sábado, 25 de março de 2023

E-book 21

 

E-book 21





                                                   E-book 21

                          Alquimia Emocional - hábitos e esquemas emocionais                  

         P S I C O L O G I A

 
          M O D E R N A

 

                           

                        

         Blog emoçaoeatencao@blogspot.com      

 

         Prof. Dr. Jair de Oliveira Santos

                     2023 - Bahia- Brasil

 










 QUEM É O AUTOR

 

Jair de Oliveira Santos é Médico, Professor aposentado da Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia, Graduado em Pedagogia, Especialista em Administração Escolar, Fundador e ex-Diretor da Faculdade Castro Alves, onde foi coordenador do Núcleo de Estudos das Emoções e do Programa de Educação das Emoções.

 Criou o blog emoçaoeatencao@blogspot.com onde publicou 90 Posts, durante 6 anos, que foram divulgado pela Google em 87 países e teve , segundo o site Ranking Data, cerca de 1 milhão e 188 mil acessos anuais. Fez o lançamento do Podcast das Emoções, no citado blog, em 2021.

Pioneiro da Educações das Emoções na Bahia, implantou-a na Faculdade Castro Alves e em vários colégios, com excelentes resultados. Publicou os livros: 1- Educação Emocional- fundamentos e resultados;2- Manuais de Educação Emocional; 3- Educação Emocional na Sala de Aula, e 4-. Educação Emocional: Aspectos Históricos, Fundamentos e Resultados.

Dedicou-se à Educação Médica, foi Coordenador do Colegiado de Curso de Medicina da UFBA e o presidente da Comissão de Currículo. Publicou livros e artigos na Revista da Associação Brasileira de Educação Médica, dentre eles “Educação Médica e Humanismo”, e” Educação Médica- Filosofia, Valores e Ensino”.

 

Dedico este e-book:

In memoriam:

A minha inesquecível esposa falecida, Olívia,

E a meu Pai e minha Mãe.        

A meus filhos:

Jair Filho, César, Telma, Vinicius e Paulo

A meus netos:

Jéssica, Jair Neto, Ana Júlia, Pedro Gabriel, Maria Eduarda , Larissa e Arthur.

                                                         ● ● ●

A todos que nos propiciaram condições e estimularam estudos, pesquisas  e reflexões sobre  a Educação das Emoções.

                                                        ● ● ● 

“Quem conhece aos outros é inteligente

  Quem conhece a si mesmo é sábio “

Lao Tsé – Tao te King, XXXIII   

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“Trata a humanidade, na tua própria pessoa ou na de qualquer outra, como um fim em si, nunca apenas como um meio”

 Kant I., “Fundamentação da metafísica dos costumes”, 1786.                           

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“Não há outro universo, senão o universo humano, o universo da subjetividade humana. É procurando sempre fora de si um fim que o homem se realizará como ser humano”

Sartre,J.P., “O Existencialismo é um humanismo”, 1944

                                                  ● ● ●

“Para criar uma boa vida, não basta lutar por metas  que nos trazem prazer, mas também escolher metas que reduzirão a soma total de entropia no mundo”.

Mihaly Csikszentmihalyi

A Descoberta do Fluxo, 1999.

 









                     COMUNICADO

A partir de 26-11-22,  o blog emoçaoeatencao@blogspot.com terá nova orientação, para atender á sua vasta clientela de milhões de leitores, conforme avaliação publicada pelo site Ranking Data, abaixo transcrita. Dentro de sua filosofia de trabalho, publicará também e-books gratuitos, que conterão o conteúdo dos posts já publicados, além de novos conteúdos, de modo a constituírem um conjunto integrado de conhecimentos.

Ranking database emoção atenção@blogspot.com, pesquisa.

Imagens de ranking data base emocaoeatencao@blogspot.com




                           

                                                            Gráficos do Ranking  

 

                              
 



RELAÇÃO DO CONTEÚDO DO E-BOOK 21


Capítulo 1: Introdução. Alquimia Emocional

Capítulo 2: Esquemas Emocionais

Capítulo 3: Hábitos emocionais

Capítulo 4: Exemplos dos principais esquemas









CAPÍTULO I

INTRODUÇÂO À ALQUIMIA EMOCIONAL

  Introdução

Este E-book é uma análise de alguns aspectos do livro de Tara-Bennet-Goleman, Alquimia Emocional, Editora Objetiva, publicado em janeiro de  2001.

