E-book 21
E-book 21
Alquimia Emocional - hábitos e esquemas emocionais .
P S I C O L O G I A
M O D E R N A
Blog emoçaoeatencao@blogspot.com
Prof. Dr. Jair de Oliveira Santos
2023 - Bahia- Brasil
Jair de Oliveira Santos é Médico, Professor aposentado da Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia, Graduado em Pedagogia, Especialista em Administração Escolar, Fundador e ex-Diretor da Faculdade Castro Alves, onde foi coordenador do Núcleo de Estudos das Emoções e do Programa de Educação das Emoções.
Criou o blog emoçaoeatencao@blogspot.com onde publicou 90 Posts, durante 6 anos, que foram divulgado pela Google em 87 países e teve , segundo o site Ranking Data, cerca de 1 milhão e 188 mil acessos anuais. Fez o lançamento do Podcast das Emoções, no citado blog, em 2021.
Pioneiro da Educações das Emoções na Bahia, implantou-a na Faculdade Castro Alves e em vários colégios, com excelentes resultados. Publicou os livros: 1- Educação Emocional- fundamentos e resultados;2- Manuais de Educação Emocional; 3- Educação Emocional na Sala de Aula, e 4-. Educação Emocional: Aspectos Históricos, Fundamentos e Resultados.
Dedicou-se à Educação Médica, foi Coordenador do Colegiado de Curso de Medicina da UFBA e o presidente da Comissão de Currículo. Publicou livros e artigos na Revista da Associação Brasileira de Educação Médica, dentre eles “Educação Médica e Humanismo”, e” Educação Médica- Filosofia, Valores e Ensino”.
Dedico este e-book:
In memoriam:
A minha inesquecível esposa falecida, Olívia,
E a meu Pai e minha Mãe.
A meus filhos:
Jair Filho, César, Telma, Vinicius e Paulo
A meus netos:
Jéssica, Jair Neto, Ana Júlia, Pedro Gabriel, Maria Eduarda , Larissa e Arthur.
● ● ●
A todos que nos propiciaram condições e estimularam estudos, pesquisas e reflexões sobre a Educação das Emoções.
● ● ●
“Quem conhece aos outros é inteligente
Quem conhece a si mesmo é sábio “
Lao Tsé – Tao te King, XXXIII
● ● ●
“Trata a humanidade, na tua própria pessoa ou na de qualquer outra, como um fim em si, nunca apenas como um meio”
Kant I., “Fundamentação da metafísica dos costumes”, 1786.
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“Não há outro universo, senão o universo humano, o universo da subjetividade humana. É procurando sempre fora de si um fim que o homem se realizará como ser humano”
Sartre,J.P., “O Existencialismo é um humanismo”, 1944
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“Para criar uma boa vida, não basta lutar por metas que nos trazem prazer, mas também escolher metas que reduzirão a soma total de entropia no mundo”.
Mihaly Csikszentmihalyi
A Descoberta do Fluxo, 1999.
COMUNICADO
A partir de 26-11-22, o blog emoçaoeatencao@blogspot.com terá nova orientação, para atender á sua vasta clientela de milhões de leitores, conforme avaliação publicada pelo site Ranking Data, abaixo transcrita. Dentro de sua filosofia de trabalho, publicará também e-books gratuitos, que conterão o conteúdo dos posts já publicados, além de novos conteúdos, de modo a constituírem um conjunto integrado de conhecimentos.
Ranking database emoção atenção@blogspot.com, pesquisa.
Imagens de ranking data base emocaoeatencao@blogspot.com
Gráficos do Ranking
RELAÇÃO DO CONTEÚDO DO E-BOOK 21
Capítulo 1: Introdução. Alquimia Emocional
Capítulo
2: Esquemas Emocionais
Capítulo
3: Hábitos emocionais
Capítulo
4: Exemplos dos principais esquemas
CAPÍTULO I
INTRODUÇÂO À ALQUIMIA EMOCIONAL
Introdução
Este E-book
é uma análise de alguns aspectos do livro de Tara-Bennet-Goleman, Alquimia
Emocional, Editora Objetiva, publicado em janeiro de 2001.
