mesmos e com os outros. Saberiam que o céu é aqui
mesmo, na Terra” (KLEIN, 2005, p. 87).
Mas a felicidade de Leonard durou apenas duas semanas. Sua alegria se transformou em mania. Falava com uma velocidade inacreditável e passou a ter desejo sexual tão intenso que agredia sexualmente as enfermeiras na clínica. Chegou ao ponto de pedir que escalassem mulheres a seu serviço durante a noite.
Passou a ter alucinações e ideias paranoicas, julgando-se perseguido por demônios, dizendo que em seu redor tinha armadilhas com cordas para enforcá-lo. O Dr. Sacks resolveu suspender a medicação depois de uma crise em que Leonard tentou se asfixiar com um travesseiro. Morreu em 1981, depois de tentativas frustradas de tratamento com outros remédios.
Morreu em 1981, depois de tentativas de tratamento com outros remédios.
A paixão muda com o tempo
Com o tempo a paixão e o êxtase diminuem e tendem a terminar. O desejo, o
anseio e a obsessão podem ser substituídos por novos sentimentos de amizade,
união, parceria, conforto e tranquilidade por estar junto com o parceiro. Com o
passar do tempo, variando de pessoa para pessoa, o ardor da paixão diminui e
ela pode ser substituída por amizade e afeto muito profundos, que desafiam o
passar dos anos.
Fischer (2006) acredita que os seres humanos desenvolveram um sistema de ligações inato expresso por comportamentos específicos, baseados em reações fisiológicas fundamentadas em reações químicas. Estas reações, responsáveis pela ligação com o parceiro, pela sensação de fusão com o companheiro de longo prazo, estariam relacionadas com a ocitocina e a vasopressina.
A ocitocina é produzida, no homem, no hipotálamo e testículos e nas mulheres, no hipotálamo e ovários. É liberada nas fêmeas de mamíferos durante o parto e dá início às contrações uterinas, além de estimular as glândulas mamárias para produzirem leite. É secretada na mulher durante o ato sexual, no orgasmo e quando são estimulados os genitais e mamilos. No homem aumenta acentuadamente a vasopressina, durante o orgasmo, secretada pelo hipotálamo.
Há evidências que níveis maiores de ocitocina podem interferir na ação da
dopamina e norepinefrina, diminuindo assim seus efeitos excitatórios. Isto abre
a possibilidade química para a diminuição ou extinção do romance. A evidência
comportamental desta possibilidade está no fato de que, em todas as culturas do
mundo, a exaltação dos apaixonados diminui à medida que o tempo aumenta. Por
outro lado, o relacionamento entre o casal pode tornar-se cada vez mais seguro,
estável e fundamentado na amizade, respeito mútuo, carinho e atenção recíproca.
Não ocorrendo isto, podem advir separações, muitas vezes traumáticas ou
trágicas.
A interpretação antropológica da substituição do amor romântico pela
ligação com o parceiro, segundo Fischer (2006), é que o propósito fundamental
do amor romântico é levar homens e mulheres a escolher parceiros específicos
para o acasalamento. Feita a escolha, os parceiros devem permanecer juntos o
tempo suficiente para conceber um filho e depois para criá-lo durante certo
tempo, como fazem todos os animais.
Com o nascimento do filho os pais precisam de novo conjunto de
substâncias químicas e surge a química da ligação, que com o tempo faz esmaecer
a intensidade do amor romântico original. Parece ser um processo natural a
diminuição do romance e sua substituição por um sentimento de união e ligação
com o parceiro.
CAPÍTULO 4
ESCOLHA NO AMOR ROMÂNTICO
Amor à primeira vista
O Amor Romântico surge para atender a necessidades psicológicas básicas
dos parceiros como as de ter companhia, de amar e ser amado, de satisfação
sexual e de construir um universo privado para os amantes. Começa com um desejo
que os levam a comportamentos que devem trazer prazer e alegria, em vez de dor
e sofrimento. O prazer e a alegria funcionam como reforço para os amantes e
intensificam o amor e o desejo que por sua vez fazem a união ficar cada vez
mais forte, quando não aparecem fatores que interferem negativamente.