 O sonho dos alquimistas, segundo a lenda, era fazer a transformação do chumbo em ouro, do carvão em diamante. Na essência, a alquimia é um processo de transformação. O conceito se estendeu para a psicologia, e  a Alquimia Psicológica consiste na transformação de estados psíquicos em outros.

O significado da Alquimia Emocional é transformar emoções negativas e estados perturbadoras da mente em situações adequadas ao convívio harmônico, respeitoso. 

 Em nossa mente, habitualmente, há uma efervescência de emoções,  positivas e  negativas, que se organizam em padrões emocionais, capazes de se expressarem em nossos comportamentos  passando a comandá-los, contra nossas vontades.

 Ao longo de nossa vida, em contato com a cultura em que vivemos, aprendemos determinados comportamentos emocionais, que são expressões de emoções aprendidas, programadas, diferentes das inatas, com as quais nascemos.

 

                Nos grupos sociais aprendemos muitas emoções.

 Pessoas mais próximas, que exerceram maior influência na nossa socialização, são responsáveis pela transmissão de tais emoções, que se  expressam em nossos comportamentos sob a forma de padrões, que repetimos no dia a dia, e não nos apercebemos deles, a maioria das vezes.

 Os hábitos emocionais que adquirimos têm por finalidade  simplificar nossa vida e são semelhantes aos hábitos motores que temos, como dirigir um automóvel, montar em uma bicicleta, etc.

 

     Criamos hábitos emocionais para simplificar a vida, como dirigir um carro.

        Devemos nos esforçar para identificar estes hábitos emocionais a que estamos condicionados, pois somos comandados automaticamente por eles, da mesma forma que um avião é conduzido pelo piloto automático em momentos de turbulência e má visibilidade.

Os hábitos emocionais inadequados, podem dificultar nossos relacionamentos, por isto devemos identificá-los e reconhecê-los no momento em que surgem, fazer um esforço consciente para compreendê-los, e estabelecer estratégias para modifica-los. Isto nos fará senhores de nossas vidas.

 

Os hábitos emocionais podem ter origem em acontecimentos traumáticos na infância ou serem aprendidos com pessoas de nosso convívio íntimo. Como exemplo, citaremos  o caso de Roberto, filho único de um casal, que desde os primeiros anos de sua vida presenciou brigas constantes entre os pais, com troca de insultos, e ameaças de separação. Aos poucos, desenvolveu-se nele o medo de perder o pai ou a mãe, ou os dois - o medo de ser abandonado.

       

   Roberta viu brigas dos pais e ameaças de separação. 

                              Tem medo de ser abandonada.

 

Adulta, Roberta  desenvolveu o padrão emocional do medo de abandono, e passou a ter medo de  ser abandonado pelas pessoas importantes de sua vida. No seu dia a dia , é incapaz de suportar pequenas ausências  de familiares e pessoas queridas – sempre lhes pede que telefone logo que chegar ao destino de uma viagem, ou que  retorne imediatamente um telefonema não atendido  ou um recado deixado na secretária eletrônica.

           

Roberta, agora adulta, quando não atendida, fica magoada, e triste.

 

 Quando não é atendida, fica magoada, ressentida e triste. A perspectiva de ficar sozinha lhe desperta tristeza e sentimento de isolamento, resultando medo incontrolável ou  pânico.

 

 A Plena Consciência , método de controle da mente utilizado há milênios pelos monges budistas, é extremamente útil no  processo de identificação de hábitos emocionais inadequados. Objetiva tentar ver as coisas como elas realmente são, com clareza, sem tentar modifica-las. É um modo de treinar a mente para expandir a consciência.

 Difere da meditação concentrativa , em que a atenção é focada  em apenas um objeto , pois na plena consciência a atenção permanece receptiva a qualquer  evento consciente, sobre o qual ela se atém  temporariamente, por ser o evento mais evidente naquele momento. Nossa atenção não deve fixar-se em um determinado objeto e sim passar para outro que a solicite.