O sonho dos alquimistas, segundo a lenda, era fazer a transformação do chumbo em ouro, do carvão em diamante. Na essência, a alquimia é um processo de transformação. O conceito se estendeu para a psicologia, e a Alquimia Psicológica consiste na transformação de estados psíquicos em outros.
O significado da Alquimia Emocional é transformar emoções negativas e estados
perturbadoras da mente em situações adequadas ao convívio harmônico, respeitoso.
Em nossa mente, habitualmente, há uma efervescência de emoções, positivas e negativas, que se organizam em padrões emocionais, capazes de se expressarem em nossos comportamentos passando a comandá-los, contra nossas vontades.
Ao longo de nossa vida, em contato com a cultura em que vivemos, aprendemos determinados comportamentos emocionais, que são expressões de emoções aprendidas, programadas, diferentes das inatas, com as quais nascemos.
Nos grupos sociais aprendemos muitas emoções.
Pessoas mais próximas, que exerceram maior influência na nossa socialização, são responsáveis pela transmissão de tais emoções, que se expressam em nossos comportamentos sob a forma de padrões, que repetimos no dia a dia, e não nos apercebemos deles, a maioria das vezes.
Os hábitos emocionais que adquirimos têm por finalidade simplificar nossa vida e são semelhantes aos hábitos motores que temos, como dirigir um automóvel, montar em uma bicicleta, etc.
Criamos hábitos emocionais para simplificar a vida, como dirigir um carro.
Devemos nos esforçar para identificar estes hábitos emocionais a que estamos condicionados, pois somos comandados automaticamente por eles, da mesma forma que um avião é conduzido pelo piloto automático em momentos de turbulência e má visibilidade.
Os hábitos emocionais inadequados, podem
dificultar nossos relacionamentos, por isto devemos identificá-los
e reconhecê-los no momento em que surgem, fazer um esforço consciente para
compreendê-los, e estabelecer estratégias para modifica-los. Isto nos fará senhores
de nossas vidas.
Os hábitos emocionais podem ter origem em
acontecimentos traumáticos na infância ou serem aprendidos com pessoas de nosso
convívio íntimo. Como exemplo, citaremos
o caso de Roberto, filho único de um casal, que desde os primeiros anos de
sua vida presenciou brigas constantes entre os pais, com troca de insultos, e
ameaças de separação. Aos poucos, desenvolveu-se nele o medo de perder o pai ou
a mãe, ou os dois - o medo de ser abandonado.
Tem medo de ser abandonada.
Adulta, Roberta desenvolveu o padrão emocional do medo de abandono, e passou a ter medo
de ser abandonado pelas pessoas
importantes de sua vida. No seu dia a dia , é incapaz de suportar pequenas
ausências de familiares e pessoas
queridas – sempre lhes pede que telefone logo que chegar ao destino de uma
viagem, ou que retorne imediatamente um
telefonema não atendido ou um recado
deixado na secretária eletrônica.
Roberta, agora adulta, quando não atendida,
fica magoada, e triste.
Quando
não é atendida, fica magoada, ressentida e triste. A perspectiva de ficar
sozinha lhe desperta tristeza e sentimento de isolamento, resultando medo
incontrolável ou pânico.
A Plena
Consciência , método de controle da mente utilizado há milênios pelos monges
budistas, é extremamente útil no
processo de identificação de hábitos emocionais inadequados. Objetiva
tentar ver as coisas como elas realmente são, com clareza, sem tentar
modifica-las. É um modo de treinar a mente para expandir a consciência.
Difere
da meditação concentrativa , em que a atenção é focada em apenas um objeto , pois na plena
consciência a atenção permanece receptiva a qualquer evento consciente, sobre o qual ela se
atém temporariamente, por ser o evento
mais evidente naquele momento. Nossa atenção não deve fixar-se em um
determinado objeto e sim passar para outro que a solicite.
A
Plena Consciência é de grande utilidade para o reconhecimento de nossas
emoções e particularmente para a identificação de padrões emocionais
inadequados ocultos, trazendo-os à luz da percepção, permitindo que os
identifiquemos e nos libertemos de seus domínios.