O prazer e a alegria funcionam como reforço para o amor.
Os neurônios-espelho têm papel importante na atração inicial entre os amantes, que junto com a paixão e a fascinação podem surgir logo no primeiro encontro. Mas o amor mesmo se desenvolve com o convívio e a evolução de um relacionamento harmonioso em que os valores comuns sejam compartilhados.
O amante, pelo olhar do seu parceiro, percebe o que se passa na mente dele e entra em sintonia com seus neurônios-espelho. Através do olhar podemos ter acesso aos sentimentos mais íntimos de uma pessoa e através de seus olhos o amante sente o amor e os sentimentos de ternura e estima que o ser amado lhe dedica.
Os neurônios-espelho são importantes na atração
inicial entre os amantes.
Como vimos, as neurociências explicam o mecanismo desta comunicação através do olhar, pois os olhos têm terminações nervosas que os comunicam diretamente com uma estrutura cerebral fundamental para a empatia, que é a área orbito-frontal do córtex pré-frontal, permitindo a identificação dos seus estados emocionais, se a outra pessoa está sentindo amor, admiração, ternura, raiva, medo, tristeza ou outras emoções.
Semelhanças básicas e diferenças complementares
Para que o amor romântico cresça e se mantenha é necessário que sejam
atendidas algumas condições referentes à percepção e concepção da vida dos
amantes. Para Branden (1998) a percepção da vida é a reação emocional através
da qual vemos a existência e nossa relação com ela. Reflete nossas atitudes em
relação ao mundo, à vida e a nós mesmos. Pode ser o reflexo de uma autoestima
saudável e de um senso de grande valor dado à vida, mas pode ser também o
reflexo de uma baixa autoestima e de que a vida não vale a pena ser vivida.
No primeiro caso a pessoa acredita que o mundo está accessível e ela pode
conquistá-lo, dependendo apenas de seus esforços e de sua perseverança. Há uma
crença básica de que a vida é um desafio a ser enfrentado com coragem e
disposição e que o sucesso só depende de sabermos conquistar as coisas, através
do trabalho, sacrifício e perseverança.
No caso da autoestima baixa a pessoa enxerga um mundo hostil, incompreensível e difícil de conquistar. O mundo é uma ameaça em vez de um desafio, a vida é sempre cheia de angústias e ansiedades e há uma luta desigual em que ela se sente impotente e submissa.
Na autoestima baixa, a pessoa vê o
mundo difícil de conquistar.
Quando encontramos uma pessoa que utiliza estratégias de sobrevivência semelhantes às nossas, que vive de modo parecido e usa processos de adaptação e luta que se parecem com os nossos há um choque de reconhecimento e um sentimento de entendimento profundo. Esta é a base do relacionamento romântico bem sucedido.
Quando duas pessoas com grandes diferenças de percepções da vida se encontram o relacionamento não perdura, pois seus valores e suas formas de encarar a vida são completamente diferentes, constituindo-se uma barreira intransponível para o amor romântico. A percepção da vida é a base para a elaboração de todas as reações emocionais de uma pessoa e os parceiros “ideais” são aqueles que compartilham de percepções de vidas semelhantes.
No relacionamento romântico a reação positiva de cada parceiro à percepção que o outro tem da vida é crucial
para a experiência do amor que pode surgir logo.
A fundamentação de um relacionamento romântico está nas
semelhanças básicas existentes entre os parceiros, mas o estímulo para o
desenvolvimento do amor está nas diferenças complementares. Ambos os fatores são importantes
para o sucesso do amor e formam o contexto em que ele nasce e se desenvolve.
Não existe uma pessoa totalmente igual a outra, pois há diferenças em seus
gostos, valores e comportamentos, nunca havendo coincidência perfeita
(BRANDEN,1998).
Uma pessoa pode se apaixonar por outra pelos seus aspectos físicos, intelectuais ou espirituais e as diferenças complementares existentes podem ser estimulantes e desafiadoras, representando uma força para o crescimento do relacionamento, desde que não haja antagonismo entre as diferenças.
Se os modos de pensar, de agir, de se relacionar com o mundo e com as
pessoas forem muito diferentes em um casal, naturalmente surgirá no convívio
impaciência, irritação e atritos, que levarão a relação ao fim.