 A Plena Consciência é de grande utilidade para o reconhecimento de nossas emoções e particularmente para a identificação de padrões emocionais inadequados ocultos, trazendo-os à luz da percepção, permitindo que os identifiquemos e nos libertemos de seus domínios.







 

Capítulo 2:

ESQUEMAS EMOCIONAIS

A partir das últimas décadas do século XX, vem se desenvolvendo um ramo da terapia cognitiva ,denominado Esquematerapia, que tem por objetivo tratar hábitos emocionais inadequados e um de seus expoentes é Tara Bennett  Goleman , que publicou em 2001 o livro Alquimia Emocional 1 . Afirma a autora :

“A Plena Consciência provoca uma transformação no cérebro, que faz com que as emoções perturbadoras se convertam em emoções positiva. (...) O cérebro permanece maleável ao longo da vida, modificando-se à medida que aprendemos a desafiar antigos hábitos”..)

 

Para ela um esquema é um pacote de maneiras que a mente organiza, armazena e utiliza em relação a  determinada tarefa. Considera dez esquemas principais, cada um com variações. A maioria das pessoas tem um ou dois esquemas principais,  podendo ter vários outros.

  Há dois grupos de esquemas: os que se desenvolvem  na vida pessoal, no amor, família e amizades e os que aparecem na vida social-escola, trabalho e comunidade.

Na vida pessoal são descritos os esquemas de carência, submissão, medo de abandono, desconfiança e incapacidade de ser amado.

Na vida social os esquemas são: exclusão, vulnerabilidade, fracasso, perfeccionismo e superioridade. As emoções subjacentes a cada esquemas variam: medo, raiva, tristeza, pânico, solidão, mágoa, ressentimento, ansiedade, vergonha  e humilhação.

 

         
       A vergonha é uma das emoções subjacentes aos esquemas.

 

A identificação de um ou mais destes esquemas em nossa mente é um trabalho para a Plena Consciência.  Com o exercício permanente da plena atenção podemos detectar o que ocorre em nossa consciência e perceber o momento exato em que nosso comportamento passa a ser guiado por determinado esquema, o momento em que perdemos o controle consciente de nosso comportamento e passamos a ser reféns de padrões emocionais enraizados em nosso inconsciente, que nos conduzem como se fosse um piloto automático. Neste momento, de certa forma, deixamos de ser nós mesmos , e podemos fazer muitas coisas das quais podemos nos arrepender depois.

                

                        Vivemos no Piloto Automático quando somos conduzidos por um esquema.

A parte desconhecida da mente

A maioria esmagadora das informações que chegam a nossa mente passa despercebida de nossa consciência: não são percebidas, não temos conhecimento e permanecem inconscientes.

 

 

  A Atenção é um farol e menos de 1% das informações selecionadas por ela, são conscientes. O resto não é considerada pela consciência.

 Segundo Bennett- Goleman 1  menos de um por cento das informações que a mente recebe alcança efetivamente nossa percepção consciente , logo a maior parte do que registramos na  mente  e como reagimos aos acontecimentos são controlados por uma parte invisível da mente, embora tenhamos a impressão que sabemos de tudo que se passa.

Nossas reações automáticas e muitos de nossos pensamentos e sentimentos não são conscientemente percebidos: e podem interferir grandemente em nossas atitudes e comportamentos. Não temos ciência  que  estão nos conduzindo.








                               CAPÍTULO 3

                         HÁBITOS EMOCIONAIS


 Da mesma forma que um comportamento motor repetido se transforma em hábito, e passa a e passa a ser um hábito motor seu,  um comportamento emocional seu repetido muitas vezes , transforma-se em hábito emocional e passa a ser repetido automaticamente.

Os hábitos emocionais podem ser aprendidos com pessoas com de nosso convívio: uma criança que conviveu com uma mãe com medo de barata aprende com ela este medo e , quando adulta, ao ver uma barata, até mesmo de brinquedo, se descontrola emocionalmente e foge gritando.

                  

Uma criança que conviveu com a Mãe com medo de barata aprende este medo.