Capítulo 2:
ESQUEMAS EMOCIONAIS
A partir das últimas décadas do século XX, vem se desenvolvendo um ramo da terapia cognitiva ,denominado Esquematerapia, que tem por objetivo tratar hábitos emocionais inadequados e um de seus expoentes é Tara Bennett Goleman , que publicou em 2001 o livro Alquimia Emocional 1 . Afirma a autora :
“A Plena Consciência provoca uma transformação no cérebro, que faz com
que as emoções perturbadoras se convertam em emoções positiva. (...) O cérebro
permanece maleável ao longo da vida, modificando-se à medida que aprendemos a
desafiar antigos hábitos”..)
Para
ela um esquema é um pacote de maneiras que a mente
organiza, armazena e utiliza em relação a
determinada tarefa. Considera dez
esquemas principais, cada um com variações. A maioria das pessoas tem um ou
dois esquemas principais, podendo ter
vários outros.
Há dois grupos de esquemas: os que se desenvolvem na vida pessoal, no amor, família e amizades e os que aparecem na vida social-escola, trabalho e comunidade.
Na
vida pessoal são descritos os esquemas de carência,
submissão, medo de abandono, desconfiança e incapacidade de ser amado.
Na
vida social os esquemas são: exclusão, vulnerabilidade, fracasso, perfeccionismo
e superioridade. As emoções subjacentes a cada esquemas variam:
medo, raiva, tristeza, pânico, solidão, mágoa, ressentimento, ansiedade, vergonha
e humilhação.
A
vergonha é uma das emoções subjacentes aos esquemas.
A
identificação de um ou mais destes esquemas em nossa mente é um trabalho para a
Plena Consciência. Com o exercício
permanente da plena atenção podemos detectar o que ocorre em nossa consciência
e perceber o momento exato em que nosso comportamento passa a ser guiado por
determinado esquema, o momento em que perdemos o controle consciente de
nosso comportamento e passamos a ser reféns de padrões emocionais enraizados em
nosso inconsciente, que nos conduzem como se fosse um piloto automático.
Neste momento, de certa forma, deixamos de ser nós mesmos , e podemos fazer
muitas coisas das quais podemos nos arrepender depois.
Vivemos no Piloto Automático quando somos conduzidos por um esquema.
A parte desconhecida da mente
Segundo Bennett- Goleman 1 menos de um por cento das informações que a mente recebe alcança efetivamente nossa percepção consciente , logo a maior parte do que registramos na mente e como reagimos aos acontecimentos são controlados por uma parte invisível da mente, embora tenhamos a impressão que sabemos de tudo que se passa.
Nossas reações
automáticas e muitos de nossos pensamentos e sentimentos não são
conscientemente percebidos: e podem interferir grandemente em nossas atitudes e
comportamentos. Não temos ciência
que estão nos conduzindo.
CAPÍTULO 3
HÁBITOS EMOCIONAIS
Da mesma forma que um comportamento motor repetido se transforma em hábito, e passa a e passa a ser um hábito motor seu, um comportamento emocional seu repetido muitas vezes , transforma-se em hábito emocional e passa a ser repetido automaticamente.
Os hábitos emocionais
podem ser aprendidos com pessoas com de nosso convívio: uma criança que
conviveu com uma mãe com medo de barata aprende com ela este medo e , quando
adulta, ao ver uma barata, até mesmo de brinquedo, se descontrola
emocionalmente e foge gritando.
Uma criança que
conviveu com a Mãe com medo de barata aprende este medo.
Um menino que conviveu com um pai autoritário
que sempre queria suas ordens e vontades imediatamente satisfeitas, pode
desenvolver, quando adulto, um habito emocional da superioridade e querer que suas
vontades sejam imediatamente satisfeitas.
Uma criança que presenciou brigas freqüentes
entre seus pais, aprende que os problemas de relacionamento devem ser
resolvidos com agressões e insultos e levar
sempre à gritaria e ao recolhimento.
Uma criança que presenciou brigas frequentes entre os pais, aprende que problemas de relacionamento devem ser resolvidos com agressões.