Se em um casal um parceiro tem autoestima muito grande e confiança em
si e o outro tem autoestima baixa e não
confia em si, suas cosmovisões serão diferentes e haverá dificuldade de
compreensão e de ter intimidade. Sem elas o amor tende a acabar. O mesmo ocorre
em um casal que tem princípios e valores opostos, como quando um é honesto e o
outro desonesto.
Para que um casal mantenha o amor romântico cada parceiro deve identificar no outro em que eles são parecidos e em que são diferentes. Se as diferenças forem pequenas e encaradas de forma estimuladora servirão de estímulo para o amor, desde que eles se respeitem mutuamente em seus modos de ser e de viver e valorizem as características opostas do outro. O ritmo e a energia dos amantes podem influir no amor romântico, pois as diferenças de ritmo e da energia de cada um interferem no relacionamento.
O ritmo e a energia dos amantes influem no amor romântico.
O ritmo biológico pode ser visto no modo de falar, nos movimentos do corpo, na velocidade e intensidade das reações emocionais de cada um e se há grande diferença de um parceiro para o outro, um se movimentando, pensando ou sentindo mais rapidamente ou mais lentamente, isto pode gerar falta de sintonia e ser uma barreira ao amor.
CAPÍTULO 5
ATIVIDADE CEREBRAL NO AMOR ROMÂNTICO
Pesquisa de Damásio
A atividade dos neurônios do córtex cerebral pode ser investigada através
da medida do fluxo sanguíneo cerebral, com a técnica da Tomografia por Emissão
de Prótons – PET. A distribuição do fluxo sanguíneo nas diversas regiões do
cérebro está relacionada com a atividade metabólica dos neurônios da região E
se aumenta a atividade metabólica, aumenta proporcionalmente o fluxo sanguíneo
que chega à região, para abastecê-la com as substâncias nutritivas necessárias.
Quando durante a execução de uma tarefa mental há aumento ou diminuição do fluxo sanguíneo estatisticamente significativos, em determinada região, isto indica que os neurônios da região estavam mais ou menos ativos.
Damásio (2004) fez pesquisa com PET em 40 pessoas sem doenças
neurológicas ou psiquiátricas, para estudar os padrões de atividades de seus
cérebros ao sentirem felicidade, tristeza, medo ou raiva. As emoções foram
desencadeadas pedindo a cada participante para lembrar-se de uma situação
vivida anteriormente em que tivesse vivenciado com grande intensidade uma das
emoções consideradas. Antes da experiência cada participante foi instruído
sobre qual emoção devia recordar e foram medidos seu ritmo cardíaco e a
condutividade elétrica da pele, desde antes da evocação da emoção até o final
da observação.
As áreas ativadas do eeg estavam no córtex cerebral, cíngulo e outras.
Ao sentir a emoção o participante fazia sinal com o polegar e neste momento era ligado o tomógrafo e captados os efeitos do sentimento na atividade cerebral. Foi constatado que as áreas ativadas estavam distribuídas em diversos níveis do sistema nervoso central e que foram ativadas áreas do córtex cerebral, no cíngulo, regiões somatosensitivas S1 e S2 e ínsula, hipotálamo e núcleos do tronco cerebral.
O cíngulo é uma região onde interagem as emoções, atenção e memória
ativa, relacionando-se também com a felicidade, autoconhecimento emocional e
com os sentimentos do outro, na interação social, inclusive do amor. O córtex
da insula é responsável pelo processamento de emoções e pela coleta de dados do
corpo: do tato, temperatura externa, dor profunda e atividades do estômago,
intestino e outras vísceras.
As áreas ativadas na alegria e na tristeza eram diferentes. Na alegria foram ativados o córtex
do cíngulo anterior e posterior, o hipotálamo e prosencéfalo basal. Na tristeza
foram ativadas a insula, cíngulo e hipotálamo, em regiões diferentes das
ativadas na alegria e com modos diferentes de ativação.