 

 Um menino que conviveu com um pai autoritário que sempre queria suas ordens e vontades imediatamente satisfeitas, pode desenvolver, quando adulto, um habito emocional da superioridade e querer que suas vontades sejam imediatamente satisfeitas.

            

  Menino que conviveu com pai autoritário pode desenvolver um habito de superioridade

 Uma criança que presenciou brigas freqüentes entre seus pais, aprende que os problemas de relacionamento devem ser resolvidos com agressões e insultos e  levar sempre à gritaria  e ao recolhimento.


 

Uma criança que presenciou brigas frequentes entre os pais, aprende que  problemas de relacionamento devem ser resolvidos com agressões.

 

A plena consciência é um método valioso para entrar no compartimento desconhecido da mente, e identificar hábitos  emocionais inadequados,que ali estão, além de percepção habitual.

 Nossos Hábitos

 Gerald Edelman, neurocientista vencedor do prêmio Nobel, acredita que  nossos hábitos de pensar, sentir e reagir têm uma base neuronal e adquirem forma ao nível dos neurônios através do impacto de suas  repetições, agindo sobre as conexões entre as células cérebrais 1 . À medida que um hábito é repetido com regularidade, os neurônios que estão sendo utilizados para sua realização vão se fortalecendo, enquanto outras conexões não relacionadas com o hábito se tornam mais fracas,  pelo desuso.

 

                                                                                 

Nossos hábitos adquirem forma nos neurônios, graças a suas  repetições

 

O mesmo ocorre com os hábitos emocionais. Se você aprender a reagir de forma impulsiva e a entregar-se sempre à raiva quando for contrariado, e ficar repetindo este comportamento toda vez que não for atendido em seus desejos, terminará adquirindo o hábito emocional inadequado de querer  sempre ser satisfeito, imediatamente. Isto poderá trazer  problemas em seu relacionamentos, na família, no trabalho e com os amigos.

 

                                

Se você aprender a entregar-se à raiva quando contrariado, ficará enraivecido quando não for atendido.

 Você deve reconhecer os hábitos inadequados , no momento em que eles ocorram, e esforçar-se para controlar sua agressividade. Verá então que, aos poucos, com o passar do tempo, os hábitos tenderão  a se enfraquecerem e terminarão se extinguindo.

 Mas para isto é preciso tomar uma decisão efetiva de combatê-los, e uma vigilância permanente sobre sua mente – você deve ficar vigilante, esperando que eles se manifestem a qualquer momento. Aqui entra a plena consciência, que deve ser praticada principalmente nas situações em que, pela sua experiência, você sabe que o hábito poderá se manifestar.

A extinção de um hábito é feita de modo progressivo. Com o tempo, as ligações neuronais do sistema nervoso responsáveis pela sua existência irão  se enfraquecendo,  enquanto  outras serão criadas pelo novo comportamento, cuja repetição regular terminará por prevalecer sobre as do hábito pernicioso. Esta é a base neurológica para a extinção dos hábitos emocionais inadequados – na medida em que eles forem desativados, pelo desuso, cada vez mais perderão suas forças e terminarão desaparecendo.

  O monge budista Nyanaponika Thera descreve da seguinte forma o aparecimento de um hábito :

“Um impulso momentâneo, um prazer ocasional, um capricho passageiro pode, através da repetição ,tornar-se um hábito difícil de erradicar, um desejo difícil de controlar e finalmente uma função automática que não é mais questionada. Através da satisfação repetida de um desejo o hábito é formado, e assim o condicionamento habitual pode se transformar em compulsão”.

 

                            





                                     CAPÌTULO IV

                         OS ESQUEMAS NA PRÁTICA

 

O esquema é uma maneira que a mente utiliza para simplificar nossas ações diante da complexidade da vida, resultante das múltiplas informações que recebemos através dos órgãos dos sentidos, visão,audição, tato, olfato, etc. Os esquemas são responsáveis pela seleção do que deve entrar ou não no compartimento invisível da mente.

Os esquemas funcionam como modelos mentais de sua experiência e servem para lhe orientar como agir diante de novas situações vivenciadas. São muito valiosos pois você não tem condições de analisar  logicamente  cada nova situação vivida, por isto lança mão dos esquemas armazenados por sua mente, prontos para serem utilizados.