A
plena consciência é um método valioso para entrar no compartimento desconhecido
da mente, e identificar hábitos
emocionais inadequados,que ali estão, além de percepção habitual.
Nossos Hábitos
Gerald Edelman, neurocientista vencedor do prêmio Nobel, acredita que nossos hábitos de pensar, sentir e reagir têm uma base neuronal e adquirem forma ao nível dos neurônios através do impacto de suas repetições, agindo sobre as conexões entre as células cérebrais 1 . À medida que um hábito é repetido com regularidade, os neurônios que estão sendo utilizados para sua realização vão se fortalecendo, enquanto outras conexões não relacionadas com o hábito se tornam mais fracas, pelo desuso.
Nossos hábitos adquirem
forma nos neurônios, graças a suas
repetições
O mesmo ocorre com os
hábitos emocionais. Se você aprender a reagir de forma impulsiva e a
entregar-se sempre à raiva quando for contrariado, e ficar repetindo este
comportamento toda vez que não for atendido em seus desejos, terminará
adquirindo o hábito emocional inadequado de querer sempre ser satisfeito, imediatamente. Isto
poderá trazer problemas em seu
relacionamentos, na família, no trabalho e com os amigos.
Se você aprender a
entregar-se à raiva quando contrariado, ficará enraivecido quando não for
atendido.
Você deve reconhecer os hábitos inadequados , no momento em que eles ocorram, e esforçar-se para controlar sua agressividade. Verá então que, aos poucos, com o passar do tempo, os hábitos tenderão a se enfraquecerem e terminarão se extinguindo.
Mas para isto é preciso tomar uma decisão
efetiva de combatê-los, e uma vigilância permanente sobre sua mente – você deve
ficar vigilante, esperando que eles se manifestem a qualquer momento. Aqui
entra a plena consciência, que deve ser praticada principalmente nas situações
em que, pela sua experiência, você sabe que o hábito poderá se manifestar.
A
extinção de um hábito é feita de modo progressivo. Com o tempo, as
ligações neuronais do sistema nervoso responsáveis pela sua existência
irão se enfraquecendo, enquanto
outras serão criadas pelo novo comportamento, cuja repetição regular
terminará por prevalecer sobre as do hábito pernicioso. Esta é a base
neurológica para a extinção dos hábitos emocionais inadequados – na medida
em que eles forem desativados, pelo desuso, cada vez mais perderão suas forças
e terminarão desaparecendo.
O monge budista Nyanaponika Thera descreve da seguinte forma o aparecimento de um hábito :
“Um
impulso momentâneo, um prazer ocasional, um capricho passageiro pode, através
da repetição ,tornar-se um hábito difícil de erradicar, um desejo difícil de
controlar e finalmente uma função automática que não é mais questionada.
Através da satisfação repetida de um desejo o hábito é formado, e assim o
condicionamento habitual pode se transformar em compulsão”.
CAPÌTULO IV
OS ESQUEMAS NA PRÁTICA
O esquema é uma
maneira que a mente utiliza para simplificar nossas ações diante da
complexidade da vida, resultante das múltiplas informações que recebemos
através dos órgãos dos sentidos, visão,audição, tato, olfato, etc. Os esquemas são
responsáveis pela seleção do que deve entrar ou não no compartimento invisível
da mente.
Os esquemas funcionam
como modelos mentais de sua experiência e servem para lhe orientar como agir
diante de novas situações vivenciadas. São muito valiosos pois você não tem
condições de analisar logicamente cada nova situação vivida, por isto lança
mão dos esquemas armazenados por sua mente, prontos para serem utilizados.
Você usa seus
esquemas com tanta frequência que, depois de
praticá-los algumas vezes, eles são utilizados automaticamente. E sem gastar maior
quantidade de energia mental, que teria de utilizar se fosse
analisar, compreender e encontrar uma solução lógica para resolver toda situação
nova com a qual se deparasse.
A utilidade e a eficiência dos esquemas
decorrem de que você não precisa prestar atenção a eles, quando os executa:
basta coloca-los em ação, e eles lhe ajudam a administrar sua vida.