Durante a experiência foi constatado em todos os participantes que as alterações da condutância da pele existiram antes dele levantar o dedo indicando a percepção do sentimento. Isto é, antes dele perceber o sentimento já havia alteração da condutância elétrica da pele, indicando que os efeitos corporais da emoção existiam e apareciam antes da percepção do sentimento. Pode-se concluir que a emoção existe previamente ao sentimento correspondente e que seus efeitos fisiológicos aparecem antes dele.
Um achado não previsto foi encontrado na experiência com a tristeza: a desativação
das regiões laterais do lobo frontal que se relacionam com o pensamento. Este
achado é compatível com a ideia de que na tristeza o fluxo de pensamentos está
reduzido. Na experiência em que a emoção desencadeada foi a felicidade houve
ativação das citadas regiões laterais do lobo frontal, achado este compatível
com a idéia que na felicidade o fluxo de
pensamentos está aumentado.
Pesquisas feitas por outros autores comprovaram os resultados de Damásio,
mostrando que o córtex da insula e do cíngulo aumentam suas atividades quando a
pessoa sente prazer, quando come chocolate, no amor e na excitação sexual,
reforçando a idéia que os sentimentos estão relacionados com as regiões do
cérebro citadas.
Pesquisa de Fischer
Fisher (2006) examinou com ressonância magnética, durante o enlevo
romântico, o cérebro de homens e mulheres apaixonados felizes e encontrou
algumas regiões cerebrais mais ativas. A pesquisa foi realizada com 20 homens e
mulheres recentemente apaixonados felizes e com 20 homens e mulheres
apaixonados porém com o romance rompido recentemente.
Os sentimentos de amor romântico intenso podem surgir tanto quando são
mostradas fotos da pessoa amada ao amante, como quando ele ouve músicas que a
lembrem ou se lembra espontaneamente dela. Os participantes olharam primeiro
para a foto do amado ou amada e depois para a de um desconhecido e foram
comparadas suas atividades cerebrais durante a visão da foto do amado e durante
a visão da foto do desconhecido. Constatou-se que muitas partes do cérebro
tornaram-se ativas, particularmente o núcleo caudado e a área tegmentar ventral
(ATV).e quanto maior a paixão, maior a
atividade do núcleo caudado.
Para impedir que pensamentos apaixonados existentes na mente do participante após a visão do amado interferissem nos sentimentos percebidos quando da visão das fotos dos desconhecidos, antes de serem apresentadas estas fotos, foi mostrado aos participantes um número de 4 dígitos (tipo 8.245) e solicitado que contassem decrescentemente a partir dele, de 7 em 7. É uma técnica para “limpar” s mentes.
O núcleo caudado faz parte do cérebro reptiliano, área primitiva do cérebro humano localizada profundamente na porção central da base cerebral e que antecedeu ao cérebro dos mamíferos na evolução. Faz parte do “sistema de recompensas” do cérebro . É responsável pela excitação geral, por sentimentos de prazer e motivação que temos quando tentamos conseguir uma recompensa, ajudando a detectar recompensas, discriminá-las e preferir uma específica. A área tegmentar ventral é importante também no processo de prestar atenção e na aprendizagem, sendo relacionada com a síntese da dopamina e distribuição para as regiões cerebrais, inclusive para o núcleo caudado.
Pesquisa de Londres
Segundo Fischer (2006), foi realizada pesquisa com ressonância magnética
fMRI, no University College, Londres, em 2000, com 17 homens e mulheres
declarados apaixonados, utilizando fotografias. Os participantes olharam fotos
dos amados e foram constatadas atividades no núcleo caudado, córtex cingulado
anterior e córtex insular, confirmando outros achados. A duração média da
paixão no estudo de Londres foi 2,3 anos e no estudo de Fischer, feito com
paixões mais recentes, foi de 7 meses. No último estudo foi constatado nas
paixões mais duradouras ativação da ínsula e do cíngulo.
Parece que à medida que o relacionamento se prolonga regiões cerebrais
antes inativas entram em atividade bem como e reagem regiões associadas a
emoções, memória e atenção e isto faz o amor mudar com o tempo.
CAPÌTULO 6
PORQUE TERMINA O AMOR ROMÂNTICO
Segundo Varela (2006), duas teorias procuram explicar a vitalidade do amor: a do reforço e a da igualdade.