Você usa seus esquemas com tanta frequência que, depois de  praticá-los algumas vezes, eles são utilizados  automaticamente. E sem gastar maior quantidade de energia mental, que teria de utilizar se fosse analisar, compreender e encontrar uma solução lógica para resolver toda situação nova com a qual se deparasse.

 A utilidade e a eficiência dos esquemas decorrem de que você não precisa prestar atenção a eles, quando os executa: basta coloca-los em ação, e eles lhe ajudam a administrar sua vida.

O esquema é útil porque não se precisa prestar dar atenção,

 como dirigir um carro.

 

Os esquemas são elementos psicológicos, que facilitam nossas vidas. Entretanto no caso das emoções, embora a maioria dos esquemas seja útil,podem surgir alguns que , em vez de ajudar a resolver problemas passem a criar novos problemas, prejudicando os relacionamentos . É importante ter consciência da existência de tais esquemas deletérios e saber que eles podem ser modificados, desde que levemos uma atenção consciente a estes hábitos.

 É preciso sabermos que, quando sob o comando dos esquemas inadaptados, reagimos a determinadas situações sempre da mesma forma, impelidos por um mesmo conjunto de pensamentos, sentimentos e ações inadequadas, decorrentes de nossa confusão emocional.

Segundo Bennett-Goleman :

“Os esquemas determinam a própria realidade (...). Mas o fato de reconhecermos esses padrões ocultos nos ajuda a ver mais as coisas como elas realmente são,sem sermos restringidos por nosso condicionamento, mas sim baseados em uma percepção mais plena  e precisa.(...). Ao reconhecermos o princípio organizador em funcionamento, não mais precisamos nos sentir tão indefesos, mais uma vez vítimas das mesmas velhas reações.(...)Podemos começar a transformar nossa paisagem interna”. 

Na vida pessoal são descritos os esquemas de carência, submissão, medo de abandono, desconfiança e incapacidade de ser amado. Faremos a análise de cada um deles.

 

Medo de abandono

 No esquema do medo de abandono, a pessoa tem medo de ser abandonada, porque na infância viveu uma situação de verdadeiro abandono ou sentiu-se simbolicamente abandonada.

 


             Quando adulta, a pessoa tem medo de ser abandonada pelo parceiro 

 Bennett – Goleman cita o exemplo de um cliente seu que perdeu a mãe quando tinha três a quatro anos, sentindo-se sozinha na vida a partir de então . Outro cliente desenvolveu medo de abandono aos sete anos, quando o pai morreu com um ataque cardíaco, e cuja mãe sempre era ausente ou viajava frequentemente .

As pessoas com medo de abandono temem que as pessoas importantes de sua vida possam deixa-las e passam a dar uma dimensão completamente irreal a situações que outras pessoas normalmente não dariam maior importância, como por exemplo a cobrança de telefonemas não respondidos ou alguém chegar atrasado para um encontro.

 Tais comportamentos podem deixar o portador do esquema maguado ou triste, levando-o  até a romper o relacionamento, devido a coisas insignificantes, às quais são dadas dimensões indevidas e distantes da realidade.

Bennett – Goleman cita as seguintes causas para o medo de abandono:

■ Situações em que houve um abandono real da pessoa na infância, como no caso de morte  de pai ou mãe, ou quando um dos pais abandona realmente o lar.

■ Situações em que houve um abandono simbólico como ter pai ou mãe instável, não confiável ou emocionalmente distante. Um pai ou mãe alcoólatra, que às vezes está de bom humor e às vezes está muito zangado pode induzir medo de abandono.

As emoções características destas pessoas são uma profunda tristeza e o sentimento de isolamento, com o medo e o pânico consequentes. A reação natural de uma criança ao medo de perder uma pessoa importante em sua vida é agarrar-se cada vez mais a ela, levando a um grande apego, de natureza compensatória.             


A reação de uma criança ao medo de perder a Mãe é agarrar-se mais a ela,

  O problema surge quando a criança se torna adulta e reage da mesma forma, criando um apego ansioso em relação a pessoas que lhe são caras.