O esquema é útil porque não se precisa prestar dar atenção,
como dirigir um carro.
Os esquemas são
elementos psicológicos, que facilitam nossas vidas. Entretanto no caso das
emoções, embora a maioria dos esquemas seja útil,podem surgir alguns que , em
vez de ajudar a resolver problemas passem a criar novos problemas, prejudicando
os relacionamentos . É importante ter consciência da existência de tais
esquemas deletérios e saber que eles podem ser modificados, desde que levemos
uma atenção consciente a estes hábitos.
É preciso sabermos que, quando sob o comando dos esquemas inadaptados, reagimos a determinadas situações sempre da mesma forma, impelidos por um mesmo conjunto de pensamentos, sentimentos e ações inadequadas, decorrentes de nossa confusão emocional.
Segundo
Bennett-Goleman :
“Os esquemas determinam a própria realidade (...). Mas o fato de reconhecermos esses padrões ocultos nos ajuda a ver mais as coisas como elas realmente são,sem sermos restringidos por nosso condicionamento, mas sim baseados em uma percepção mais plena e precisa.(...). Ao reconhecermos o princípio organizador em funcionamento, não mais precisamos nos sentir tão indefesos, mais uma vez vítimas das mesmas velhas reações.(...)Podemos começar a transformar nossa paisagem interna”.
Na vida
pessoal são descritos os esquemas de carência, submissão, medo de abandono,
desconfiança e incapacidade de ser amado. Faremos a análise de cada um deles.
Medo de abandono
No esquema do medo de abandono, a pessoa tem medo de ser abandonada, porque na infância viveu uma situação de verdadeiro abandono ou sentiu-se simbolicamente abandonada.
Quando adulta, a pessoa tem medo de ser abandonada pelo parceiro
Bennett – Goleman cita o exemplo de um cliente
seu que perdeu a mãe quando tinha três a quatro anos, sentindo-se sozinha na
vida a partir de então . Outro cliente desenvolveu medo de abandono aos sete
anos, quando o pai morreu com um ataque cardíaco, e cuja mãe sempre era ausente
ou viajava frequentemente .
As pessoas com medo
de abandono temem que as pessoas importantes de sua vida possam deixa-las e
passam a dar uma dimensão completamente irreal a situações que outras pessoas
normalmente não dariam maior importância, como por exemplo a cobrança de
telefonemas não respondidos ou alguém chegar atrasado para um encontro.
Tais comportamentos podem deixar o portador do
esquema maguado ou triste, levando-o até
a romper o relacionamento, devido a coisas insignificantes, às quais são dadas
dimensões indevidas e distantes da realidade.
Bennett
– Goleman cita as seguintes causas para o medo de abandono:
■
Situações em que houve um abandono real da pessoa na infância, como no caso de
morte de pai ou mãe, ou quando um dos
pais abandona realmente o lar.
■
Situações em que houve um abandono simbólico como ter pai ou mãe instável, não
confiável ou emocionalmente distante. Um pai ou mãe alcoólatra, que às vezes
está de bom humor e às vezes está muito zangado pode induzir medo de abandono.
As emoções características destas pessoas são uma profunda tristeza e o sentimento de isolamento, com o medo e o pânico consequentes. A reação natural de uma criança ao medo de perder uma pessoa importante em sua vida é agarrar-se cada vez mais a ela, levando a um grande apego, de natureza compensatória.
O problema surge quando a criança se torna adulta e reage da mesma forma, criando um apego ansioso em relação a pessoas que lhe são caras.
A pessoa fica muito preocupada com seus
comportamentos, temendo que uma conduta errada sua leve o parceiro a
abandona-la , e passa a ter necessidade
de uma reafirmação constante de que o relacionamento está firme e seguro. Este
apego ansioso super- compensatório, o pode afugentar o parceiro.
As estratégias de evitação utilizadas , segundo a autora, são :
■
Fazer concessões e aceitar um mau relacionamento, com medo que o parceiro vá
embora;
■
Fugir de um relacionamento antes que o parceiro vá embora;
■
Passar o maior tempo possível com o parceiro;
■
Fazer sempre acusações ciumentas, hipersensível
a qualquer indício ,real ou simbólico, de que será abandonado.