A Teoria do Reforço defende
que para qualquer conduta persistir é necessário haver um reforço positivo. No
caso dos amantes, cada parceiro deve se preocupar em propiciar ao outro
momentos agradáveis no convívio, um reforço positivo pois isso o estimulará a
retornar para novos contatos e fará o amor crescer e se consolidar. Se os
amantes se esforçam para que os encontros sejam agradáveis, cheios de ternura,
carinho e atenção, desenvolve-se entre o casal um clima de confiança,
descontração, alegria e harmonia que vitaliza o amor. Haverá reforço positivo para os
comportamentos e a relação pois crescerá e se fortalecerá.
Se ao contrário houver clima de agressão, desconfiança, medo, tensão, ansiedade, desrespeito e humilhação, a relação será desvitalizada e tenderá a extinguir-se. O reforço negativo destrói o amor, que se debilita, empobrece e morre. Para praticar o reforço positivo o parceiro pode agradar ao outro através de suas ações pessoais, com suas atitudes ou com seus recursos e dentre as ações pessoais estão o embelezamento para os encontros, o bom humor nos contatos, a prática da empatia, as mostras de inteligência e cultura e outras ações positivas semelhantes.
As atitudes assumidas na relação têm o poder de vitalizar o amor que cresce se os parceiros têm atitude afetuosa, carinhosa, atenciosa, respeitosa, confiante, generosa, de compaixão, solicitude, de admiração, de apoio emocional ou outras semelhantes. Recursos financeiros, status social e possibilidades de contatos sociais interferem positivamente na relação pois podem estimular e motivar os parceiros a continuar o relacionamento e impulsionar seus crescimentos.
A Teoria da Igualdade
procura explicar a vitalidade do amor romântico admitindo que as pessoas são
atraídas por outras que retribuem de modo equilibrado as recompensas que lhes
são proporcionadas. Um amante é atraído por outro que lhe retribui tanto quanto
recebe no intercâmbio amoroso pois como diz a sabedoria popular “amor com amor
se paga” e “é dando que se recebe”.
A teoria se fundamenta na tese do “determinismo recíproco”: a atitude que adotamos em relação a outra pessoa determina em grande parte sua atitude em relação a nós. Nossa conduta tem efeito controlador sobre o comportamento dos outros em relação a nós, até certo ponto: se você trata alguém com frieza e à distância, provavelmente ele tenderá a tratá-lo friamente também.
Da forma como você trata o parceiro depende o comportamento dele.
Este princípio é válido para as
relações humanas de um modo geral no trabalho, nos negócios e também para as
relações amorosas. Se um parceiro tem atitude de desconfiança com o outro
provavelmente será tratado com desconfiança; se ele age agressivamente a tendência
do outro é revidar suas agressões e se um amante é agredido com frequência pelo
parceiro o amor vai se debilitando e tende a extinguir-se.
Ocorre o oposto quando os parceiros se tratam com atenção e carinho: a relação se vitaliza, se consolida e cresce o vínculo, devido à reciprocidade e ao reforço positivo existentes. Se ambos se tratam mal, o reforço negativo e a reciprocidade fazem a relação se deteriorar. A reciprocidade pode existir quando uma pessoa descobre que alguém está apaixonado por ela pois isso pode ativar seu interesse pelo outro a ponto de surgir o amor entre eles.
Diversos fatores determinam o fim do amor romântico e analisaremos alguns:
Brigas são motivos para o fim do amor romântico.
Falta de autoestima - para Branden (1998), o fator mais importante para o sucesso do amor romântico é a autoestima de cada parceiro. Para que possamos amar ao outro é fundamental que amemos a nós mesmos pois quem não se ama não pode amar a ninguém, porque não acredita que possa ser amado. Ele não aceita o amor de outro pois não se sente merecedor dele.
O mais importante para o sucesso do amor é a autoestima de cada parceiro.
A autoestima implica em autoconfiança e autorespeito, em confiar em suas capacidades de compreender, julgar, pensar e agir de modo adequado.