 A pessoa fica muito preocupada com seus comportamentos, temendo que uma conduta errada sua leve o parceiro a abandona-la , e  passa a ter necessidade de uma reafirmação constante de que o relacionamento está firme e seguro. Este apego ansioso super- compensatório, o pode afugentar o parceiro.

 As estratégias de evitação utilizadas , segundo a autora, são :

■ Fazer concessões e aceitar um mau relacionamento, com medo que o parceiro vá embora;

■ Fugir de um relacionamento antes que o parceiro vá embora;

■ Passar o maior tempo possível com o parceiro;

■ Fazer sempre acusações ciumentas, hipersensível  a qualquer indício ,real ou simbólico, de que será abandonado.

 

Tara Goleman recomenda ao portador de medo de abandono que ele aprenda a identificar e rastrear este esquema logo que ele  se manifeste, ficando atento para   hipersensibilidade à separação, para o medo de ser deixado, o apego desesperado às pessoas e ao pavor ao isolamento. Que ele se conscientize que não irá se desestruturar se ficarem sozinhas  se alguém lhes deixar, e que procure acreditar  que não há motivo para  ser abandonado.

 Carência

 É um padrão emocional inadequado que decorre da pessoa não ter suas necessidades de atenção, amor e carinho satisfeitas durante a infância . Quando adulta,ela se torna carente da atenção e dos cuidados dos outros, principalmente de seu parceiro mais íntimo. A crença fundamental da pessoa com o esquema da carência é que suas necessidades não serão satisfeitas.

Tara Goleman, na obra citada, relata o caso de uma cliente filha de pais alcoólatras que não teve atenção e carinho quando criança, e que  não era escutada quando solicitava as coisas que necessitava. Quando adulta, tinha dificuldade  em pedir ao marido o  desejado.    


       Filha de pais alcoólatras, não teve atenção e carinho quando criança, e tem carência.

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A causa da carência pode estar em pais sempre muito ocupados, com seu trabalho ou com seus próprios problemas, pais alcoólatras ou que, por qualquer outro motivo, não se importam com as necessidades emocionais dos filhos e nunca estão disponíveis para eles.

A manifestação da carência no adulto pode ser a hipersensibilidade da pessoa a qualquer indício de que ela não está sendo notada ou não está recebendo a atenção e os cuidados  devidos, principalmente de seus parceiros íntimos.

              

A carência no adulto pode ser a pessoa achar que  não recebe atenção.

As emoções fundamentais da carência são tristeza, solidão e desesperança, pelo fato da pessoa achar que não é devidamente valorizada e compreendida. Além disto vem a raiva , decorrente das necessidades não serem atendidas.


                      Uma das emoções básicas da Carência é a Tristeza. 

As estratégias adotadas na carência são variáveis. Algumas pessoas ficam muito zangadas e ressentidas quando não são atendidas em suas necessidades e agridem as pessoas que as desapontam. Outras procuram autogratificação comendo demais ou gastando muito consigo mesmas e são muito exigentes com os outros, de modo que nunca se mostram satisfeitas. Outras pessoas , para não se magoarem em seus relacionamentos, adotam um padrão de evitação : procuram manter os outros à distância , se mostram reservadas , e habitualmente não revelam seus sentimentos e necessidades.

Tara Goleman (op.cit) relata o caso de um cliente extremamente solícito e prestativo, sempre disposto a fazer favores, e que ficava muito triste porque  ninguém parecia  querer lhe dar atenção e apoio, sem se lembrar que ele não era capaz de expressar suas necessidades.

Ela recomenda ao portador de carência um esforço para identificar e reconhecer o esquema  logo que ele se manifestar, através do exercício da plena consciência,  procurando convencer-se que é capaz de ser objeto do amor, carinho e atenção dos que o cercam. Outra recomendação é de que aprenda a comunicar suas necessidades, pois só assim os outros poderão atende-las.

 

Subjugação 

A subjugação é um padrão que surge em pessoas que durante a infância foram submetidas a um relacionamento opressivo e castrador, com seus pais ou um deles. Foram coagidas a fazer o que lhe era determinado, independentemente de sua vontade.

 

A filha criança, era coagida a fazer pela Mãe o que lhe era determinado, contra sua vontade.