Tara
Goleman recomenda ao portador de medo de abandono que ele aprenda a identificar
e rastrear este esquema logo que ele se
manifeste, ficando atento para
hipersensibilidade à separação, para o medo de ser deixado, o apego
desesperado às pessoas e ao pavor ao isolamento. Que ele se conscientize que
não irá se desestruturar se ficarem sozinhas se alguém lhes deixar, e que procure
acreditar que não há motivo para ser abandonado.
Carência
É um padrão emocional inadequado que decorre da pessoa não ter suas necessidades de atenção, amor e carinho satisfeitas durante a infância . Quando adulta,ela se torna carente da atenção e dos cuidados dos outros, principalmente de seu parceiro mais íntimo. A crença fundamental da pessoa com o esquema da carência é que suas necessidades não serão satisfeitas.
Tara Goleman, na obra citada, relata o caso de uma cliente filha de pais alcoólatras que não teve atenção e carinho quando criança, e que não era escutada quando solicitava as coisas que necessitava. Quando adulta, tinha dificuldade em pedir ao marido o desejado.
Filha de pais alcoólatras, não teve atenção e carinho quando criança, e tem carência.
.
A
causa da carência pode estar em pais sempre muito ocupados, com seu trabalho ou
com seus próprios problemas, pais alcoólatras ou que, por qualquer outro
motivo, não se importam com as necessidades emocionais dos filhos e nunca estão
disponíveis para eles.
A
manifestação da carência no adulto pode ser a hipersensibilidade da pessoa a
qualquer indício de que ela não está sendo notada ou não está recebendo a
atenção e os cuidados devidos,
principalmente de seus parceiros íntimos.
A carência no adulto pode ser a pessoa achar que não recebe atenção.
As
emoções fundamentais da carência são tristeza, solidão e desesperança, pelo
fato da pessoa achar que não é devidamente valorizada e compreendida. Além
disto vem a raiva , decorrente das necessidades não serem atendidas.
Uma das emoções básicas da Carência é a Tristeza.
As
estratégias adotadas na carência são variáveis. Algumas pessoas ficam muito
zangadas e ressentidas quando não são atendidas em suas necessidades e agridem
as pessoas que as desapontam. Outras procuram autogratificação comendo demais
ou gastando muito consigo mesmas e são muito exigentes com os outros, de modo
que nunca se mostram satisfeitas. Outras pessoas , para não se magoarem em seus
relacionamentos, adotam um padrão de evitação : procuram manter os outros à
distância , se mostram reservadas , e habitualmente não revelam seus
sentimentos e necessidades.
Tara
Goleman (op.cit) relata o caso de um cliente extremamente solícito e
prestativo, sempre disposto a fazer favores, e que ficava muito triste
porque ninguém parecia querer lhe dar atenção e apoio, sem se
lembrar que ele não era capaz de expressar suas necessidades.
Ela
recomenda ao portador de carência um esforço para identificar e reconhecer o
esquema logo que ele se manifestar,
através do exercício da plena consciência,
procurando convencer-se que é capaz de ser objeto do amor, carinho e
atenção dos que o cercam. Outra recomendação é de que aprenda a comunicar suas
necessidades, pois só assim os outros poderão atende-las.
Subjugação
A subjugação é um padrão que surge em pessoas que durante a infância foram submetidas a um relacionamento opressivo e castrador, com seus pais ou um deles. Foram coagidas a fazer o que lhe era determinado, independentemente de sua vontade.
A filha criança, era coagida a fazer pela Mãe o que lhe era determinado, contra sua vontade.
Como
a pessoa foi acostumada a atender às ordens dos outros, aprendeu e levar para a
vida de adulto uma crença: “ Eu sempre devo satisfazer aos outros”.