Se o indivíduo não confia em si mesmo, em suas ações e ideias, se não se acha merecedor da satisfação de seus desejos, necessidades e vontades ele tem deficiência de autoestima e não tem competência para viver de modo saudável pela falta de confiança em si mesmo. Quando confiamos em nós a vida é um desafio mas se não confiamos ela é uma ameaça e sempre teremos medo do que vai ocorrer no futuro.
A pessoa acha que não merece ser amado – a crença de uma pessoa que ela não merece ser amada pode levar à destruição do relacionamento amoroso, pois seu comportamento pode se tornar cruel e agressivo, sempre procurando “testar” o parceiro ou mesmo controlá-lo e manipulá-lo.
A pessoa acha que não pode ser feliz - ocorre quando a pessoa tem o sentimento de não ter o direito de satisfazer suas vontades e de ser feliz. Ela acha que se for feliz por algum tempo, depois do período de felicidade lhe ocorrerá algo trágico, portanto não vale a pena tentar ser feliz. Isto pode ocorrer com indivíduos que vieram de um lar profundamente religioso, onde aprenderam que a felicidade não está na vida terrena e sim após a morte. São programados para serem infelizes pelos pais que lhe ensinaram ser o sofrimento um passaporte para a salvação e que a alegria não é uma coisa normal na vida, pois sempre dura pouco e que o bom é sofrer.
Outros fatores que influem no insucesso do amor romântico são :
o desrespeito e a humilhação
porventura existente entre os parceiros; a falta de comunicação das emoções
entre eles; a falta de comunicação de suas vontades, do que eles querem e
esperam um do outro; o não atendimento das necessidades sexuais recíprocas; a
ausência de admiração entre os parceiros e o ciúme.
CAPÍTULO 7
A METÁFORA DOS SERES DIVIDIDOS
Platão, no “Banquete”, através de Aristófanes, dá uma interpretação metafórica do significado do amor romântico ao dizer que:
“ Com efeito, parece-me, os homens absolutamente não terem percebido o poder do amor, que se o
percebessem, os maiores templos e altares lhe preparariam, e os maiores
sacrifícios lhe fariam(...). É ele com efeito o deus mais amigo do homem,
protetor e médico desses males, de cuja
cura dependeria sem dúvida a maior felicidade para o gênero humano (PLATÃO, O
BANQUETE,São Paulo,Abril Culturala, 1972, p. 150).
Para Platão o Amor Romântico devia ser um Deus para os seres humanos.
E passa a discorrer sobre a natureza e forma do homem de outrora, diferente da de hoje. Conta que o gênero inicial dos seres humanos era andrógino, masculino e feminino, ao mesmo tempo:
“Inteiriça era a forma de cada homem, com o dorso redondo, os flancos em círculo; quatro mãos ele tinha e as pernas o mesmo tanto das mãos, dois rostos sobre um pescoço torneado, semelhantes em tudo; mas a cabeça sobre os dois rostos opostos um ao outro, era uma só, e quatro orelhas, dois sexos. (PLATÃO, O BANQUETE, São Paulo,Abril Cultural, 1972, p. 150).
Eram seres circulares e se locomoviam em círculos. Masculinos e femininos ao mesmo tempo, tinham uma força e um vigor terríveis, eram muito presunçosos, chegando a se voltarem contra os deuses do Olimpo. Tentaram até fazer uma escalada ao céu para investir contra os deuses que pediram providências a Zeus que decidiu cortar cada um em dois, pois assim eles ficariam mais fracos e mais úteis, pois dobraria o número deles.
Zeus cortou cada ser em dois. A partir deste momento em que
nossa natureza se mutilou em duas, cada ser passou a ansiar por sua outra
metade para unir-se a ela, lhe dar a mão e com ela enlaçar-se e querendo fazer tudo juntos.
Esta é a grande lição de Platão, com a qual a Medicina e a Psicologia do
século XXI estão de acordo: procure encontrar sua outra metade e quando
encontrá-la se entregue com todo sentimento, declare seu amor e se complete
como ser humano. Terá uma vida de melhor qualidade, com mais saúde e felicidade.
Procure encontrar sua outra metade, declare seu amor e procurem ser felizes.
Nenhum comentário:
Postar um comentário