Como a pessoa foi acostumada a atender às ordens dos outros, aprendeu e levar para a vida de adulto uma crença: “ Eu sempre devo satisfazer aos outros”.

Tara Goleman (op.cit) relata o caso de uma paciente sua que deu o seguinte depoimento :

“Minha mãe era extremamente dominadora .Tomava todas as decisões por mim, mesmo quando eu era adolescente. Eu não tinha o direito de opinar. Ela comprava meus sapatos e minhas roupas sem nunca perguntar do que eu gostava.Tudo sempre era da maneira que ela queria. Hoje, nos meus relacionamentos, nunca consigo exigir o que quero. Sempre aceito o que a outra pessoa quer.” 

            

            Minha Mãe comprava minhas roupas sem  perguntar do que eu gostava.


A crença fundamental do portador da subjugação, nos relacionamentos íntimos, é : “Tudo é sempre do jeito que você quer, nunca como eu quero”. Para o subjugado,  suas necessidades nunca têm prioridade, prevalecendo as necessidades do outro . Embora a pessoa ceda com facilidade, cada vez que ela cede surge um ressentimento, uma mágoa, que vai se acumulando e termina por se manifestar sob a forma de raiva, que é a emoção fundamental deste esquema.

A causa deste esquema está em pai ou pais controladores que negaram à criança o direito de opinar,desconsiderando suas necessidades de autonomia. A autoridade paterna pode se manifestar diretamente sob a forma de violência com agressão física, ou sob a forma de controles enérgicos sob a forma de olhares reprovadores , franzir de sobrancelhas ou mudanças de tom de voz ,toda vez que a criança pretendia manisfestar seus desejos .A criança aprende no convívio que seus desejos, sentimentos e necessidades não são importantes e que é a outra pessoa que impõe sua vontade sempre. Aprendem que são impotentes, no sentido de fazer valer seus desejos e necessidades.

Quando adultos, estão tão habituados aos  outros lhes darem  ordens que perdem  o contacto com o que sentem, querem ou precisam. Quando convidadas perguntadas se querem ir ao teatro ou ao cinema, ou a escolher o filme que querem ver, respondem que é indiferente , aquilo que o outro escolher é bom para ela.

Uma das estratégias utilizadas nos portadores do esquema de subjugação é a evitação – aprenderam quando crianças que o melhor era fugir dos pais , com medo de sofrer retaliação se os enfrentassem , e levam este comportamento para a vida adulta, porque assim garantem a paz interior e nos relacionamento.

Outra estratégia é a rendição - procuram sempre agradar ao outro, desprezando  suas carências e necessidades.Podem ficar amarguradas, mas assim se sentem seguras em seu relacionamento. Outra estratégia é a fuga: evitam assumir compromissos para não se sentirem encurraladas ou controladas.

Tara Goleman recomenda o uso da plena atenção para identificar o padrão de subjugação, tomando como indícios a pessoa raramente defender suas opiniões, preferências ou necessidades em seus relacionamentos íntimos, sentir-se usado ou controlado pelos outros ou ficar  zangado ou ressentido com freqüência, sem exteriorizar seus sentimentos, procurando se vingar indiretamente fazendo aquilo que as outras pessoas não gostam.

Orienta que a pessoa deve entrar em contato com estes sentimentos de ressentimento, frustração e raiva e que procure fazer valer seus desejos e necessidades.

 

Desconfiança

 A crença fundamental da pessoa com o esquema da desconfiança é que não se pode confiar nas pessoas, pois vão se aproveitar dela, ou traí-la no futuro.

Tara Goleman cita o exemplo de um caso que tomou conhecimento através do jornal: Mary, uma das 11 filhas de uma mãe alcoólatra, foi sexualmente molestada por um parente, quando  criança . Depois de apalpa-la ele a ameaçou  se contasse a alguém.

Quando contou o ocorrido à mãe , teve como resposta que ela devia ter se equivocado em relação às intenções do parente. Depois deste episódio, Mary passou a desconfiar de todos que se aproximam dela, tratando-os com hostilidade, pois a raiva é a emoção dominante deste esquema.

Os portadores deste esquema mostram-se permanentemente vigilantes nos relacionamentos, temendo que os outros se utilizem dela ou serem traídas, e têm muita dificuldade de se aproximarem dos outros e de se abrirem com eles.