Tara
Goleman (op.cit) relata o caso de uma paciente sua que deu o seguinte
depoimento :
“Minha mãe era extremamente dominadora .Tomava todas as decisões por mim, mesmo quando eu era adolescente. Eu não tinha o direito de opinar. Ela comprava meus sapatos e minhas roupas sem nunca perguntar do que eu gostava.Tudo sempre era da maneira que ela queria. Hoje, nos meus relacionamentos, nunca consigo exigir o que quero. Sempre aceito o que a outra pessoa quer.”
Minha Mãe comprava minhas roupas sem perguntar do que eu gostava.
A crença fundamental
do portador da subjugação, nos relacionamentos íntimos, é : “Tudo é sempre
do jeito que você quer, nunca como eu quero”. Para o subjugado, suas necessidades nunca têm prioridade,
prevalecendo as necessidades do outro . Embora a pessoa ceda com facilidade,
cada vez que ela cede surge um ressentimento, uma mágoa, que vai se acumulando
e termina por se manifestar sob a forma de raiva, que é a emoção fundamental
deste esquema.
A
causa deste esquema está em pai ou pais controladores que negaram à criança o
direito de opinar,desconsiderando suas necessidades de autonomia. A
autoridade paterna pode se manifestar diretamente sob a forma de violência com
agressão física, ou sob a forma de controles enérgicos sob a forma de olhares
reprovadores , franzir de sobrancelhas ou mudanças de tom de voz ,toda vez que
a criança pretendia manisfestar seus desejos .A criança aprende no convívio que
seus desejos, sentimentos e necessidades não são importantes e que é a outra
pessoa que impõe sua vontade sempre. Aprendem que são impotentes, no sentido de
fazer valer seus desejos e necessidades.
Quando adultos, estão
tão habituados aos outros lhes
darem ordens que perdem o contacto com o que sentem, querem ou
precisam. Quando convidadas perguntadas se querem ir ao teatro ou ao cinema, ou
a escolher o filme que querem ver, respondem que é indiferente , aquilo que o
outro escolher é bom para ela.
Uma das estratégias
utilizadas nos portadores do esquema de subjugação é a evitação – aprenderam
quando crianças que o melhor era fugir dos pais , com medo de sofrer retaliação
se os enfrentassem , e levam este comportamento para a vida adulta, porque
assim garantem a paz interior e nos relacionamento.
Outra estratégia é a
rendição - procuram sempre agradar ao outro, desprezando suas carências e necessidades.Podem ficar
amarguradas, mas assim se sentem seguras em seu relacionamento. Outra
estratégia é a fuga: evitam assumir compromissos para não se sentirem encurraladas
ou controladas.
Tara Goleman recomenda
o uso da plena atenção para identificar o padrão de subjugação, tomando como
indícios a pessoa raramente defender suas opiniões, preferências ou
necessidades em seus relacionamentos íntimos, sentir-se usado ou controlado
pelos outros ou ficar zangado ou
ressentido com freqüência, sem exteriorizar seus sentimentos, procurando se
vingar indiretamente fazendo aquilo que as outras pessoas não gostam.
Orienta que a pessoa
deve entrar em contato com estes sentimentos de ressentimento, frustração e
raiva e que procure fazer valer seus desejos e necessidades.
Desconfiança
A crença fundamental da pessoa com o esquema da desconfiança é que não se pode confiar nas pessoas, pois vão se aproveitar dela, ou traí-la no futuro.
Tara Goleman cita o
exemplo de um caso que tomou conhecimento através do jornal: Mary, uma das 11
filhas de uma mãe alcoólatra, foi sexualmente molestada por um parente,
quando criança . Depois de apalpa-la ele
a ameaçou se contasse a alguém.
Quando contou o
ocorrido à mãe , teve como resposta que ela devia ter se equivocado em relação
às intenções do parente. Depois deste episódio, Mary passou a desconfiar de
todos que se aproximam dela, tratando-os com hostilidade, pois a raiva é a
emoção dominante deste esquema.
Os portadores deste
esquema mostram-se permanentemente vigilantes nos relacionamentos, temendo que
os outros se utilizem dela ou serem traídas, e têm muita dificuldade de se
aproximarem dos outros e de se abrirem com eles.
As causas da desconfiança
geralmente estão em abusos sexuais, físicos ou emocionais praticados na
infância, ou de maus tratos impingidos à criança. O abuso físico, sob a forma
de surras e corretivos semelhantes, muitas vezes é utilizado no sentido de
“corrigir” a criança; o abuso emocional
pode se expressar sob a forma de críticas severas, humilhantes e destrutivas ou
uma rejeição extrema ,alternada com períodos de delicadeza excessiva.
O abuso sexual
geralmente é praticado por uma pessoa da família, em quem a pessoa deveria
confiar, se sentindo traída por ele, com sentimentos de traição, medo, vergonha
e raiva.Quanto maior o abuso e mais persistente for, maior a desconfiança.
A pessoa pode reagir
ao esquema de diversas formas: uma é fugir de qualquer relacionamento que envolva
confiança; outra é idealizar um parente
ou amigo como protetor e irritada com uma suposta traição voltar-se contra ele.
A terceira é praticar também o abuso em outras pessoas.
As manifestações do esquema de desconfiança são variadas: uma é a crença de que as pessoas têm segundas intenções e sempre querem conseguir algo de você. Por isto evitam fazer novos relacionamentos temendo que as pessoas possam magoá-la ou usá-la. Podem torcer as coisas fazendo com que elas pareçam traições ou tentativa de manipulação, sendo estas suspeitas mais fortes nas relações íntimas.
A pessoa desconfiada evita novos relacionamentos temendo que possam magoá-la.
Tara Goleman
recomenda o uso da plena atenção para identificar o esquema e sugere que as
pessoas alvo de abuso sexual procurem um terapeuta para a devida assistência.
Incapacidade de ser amado
A crença fundamental
do esquema da incapacidade de ser amado, chamado de Imperfeição, é que a
pessoa não se sente capaz de ser amada, admitindo ter algo
defeituoso e ser imperfeito.
A pessoa não se sente capaz de ser amada e acha ser imperfeita,
As emoções mais importantes são vergonha e humilhação. Na origem da imperfeição podem estar pais hipercríticos, ofensivos e humilhantes, que enviavam de mensagens constantes de desaprovação á criança, do tipo “você não é bom o suficiente”, mensagens estas que passavam para ela uma imagem detrimental de si mesma. A mensagem podia ser verbal ou não verbal, do tipo arquear as sobrancelhas e usar tom de voz sarcástico.
Resulta profundo sentimento de vergonha na criança, devido à exposição de suas fraquezas, mesmo senda elas não verdadeiras. O sentimento de vergonha é levado pela adolescência ,até a fase de adulto.As pessoas sentem vergonha de si mesmas e pensam: “ Quem vier realmente a me conhecer não gostará de mim,pois sou imperfeita, cheia de defeitos”.
Acredita Tara Goleman
que dois tipos de comportamentos podem
ocorrer nas pessoas com esquema de incapacidade
de ser amado: algumas sucumbem diante da sensação de desmerecimento e assumem
que ninguém pode confiar nelas.Se escondem e revelam muito pouco de seus
pensamentos e sentimentos, dificultando assim que sejam melhor conhecidas pelos
outros. Defendem-se desta forma da rejeição que poderiam ter, e têm medo de
serem criticadas e desprezadas, vivendo com um eu falso e superficial.Outras
escondem sua imperfeição com uma fanfarronice arrogante, esforçando-se para
serem aduladas.
Este esquema
dificulta o relacionamento de seus portadores com as pessoas, principalmente
com as mais íntimas, daí muitos preferirem relacionamentos com parceiros mais
distantes
Os indícios deste
esquema são sutis e pode ocorrer uma profunda tristeza quando a pessoa está
sozinha, aliada a pensamentos de que ninguém quer estar com ela. Outro sinal é
humilhar-se perante os outros ou perante si mesma.
Tara Goleman
recomenda a quem tem incapacidade de ser amado, desafiar os pensamentos que
amplificam seus defeitos, considerando ser esta uma maneira de
neutralizá-los. Além disto, mudar o comportamento, procurando acreditar que seus
entes queridos o conhecem bem e o amam como é.
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