As causas da desconfiança geralmente estão em abusos sexuais, físicos ou emocionais praticados na infância, ou de maus tratos impingidos à criança. O abuso físico, sob a forma de surras e corretivos semelhantes, muitas vezes é utilizado no sentido de “corrigir” a criança; o abuso  emocional pode se expressar sob a forma de críticas severas, humilhantes e destrutivas ou uma rejeição extrema ,alternada com períodos de delicadeza excessiva.

O abuso sexual geralmente é praticado por uma pessoa da família, em quem a pessoa deveria confiar, se sentindo traída por ele, com sentimentos de traição, medo, vergonha e raiva.Quanto maior o abuso e mais persistente for, maior a desconfiança.

A pessoa pode reagir ao esquema de diversas formas: uma é fugir de qualquer relacionamento que envolva confiança; outra  é idealizar um parente ou amigo como protetor e irritada com uma suposta traição voltar-se contra ele. A terceira é praticar também o abuso em outras pessoas.

As manifestações do esquema de desconfiança são variadas: uma é a crença de que as pessoas têm segundas intenções e sempre querem conseguir algo de você. Por isto evitam fazer novos relacionamentos temendo que as pessoas possam magoá-la ou usá-la. Podem torcer as coisas fazendo com que elas pareçam traições ou tentativa de manipulação, sendo estas suspeitas mais fortes nas relações íntimas. 


                A pessoa desconfiada evita novos relacionamentos temendo que possam magoá-la.

Tara Goleman recomenda o uso da plena atenção para identificar o esquema e sugere que as pessoas alvo de abuso sexual procurem um terapeuta para a devida assistência.

 Incapacidade de ser amado

A crença fundamental do esquema da incapacidade de ser amado, chamado de Imperfeição, é que a pessoa  não se sente  capaz de ser amada, admitindo ter algo defeituoso e ser imperfeito.


                      

                         A pessoa  não se sente  capaz de ser amada e acha ser imperfeita,

               

As emoções mais importantes são vergonha e humilhação. Na origem da imperfeição podem estar pais hipercríticos, ofensivos e humilhantes, que enviavam de mensagens constantes de desaprovação á criança, do tipo “você não é bom o suficiente”, mensagens estas que passavam para ela uma imagem detrimental de si mesma. A mensagem podia ser verbal ou não verbal, do  tipo arquear as sobrancelhas e usar tom de voz sarcástico. 

Resulta profundo sentimento de vergonha na criança, devido à exposição de suas fraquezas, mesmo senda elas não verdadeiras. O sentimento de vergonha é levado pela adolescência ,até a fase de adulto.As pessoas sentem vergonha de si mesmas e pensam: “ Quem vier realmente a me conhecer não gostará de mim,pois sou imperfeita, cheia de defeitos”.


Acredita Tara Goleman que  dois tipos de comportamentos podem ocorrer nas pessoas com esquema de  incapacidade de ser amado: algumas sucumbem diante da sensação de desmerecimento e assumem que ninguém pode confiar nelas.Se escondem e revelam muito pouco de seus pensamentos e sentimentos, dificultando assim que sejam melhor conhecidas pelos outros. Defendem-se desta forma da rejeição que poderiam ter, e têm medo de serem criticadas e desprezadas, vivendo com um eu falso e superficial.Outras escondem sua imperfeição com uma fanfarronice arrogante, esforçando-se para serem aduladas.

Este esquema dificulta o relacionamento de seus portadores com as pessoas, principalmente com as mais íntimas, daí muitos preferirem relacionamentos com parceiros mais distantes

Os indícios deste esquema são sutis e pode ocorrer uma profunda tristeza quando a pessoa está sozinha, aliada a pensamentos de que ninguém quer estar com ela. Outro sinal é humilhar-se perante os outros ou perante si mesma.

Tara Goleman recomenda a quem tem incapacidade de ser amado, desafiar os pensamentos que amplificam seus defeitos, considerando ser esta uma maneira de neutralizá-los. Além disto, mudar o comportamento, procurando acreditar que seus entes queridos o conhecem bem e o amam como é.

 

 

      



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